Harry Potter e o Prelúdio de Inverno escrita por Thierry Grima


Capítulo 8
Capítulo 7º: Nós somos a Legião


Notas iniciais do capítulo

Informações antes do capítulo:
1º: As reviews estão respondidas no fim deste capítulo, abaixo das notas do autor;
2º: Escolhi essas músicas por um único motivo, eu as amo;
3º: Está por vir uma nova capa para a fic.



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SÉTIMO CAPÍTULO – NÓS SOMOS A LEGIÃO

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“Lágrimas caem do céu
Palavras de uma cantiga de ninar
Tudo que é belo morre
Agora nós estamos com a corda no pescoço
Mesmo achando que estávamos protegidos pelo pecado
Você faz meu cansado coração cantar”

Tender Trip On Earth –Tristania

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Correr era a única coisa que se podia fazer afinal. Os olhos cansados e cheios de escárnio traziam imagens de desventuras que não poderiam mais ser esquecidas. São rememorações constantes de ódio, dor, sofrimento e tristeza.

– Você precisa ir embora, vá agora! – O assombro e o medo penetravam em seu sangue, faziam estímulos dolorosos partirem da ponta dos pés até a cabeça em uma constante cruel.

– Eu não posso, preciso ficar ao seu lado. Foi assim até agora, não foi? – Segurou-lhe a mão e sorriu com carinho. Era provavelmente o fim, mas isso não importava mais. Não havia soluções palpáveis ou peças a mais para encaixar naquele quebra-cabeça.

– Sim, e continuará sendo. Ainda há esperança. Sempre há! – Deixou os braços caírem por sobre o corpo, permitindo-lhe escorrer pela parede fria e parcialmente destruída. Seria só mais uma parte daquelas ruínas. Outro corpo inerte se despojou ao seu lado, esforçou-se para encontrar a mão distinta, quando o fez, apertou.

– Obrigado, por estar comigo sempre. – A cabeça caiu sobre o ombro e uma fina linha de sangue escorreu por seus lábios, não havia mais dor, nem sequer anseio. Logo não ouvia, via, sentia. O fim era muito melhor do que haviam lhe dito, se deu conta que o apreço pela vida não foi tão útil assim nesse último momento.

Os olhos vislumbram o breu mais profundo que já existiu. Naquele momento, luz e sombra se agrupavam em uma singela e simples oração enegrecida. A oração da morte. Sorriu mais uma vez, desta vez para a escuridão, desafiando-a.

– Venha me buscar...

Agnes apreciou o dossel de sua cama quando os olhos abriram ávidos pela luz solar. Os lábios esboçavam um tremor incessante e sentiu que os havia mordido com força, ambos doíam. Odiava sonhos como aquele, cheios de medo e angústia.


Moveu a mão sobre o peito, sentiu a taquicardia evidente. Aqueles eram os momentos em que mais detestava o acalento da adivinhação. Esses “dons” – ou supostos dons, como preferia crer - eram por vezes sádicos demais, por outras, vagos o suficiente para lhe deixar sobre indagação meses a fio. Definitivamente tinha ojeriza às premonições e visões em momentos inoportunos – e nos oportunos também - simplesmente lhe desagradavam.


Estava próximo da hora de encontrar Hermione e Harry, ambos rumo a um destino cruento e pouco desejoso. Porém, ela precisava ir, de alguma forma ela sabia como evitar que o pior acontecesse – pelo menos era isso que imaginava – no fim.


Passou os olhos pelo cômodo com atenção, era tão simpático, diferente daquele onde viveu por muitos anos de sua vida que nunca a agradou. Os tons de lilás na parede vibravam com intensa alegria como se transparecessem os sentimentos mais puros que ela albergava dentro de si. Os móveis brancos de estilo vitoriano davam um ar infantil e ao mesmo tempo demonstravam uma fragilidade que ela não tinha. Levantou-se, passeou a mão por sobre eles, sentindo a madeira polida delicadamente pintada, o frio do aço que sustentava o espelho, a suavidade das pétalas e sépalas do lírio branco que adornava sua penteadeira.


