A Mensageira escrita por Becca Armstrong


Capítulo 3
Capítulo 3 - A festa mais animada que já fui


Notas iniciais do capítulo

Gente, nenhum comentário? assim desisto de postar!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/193677/chapter/3

  Falei com meus pais que iria á uma festa com uma amiga. Eles não reclamaram. Não perguntaram nada. Não me disseram que horas deveria voltar. Não me deram ordens. Apenas disseram: “Tudo bem, meu amor. Divirta-se muito!” Isso é normal? Meus pais são cientistas. Até famosos. Então, são naturalmente alienados. Mas não á esse ponto. Eu acho. Quando comentei isso com eles, eles me disseram: “Ellie, você está seguindo ordens. Vá, divirta-se, faça amigos, e não volte antes das uma da manhã.” Tudo bem. Agora eles me deram ordens e recomendações.

   Saí de casa com uma bolsa com minha roupa de festa. Minha mãe havia me obrigado á comprar umas. Doida. Até para uma cientista de robótica. Ela é uma mistura perfeita de inteligência e beleza. Ruiva, olhos azuis, pele branca, magra, alta. Nasceu no Canadá. Conheceu meu pai no Brasil. Se mudou para lá. Casou-se. Eu nasci. Fomos nos mudar para os Estados Unidos. Nasceram os gêmeos. O final não é tão bom, mas a historia é. Até eu nascer.

   Cheguei na casa que penso ser a certa. É. Está com luzes por todos os lados. Melanie está dando ordens para umas pessoas. Quando ela me vê, anda até mim.

  -Oi, querida. Os organizadores estão arrumando tudo. Venha, vamos até o meu quarto nos arrumar. –Puxou minha mão. Eu não deveria ajudar á arrumar? Entendi tudo. Ela me quer com ela para parecer que nós somos melhores amigas. Mas... Por quê? Por que eu?

  Entrei em uma casa enorme, branca, com janelas de correr e portas gigantes. Os móveis haviam sido removidos e dado espaço á uma pista de dança, com DJ e barman. Como ela conseguiu tanto dinheiro? Pode ser falta de educação perguntar. Subimos uma escada em caracol, e fomos parar em um andar enorme. Entramos em um quarto gigante, com uma cama gigante, com dossel. Havia uma televisão, computador, portas que davam em um closet (estavam abertas), varanda, banheiro com banheira. E havia um espelho enorme, que cobria uma parede inteira e mostrava cada falha no seu corpo.

   -A festa começa em meia hora. É melhor começar á se arrumar. –Disse Melanie, entrou no closet e saiu com um vestido que me fazia sentir nua só de olhar para ele. Era branco, colado, curto, tomara que caia, curto, colado, curto, colado... BEM curto...       

   Fui até a cama, soltei minha mochila nela, tirei meu vestido longo... NÃO! NÃO! NÃO! O QUE? COMO? NÃO! Minha mãe! Trocou o vestido! Eu conheço esse vestido! Um que eu não quis comprar! Muito curto! Ok, respirando... 1, 2, 3... Este vestido é vermelho, curto, baloné, tomara que caia. É pior do que o da Melanie. Qualquer vento poderia levantá-lo. E o sapato... Que coisa! Minha mãe trocou tudo! Esse sapato é de verniz, com um salto de uns dez centímetros e bico. Eu já fiz aulas de etiqueta. Eu já andei de saltos assim até dançando valsa. Mas, eu não me sinto segura. Tudo bem... Respirando... 1, 2, 3... A Melanie iria rir de mim se eu falasse que minha mãe escolheu esse vestido. É melhor ela pensar que eu já planejei tudo. Eu estou no controle.

   Lenta e hesitantemente, retirei minha roupa. O corpo de Melanie é tão perfeito (não que eu já não o tenha visto na piscina do hotel) que faz com que eu tenha vergonha do meu. Rapidamente, vesti meu vestido e fui até o espelho. Fiz um arranjo no meu cabelo, prendendo umas mechas e deixando meus cachos naturais e ruivos descerem livremente até minha cintura. Quanto á maquiagem, já fiz cursos, então esfumacei a sombra, contornei a boca e abusei do lápis de olho. Esses eram os truques para uma festa. Terminei tudo depois de uns quarenta minutos, e calcei meu sapato.

