Harry Potter e o Prelúdio de Inverno escrita por Thierry Grima


Capítulo 1
Prólogo (...para a solidão)


Notas iniciais do capítulo

Titulo Original da história: Prelúdio de Inverno
Autor: Thierry Grima
Formato: Middle/Long Fiction
Shipper: Harry/Hermione
Disclaimer: Os personagens não me pertencem, nada aqui está me gerando lucro.
Informação importante: Essa fanfic não segue a história completa dos livros, porém utiliza como base muitos dos fatos explicitados nela.



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PRÓLOGO (PARA A SOLIDÃO)

Música para leitura: The Rain, por Roxette


A grama desbotava sob o branco manto dos flocos de neve, pequenas as flores cobertas pelo congelado orvalho exasperavam ao aguardar a luz do sol que insistia em não aparecer. Os pássaros revoavam entre as arvores e poucos outros cantavam um soneto alegre sobre a soleira da janela esguia e entreaberta relaxadamente daquele cômodo, o lago estava congelado e alguns alunos já desafiavam o frio patinando com destreza, desenhando sobre o gelo polido imagens abstratas. Seria tão perfeito se nunca acabasse, se fosse possível ver essa imagem todos os dias, a cada segundo uma nova perspectiva podia ser obtida do alto daquela torre. Os pés formigavam e as mãos procuravam aquecer o colo, e mesmo assim nada a impedia de observar. De repente duas mãos enlaçam sua cintura ternamente, um queixo roça seu pescoço, a barba por fazer incomodava um pouco, mas não impedia de maneira alguma a revitalização dos seus desejos mais profundos ao serem testados por aquela atitude. Um sussurro rouco no ouvido: "Bom dia amor...", um beijo suave no pescoço, seguindo de intensas sinapses percorrendo toda sua medula espinhal, caminhando pela inervação de seu corpo e eriçando todos os seus sentidos, a brisa esvoaça de leve os cabelos despenteados de ambos, eles sorriem e de uma forma clara e concisa concluem, simplesmente se amam.

Hogwarts, inverno de 1996, Hermione Jean Granger observando tudo lá de cima, Harry Thiago Potter enlaçando sua cintura e a tentando com um sussurro no ouvido, um toque estridente de despertador...

O que? Despertador?

A imagem de Hermione jogando desesperadamente o braço para o lado, empurrando o despertador enlouquecido em forma de dente que havia ganhado dos pais ainda nos tempos de Hogwarts seria inesquecível para ele.

– Dormiu bastante... Está ficando muito dorminhoca mocinha!

– Você não me acordou! Olhe só! São 7:30 da manhã, estou com um atraso de pelo menos uma hora!

– Ah... É que você estava com uma expressão tão gostosa que eu não quis te acordar, achei que estava sonhando comigo – Jogou-se sobre ela divertidamente antes que ela levantasse, pôs ambos os braços ao redor e sussurrou em seu ouvido eloquente – Bom dia amor!

Hermione engoliu a seco, sentiu o corpo enrijecer e os olhos expressarem uma tristeza desnecessária para aquele momento que deveria ser obrigatoriamente romântico. Olhou para ele e sorriu amarelo – Bom dia...

Levantou, olhou para a paisagem esbranquiçada do minúsculo jardim, era uma imagem enfadonha, não havia nem do que comentar a não ser um pedaço de grama morta que insistia em criar outras variedades pestilentas de gramíneas.

Hotel Hallgrace, Wimbledom, sudoeste de Londres, inverno de 2010, Hermione Jean Granger observando tudo lá de cima, Rony Weasley prendendo-a a cama, sussurrando em seu ouvido, e ela com os dedos cruzados esperando um toque estridente de despertador. Ele não aconteceu.

Desde que Rony havia sido demitido de seu emprego no Departamento de Transportes Mágicos do Ministério, há dois meses, estavam usando suas reservas para se manter o mais confortável o possível, isso obviamente de acordo com Rony, já que a casa que possuíam em Acton havia sido vendida para pagar os inúmeros empréstimos que ele havia feito no intento de sustentar o vício nas apostas.

Pesava para a consciência em ter que olhar para ele e sorrir fingindo estar tudo bem, quando no fundo de seu coração uma maldição imperdoável Cruciatus era lancada direta e constantemente sobre ele. Era constante aquele sonho com Harry, intenso e constante, não conseguia sequer imaginar que aquele momento não havia realmente acontecido. Era um sonho que lhe transmitia a perfeita sensação de realidade, um sonho que não deveria ser sonho.

Agitou-se a juntar as roupas espalhadas pelo chão e gritar fervorosamente para que ele lhe ajudasse a procurar uma das suas calças favoritas que deveria estar em algum lugar muito distante na pilha de roupas para passar. Ele continuava deitado sobre a cama, com cara de safado e com um ar preguiçoso. Um olhar sombrio foi lançado diretamente a ele, num estante de hesitação ela quase o fez engolir um par de meias sujas dele que segurava penosamente.

– Calma gatinha, é domingo! – O simples pronunciar das palavras "gatinha" e "domingo" dilataram toda a vascularização sanguínea de sua face, quase lhe permitindo exalar pequenas nuvens de vapor imaginário na direção dele.

– Você realmente precisa usar esse linguajar vulgar e descabido comigo? – Ela colocou algumas peças de roupas que estavam despejadas em frente à cama dentro de uma bolsa e quase se jogou pela janela quando viu uma cueca aos avessos despejada sobre uma de suas camisetas recém compradas. Arremessou com destreza sobre ele sem nem pensar, a resposta disso foi um riso enfadonho e um "Esse trabalho te estressa mesmo hein!", sentiu o corpo todo estremecer ao olhar a dimensão cúbica com relação à quantidade de peças de roupa e sujeira acumulada naquele maldito quarto, era totalmente desproporcional. Inspirou fundo, jogou a mala com roupas sujas em um canto qualquer e segurou com força entre os dedos algumas poucas roupas não amassadas e limpas.