Um adeus silencioso a eles poderia parecer besteira para qualquer um, mas não para ela. Quantos dias ela havia levado para conjurar todos àqueles móveis e depois pintá-los manualmente só para ter o prazer de sentir o odor forte da tinta e depois receber recompensa que ele lhe daria, a beleza. Um esforço desmedido e tão agradável.


Parou para observar a cama. O dossel alto se assemelhava a uma abóbada toda em lilás, deixando transpassar a tênue linha de luz solar que alcançava o zênite de seu travesseiro. Segurou com força a alça da mala que havia preparado. Suspirou, não uma, mas muitas vezes antes de se imaginar saindo daquele quarto, para talvez nunca mais voltar.


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– O que acham de uma cerveja amanteigada antes de partimos de vez? – Agnes sorriu furtiva olhando para eles. – Vamos, nós não sabemos o que iremos encontrar daqui para frente.


Hermione ponderou a ideia, tinha objetivos definidos desde que levantara aquela manhã. Alterar o rumo de algo que ela havia planejado tão atenciosamente não parecia algo bom, porém, não se sentiu bem em saber que ela poderia realmente estar certa sobre o fato de desconhecer o que viria a seguir.


– É uma boa ideia. – Harry virou para Hermione após consentir com Agnes, a morena detinha aquela expressão de claro raciocínio onde milhões de possibilidades diferentes passavam pela cabeça, ele sorriu ao se pegar novamente a observando atordoado. – Hermione?


– Sim, parece uma boa ideia para uma despedida. – Sorriam quando Agnes posicionou os dois punhos fechados em ambas as laterais da cabeça e os sacudiu para frente e para trás numa comemoração infantil.


– Boa Hermione! Assim é que eu gosto! – Ela arqueou um pouco as costas antes de elevar os seios com as mãos, ajeitando-os no sutiã. Jogou os cabelos para trás e balançou a cabeça de leve. – Vamos lá pessoal... Agnes vai à caça!


Harry tinha um sorriso que não se podia distinguir, mesclando divertimento com espanto de uma forma única. A outra morena só negativou com a cabeça e com a mão sobre os olhos.


– Só uma cerveja amanteigada Agnes! Só uma! – Ela disse em tom reprovativo, atentando um olhar fulminante para os dois.


– Nem é alcoólico... – Outro olhar fulminou sobre ela. - Tudo bem Hermione! Tudo bem! - Ela assentiu.


Enquanto caminhavam Agnes retocava o batom com cuidado, um tom quase transparente, bem discreto. Com auxílio de magia armou uma trança única que descendia do topo de sua cabeça pela linha média de sua nuca, misturando-se ao restante do cabelo que caía pesadamente sobre a fina jaqueta jeans branca. Hermione viu-se a observando atentamente, era definitivamente uma mulher atraente, de aproximadamente trinta anos, corpo delineado e olhos de um preto profundo, tão negro que não se via pupila. Tinha um humor invejável e uma boa vontade sublime.


Alternou discretamente o olhar para Harry, por um momento teve medo de que ele a observasse como a própria Hermione descrevia mentalmente. Corou quando ele sorriu levemente sem se virar para ela. Sabia que estava o olhando e provavelmente o que ela pensava, Harry Potter era deveras observador, deveria ter se lembrado disso.


Logo a silhueta de Hogsmeade tomou-lhes a frente. Um típico dia depois do natal, onde não se via nem uma alma errante perambulando pelas ruas, obviamente, podiam se excluir alguns boêmios esparramados nas vielas apertadas entre as casa. Seguravam fortemente garrafas de uísque de diversas marcas distintas como se fosse o bem mais precioso que possuíam.


O Três Vassouras era com certeza o único lugar movimentado daquele vilarejo. Madame Rosmerta agitava-se retirando mais boêmios que dormiam com as cabeças sobre o balcão. Uns poucos desconhecidos jogavam alguma espécie de dominó com Runas e outros tantos só se alcoolizavam e riam de piadas desafortunadas.


Sentaram-se mais ao fundo, atendidos por uma Rosmerta convalescente e apática. Pediram três cervejas amanteigadas, entremeio Agnes aproveitou para pedir algumas torradas e ovos fritos com bacon.


