Acordei sonolenta. Nossa, que noite. Ainda estava deitada no peito gelado de Will.

- Acordou?

- Antes tarde do que nunca. - Respondi levantando a cabeça e o olhando nos olhos.

- Você é mesmo uma... - Ele não soube terminar.

-Tudo bem, eu sei sobre toda a richa de bruxas e vampiros, e sobre bruxas quererem matá-los, mas, estamos no século XXI! Eu não tenho um nariz grande e uma verruga enorme, tenho? Estou com um gato preto, um caldeirão e uma vassoura-voadora? - Ele sorriu e me beijou, um beijo calmo e bom.

- Não. E eu também não estou em um caixão com um terno preto e vermelho com minha boca cheia de sangue.

- Ainda não. - Disse e depois beijei seu pescoço.

- Sabe, se você continuar me tentando. - Ele parou um pouco. - Eu não vou resistir. - O olhei maliciosa. - Dizem que sangue de bruxa é doce, como geléia.

- Nossa, acho que eu ficaria uma delicia como cobertura de torta. - Ele apenas riu.

- Seu senso de humor é incrível! Eu te ameaço de morte e você me vêm com uma dessas!

- Obrigada pelo elogio, mas você nunca me mataria.

- Como pode ter tanta certeza?

- Eu acabaria com você primeiro.

- Acredito. - Ele falou indo em minha direção com sua boca fria. Eu desviei e lhe dei um sorriso, coloquei minha calsinha e sutiã de renda preta e caminhei calmamente até a porta do quarto. O ouvi gemer de frustração lá de fora e então senti suas mãos na minha cintura me puxando de volta pro quarto. Apenas sorri e tirei suas mãos. 

- Está atrasado para a escola, Will.

- Parece minha mãe.

- Na falta dela, estou aqui.

- Na falta dela e pra outras coisas, certo? Ele me virou contra a parede para que eu ficasse encurralada e de frente para ele. Enquanto ele contornava meu corpo com os olhos e as suas mãos recitei um feitiço simples, de imobilização, duraria provavelmente alguns minutos sendo em um vampiro. Tempo suficiente para eu me vestir sem muita pressa. Saí correndo o deixando com um olhar de surpresa parado debruçado na parede. Fui ao quarto e peguei as roupas que estavam lá, eu ia descendo a escada e pegando as coisas que deixei no caminho enquanto as vestia. Correndo contra o tempo me vesti por completo e ainda sobraram alguns segundos. Ele finalmente se viu livre e praticamente voou em minha direção.

- Eu posso. Acabar. Com você. - Sussurrei em seu ouvido.

- Percebi. - Ele falou e me deu um beijo rápido. - Vou me vestir, espere aí.

- Ah, claro. Agora vou ter que te esperar? Me morda logo! - Ele já estava lá em cima. Alguns segundos e ele desceu. Nossa, que gato.

- Uau. Agora você é meu namorado. - Falei abrindo a porta.

- E eu lá quero ser seu namorado, bruxinha? - Ele disse erguendo uma sobrancelha.

- Vai querer. - Falei o imitando e o olhando profundamente em seus olhos.

- Então vamos fazer isso certo. - Ele me parou. - Quer namorar comigo. - Ele se ajoelhou na minha frente e segurou minha mão.

- É pra fingir que estou surpresa? - Perguntei sorrindo.

- Seria bom, sabe. - Ele falou dando um pequeno riso.

- Oh! Will, eu... Não esperava! Sim! Claro que quero, você é o amor da minha vida. - Falei tapando a boca e fingindo admiração. Demonstrei exageradamente que estava enxugando uma lágrima e ele riu.

- Você é impossível. - Falou se levantando e passando a mão pela minha cintura.

- De várias formas, você está certo. - Lhe dei um selinho e entrei no carro. - Ele sorriu e entrou no banco do motorista. Eu falei que sou uma bruxa, transei com um vampiro, usei um feitiço nele, resisti a tentações, consegui um namorado e ainda fui para a escola. Isso tudo em um dia. Nossa.