Dirigiu-se até o banheiro incrivelmente limpo se comparado com a outra peça, trocou-se, inspirou fundo novamente. Olhou para o espelho e viu sua imagem refletida. Nenhuma ruga, nenhuma marca, nenhuma mancha, nenhuma história... Ela era só mais uma mulher e tirando o fato de não possuir rugas, nada mais de bom existia ali. Fardo que havia aceitado quando decidiu morar junto com Rony. Abandonou tudo por um sonho doido de liberdade e companheirismo, amizades, empregos internacionais, contratos ambiciosos. E disso tudo só lhe restou um quarto e um banheiro, ambos imundos e cansativos. Pegou sua bolsa e conferiu "Documentos, carteira, porta-varinha, tudo certo". Escancarou a porta do banheiro com força, o homem mascava um palito de dentes como um cowboy texano e olhava para a TV como um... Como um desempregado sem vergonha. Fechou os olhos, continuou em silêncio e se dirigiu até a porta.

– Herms, hoje é domingo, a lavanderia não funciona e ainda por cima está esquecendo as roupas! – Ele parou e pensou - Enfim, você entendeu que é domingo, não é? – Interou em tom calmo e quase sonolento.

– Eu entendi que é domingo, sei que a lavanderia não funciona, sei que não estou com as roupas... Mas... – Olhou para ele triste, a voz não saia como deveria, pois era pesada e sofrível. Sentia que o pior não era ter que fazer isso, mas sim os motivos que a levaram a fazer isso – Mas eu estou indo embora Rony. Não consigo mais fazer isso, não mais.

– Herms...

Ele tentaria argumentar, ela sabia disse e tratou de correr escada abaixo, desviando alguns poucos hospedes do pequeno hotel que insistiam em lhe cumprimentar. A porta de entrada se fechou tão logo os olhos dela, inundados de lágrimas. Seria mais fácil chorar agora, sem ter que esconder-se para não o ferir. Resistiu ao máximo para não olhar para trás, foi inevitável, ele estava com o rosto em riste na janela fixa do quarto, expressando nítido choque. Hermione teve certeza de ver os seus lábios sussurrarem a frase "Preciso de você comigo" no pouco tempo que esteve olhando, resistiu a vontade imensa de dar meia volta e abraçá-lo, pedindo falsas desculpas por ter feito aquilo. Não havia mais como suportar, a cada dia que passava tudo se tornava insuportável, seu trabalho no Departamento de Execuções das Leis da Magia que antes lhe parecia tão complexamente simples, agora lhe causava desespero e a sufocava de forma que não conseguia concluir uma tarefa sem ter que recorrer a intensas pesquisas bibliográficas ou até mesmo a auxílio de terceiros, o que para Hermione Granger, funcionária exemplar e subchefe de departamento, era humilhante.

Com as mãos trêmulas buscou o celular dentro da bolsa, o simples fato de não encontrar o objeto rapidamente a fazia murmurar palavrões, depois de insistentemente rondar toda a extensão do interior da bolsa, palpou o bolso da calça e sentiu-se idiota por não ter procurado ali primeiro. Buscou um número na agenda, de seus olhos ainda brotavam lagrimas cristalinas tão belas, mas preenchidas com tanta tristeza e amargura.

Ela ressentiu ao apertar o botão de discagem, sentiu um aperto no peito e um desespero incomum, não queria de forma alguma permitir que esses dois fatos lhe acarretassem um profundo arrependimento, esqueceu-os ao iniciar mentalmente a contagem dos toques da chamada.

Um toque...

...

Dois toques...

...

(O coração palpita e um punho se fecha de nervoso)

...

Três to...

– Alô, Hermione? – Era a mesma voz, o mesmo timbre, e o seu corpo ainda respondia à mesma reação.

– ... - Silêncio.





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Notas finais do capítulo

OBS: A Fic encontra-se sem betagem, obviamente. Desta forma estou aceitando amplamente propostas! Está complicadíssimo de deixar a formatação com o espaçamento que eu quero que fique, mas espero que a leitura discorra sem complicações quanto a organização e disposição do texto na página.
N/A¹: Eu disse que voltaria a escrever fics ontem, aí está um prólogo de uma dessas fics. Não será uma fic muito longa. Pensei a princípio em uns 3 capítulos, mas percebi que concluirei só em uns 8 ou 9 capítulos, bom pra recomeçar com as fanfics. Tentarei manter uma constância de 2.500 a 3.000 palavras, com exceção do prólogo, que realmente é só para me animar a escrever, e publicação a cada 3 dias no máximo. Aproveito pra agradecer imensamente a Bea Bela Black pelo primeiro comentário, no Fanfiction.net, do remake da minha outra/primeira shortfic bem antiga "Porque você sempre tem a razão?", que com certeza me animou muito para começar a escrever, e peço que leiam as shortfics excelentes dela! Enfim, espero que gostem desse início e que me dêem sugestões para os próximos capítulos e dêem seus palpites sobre a ligação de Hermione, de quem será o número discado?
N/A²: Normalmente eu escolheria um bom heavy metal ou um rock 80's pra acompanhar a fic, mas estava ouvindo Roxette quando escrevi e a inspiração quando ouvi "The Rain" foi importante pra conclusão desse prólogo, a letra acrescentou muitas idéias apesar de não ser longa.



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