– Hey! Nem me olhem assim! – Disse ofendida após receber os olhares inquisidores de Harry e Hermione. – Eu nem tomei café!


Harry riu quando sua vista voltou mais uma vez para Agnes. Ela prendia o cabelo em um coque e olhava em volta com um ar de profunda tristeza, apoiou os cotovelos sobre a mesa e segurou a face com as mãos.


– Vejo que sua caçada não deu muito certo... – Ele riu com Hermione acompanhando.


– Há! Muito irônico Potter! – Ela fez desdém e voltou à pesquisa visual no salão amplo do bar. – Preciso apagar esse...


Hermione já ria alto antes da frase ser concluída. Harry preferiu rir com os lábios fechados, ele deixou a mão escorregar de cima da mesa, deslizando-a lateralmente pela sua perna, encontrando a mão de Hermione posicionada sobre a coxa. Apertou-a, virando para ela e sorrindo. Ela sentiu-se o pior dos monstros por não responder a carícia, suavemente retirou sua mão debaixo da dele e a posicionou sobre a mesa, sua face estava corada.


– Então, como eu estava dizendo... Eu estou... Uhm... – Pensou, escolhendo a palavra mais discreta o possível. - Carente! Preciso encontrar alguém, nem que seja só para uns beijinhos!


– Obviamente que seria só para uns beijinhos! – Hermione lhe disse após bebericar um gole de sua cerveja. – Não daria tempo de fazer muitas outras coisas.


– Ah Hermione, como daria! – Ambas riram e deixaram Harry com um sorriso enfado sobre elas. – Não é como se eu fosse uma ninfomaníaca!


Harry continuava silencioso, Hermione abaixou a cabeça, xingando-se por ter afastado a carícia tão singela que ele lhe depositara. Porém, havia algo estanho, ele tinha um olhar atravessado e os lábios ligeiramente comprimidos, levantou-se rápido.


– Estão sentindo esse cheiro? – Ele aspirava o ar com certa dificuldade, de repente Agnes levantou-se e começou a olhar para os lados, procurando aprofundar a sensação do odor.


– Isso é enxofre? – Perguntou.


– Ao menos parece... Enxofre com carne em decomposição. – Hermione disse levantando-se também.


A porta do bar estilhaçou-se em inúmeros pedaços, mesas e cadeiras retorciam-se ao bater repetidas vezes sobre outros móveis. Madame Rosmerta adentrou gritando para dentro da cozinha do estabelecimento, os bêbados agiam em alvoroço, gritando e correndo para fora pelas janelas, um deles tinha pedaços de madeira presos por entre a musculatura posterior da coxa, andava dificultoso arrastando a perna machucada, este não conseguiu alcançar a janela para fugir, jogando-se sem precisão por detrás de algumas mesas derrubadas deixando uma longa linha de sangue vermelho borrando o chão.


A luz se esvaiu e uma sensação de terror intenso invadiu Agnes quando ela fitou aqueles estranhos seres nos olhos – que ela particularmente não viu - sentia o corpo queimar por dentro e a musculatura contrair em demasiado. Mesmo assim empunhou a varinha e a deteve de encontro ao peito, ato repetido por ambos os amigos.


Eram três ao todo, homens altos e robustos envoltos por longas capas de um veludo negro indescritivelmente belo. Tinham mãos encobertas por pela enegrecida e desgastada, unhas arroxeadas e vasos sanguíneos proeminentes. Não se via rosto, mas era visível um leve esfumaçar quando eles moviam o corpo, como se possuíssem arquitetura a base de ar, vapor, ou qualquer outro material do gênero. O cheiro de enxofre impregnava as narinas e trazia junto de si um cheiro de decomposição severa. Não empunhavam varinha, mas de suas mãos brotavam pequenos feixes de fogo azulado intermitente.


Um deles andou em direção ao trio, atrás, a escolta dos outros dois. Harry percebeu que os passos pareciam ser feitos sobre terra negra e fina, elevava uma espécie de fumaça semelhante a que se desprendia de dentro da abertura da capa, na face.


