A 73 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Sofi


Capítulo 12
Capítulo 12 - Na arena, o mais capaz vence.


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, eu sei, e ficou uma bosta, masok, e a SabrinaCahill me ajudou a fazer esse, tá?



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       Faith fica encarando o fio e sorrindo enquanto anda e eu não mudo o olhar, pulando alguns troncos de pinheiro caídos.

-Você sabe que isso vai ser útil não é? - ela disse, me ultrapassando

-Sei. - por que Faith é do Distrito 5, produtores de energia elétrica. Ela vê esse tipo de fio todo dia.

-Eu posso fazer qualquer tipo de armadilha elétrica com isso aqui! - ela diz, animada

-E eu posso... derrubar uma árvore. - digo, desapontada.

-Ah, Meriva, eu nunca vi alguém tão boa com o machado quanto você! - disse ela

Dou um sorrisinho e continuo andando até o acampamento.

Chegando no acampamento, vejo tudo organizado, casacos, suprimentos, água, armas, cada qual em uma parte.

-Fiquei fora por quanto tempo? - digo, levantando uma sobrancelha, indignada com a organização

-Um dia inteirinho. - responde Spes – Arrumei tudo para te agradar. - ele deu um sorrisinho maroto e eu faço uma cara de “você-é-muito-idiota”

-Vocês estão péssimos. - digo, fitando seus rostos cansados – Eu fico de vigia.

Faith se deitou nas minhas pernas enquanto eu mexia em seus cabelos e cobria-a com o moletom que veio em minha mochila. Spes se deitou no saco de dormir ao meu lado.

O Sol estava se pondo e prometo a mim mesma, ir procurar Ery amanhã. Já enrolei demais. Fico fitando o céu alaranjado enquanto pondero como está o Distrito 7. Meus irmãos, meu pai, Any...

Então revejo quem está morto. Kesh, o garoto do Distrito 2. O garoto e a garota do Distrito 3. O garoto do 5. Os dois tributos do 6. A garota do 8. Os dois do 9. O garoto do 10. Os dois do 12.

12 tributos mortos.

Olho para Faith encarando o fato de que em algum momento, terei que ver seu rosto flutuando no ar, ou vice-versa.

Deixo-os dormindo e fico procurando pontas duplas no meu cabelo para passar o tempo. Vejo que a fogueira ainda tem algumas brasas e coloco Faith dormindo com a cabeça recostada em uma mochila. Vou até as brasas e torro um pouco mais o filé de esquilo que permaneceu intocado. Fico mordiscando-o enquanto ando pelo acampamento. Não aguento ficar parada.

A noite chega e o hino de Panem começa à invadir a arena. Nenhum rosto hoje, o que significa, mais um dia na arena. Mas também significa que Ery está vivo e isso é bom. Muito bom, diria eu.

Faith acorda e engatinha até seu fio. Ela começa a mexer nele, tentando arranjar uma fonte de energia para montar uma armadilha elétrica.

Spes continuava dormindo. Parecia tão calmo. Ele tem estado muito ativo, então deixo-o lá. Sento-me ao lado de Faith e digo, mordiscando o esquilo :

-E aí, vai conseguir fazer o que com isso?

-A lista é infinita! Desde uma armadilha elétrica até uma proteção, ah, é tão emocionante!

-Imagino.

-Teve algum morto hoje? - ela pergunta, sem muito interesse

-Não.

Passo a madrugada olhando Faith estudar seu fio, até que Spes acorda e me diz para dormir.

-Não preciso. Já dormi o suficiente antes de ir caminhar. - rejeito a proposta, sem tirar os olhos do fio.

-Não vai acontecer nada de interessante, eu te garanto. - o Sol começava a surgir no horizonte. O dia estava morno e o orvalho começava a se formar nos pinheiros. - Você tem que parar de ser tão fria.

Reviro os olhos e caio num sono sem sonhos.

Acordo com grunhidos e gritos e vejo Spes sendo atacado pelo garoto do Distrito 8. Tenho que admitir que ele era bonito. Pele muito branca, cabelos negros e lisos e olhos azul acinzentado. E digamos... musculoso. Mas ele vai morrer, bonito ou não.

Ele pressionava uma lâmina cada vez mais rente à garganta de Spes.

-Ei, agulhinha! - grito, rodando o machado. Ele joga Spes no chão e corre na minha direção.

O agressor tenta me agarrar, mas me esquivo facilmente. Corro em sua direção e lhe dou uma pedrada na têmpora. Não foi uma pedrada forte – como se eu fosse forte. Ele se levantou e me derrubou. Pegou sua lâmina na cintura e colocou-a em meu pescoço. Num desespero, vejo Spes tentando se recompor no chão, esfregando o pescoço com hematomas.

-Ei, madeirinha, cadê seu namoradinho para te proteger? - ele implicou

Levanto o machado o máximo que posso e lhe dou uma machadada na cintura, o que fez ele grunhir um pouco. Derrubo-o e ele coloca a mão no corte que o machado causou, me dando a chance de lhe cortar o pescoço. E seu canhão soa.

Corro até Spes e chacoalho-o pelos ombros.

-Você está bem?

-Sim – responde ele, sentando-se – E você?

-Sim. - respiro fundo. Olho o acampamento e Faith não está lá – Espera, cadê... Cadê a Faith?

-Ela foi procurar alguma coisa para juntar com o fio e algumas frutinhas.

-Você deixou ela ir sozinha? - gritei, desesperada

-Ela sabe se cuidar, Meriva!