  Fui novamente ao espelho.

  -Ellie, você está perfeita! –Disse Melanie. Ela deveria esperar um retorno.

  -Você também.

  Melanie estava linda. O vestido curto mostrou perfeitamente cada curva de seu corpo, o salto ficou lindo, e os acessórios ideais. O cabelo loiro dela estava livre, os olhos azuis destacados, e a pele bronzeada em evidencia.

   Já eu... Esta noite estava mais bonita do que o normal. O vestido era muito acima do meu joelho, mas não era indecente. O salto destacava minhas panturrilhas definidas (produtos das danças, natação e caminhadas), meu cabelo tinha um volume perfeito. Meus olhos azuis estavam até mais destacados do que os de Melanie, minha boca em forma de coração estava chamativa, e meu corpo estava com a silhueta perfeita, a magreza escondida pelo volume do vestido. Eu era um adolescente indo á sua primeira festa teen.

    Os convidados chegam em grupos grandes. Músicas do David Guetta tocam. O barman serve bebidas. Todos parecem se divertir. Jake vem falar comigo.

   -Oi, Ellie. Vamos lá fora conversar? –Jake parecia meio bêbado. Meio. O barman servia bebidas alcoólicas, pois a maioria das pessoas era maior de idade. Melanie tinha dezoito; Thiago, dezoito; Jake, dezessete; Elliot, dezoito.

  -Claro. –O que ele queria?

  Ele puxou minha mão, me levou lá fora, e me mandou tirar os sapatos.

  -Por quê? –Perguntei.

  -Você quer andar na praia com esses saltos? –Entendi. Espera... Ele não quer... Quer?

  -Tudo bem.

  -E então, o que te traz á Austrália? –Estávamos andando pela praia descalços, e Jake segurou minha mão. Sua mão era grande e me envolvia perfeitamente bem.

  -Meus pais sempre escolhem um lugar novo para passarmos as férias. Esse ano foi esse. Onde você vive?

  -Eu sou daqui mesmo. Minha família é dona do hotel, então eu e meus amigos vamos lá todos os dias.

  -E você e a Melanie?

  -O que tem? –Ele parecia confuso.

  -Bom, vocês são...

  -Não! Eu quero dizer... Nós já ficamos um tempo juntos, mas ela é muito... Entende? –Eu entendo, ela é meio vaca. Pronto, falei. Para mim mesma.

  -Entendo. –E nós começamos á rir.

  Andamos com nossos pés á beira mar. Eu falei toda a minha vida anti-social para ele e ele me contou sobre os pais, sobre como se conheceram, sobre seu irmão mais novo que o idolatrava, sobre seus bichos de estimação, sobre como suas notas eram horríveis comparadas ás minhas (eu ri muito nessa parte), sobre seu sonho de velejar por todo o mundo, sobre suas decepções amorosas, sobre o seu primeiro beijo... E me perguntou:

   -Quantos namorados você já teve? –Pergunta errada. Melhor ser honesta.

   -Nunca namorei nem cheguei perto disso. Sempre vivi em um campo com meus pais, que vivem no laboratório. Meus irmãos de oito anos já devem ter mais história amorosa do que eu.

   -Como assim?

   -Não ria de mim, mas eu só beijei três garotos na vida. Quando fomos á Espanha, conheci um moreno, de cabelos cacheados e olhos verdes. Os olhos dele me encantaram. E nos beijamos. Eu tinha quatorze anos. Ele foi o melhor, mas depois beijei um italiano e um holandês.

   -Eu não acredito! Olhos verdes te encantam? –Os olhos dele são verdes. Quando os olho solto a verdade.

   -Sim. Eu sou louca por olhos verdes.

   -E eu sou louco pelos olhos azuis da Ellie.

