A 73 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Sofi


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Vai aparecer uma personagem aí que é de outra fic que eu leio, tá? :* Valeu do fundo do meu coração pra quem tá lendo!



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Quando eu encontrei Ery, puxei ele com força pelo braço e fui para o elevador. Ouvi Mekenzie e Pammy gritando para que voltássemos, mas eu não obedecia, precisava chorar, falar com ele, sentir seu corpo grudado ao meu. Apertei com força o botão de número 7 e lágrimas correram no meu rosto, enquanto eu segurava o braço de Ery.

-O que aconteceu? - disse ele, segurando firmemente a minha cintura – Não gosto de ver você assim.

-Ah, Ery – eu disse em meio à lágrimas, puxando ele para o meu dormitório assim que o elevador se abre – Eu estraguei tudo! - eu estava lutando contra as lágrimas que caiam numa velocidade incrível.

-Me conta exatamente o que aconteceu. - ele me levou para a cama e eu me deitei, com a cabeça no seu ombro. Contei tudo o que aconteceu enquanto ele afagava meus cabelos. - Então... Você quase acertou os Idealizadores dos Jogos com um machado?

-Mais ou menos isso. - eu disse, num soluço – E o pior, - esfreguei o nariz – É que depois de eles destruírem a MINHA vida, vão destruir a sua. E eu não posso deixar isso acontecer.

-Meriva. Sabe o que seria de mim se eu voltasse para o Distrito 7 sem você? - ele perguntou, sentando na cama – Eu seria um montão de nada.

-Você fala como se eu fosse ficar bem sem você – rebato

-E não vai? - diz ele se aproximando

-Claro que não – digo, puxando ele pela camisa para um beijo. Cada vez que nos beijamos, o fogo dentro de mim aumenta e eu me sinto cada vez mais apaixonada. Eu sei que isso é melodrama e meio brega, mas eu me mataria se Ery morresse na arena. - Ainda acha que não vou sentir sua falta?

-Hm... não deu para perceber muito – disse ele, me puxando para outro beijo – Ah, acho que agora deu. É, você vai sentir minha falta – disse ele, passando as maos pela minha cintura – Mas vai superar.

-O que? - eu gritava agora – Ery Donsen, se você não entende, eu te amo, caramba! Eu não vou sair daquela porcaria de Arena e você vai e aí vai conhecer a garota da sua vida e vai se casar e nem vai mais lembrar de mim!

Ele deu um risinho irônico e disse :

-Eu já conheci ela – me segurando com firmeza – Ela tem cabelos castanhos, olhos verdes, 3 irmãos, tem 14 anos e se chama Meriva McCord.

-Você é muito muito bobo, sabia disso? - eu disse, com um sorriso, dando um beijo leve em seus lábios – E eu sou sua bobona.

-Só minha. - disse ele, rindo.

Após um tempão conversando e rindo, eu disse :

-Eu odeio a Capital. Odeio estar aqui. Eles me fazem conhecer o garoto perfeito e depois arrancam ele de mim.

Ele só me deu um beijinho longo na cabeça e disse :

-Entendo como você se sente. - a sua voz estava cheia de dor – Mas eu te prometo que em algum dia, o amanhã vai ser gentil.

-Quando eu estiver enterrada na Campina, você vai ir lá para falar comigo todo dia? - eu disse, levantando a cabeça para encará-lo.

-Você não vai se...

-Tá, supondo, que eu me mate na arena e você vença – interrompi – Você iria?

-Todo dia até meu coração parar de bater.

Abri um sorriso e lhe dei um beijo. Não importa qual seja a nota que os Idealizadores me deem, eu quero só ficar com Ery. Nada podia estragar esse momento.

A tarde se passou muito rápido, de modo que após tomar um banho à noite, Tucksen me chamou para vermos nossas notas. Visto uma blusa branca e uma calça azul, com uma sapatilha preta e o cabelo numa trança única caindo ao ombro.

Segui em direção onde todos - “todos” são Mekenzie, Tucksen, Pammy, Kyla e a estilista de Ery – estavam esperando, em exceção de Ery que chegou pouco depois de mim.

Pouco antes de começarem à mostrar as notas, eu estava nervosa, tremendo, vez ou outra mordendo o lábio, outra mordendo a ponta da unha, que ainda estava com o esmalte da Apresentação dos Tributos.

