Nightmare No Utau escrita por CiaMon


Capítulo 4
Sala de Música


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoal!! Ah quanto tempo, hein... Não vou mentir, não postei por falta de criatividade mesmo. Havia séculos que eu não vinha aqui dar um olá, mas cá estou.
Um beijo, desculpem a demora e aproveitem a leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/193759/chapter/4

Capitulo 4 – Sala de Música

Há desvantagens e vantagens de se andar com a Miku. Ela era uma ótima amiga e eu adoro conversar com ela durante o caminho de casa. Porém, sem ela eu tinha mais tempo para pensar e apreciar a paisagem, e isso eu gostava muito.

Na metade do caminho tinha um parque, havia apenas dois balanços e ficava escondido entre duas casas abandonadas, eu gostava de ir lá às vezes. A árvore que estava no centro dela não estava florida, apesar de ser primavera, mas apenas aquelas tantas folhas verdes eram capazes de me fazer sentir calmo.

Mas hoje eu não podia me demorar muito ali, eu tinha dever de casa e minha partitura estava pela metade, eu teria que completá-la (ou tentar, né) hoje. O dever eu faria mais tarde com Miku, ela era melhor em matemática do que eu e só chegaria uma hora mais tarde.

Quando cheguei a casa não vi ninguém. Luka e os gêmeos estavam fazendo uma gravação, e Miku estava ensaiando. Gack deve ter saído então eu ficaria com a casa só pra mim. Fui pro meu quarto, tomei um banho e vesti uma roupa mais confortável.

Peguei minhas partituras e a caneta azul e fui para o terceiro andar, entrei em uma das salas vazias. Eu gostava de cantar para compor, era muito mais fácil pra mim. As partituras estavam jogadas pelo chão e a cada compasso novo que eu fazia eu escrevia o tom.

Eu já estava ali há um bom tempo, e apesar de ter feito duas paginas, quando eu fui tentar cantar completamente não saiu nada bom. Risquei algumas linhas, outras eu deixei e larguei tudo ali para pegar algo pra beber.

Fui à cozinha e quando estava voltando escutei um som vindo de um dos quartos, um pouco mais a frente. O toque era melancólico, apesar de um tanto animado, mas acredito que seja pelo estilo tecno da musica. Fui até onde estava tocando a musica e era o quarto de Gackpoid.

Eu não era intrometido nem nada, mas eu estava curioso sobre ele. Não podia deixar de admitir que ele me fascinava. Cheguei até a porta no exato momento em que ele havia aberto os olhos, bem lentamente. Seus cabelos estavam soltos e ia uma rosa do lado esquerdo em presilha. Ele dançava no espaço entre a cama e a escrivaninha enquanto tocava a guitarra.

Eu sorri, ainda o encarando pelo buraco na porta. Quando ele fazia isso e se animava um pouco mais o cabelo ia pra frente do instrumento, mas ele não se importava continuava tocando. Estava usando uma blusa roxa de manga longa e uma calça azul escura folgada, tinha os pés descalços.

Eu ri quando ele errou a nota e fez uma careta. Mas acho que ri alto demais por que ele parou de tocar e abriu a porta. Na hora minhas bochechas coraram e ele sorriu maldoso, como se ele fosse um gato e eu um pequeno ratinho.

- O-oi... – eu disse em graça.

- Kaito. O que faz aqui? – perguntou, encostando-se ao batente da porta.

- A-ah! E-eu estava escrevendo, e então eu sai pra tomar suco, e então eu ouvi você, e então eu... – eu estava nervoso – Desculpe!! – disse, fazendo reverencia.

Ele riu, colocando a mão na minha cabeça, bagunçando meu cabelo.

- Tudo bem, Kaito... – ele disse, me deixando mais nervoso – Levante-se, vamos... – ele colocou a mão no meu rosto, levantando-o.

Quando eu olhei pra ele e ele riu de novo eu fiquei emburrado. O que era tão engraçado afinal?

- Ora, vamos, tire essa cara...! – ele sorriu, passando novamente a mão nos meus cabelos.

- O-ok... – eu disse, levantando sua mão.

- Viu, bem melhor... – ele disse, apertando minha mão. – Entra...

Ele nem deixou que eu falasse nada, me puxou pra dentro e sorriu, retirando a guitarra e a colocando no apoio próprio. Ficamos ali, encarando um ao outro. Eu sentia meu rosto como um tomate e desviei o olhar. E quando estava olhando para o chão vi varias partituras jogadas ali.

- Por que não em avisou que tinha chegado? – Gackpoid perguntou.

- Be-Bem, eu não sabia que você estava em casa... – Olhei para a cama, vendo varia folhas jogadas lá, algumas em branco.

- Entendo... – ele me respondeu – E você estava me espionando por que não tinha mais o que fazer? – sorriu, cruzando os braços.

- Não! Foi sem querer...! Eu já pedi desculpas...

- Certo; certo... - ele disse, se virando para juntar suas partituras.

- Se a Miku visse isso, ela iria morrer... – comentei.

- Por quê? – disse, nem parecendo se interessar.