Aproximaram-se de Hermione, a esquerda de Harry, ela parecia paralisada e quando ele se deu conta disso, sentiu que estava na mesma situação, imobilizado por alguma coisa que ainda não poderia explicar o que era. Como se tivessem o prendido ao chão e o amarrado com cordas mágicas.


– Venha conosco Hermione Jean Granger. – A voz era metálica, quase manipulada mecanicamente. Percebia-se uma rouquidão e uma alteração de tons extremamente constantes, às vezes era um sussurro sibilante como a língua de uma serpente e às vezes era dura como o ressoar de um trovão. – Nós somos a Legião, nós somos...


Quando a mão dele tocou a face de Hermione ela simplesmente sentiu-se vaga, vazia e sonolenta. A necessidade de se jogar sobre qualquer coisa que visse a frente e dormir era até mesmo dolorosa, sentiu os braços leves e com uma das mãos cobriu um bocejo enfado que fazia. Ela estendeu a mão para um deles quase tocando a mão que o outro lhe oferecia.


Harry encarava a face obscura d’aquele ser, encarou-o onde deveriam estar os olhos pouco antes dele falar e agora se via em desespero. A dor de tentar se mover o repelia de fazer qualquer coisa, é como se aquela magia fosse tão diferente ao ponto de controlar as suas atitudes e alterar toda e qualquer ação que seu cerebelo pensava em arquitetar. Os braços estavam rígidos e tremiam involuntariamente na contenção das contrações musculares, as pernas sequer esboçavam reação. Eles estavam levando Hermione e de alguma forma ele tinha que reagir.


Irecaligne! – Não houve necessidade de Harry pensar em algo para fazer, Agnes despontava de sua varinha uma névoa flamejante diretamente para os três homens. Eles produziram um sibilo incômodo, um chiado de agonia quase insuportável.


A reação foi rápida e logo não havia mais fogo só uma fumaça de cor vermelha indiana que não permitia a visão. Agnes, Harry e Hermione perpassaram pela mesma janela que foi escape de muito outros e corriam em direção à saída norte do vilarejo, faltava pouco para chegar lá. Agnes olhou para trás furtiva e viu as três silhuetas ao fundo, eles se aproximavam e a visão que teve foi inda mais assustadora. Eram como três sombras negras avançando rápido por um chão todo recoberto de neve.


Um senhor passava com uma carroça pela rua transversal próximo deles, só ouviu-se um estrondo alto e pedaços da carroça voaram para longe, gritos afobados foram ouvidos e uma roda de metal puro caiu próxima de onde Agnes corria, ela desviou pouco antes, por segurança. Virou novamente para trás e se desesperou, avançou mais o passo.


– Eles estão vindo! – Continuou correndo, se aproximando de Harry. – E não têm pés!


Ele virou para olhar seguido de Hermione, os homens volitavam sobre massas de fumaça negra, a capa esvoaçava com o vento e corpos recobertos por musculatura exposta e pútrida era visíveis. O olhar de pavor se formou sobre o rosto da moça de cabelos castanhos, ela empunhou a varinha e conjurou um feitiço escudo simples com o ressoar das palavras “Speculum obice”, onde uma ampla parede de vidro mágico reluzente surgia no caminho. Eles continuavam a montar suas nuvens de fumaça negra, estilhaçando o vidro ao passar, produzindo um som estridente e aguçando o desespero dos que fugiam.


A princípio, a barreira de vidro não teve função nenhuma, porém, foi ao passar por ela que um dos homens que os perseguiam teve sua capa completamente retirada. As roupas eram farrapos velhos já consumidos pelo tempo, as costelas eram proeminentes e exteriorizadas, não havia muito da parede torácica do lado direito, como se ela tivesse sido arrancada. Os olhos como duas bolas de fogo azul reluzente e face desprovida de pele e mandíbula completamente evidente eram só algumas das coisas que poderiam descrevê-lo.


Ele parou sua corrida, serpenteou o corpo no ar e guinchou alto, o som possuía um número inimaginável de decibéis, percorreu os ouvidos deles, os ensurdecendo por completo.