-Meriva? - disse Mekenzie – Você tá bem?

-Sim – menti.

-Pode trazer um copo de água para ela? - disse Tucksen falando com um Avox que foi verificar se precisávamos de alguma coisa. Ele concordou com a cabeça e abraçou sua bandeja e saiu.

-Não precisava, Tucksen – eu disse – Tá tudo bem, sério.

-Mesmo assim, um pouco de água não vai te matar – ela estava séria – E além do mais – ela disse, olhando meu rosto e segurando meu queixo como se fosse uma médica – Você está toda pálida.

Ela me passou um espelho e eu vi o reflexo de uma garota branca como papel, cabelos castanhos armados – afinal, minha preocupação não é cuidar do cabelo aqui - e olhos verdes expelindo medo.

Ery se sentou ao meu lado e me abraçou, sussurrando no meu ouvido “Tudo vai dar certo, jogue pedras em mim se eu estiver errado”, o que me faz rir um pouco.

-Tudo bem, confio eu você – sussurro de volta

-Esse papo de vocês dois apaixonados vai render muitos patrocinadores – disse Mekenzie, num tom irônico mas sério – E ainda mais por que todos na Capital acham vocês um casal muito fofo.

Eu sentia algo de diferente no dia de hoje. Como se fosse um dia especial para mim. Eu não sei.

-Que dia é hoje? - perguntei.

-Hm... - pensou Ery – 24 de Setembro. Por que?

-Ah, ótimo. - eu disse, irônica – Feliz aniversário, Meriva. - dei uma risadinha sarcástica

-Ora, ora! É seu aniversário? - perguntou Mekenzie um tanto surpreso

-Sim, sim. - eu disse. Meu aniversário nunca foi motivo de comemoração, pelo menos para mim. Só mais chances de participar dos Jogos Vorazes – Isso não é legal.

-É sim. - disse Ery, me dando um beijinho na testa – Parabéns.

-Obrigada, eu acho. - respondi

O Avox chegou com a minha água e eu comecei à bebericar, até que Mekenzie sussurrou algo para Pammy e estralou os dedos.

-Nós podíamos fingir... - disse ele, apontando para mim, com um sorriso maroto – Que você está grávida.

Cuspi a água que eu havia ingerido e Ery estava boquiaberto. Ele também não esperava por essa ideia estúpida.

-O que? - gritei – Sem chance, Mekenzie, sem chance, zero de chance! - eu já estava de pé balançando os braços como uma maluca e Ery ainda não tinha se recuperado do choque.

-Por que? - disse ele, balançando levemente a cabeça – Isso traria muitos patrocinadores!

-Mas eu sou muito nova – lembro a ele – Só tenho catorze anos!

-Quinze. - corrigiu Pammy – E eu acho que seria uma boa estratégia.

-Eu discordo. - disse Ery – Quer dizer, nós somos realmente muito muito MUITO novos! E nossos pais? Hein? Hein? - dava para perceber que ele estava um pouco desesperado. Afinal, quem não ficaria?

-Eu concordo com os garotos. - disse Tucksen – Que tipo de estratégia é essa?!

-Aaaah, obrigada, Tucksen! - eu disse, aliviada.

Finalmente, o símbolo de Panem surgiu na tela da televisão gigantesca e o hino foi tocado. Imagino se em casa, todos estarão nervosos. Apesar de tudo, eu tenho uma boa memória, de modo de consegui memorizar todas as notas. O garoto do um – Spes, que estava treinando camuflagem dom Faith - conseguiu um 9. A garota um 10. Os dois tributos do dois um 11 – você pode achar que isso é uma grande surpresa, mas não. Normalmente essas são as notas dos carreiristas -. O garoto do 3 recebeu um 7. A garota um 5. O garoto do 4 – ótimo, mais carreiristas – 10. A garota recebeu 7 – Isso sim foi uma surpresa. Ela é tão grande! -. E enfim chegou a vez da nota de Faith, a pequena garota de 12 anos, loirinha de olhos azuis, que quero como aliada. Vi o número 9 piscando abaixo de sua foto. Quase gritei de alegria. O garoto recebeu um 6. Os dois do Distrito 6 receberam um 7. Ery. O 12 piscava abaixo da sua foto. Ele abriu aquele radiante e hipnotizante sorriso. Então a minha foto apareceu e eu comecei à tremer e o 12 piscou abaixo de mim. Eu gritei e pulei feito uma maluca e meus cabelos ficaram ainda mais armados. Abracei Ery com muita força e disse :

-Ah, caramba, parabéns!

