– Preciso falar com você!

 Ao ouvir essas palavras me virei lentamente em sua direção.

– S-Sim? – Eu ainda estava meio chocada.

– Desculpe por assustar-lhe, mas eu realmente preciso falar com você.

– Aconteceu alguma coisa errada? – Estranhei.

– Will. – Pronunciou esse nome analisando minha reação.

 Eu fiquei realmente surpresa, ou pior, petrificada ao escutar esse nome. Meus olhos se arregalaram, meu coração parou por um segundo. Esse nome...

– O qu- O que você disse? – Perguntei para ter certeza que eu havia escutado certo.

– Eu sabia que a conhecia... – Ele pensou alto.

– Como assim? – Eu realmente não entendi coisa alguma.

– Você... Bem, vamos para um lugar mais particular. Que tal irmos para a minha sala? – Propôs.

– Está bem...

Enquanto subíamos, ele não falou coisa alguma, apenas ficou pensativo. Eu fiz a mesma coisa. Aquele nome ainda mexia muito comigo, eu realmente não havia esquecido... Eu me perguntava se eu realmente queria escutar o que ele queria me falar e o porquê de eu estar indo mesmo sabendo do assunto.

Entramos em sua sala, ele ainda estava pensativo e meio sério. Sentamos.

– Agora sim... – Começou – Você com certeza não se lembra de mim, pois já faz muito tempo. Nós nos encontramos apenas uma vez e eu mudei muito, fisicamente,  nesses últimos anos... – Continuou – Eu era o melhor amigo de Will, o seu ex-namorado.

Petrifiquei-me novamente. Este nome tinha um enorme poder sobre mim e... que história era essa? Como é que...?

– Desculpe por fazer-lhe lembrar do passado. Imagino que seja doloroso para você, mas...

– Pare! – Gritei. Eu me dei conta que eu ainda não estava preparada pra escutar qualquer coisa sobre ele.

Ele se assustou.

– Desculpe-me, mas eu não quero ouvir mais nada.

– Mas, Sophia, eu preciso...

– Não quero saber de nada. Eu vim para esta cidade para esquecê-lo e é isso que eu vou fazer! Não mencione esse nome na minha frente novamente! – Falei com raiva.

– Eu juro que nunca mais falarei sobre isso, mas deixe-me terminar, por favor?

– Não deixo. Desculpe, não posso mais ficar aqui se você vai ficar falando sobre... ele.

Levantei e direcionei-me para a porta.

– Espere! – Disse, agarrando o meu pulso e me puxando pra perto. O que me fez parar por uns cinco segundos e assim voltar a falar.

– Me larga! Eu realmente não quero saber de mais nada relacionado a ele. Me larga! – Após dizer isso eu fitei os olhos dele, com raiva.

– Não largo!! Você tem que me escutar, é realmente importante... Eu queria ter te falado hoje cedo mas...

– Por favor! Não vou lhe escutar. Não quero saber desse cara. Sabe quanto tempo eu sofri? O que eu perdi pra ficar com ele? E foi tudo em vão! Deixe-me sair! – Fui em direção a porta novamente.

– Sophia!

De repente ele me virou em sua direção e me jogou contra a porta, me prensando e apoiando-se na mesma. Seu rosto estava a uns dois dedos de distância do meu, pude sentir sua respiração ofegante, o que novamente me deixou fraca. Ficamos nos encarando por um tempinho, até que então ele suspirou e disse:

– Sophia... Não queria que fosse desse jeito. Não queria lhe faltar respeito, mas eu realmente preciso te contar isso. O Will não quis...

*toc toc*

– Alex, é o Rob. Posso entrar? Tem alguns problemas que precisamos resolver e é urgente!

– Droga! Ele não tinha hora melhor pra isso? – Falou meio baixo. – Já estou indo, Rob. Já vou sair.

 Ele me encarou, seu rosto parecia triste e preocupado.

– Depois promete que me ouve? Por favor! Não quero que passemos por isso de novo e você realmente precisa me escutar...

– Alex... Eu nã..

– Por favor, Sophia! – Ele realmente não ia descansar até que eu concordasse.