-Mas e se alguém encontrar ela? E se ela comer alguma fruta envenenada? E se algum bestante atacar ela?

-Relaxa, a Faith é esperta.

-Mas é muito pequenininha! A Nina ou o garoto... Do Distrito 4...

-Leonard.

-A Nina ou o Leonard destruíram ela em um segundo!

-Tá! Extravasa sua raiva! - ele me estendeu suas mãos em uma palma vertical para que eu socasse-as, então soquei. As mãos dele estralaram e ele exclamou :

-Ai! Você é forte! - e chacoalhou suas mãos – Mas afinal, ela só foi caminhar!

-Ah, caramba, você é burro ou o que? - lhe dou outro soco

-Dá para parar de me bater? - resmungou

-Não! - digo, como se fosse óbvio, lhe dando mais um soco no ombro

-Tá! - ele disse, segurando meu punho esquerdo que estava pronto para outro soco – Ainda não ouvimos nenhum tiro de canhão, só o do garoto do Distrito 8, isso significa que... - deu uma pequena pausa – ela está bem.

Concordo com a cabeça e ouço alguém me chamar.

-Meriva? - era uma voz conhecida

-Ery! - grito de volta, animada. Nenhuma resposta. - Eu vou procurá-lo! - digo com um sorriso para Spes

-Não! - disse ele, me segurando pelo braço – Não era ele. Eram gaios-tagarelas. - ele exclamou, calmo – Vi alguns por aqui.

-Sério? Por que eu não vi nenhum!

Ele colocou a mão no meu ombro e disse :

-Mas me diz, como está a Nina? - me fez sentar no chão, ao seu lado.

-Ela foi atacada por bestantes no pântano, mas ainda está viva. - digo, abraçando meus joelhos- O rosto dela não foi projetado. - fico me balançando, abraçada a mim mesma – Quero procurar a Faith.

Nós nos levantamos e seguimos em meio os pinheiros. Nenhuma marca de folhas, pegadas, nenhum barulho. Nenhum sinal de que ela esteve aqui.

Continuamos andando, parando algumas vezes para reunir energias e bebericar um pouco de água.

Ouço barulhos de alguém batendo na água – como se estivesse lavando alguma coisa. Eram batidas leves. Corro na direção do barulho e vejo uma garotinha abaixada, lavando algumas frutas. Ela vira a cabeça e sorri ao me ver.

-Ainda tem um pouco de iodo?

Jogo o frasquinho para ela, que pega e pinga algumas gotas do líquido num potinho com água e alguma frutinha.

Voltamos ao acampamento e eu estava muito mais aliviada em saber que Faith está bem.

Chegando no local, vemos alguém mexendo nos nossos suprimentos. Era uma garota de cabelos e pele escura. Distrito 11.

Ela levantou a cabeça levemente e nos olhou com medo nos seus grandes olhos castanhos.

-Não me matem... - ela suplicou – Eu posso ajudar vocês com... os suprimentos

-Ela tem razão. - digo – Pode nos dizer o que é venenoso ou não.

-Mas ela pode mentir. - diz Faith, desconfiada

-Se ela mentir, a gente arranca o pescoço dela. - disse Spes, com uma faca em punho – É simples.

-Eu não vou mentir. - ela disse. - Prometo.

Pego o potinho com as frutas de Faith e pego uma

-O que é isso? - estendo a fruta para a garota. Era parecida com uma amora, mas era mais escura e seu suco era completamente roxo.

-Uma amora. Não sei o nome específico dela, mas comemos esse tipo nas comemorações especiais lá em casa. - pegou uma e tacou na boca – Sabe, no Distrito 11 tem uma garotinha chamada Rue. Ela tem 11 anos e entende muito de plantas. E música. Acho que ela sabe o nome dessas amoras. - olhou para baixo – A propósito, meu nome é Jackie.

-Tudo bem, Jackie. - disse Spes, se sentando no chão – Mas saiba que uma falha, resulta em sua cabeça cortada.

-Está bem. Podem confiar. - ela disse – Eu preciso... Andar... Vou colher algumas coisas.

E saiu.

-Ela vai morrer logo – digo, suspirando e me sentando ao lado de Spes.

-Vai durar menos que eu. - diz Faith.

-Ei, pequena! - disse Spes – Você é de ferro, se não já teria caído morta.

Ela deu um sorriso e ficamos lá, jogando conversa fora, por mais ou menos uma hora, até que Jackie apareceu com um punhado de amoras nas mãos. Mas eram diferentes... Eu nunca vi uma amora desse tipo, mas era arredondada e seu suco era vermelho sangue.

-Ei, olha o que eu encontrei! - disse ela, animada, entrando na clareira, estendendo as amoras para mim. Pego uma e rolo entre os dedos, desconfiada. Ela colocou uma na boca e então caiu dura no chão.

Faith ficou olhando com olhos arregalados e perguntou :

-O que aconteceu?! - o canhão soou

-Pelo visto, o feitiço se voltou contra a feiticeira... - respondo

-Acho que são... amoras-cadeado, alguma coisa assim. - diz Spes, se abaixando e pegando uma no corpo da garota morta. - Dei uma passada na seção de frutas comestíveis durante o treinamento.

-Vamos sair daqui para o aerodeslizador pegar o corpo. - diz Faith, indo em direção ao norte.

-Eu vou rondar o acampamento para ver se tem mais alguém. - digo, indo para o sul. O aerodeslizador aparece e um gancho ergue o corpo de Jackie.

Então vejo um par de olhos azuis me observando.  


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Notas finais do capítulo

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