- Ela gosta de você e é tão organizada, ela pensa que você é assim... Oh, desculpe! – eu estava perto demais das folhas.

- Entendo, mas eu sou organizado.

- Bem vejo Gack...

- Digamos apenas que minha organização é diferenciada... – sorriu, guardando as partituras na gaveta.

- Digamos apenas que você não é organizado, que tal? – eu ri.

Minha caixinha de suco já tinha acabado naquele meio tempo e Gack e eu fomos para a cozinha. Eu peguei uma nova e ele um copo de água. Voltamos a subir as escadas e, diferente do que eu esperava, ele me acompanhou até a sala de música. Eu abri a porta e olhou para o chão com partituras.

- Você está compondo? – ele disse, parecendo surpreso.

- Sim, eu tenho uma musica pra terminar até sexta-feira. -  respondi, pegando uma cadeira pra ele.

- Quer que eu te ajude com as notas? – ele disse, pegando minhas folhas – Posso também com as letras, se preferir...

- Eu prefiro fazer sozinho, não é nada pessoal...

Eu lhe tomei os papeis com as letras e sorri, escondendo-os. Ele me olhou confuso, mas depois sorriu também. Era uma coisa muito comum, nós Vocaloid temos ciúmes de nossas músicas, principalmente as em andamento.

- Tudo bem. Você toca piano? – perguntou, provavelmente por causo do instrumento da sala.

- Ah, não. Violino. – eu respondi, vendo-o se levantar. – Você toca?

- Sim. Quer fazer um dueto? – sorriu.

- Faz tempo que eu não toco... – disse.

- Eu também... – ele disse, pegando o violino e o arco, me entregando. – Vamos lá...

Eu peguei o instrumento e olhei bem pra ele. Não me lembrava de tê-lo tocado desde o Natal passado. Acho que fiquei tanto tempo olhando pra ele que Gack teve que me trazer de volta. Senti sua mão no meu rosto e de repente ele estava bem perto de mim.

- Vamos...? – ele disse, de novo, só que mais baixo.

Eu olhei em seus olhos e ele me deu um sorriso de canto, passando a mão da minha bochecha para meu cabelo.

-... Sim. – eu disse, depois de um tempo.

Ele me largou e foi para o piano. Eu soltei todo o ar dos meus pulmões e ajustei a espaleira¹. Enquanto ele abria o piano, eu passava breu² no arco. Ele olhou para mim e eu coloquei o violino no ombro, ajustei meus dedos e então ele esperou que eu desse a entrada. O único dueto que vinha na minha cabeça era Tzigane³, e sem ‘mais’ eu comecei a tocar.

Ele me sorriu e pacientemente esperou sua entrada. Eu não sabia como ele podia ter memorizado toda a musica no piano, eu ainda errava uma ou outra nota no compasso. Nos meus tempos de pausa eu lhe encarava sutil, enquanto ele tinha os olhos fechados e tocava com uma leveza surpreendente. Ele quase dançava sentado.

Depois de cerca de dez minutos tocando, a música chegou ao fim e eu me sentia um pouco cansado. Não tocava tanto há muito tempo, e o ultimo pizzicato⁴ havia sido um pouco fora do ritmo. Olhei para Gack e ele ainda estava de olhos fechados. Mas nos dois nos surpreendemos quando ouvimos palmas na porta.

Era Luka e Miku ali na porta, ambas sorrindo. Miku ainda vestia o uniforme e Luka estava em sua roupa de Vocaloid. Eu me curvei envergonhado quando Miku se aproximou. Ela me parabenizou com um abraço e a Gack ela apertou a mão.

- O premio pelo show vai ser a Miku fazendo o jantar...

- Bléh! – eu disse – Eu queria um premio...!

- Graças a isso mocinho, você só vai comer cenoura! – ela disse, com as mãos na cintura.


Notas:

Espaleira é a parte que serve para apoiar o ombro no instrumento e em conjunto com a Queixeira é responsável pelo encaixe Violino e Violinista. Há algumas pessoas que tocam sem a espaleira. (http://violinoacustico.blogspot.com.br/2012/03/espaleiras.html)

Breu  resina aplicada na crina do arco para produzir som em atrito com a corda.

Tzigane  é um rapsódica (termo geralmente se refere a composições de música clássica canon) composição pelo francês compositor Maurice Ravel . Foi encomendado e dedicado ao violinista húngaro Jelly d'Arányi , sobrinha-neta do influente virtuoso do violino Joseph Joachim . A instrumentação original era para violino e piano. (Adaptado de http://en.wikipedia.org/wiki/Tzigane)

Pizzicato é o modo de tocar os instrumentos de corda (geralmente os de arco) pinçando as cordas com os dedos. Dedilhando-se, com a alternância de dois ou três dedos, as cordas. Enquanto nas orquestras o pizzicato é apenas um "beliscão" na corda, normalmente feito com um só dedo, e no jazz utiliza-se uma pegada diferente, colocando-se o dedo quase que paralelo a corda e com isso gerando um som mais "encorpado". (Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Pizzicato) 



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até mais, lindinhos!!