Ao virar para trás Harry teve a mais terrível imagem. Aquele que perdera sua capa estava jogado no chão, sobre ele estavam os outros dois. Com as mãos e as unhas eles arrancavam o que lhe restava de pele e músculo, pareciam saboreá-lo com apreço. Eles comiam como selvagens ao próprio aliado, descarnando-o sem piedade.


Hermione diminuiu a velocidade e olhou a imagem com mais profundo medo, aquelas coisas eram de longe muito mais assustadoras do que qualquer outra que já tenha visto. Um deles tirou o a porção da capa que lhe cobria o rosto e mostrou a ela como os olhos flamejavam em um vermelho intenso pareciam até mesmo sair da órbita, buscando a ela com fervor.


Continuaram correndo, Agnes à frente sem uma expressão definitiva no rosto, Harry mais atrás, tinha os olhos vidrados e os lábios esbranquiçados, então, ainda mais atrás Hermione, transmitindo uma falsa confiança quando a observavam.


Alcançaram a saída da cidade, não ousaram olhar para trás outra vez. Arfaram antes de se entreolhar, Harry agiu rápido e as segurou pelos braços, aparatando em seguida.


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– O que diabos eram aquelas coisas? – Agnes perguntou exasperada levantando-se do chão.


– Eles tinham globos flamejantes no lugar dos olhos. Até onde eu imagino isso não pode ser bom! – Disse Hermione ainda sentada no chão, haviam caído com o impacto da aparatação, suas pernas doíam devido ao esforça que fez na corrida.


– Não podemos perder tempo agora. Não sabemos como eles se movem. – O moreno falou estendendo a mão para ajudar Hermione a se levantar, Agnes lhe retrucou com um olhar de desdém completo.


– Eles possuem nuvens negras como montarias Harry! Acho que isso nos dá uma base de que eles não são muito limitados quanto à movimentação.


– Por isso digo que devemos andar logo!


Hermione olhava, atenta, o local onde eles haviam aparatado no sudoeste de Londres, era uma ruela suja e deserta, estavam quase em frente ao Hotel Hallgrace. Ela ignorou a conversa dos outros dois e dirigiu-se até a saída. O seu corpo mais uma vez manteve-se paralisado naquele dia. O hotel estava rodeado por uma faixa amarela relativamente fina que dizia claramente “Cena de crime. Mantenha distância”.


A mão de Harry se sobrepôs em seu ombro, virando-a para ele. Ele fez um sinal positivo com a cabeça assentindo para que continuasse. Os três seguiram silenciosos até o hotel, a princípio não havia habitação neste momento. Os arredores também se mantinham tranquilos.


Hermione girou o trinco com força, na espera que a porta estivesse fechada, mas esta se encontrava aberta. Subiu as escadas cuidadosamente, desviando de diversos itens jogados pelo chão, muitos dos quadros que antes adornavam as paredes estavam sobre o piso carpetado com suas molduras e vidros quebrados. A porta do antigo quarto de Hermione e Rony estava repartida ao meio como se um raio o tivesse feito. Haviam largas rachaduras pelo teto e pelo piso também, no interior do quarto não havia nada de diferente desde que ela havia partido. As roupas continuavam espalhadas pelo piso junto dos calçados e roupas íntimas de Rony.


Os olhos dela se encheram de lágrimas, sentou-se à beira da cama e juntou uma camisa carmim de algodão que estava próxima de seus pés. Não tinha como explicar o que sentia, foi como se no momento que entrasse naquele lugar Rony estivesse ainda muito presente dentro de seu coração. Ela abraçou a roupa e pôs de chorar silenciosamente.


Harry deu as costas, arfou nervoso e fechava forçosamente os lábios. Ele saiu do quarto e então subiu mais lances de degraus, deixando Agnes dividida entre ambas as cenas. Aproximou-se de Hermione e tocou com uma mão sobre a perna dela, complacente.


– Fique aqui o tempo que precisar... Estarei lá em cima com Harry.