-Para você também. Pela nota e pelo seu aniversário. - e me deu seu típico beijinho na testa, que eu amo.

-Ótimo, ótimo! - Disse Mekenzie me abraçando – Eu sempre soube que você tem chances – sussurrou para mim. - Vamos jantar, sim? - disse ele em voz alta. Todos o acompanhamos até a Sala de Jantar. - Meriva, o máximo que você pode fazer até o começo dos Jogos é engordar um pouco, sua magrela. - ele disse, dando uns tapinhas na minha barriga

-Eu não consigo engordar. - eu disse, me sentando. - Faz parte da minha natureza. - dou um sorrisinho. Dessa vez o jantar teve muitas conversas e risadas. Todos estavam felizes com as notas. Até nós.

Mekenzie chamou uma Avox e lhe disse :

-Vocês tem algum tipo de bolo aí? - ela concordou com a cabeça e então, Mekenzie pediu – Então traga um com uma vela, por que temos que comemorar o aniversário da Meriva! - eu fiquei completamente vermelha

-Não, não precisa! - eu disse – Sério, não precisa.

-Mas eu quero bolo! - disse Mekenzie, rindo

-Então pede um pequenininho para você! - eu disse caindo na risada e todos os outros também caíram. Quando eu lembrei que nunca mais haveriam momentos como esse, a minha cara se fechou e passei o resto da noite em silêncio. Quando me perguntavam alguma coisa, eu respondia com respostas curtas. Imagino o que estarão fazendo em casa. Se ainda estarão em estado de luto, ou se estarão comemorando o meu aniversário/aniversário do Nadik, afinal somos gêmeos. Talvez até estejam comemorando minha nota. Quem sabe achem que eu tenho chance de voltar para casa. Eu comecei à acreditar que eu tenho chance, mas de que isso importa quando meu objetivo é tirar Ery vivo de lá?

Após a janta, fui para o quarto e tomei um banho. Lavei o cabelo com um shampoo de limão com um cheirinho que lembra casa quando Bea e eu fazemos a limpeza especial de Primavera. Visto um pijama e vou para a cama, sem sono.

Fico muito tempo pensando sobre tudo. Sobre casa. Como será que estão levando as coisas? Me pergunto se Bea vai suportar ficar cheia de homens. Quer dizer, ela e eu somos as únicas garotas na família agora que mamãe está morta. Ela suportaria. E além do mais, ela sempre gostou mais de Nadik do que de mim. Pouco importa.

Já era madrugada e eu não havia pego no sono, quando eu ouvi batidas leves na porta. Não eram as batidas ritmadas de Ery. Levantei e tive uma surpresa quando abri a porta. Lá estava Faith, com um grande sorriso na cara. Dei um abraço nela e disse, animada :

-Oi! Caramba, parabéns, sua nota foi incrível!

-Obrigada! - ela respondeu – Mas a sua foi... incrível. Jogada de mestre. - disse com um sorriso.

-Ei, não é proibido visitar outros andares? - perguntei, entrando no quarto

-Acho que sim. - respondeu dando de ombros – Pouco importa, uma hora ou outra vamos morrer, certo?

-Certo.

Ficamos conversando até ela ficar com sono e voltar para o seu andar. Finalmente consegui dormir. Acordo numa manhã clara na Capital com Tucksen batendo na minha porta. Quando eu abri, ela estava segurando um sapato de salto gigante.

-Você não vai me fazer andar nisso aí, vai? - perguntei, me referindo aos sapatos.

-Vou sim. - ela respondeu, entrando no quarto – Você tem que aprender à andar sobre esses sapatos.

Ela me faz vestir um vestido longo que cobria completamente meus pés e me fazia tropeçar um pouco, ainda mais com aqueles saltos gigantescos. Eu abria meus braços e olhava para um ponto fixo para tentar me equilibrar, mas aqueles sapatos machucavam o calcanhar e o salto era muito alto e fino.