   Nessa hora ele toca minha cintura, levanta meu queixo, me olha nos olhos. Seus olhos descem até minha boca. Ele encurta nossa distância puxando-me em sua direção. Minhas mãos vão de encontro á seu abdômen definido. Levo minha mão direita á seu cabelo, e mina mão esquerda á seu ombro direito. Jake me traz para mais perto ainda (se é que isso é possível), e sussurra em meu ouvido:

   -Ellie, não acredito que você só beijou três garotos na sua vida. Precisamos mudar isso. –Adorei o jeito como ele disse “precisamos”, me passa uma idéia de união.

   -Você tem sugestões?

   -Algumas.

    Ele começou á puxar minha boca para a dele. Ai meu Deus! Ai meu Deus! O Jake ia me beijar. Se não fosse por uma pequena interrupção do Thiago.

     -O quê que você ta fazendo cara? Vamos sair logo dessa festa? Já deu. –Gritou Thiago

     -Eu estou meio ocupado, Thiago. –Jake disse e me virou para Thiago. O choque atravessou seu rosto.

     -Ah, eu não queria interromper.

     Jake respirou fundo. Ele parecia procurar por um plano alternativo.

     -Vamos sair daqui, Thiago? Traga alguém.

     -Quem?

     -Qualquer um. Vamos, Ellie. –Ele me puxou pela cintura. Retirei suas mãos. Ele estava muito confortável, mais do que deveria.

   Entramos no carro de Jake. Eu fui atrás. Minha escolha. Jake havia insistido para que eu fosse na frente. Mas, eu conheço esse truque. Ele vai passar as mãos na minha perna. Vi Thiago chegar com uma morena. Thiago é um garoto bonito. Mais bonito do que Jake. Deve ter uns 1,80 m, é forte, com cabelos mel e curtos, olhos verdes, pele bronzeada. A garota que vinha com ele era baixa, meio cheinha e de olhos grandes. Era um casal meio estranho.

   Jake ligou o carro e a garota disse:

   -Aonde nós vamos? Vocês não vão muito longe, não é?

   -Por que você trouxe a Elisa Sanders, Thiago? –Ouvi Jake cochichar. Acho que Elisa estava tão concentrada em seu discurso que nem percebeu.

   Olhei para Thiago, para aguardar uma resposta, quando notei que ele me olhava. Olhava-me com olhos que eu vi nessa mesma noite. Os olhos com que Jake me olhava. Thiago olhava com esses olhos para o meu vestido, e para meu corpo. Sei que parece errado, principalmente porque eu já “estava” com Jake, mas eu não quero que ele pare de me olhar. Jake já parece querer o oposto.

   -Perdeu alguma coisa lá atrás, Thiago?

   -Depende da sua definição de coisa, Jake.

   -Pega uma cerveja para mim. Aliás, eu pego. –Disse Jake, e se virou para meu lado do banco, desceu sua mão até o piso, pegou uma garrafa, abriu (não me pergunte como) e levou á boca. A garota chamada Elisa ainda não parou de falar.

   Jake encostou o carro em um acostamento. Saiu. Veio até a porta de trás, abriu-a e me puxou. Não teve a menor delicadeza. Fechou a porta e encostou-me na picape (eu acho que era uma picape). Tentou me beijar. Eu virei meu rosto. Não iria beijá-lo enquanto ele estivesse alterado. Ele insistiu. Sua boca foi ao meu pescoço, e eu me afastei. Thiago chegou e empurrou Jake.

   -Melhor irmos para casa. As garotas devem estar cansadas. Vamos, Jake.

   -Não, vai você. Eu e a Ellie vamos ficar. Vem Ellie.

   Eu não queria ficar, mas não queria falar isso para ele. Eu li na internet que nunca é bom irritar os bêbados. Mas Thiago e a tal Elisa estavam aqui. Vou arriscar.

   -Eu quero ir para casa. –Tentei usar minha persuasão com Jake, diversas vezes eu já havia conseguido o que queria assim.

   Jake abriu a porta para mim, me pôs lá dentro, entrou pelo outro lado e se assentou, do meu lado direito. Elisa foi no banco do passageiro, e Thiago na minha frente, dirigindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!!!!!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mensageira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.