Suspirei

– Sinto que vou me arrepender disso, mas está bem...

Ele finalmente sorriu, aliviado.

– Alex, eu vou entrar!

– Melhor eu ir agora, mas, por favor, depois que eu te escutar, nunca mais me fale dele. Está bem?

– Okay!

Abri a porta, cumprimentei o Rob e fui pra casa. 

– Droga, cara. Eu vim aqui para esquecer e agora isso...? Porque logo ele o conhecia? Por que eu não posso esquecer? Estou ficando LOUCA! Preciso me acalmar... – Eu estava surtando.

 Fiz um chá e fui dormir, esperando que o dia seguinte fosse mais tranquilo. Eu tinha quase certeza disso, afinal, amanhã era o meu aniversário e se o Alex tentasse me contar de novo eu lhe pediria para me poupar nesse dia pelo menos, sem falar que eu e Rob iríamos no show amanhã. Acalmei-me e dormi.

***

 Enfim chegou a sexta-feira e, junto, os meus 23 anos. Eu estava ansiosa pela noite de hoje com Rob. Esperava por um show deles aqui faz uns, sei lá, três anos e finalmente esse desejo se tornaria real! Ele não poderia ter me dado um presente melhor.

 Hoje resolvi não dar a minha caminhada matinal. Não queria correr o risco de vê-lo agora, ele com certeza tentaria me contar sobre aquela pessoa e eu realmente não queria perder o meu bom humor. Aproveitei o tempo livre que tinha e descansei mais um pouco antes de ir ao trabalho.

***

Cheguei ao trabalho e todos vinham me cumprimentar e parabenizar pelo meu aniversário. Recebi alguns presentes, mas o que mais marcou foi o presente da minha secretária, Katy. Ela me deu uma lingerie fio dental vermelha.

 – O que é isso? – Olhei assustada.

– É um presente pra noite de hoje – Piscou – Eu soube que o Rob te chamou pra sair. O que confirmou as minhas suspeitas...

– Pra hoje? Ta maluca? E... Que suspeitas?

– Para de ser ingênua! Ele com certeza gosta de ti, Sophia!

Ri

– Você entendeu errado. Ele é apenas um grande amigo e por isso ele quis me levar para o show da minha banda favorita...  Não pense besteiras.

– Ai, Sophia... Tão ingênua... – Ela sacudiu a cabeça.

– Vocês, que sempre interpretam mal as coisas. Vou fingir que não escutei isso. Agora vamos trabalhar!

– Ta, ta... Mas não esquece do meu presente!

 Peguei o presente, mesmo sabendo que não usaria e entrei na minha sala.

– Sophia... – Entrou o Rob cantarolando.

– Não bate mais na porta, não? – Brinquei

– Por que eu deveria? – Sorriu – Está pronta para hoje à noite?

– Estou mais do que pronta!

– Que ótimo e... Queria ser o primeiro a te dizer isso hoje, mas como não foi possível foi dizer agora...

 Ele chegou perto e me deu um abraço. Senti um calor percorrer o meu corpo.

– Feliz aniversário, minha Sophia! – Ele sussurrou em meu ouvido, de um jeito sexy. Fiquei trêmula e corei.

– O...Obrigada, Rob. 

– Você fica ainda mais linda com vergonha!

Eu arregalei os olhos, o afastei de mim e me virei de costas para que ele não visse o meu rosto.

– D-Do que você está falando? Eu não estou com vergonha!!

Ele riu colocou a mão em meu ombro e me virou.

– Você é realmente fofa!

 Fiquei olhando pra ele, agora com minhas mãos tapando o meu rosto apenas deixando transparecer meus olhos.

– O qu-que deu em você hoje?

– Eu apenas...

 Alguém bate na porta e entra.

– Olá, Sophia. Queria me desculpar por ontem e... – Era Alex. Ele não terminou de falar e ficou encarando Rob e ele fez o mesmo.

– C-chefe? – Quando falei eles pararam de se encarar e me olharam.

– Eu só queria lhe desejar um feliz aniversário... – Ele olhou para Rob mais uma vez e saiu batendo a porta.

