The Pierre escrita por slymiranda


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Tá pequeno e vai continuar assim.



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Perdidos. Era a palavra que definia o estado de espírito dos meninos, naquele momento. Na verdade, eles estavam literalmente perdidos. Naquela esquina escura de São Paulo, eles eram iluminados pela fraca luz noturna. Sentindo-se um pouco desconfortável, Mu, como todos os outros bebês fazem quando algo os incomoda, começou a chorar. Fracas lágrimas caíam sobre o rosto moreno de May. Matt nem sequer olhava para os lados. Estava sentado no chão sujo, com o indicador pressionando as têmporas, e os olhos fechados. Parecia seguir uma linha de pensamento que não o estava levando a lugar algum.

E as três crianças Pierre começaram a seguir aquela rua, que não levava a lugar algum.

“Precisamos de um lugar pra passar a noite”, a voz de May Pierre quebrou o silêncio.

“Oh, não me diga”, resmungou Matt, com sarcasmo na entonação de falsa surpresa.

A mais velha dos Pierre fechou a cara. Matt suspirou. Sentia-se na responsabilidade de proteger a irmã e o irmão mais novo, por ser o único homem por ali. Quero dizer, com seus míseros onze anos, ele pensava ser homem, quando na verdade não passava de um moleque. Viraria homem, sim, mais cedo do que a maioria dos outros garotos de onze anos, devido a uma série de fatos que se desenrolariam a partir daquela noite de fuga da suposta estação de trem.  

Naquela noite, os três andaram até sentir cada osso do seu corpo protestar. Você pode imaginar o quanto eles sentiam-se cansados, sujos, tristes, abandonados, famintos, com sono e, principalmente, perdidos. Mas não pode imaginar (ou, eu espero que não possa, pois não desejo esse sentimento a ninguém) o enorme sentimento de rejeição que caía sobre eles. Eram apenas crianças, e ninguém os queria. Estavam sozinhos no mundo, ninguém os amava, pelo menos, não naquele momento, quando eles estavam precisando.

Andaram até o fim da rua, quando chegaram a uma praia deserta, exceto por um homem dormindo na areia. Havia uma praça em frente à praia, e nessa praça, alguns bancos de concreto. Matt sentou-se muito reto em um desses bancos, atento, decidido a não dormir. Não se lembrava da última vez que tinha dormido, ou comido, ou feito qualquer normal. Na realidade, nem ele nem May se lembravam de nada que aconteceu antes de estarem parados na estação de trem.

May, mesmo um pouco sem graça, deitou sua cabeça no colo do irmão, com Mu (que, aliás, já cansara de chorar e agora dormia) apertado de encontro ao seu peito, e fechou os olhos, desejando desesperadamente que a inconsciência a levasse pra longe daquele mundo cruel, mau e real.

 Eu, particularmente, acredito que naquele momento as crianças podiam estar com milhares de dúvidas e problemas, mas tinham uma coisa, uma coisa forte e poderosa, uma coisa que ainda os salvaria de muitos problemas, e aliviaria, não todos, mas grande parte dos sofrimentos que eles viriam a sentir: amor. Eles estavam juntos, e isso era o bastante pra permanecerem mais uma noite vivos. 


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Notas finais do capítulo

Se daqui três dias eu ver que ninguém tá lendo, vou excluir a fic :c



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