Com o tempo, comecei à conseguir me equilibrar sem ficar com os braços abertos, mas mesmo assim eu tombava um pouco. Eu levantava o vestido até o tornozelo e Tucksen dizia que era inadequado e que eu devia levantar somente até os pés.

Após cerca de 3 horas treinando com o sapato e o vestido, finalmente aprendi à andar, então ela me ensinou como agir como uma dama. Argh, 3 horas com os pés enfurnados em sapatos que podem te derrubar a qualquer momento, mais duas horas sentada com pernas cruzadas, agindo como uma moça certinha. Será que Tucksen iria se divertir me assistindo morrer?

Almocei no quarto e após um banho, Mekenzie veio me treinar para a entrevista. Primeiro o que eu devia falar, depois um jogo de perguntas e respostas.

-Não quer mesmo a estratégia de fingir que você está grávida? - Mekenzie perguntou e estava falando sério – Quer dizer, lembra da garota do ano passado, Summer? - Eu me lembro dela. - Deu certo para ela.

-Mesmo assim. - eu disse, me levantando para pegar um copo de água – Eu não vou fingir que estou grávida.

-Tá bom. - ele desistiu, saindo do quarto – Agora Kyla vai te arrumar, ok?

-Tudo bem. - eu disse – E obrigada por me ajudar. Por mais que eu esteja com ódio de você – dei um sorrisinho.

Ele riu e disse :

-É minha obrigação, não é mesmo? - e fechou a porta atrás de si.

Esperei pacientemente Kyla, minha estilista, por meia hora, fazendo trancinhas no meu cabelo para passar o tempo.

Quando ela finalmente chegou, minha equipe de preparação me deu um banho de perfumes e óleos enquanto massageavam meus cabelos e pintavam minhas unhas, retirando o esmalte velho – que usei no desfile de Tributos – e passando um novo, marrom chocolate, com a borda enfeitada por desenhos de folhas. Saí da banheira e me sequei.

-Calma, feche os olhos – me disse Kyla, descobrindo meu vestido. Logo senti o tecido suave sobre mim. Não era como o vestido da Apresentação. Esse era leve e solto, não apertado. Ela fez um leve cintinho de laço branco na altura do busto e ajeitou a saia – Pode abrir.

Quando abri os olhos, eu me vi no espelho, usando um vestido calda de sereia leve, com alças de trepadeiras. O seu tom era um verde claro que acalmava qualquer um.

O vestido era lindo, assim como os sapatos. Eram com um salto alto como o de Tucksen, mas era mais fácil para se equilibrar. Era marrom, entrelaçado até o meio da panturrilha. O meu cabelo estava com uma única trança pendendo no meu ombro direito.

A maquiagem era simples. Um brilho labial incolor, um blush rosinha e sombra verde bem clarinha, com lápis de olhos e rímel pretos.

-E para terminar... - disse Kyla, colocando meu colar no meu pescoço – Pronto – exclamou, observando sua obra – Você está perfeita.

-Obrigada – sorrio – Você... sentirá minha falta quando... Você sabe... - minha voz falhava e a mudez atacava minhas cordas vocais.

-Quando estiver na arena? - ela disse, à minha frente. - Sim, eu vou. E então, eu vou fazer um vestido muito bonito para você usar na entrevista do Vitorioso.

-Argh! - estremeci – Por que todos insistem em me salvar? - perguntei, com raiva – Por que eu? Por que não Ery! - eu quase gritava agora – Eu não fiz nada para vocês!

Ela não disse mais nada, só me guiou até o palco para as entrevistas. Os tributos iam entrando e sentando em cadeiras brancas e bonitas. Caesar Flickerman, o entrevistador – que usa maquiagem azul e cabelos de uma cor diferente a cada edição – dá olá ao público e começa as entrevistas, que duram somente 3 minutos. Tudo se passou bem, nada fora do normal. Após tudo ter terminado, fui para o meu quarto e jantei lá. Tomei uma ducha e pulei na cama, afinal preciso de energia para amanhã. Meu último pensamento antes de cair num sono sem sonhos foi “E que os Jogos Vorazes comecem”. 


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Notas finais do capítulo

A Summer é dessa fic aqui ó : http://theworldofa21stcenturygirl.blogspot.com/
Eu mereço algum review?



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