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Ele só se perguntava se era tão difícil assim de entender que aquilo o machucava. Aquelas recusas aos seus carinhos não eram nada perto disto. Entendia que o efeito da poção poderia realmente fazer isso, obviamente, mas isso não amenizada em nada o sentimento de culpa que ele sentia. Seu coração se repartia em milhões de pedaço a cada lágrima que vertia dos olhos doces dela.


Agnes aproximou-se, Harry observava o pouco movimento daquela região de cima da laje do pequeno edifício. Seus olhos tinham um misto de tristeza e infelicidade, mas a feição de seu rosto era de ira.


– Harry... – Ele virou para encarar a moça, deu-lhe um pequeno sorriso. Afinal, que culpa ela tinha dele estar no estado em que estava. O único culpado era si mesmo.


– Você foi excelente no Três Vassouras. – Disse e dispensou um sorriso singelo para ele


– Obrigado, eu só fiz o que tinha que fazer. – Olhou séria. – Diferente do que você fez agora pouco, lá em baixo.


– Desculpe-me Agnes. – Ela segurou sua mão e lhe dispensou um beijo na bochecha, carinhosamente.


– Não se desculpe. – Sorria a cada palavra. – Eles estão atrás dela Harry, é normal que esteja abalada, precisa de força agora.


– Você não entende Agnes. – Soltou um leve suspiro e fitou a moça de relance. – Não era pra ser assim. Eu poderia ter evitado isso...


– A perseguição? – Disse interessada.


– Talvez... – Suspirou profundamente. – Mas não é sobre isso que estou falando.


Explicou à moça toda a história de uma forma resumida e sucinta, na espera de poder elucidar mais os fatos com o decorrer do tempo. Enquanto explicava perguntou-se o que havia levado Agnes a seguir ambos sem nem saber o que estava acontecendo. Que exemplo de amizade e fidelidade a moça de longos cabelos pretos demonstrara com essa atitude.


Por um momento pensou que se não houvesse uma Hermione, com certeza ele poderia se apaixonar por ela. Agnes era uma pessoa querida, amável e que quase nunca estava triste, era uma centelha de alegria dentro de qualquer momento de tristeza.


– Você está querendo me dizer que ela está chorando agora por alguém que nem ama de verdade? – Piscou algumas vezes depois de analisar a história.


– Ela o ama, como um melhor amigo. – Cruzou os ombros se arqueando no parapeito, vendo a movimentação habitual da cidade tendo início. – Ou talvez, depois de tanto tempo, ela só tenha se esquecido de como me amava.


– Você acredita nisso? – Repetiu os atos dele, deixando os braços em repouso sobre o parapeito.


– Eu não quero acreditar.


– Então isso responde a minha segunda pergunta. – Sorriu para ele enquanto falava.


– Que segunda pergunta? – Olhou para ela curioso, o estranho é que o sorriso dela, por mais claro que tentasse ser, sempre tinha uma pontada de mistério sedutor.


– Você vai desistir de lutar por ela? – Piscou, dando as costas para ele, dirigindo-se para a saída.


– Sim, acho que responde. – Ponderou mais alguns minutos, desceu logo após isso, uma nova sensação de esperança brotava em seu peito. Agnes estava certa, ele não iria desistir daquela luta.


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“Você pegou minha mão e me puxou para perto, tão perto de você

Eu tenho o pressentimento de que você não tem palavras

Eu acho um jeito pra você, beijo seu rosto, digo adeus e saio andando

Não olho pra trás, pois eu estou chorando”

Tallulah – Sonata Arctica

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Já fazia alguns minutos desde que os outros dois haviam lhe deixado sozinha no quarto, com todas aquelas memórias que mais pareciam borrões em sua cabeça. Momentos que construía com incerteza, beijos do qual o gosto não lembrava, abraços que deveriam ser quentes sequer existiam.


As lágrimas insistiam em cair. Lágrimas de remorso vinham antes das lágrimas de amor, se é que havia essas lágrimas de amor. A decisão que há muito havia tomado parecia tão sensata para aquela Hermione jovial e corajosa da memória, mas para a Hermione de agora, madura e – no momento – insegura, parecia uma loucura desmedida. Onde estava Rony agora? O que fariam com ele? E por que procuravam por ela?