– O que foi isso? – Resmunguei.

– Não foi nada... – Rob continuou olhando pra porta, com seu cenho franzido.

– Rob, eu tenho que continuar a trabalhar – Ele se virou e olhou pra mim. De repente ele começou a sorrir – É verdade. Temos que ir trabalhar se não quisermos perder os nossos empregos! Até mais tarde, Sophia.

– Até...

 Aquilo estava estranho. Será que aconteceu algo ontem à noite depois que eu saí? Será que eu deveria perguntar para Rob mais tarde?

***

A tarde passou depressa, tive muito trabalho para fazer hoje, assim eu esqueci um pouco do que havia acontecido logo cedo.  Depois do trabalho fui pra casa me arrumar para o show. Por impulso acabei pegando a lingerie que ganhei e vestindo.

– Como foi um presente eu acho melhor usar hoje. Mesmo eu não tendo as mesmas intenções que a Katy... – Pensei alto

Logo depois que eu terminei de me arrumar Rob chegou. Era exatamente 9 horas e o show começava às 10 horas e meia da noite, mas demorava cerca de uma hora para chegar na cidade vizinha.

Ele desceu do carro e ficou na frente da minha casa esperando eu sair. Quando saí ele começou a me olhar espantado.

– O que foi? Tem algo errado comigo? – Enquanto falava eu tentava me ajeitar mais um pouco.

– Não é isso... – Ele disse devagar, sem tirar os olhos de mim – Pelo contrário... – Pegou uma mecha do meu cabelo, enrolando seu dedo nele. – Você está deslumbrante!

  Eu não sabia direito o que dizer. Ao ouvi-lo dizer estas palavras o meu coração pulou.

– Obrigada... – Falei olhando para o chão, envergonhada.

– Você fica realmente fofa quando está com vergonha

 Levantei a minha cabeça e fui lentamente direcionando o meu olhar para ele. Ele estava realmente lindo, seu sorriso era magnífico, seus olhos verdes eram hipnotizantes.

– Vamos? – Ele pegou a minha mão e me conduziu ao seu carro. Com a outra mão ele abriu a porta do carro para que eu entrasse – Entre, minha donzela.

– Já começou com esse papo de novo? – Os dois riram

 No começo eu fiquei um pouco sem graça, mas no caminho Rob fez com que eu me descontraísse e então voltamos a conversar normalmente.

– Qual é a sua música favorita deles?

– Hm... Acho que “I Can’t”, mas é difícil escolher uma só. – Respondi

– Eu gosto dessa música, mas a minha favorita, hmm, acho que é Electricity!!

– Ah! Essas são uma das minhas favoritas também!

– Sério?

– Sim! Eu realmente adoro essa música!

– Nós somos realmente almas gêmeas!!

 Eu levei na brincadeira, mas realmente gostei do que ele falou.

 Quando chegamos o lugar estava realmente cheio.

– Sorte que eu consegui ingressos de camarote, se não nós teríamos que enfrentar essa fila gigante! – Ele comentou

– Verdade! Você é o melhor, Rob!

 Entramos e sentamos nos nossos lugares. Eu estava nervosa e comecei a apertar o braço do banco com muita força. Esperei tanto por esse show e não acreditava que eu realmente poderia vê-los pessoalmente.  Rob percebeu o meu nervosismo e estendeu a mão, mas eu fiquei apenas olhando-o sem saber o que fazer.

– Pegue na minha mão!

– O q-que?

 Ele pegou a minha mão e pôs sobre a dele.

– Se você apertar o braço do banco com tanta força vai se machucar. Aperte a minha mão.

– Es-está bem... – Fiquei sem graça, no entanto era bom tê-lo comigo, de mãos dadas.

– Vai começar! – Falei ansiosa. Acabei apertando sua mão ainda mais forte.

 O show estava incrível! O camarote era bem em frente ao palco, então eu fiquei realmente perto deles. Segurei-me para não sair pulando, pois lá todos ficam em cadeiras assistindo. A nossa era a primeira fileira. Então uma hora Taec desceu do palco quando estava cantando “I Can’t”, a minha música preferida. Ele esticou a mão para mim para que eu pegasse e continuou cantando olhando para mim e, no fim, me entregou uma rosa e voltou.