Esperou ávida por respostas de sua mente, mas elas não vinham, não existiam. Só havia medo e incerteza. Secou as lágrimas e despejou novamente a camisa sobre o chão. Voltou-se para a pequena janela fixa do apartamento, o pequeno gramado estava coberto por uma fina camada de neve. Neve tão branca que agora se assemelhava e muito às suas memórias.


– Hermione. – Harry tocou-lhe o ombro com carinho e a puxou levemente para frente. – Estarei sempre com você.


– Sempre, não é? – Ela sorriu e se jogou num abraço terno ofertado por ele. Uniu sua mão a dele com fervor.


– Sempre. – Beijou-lhe a testa, apertando o abraço.


– Eu vou me lembrar, só me dê tempo. – Disse com a cabeça aconchegada em seu peito. – Afinal, como é que você sabia que eu me hospedava aqui? – Perguntou sem se mover.


– Nunca deixei você, nunca. – Riu baixinho. – Mesmo que você quisesse o contrário.


– Você tem sempre que ser tão... Harry Potter? – Ele assentiu com a cabeça, sorrindo.


– Eu te amo. – Ele sussurrou no ouvido dela, como costumava fazer à noite, pouco depois de voltar das rondas.


Ela receou, mas de alguma forma, como se fosse automático ela respondeu tocando o lóbulo da orelha dele com a ponta dos lábios “Eu te amo”.


Agnes sorriu, simplesmente porque eles estavam felizes, como tinham que estar.


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– Estou pronto. – Harry acabara de voltar do Gringotes. – Peguei a espada e aproveitei para pegar algum dinheiro do meu cofre.


– Ótimo, podemos partir então! Prontos para aparatar? – Hermione disse observando cuidadosa em todas as direções.


– Só tem um problema pessoal... – Agnes aproximou-se deles e disse baixo. – Alguém já foi a Glastonbury?


Harry e Hermione se entreolharam, entenderam perfeitamente o que ela queria dizer, só se pode aparatar em lugar conhecido, que a sua mente pode construir a partir de uma lembrança.


– Ótimo, acho que teremos que pegar um trem. – Agnes olhou para eles assustada depois da colocação de Hermione.


– Eu... Eu nunca peguei um trem trouxa! – Harry riu, apoiando um dos braços sobre o ombro dela, Hermione sorria com os lábios fechados.


– Calma! Como você costuma dizer: “Não é como se fosse tão diferente”. – Eles riram em meio à falsa tranquilidade que cultivavam ali.


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Notas finais do capítulo

Observação feliz: Este capítulo foi betado! UHULLL! Agradeçam a Pamy por isso!
Quero agradecer de coração para essa menina maravilhosa que é a minha beta, senhorita Pamy Malfoy (ou Pamy Potter, culpem a censura *piscando pra Pamy*), pois sem ela com certeza essa fic não estaria corrigida e pronta para vocês! Aproveitando, dêem uma passada na fic dela e leiam, irão gostar (Link: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=39055), aos que visitarem a fic, por favor comentem, ok?
N/A¹: Como havia prometido, um capítulo com um pouco mais de ação. Não sou expert nessas cenas, por isso elas parecem curtas e enfadonhas, espero que mesmo assim possam apreciar.
N/A²: Eu estou criando um dicionário com novos feitiços através de um conhecimento básico de latim. Vou por o significado dos novos feitiços aqui só para esclarecer melhor, mas no final da fic logo após o epílogo eu montarei um pequeno compêndio de feitiços.
-1. No capítulo passado Harry usou Usque para afastar as memórias da penseira. Usque significa longe.
- 2. Neste capítulo Agnes usou Irecaligne: Ire (siga) + Caligo (névoa) + Igne (fogo).
- 3. Hermione usou Speculum obice: Basicamente quer dizer barreira de vidro.
N/A³: Teremos surpresas maquiavélicas no próximo capítulo... Ou não, depende do meu humor!
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N/B: Beta se metendo aqui no meio. Bem, fui na cara de pau pedir o emprego e fui admitida, uhuul! Meu capítulo de estreia está caprichado, não é gente? Pois é, o Thi (vou te chamar assim) está arrasando cada vez mais, tudo muito maravilhoso e eu nem tenho trabalho, para dizer a verdade. Vou fazer uma coisa aqui, uma frase que me deixou maluca aqui: -Você tem sempre que ser tão... Harry Potter?, arrasou Thierry!
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RESPOSTA AOS REVIEWS DO CAPÍTULO PASSADO
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*EnigmaticPerfection: Pois é! Continuo no embalo do nosso amado Tristania e inclui um Sonata Arctica pra dar uma amenizada também! Hahaha! Sou apaixonado por Tender Trip On Earth também e não poderia de deixar de colocar ela neste! Que bom que fica mais apreensiva a cada capítulo, eu tento fazer com que isso aconteça mesmo, pra dar aquela vontade de continuar lendo. Aish, nem me fale do Dumbledore, é horrível escrever as cenas com ele, é sadicamente sábio, isso me irrita tanto! Quanto ao Rony, eu realmente não gosto dela, mas fazer o que se ele vai ser importante pra fic, tenho que aturar essa coisa perambulando na fic (tristeza eminente).
Poxa, você praticamente colocou o meu top 5 do Tristania aí em baixo. Angelore, BtV e SoD são excelentes! O que é aquele prelúdio de Beyond, calminho e depois uma explosão super trash! Muito bom! E Angelore, aqueles violinos levemente azedos no começo me fazer delirar. Bom que gostou de Crushed, ela junto com Tender Trip On Earth e Deadlocked (essa é linda também) faz o World of Glass ser o meu cd favorito deles.
Nossa, tenho muita coisa pra escrever pra você, mas o tempo está muito apertado agora, me desculpe por isso. Se puder me add no msn eu agradeceria (thierry_pain@hotmail.com) , caso não possa, me mande e-mails, conversaremos muito sobre fics e músicas! ^-^ (PS: Intimo você a fazer uma continuação para Equilibrium! É um desafio!) Beijos!
*Isis Brito: Que bom que esta apreciando a fic Isis! Espero que continue gostando e não se assuste com as minhas maluquices que aparecem a cada capítulo! Como disse uma colega minha: cada capítulo é um flash (hahaha). Ah, essas respostas serão respondidas, elas são base para a fic por princípio. Quanto a morte da Mione, poxa... Quem sabe o que essa minha mente sádica pode fazer! MuaHaHa!!! (Risada macabra). Rsrsrs! Essa cena das alianças foi uma aspiração romântica de momento, que bom que todo mundo gostou dela! Aproveito para pedir desculpas pela demora dessa última atualização, era pra esse capítulo estar pronto sexta, consequentemente eu enviaria pra Pamy betar, mas acabei enviando para ela só ontem a tarde. Enfim, espero que continue acompanhando e muito obrigado pelo comentário! Abraços!
*PamyMalfoy/Potter: Hahahah! Minha beta queria, obviamente essas minhas maluquices agora também te deixarão doidinha! Oras, eu só fiz com a memória da Hermione o que deveria ser feito, de acordo com o tio Dumbly! AhuHU Pois é? Triste né? Ter que ficar com o Rony é de doer! Quanto ao momento do Harry no lago, eu não achei muito interessante, pra ser sincero... *olhando sem graça* Eu preferia que fosse a Hermione... XD Teremos mais DG um pouco pra frente, eles também serão importantes, por assim dizer. Agnes: minha inspiração de humor transcrita no papel! Adoro demais ela, por isso a incluí na jornada! Obrigado por me aguentar! Beijões!
*MaPotter: Ué! 48 capítulos seria um tempo razoável! Hehehe! Eu sou realmente muito maligno com vocês! Espero que esteja gostando e continue acompanhando! Beijos!
***JôHxSabaku: Tô até imaginando como você ficou brava por ser a última da listinha, mas te juro, é aleatório! Além disso, pode ser a última da lista, mas é a primeira na minha vida. *beija a bochecha, cutucando a orelha em seguida* minha pequena pokémon. Beijos!



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