– Acho que estou com um pouco de ciúmes – Rob comentou

– Eu não acredito nisso! – Falei enquanto cheirava a rosa e depois me virei para ele – Você queria estar no meu lugar, é? – Brinquei.

– Eu queria é estar no lugar dele... Te fazendo suspirar com apenas uma flor... – Falou, me olhando nos olhos.

Não sabia se isso era sério ou não, seu tom de voz foi meio suspeito e seu olhar era penetrante. Ele parecia estar falando sério. Comecei a pensar em como ele tem me tratado nesses últimos dias e até mesmo hoje. Será que Katy estava certa? Ele realmente estava afim de mim?

– O que houve? Você não parece concentrada no show. O Chansung acabou de tirar a camisa na tua frente e você nem ao menos olhou!

– O que? Como é que eu não vi isso? – Comecei a procurá-lo no palco e ele estava vestido.

– Mentira... – Piscou – Mas viu? Você realmente estava distraída! No que você estava pensando, ein?

– Em nada...

 Ele pegou a minha mão e segurou forte. Parecia que ele queria me passar confiança, ou algo do tipo. Ele não a soltou até o final do show.

***

 Estávamos entrando no carro, conversando e brincando um com o outro. Ele gentil como sempre abriu a porta para que eu entrasse em seu carro. Também perguntou se eu gostaria de jantar em algum lugar específico, mas deixei por conta dele.

O restante da noite foi bastante tranquila, nos demos bem como sempre, parecíamos até amigos de infância ou até um casal bem unido. Depois do jantar saímos para dar uma volta no parque quando um homem alto, não muito velho, e com uma câmera profissional na mão nos parou.

– Que casal mais lindo! Eu poderia tirar uma foto de vocês?

Rob concordou antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

Ele me segurou pela cintura e me prensou em seu corpo, direcionou seu rosto contra o meu, deixando a apenas alguns poucos centímetros de distância. Eu, por impulso, fechei os olhos e logo após senti uma espécie de risadinha leve. Abri meus olhos, envergonhada e tentei empurrá-lo para longe, porém ele segurou minhas mãos e cobriu-se com meus braços.

– O que...?

Fui interrompida por seus lábios, que se separaram após eu me assustar com o flash da câmera.

– Linda foto! – Nos mostrou e entregou o seu cartão para Rob. – Colocarei essa foto em meu site. Espero que tenham gostado. – Ele se despediu alegre e saiu.

 Eu parei olhando para lua, pensando no beijo que ele acabara de me dar. “Por que ele fez isso?” eu me perguntava. Quando de repente sinto algo me envolver por trás, em um abraço.

– Me desculpe se o que fiz foi um incômodo pra você, Sophia... Eu sei que você ficou surpresa e nem sei se gostou disso. Eu... – Ele me soltou e pôs-se em minha frente e começou a acariciar meu rosto. – Eu tentei me controlar, mas esses seus lábios, esse seu cheiro, esse seu jeitinho ingênuo...

 Ele começou a se aproximar lentamente seu rosto do meu e parou quando faltava apenas um centímetro de distância e fechou os olhos. Fiquei alguns segundos olhando seu rosto lindo com uma feição tão indefesa e fofa. Ele era irresistível e sabia muito bem disso. Rompi o pequeno espaço que havia entre nós e degustei seus lábios novamente.

 Rob sorriu e pareceu aliviar-se quando nossos lábios se tocaram e, novamente, ele juntou os nossos corpos e começou a me beijar lentamente, pedindo a passagem de sua língua e eu (claro) concedi.

 O beijo era calmo, aconchegante, romântico e quente. Era ótimo, um dos melhores da minha vida. Fez com que eu me sentisse (quase) completa. Mas esse “quase” que me preocupava. O que mais estava faltando?

 Ao distanciar nossos lábios, Rob me abraçou forte e, em meu ouvido, disse:

– Namora comigo, Sophia?