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Mally pov on

Estava numa festa que meu irmão me chamou com umas amigas, só que por um momento elas estavam mais interessadas nos amigos deles. Resolvi sair e tomar um pouco de ar antes que percebessem, sentei-me numa mesinha do jardim dos fundos.

– Posso me sentar aqui? - disse uma voz tímida. Levantei a cabeça para ver quem era.

–Claro.

–Lembra de mim? – Questionou, sentando-se.

–Claro, te vi a poucas horas atrás não é? – falei em dúvida.

– Ér, é sobre isso que eu quero falar, ér, desculpa ter te chamado de louca e nem ter agradecido, você salvou minha pele. – Disse em um desabafo.

–Não foi nada, esses caras não tem limite, só isso. – Falei olhando-o.

Até que ele era bonito, nunca o tinha visto sem os óculos, aquelas jaquetas surradas e aqueles gorros estranhos que usava, tinha um cabelo que parecia tão macio e uma pele limpa, branca, mas ainda assim estava usando umas roupas estranhas. Percebi que ele também me olhava. Pelo menos uma coisa boa acontecendo nessa festa horrenda, por um momento fiquei feliz por ter praticado uma boa ação no dia.

–Ei Mally, vem pra dentro, vem dançar? – Falou um amigo do meu irmão me puxando pelo braço e olhando feio para o Phillipe.

Então tinham me achado, revirei os olhos , olhei me desculpando para o Phillipe e me deixei guiar pelo garoto que passou a mão pela minha cintura. Muito abuso. Pelo menos era bonitinho.

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Phillipe POV on

Me sentei ao lado da Mally e não pude deixar de observá-la, ela estava linda, ainda mais linda do que era, foi muito simpática comigo mas estava com um semblante um pouco triste.

–Ei Mally, vem pra dentro, vem dançar? – Falou um dos caras do time da escola a puxando pelo braço. Olhou-me com desdém, tive vontade de lhe dar um soco. Mally olhou pra mim se desculpando e saiu quase agarrando o cara. Ela não era mesmo pra mim. Respirei fundo e fiquei ali por um tempo.

– Foi difícil. – Ryan se aproximou.

–Por que você está me ajudando. Digo, por que me trouxe pra cá? – Encarei-o.

–Quer saber? – Suspirou. – Achei você um cara bacana, sei lá, você me pareceu confiável, diferente da maioria aqui.

Não acreditei.

–Não quer entrar? A festa está pegando fogo lá dentro. Você nem imagina o que está acontecendo lá agora.

–Imagino. – Falei sério. -Acho que eu já fiz o que queria, é melhor eu ir embora.

– Já? Você nem se divertiu.

Confirmei.

–Bom, vou levar a Mally pra casa, já que pelo que parece o irmão dela fica até o final, se quiser aproveito e te levo. – Ofereceu.

–Eu ia recusar, mas, acho que eu aceito.

–Ok, vai indo pro estacionamento, que vou chamar ela.

Indo pro estacionamento tentei me esconder, não queria que ninguém me reconhecesse para não virar motivo de piada. Consegui me esquivar.

–Você é ótimo. – Ouvi Mally se aproximando, conversando com o Ryan.- Valeu, injusto meu irmão não me deixar pegar o carro, e essa festa ta muito ruim. - Completou. Admito senti um pouquinho de inveja dele.

Fomos conversando diante o percurso e descobri muita coisa legal sobre aqueles dois, talvez não fossem tão mesquinhos quanto eu pensava.

– Até mais. – Ryan disse, me deixando na rua de casa. – Agora só falta você mocinha. – Disse se referindo a Mally, com um olhar sugestivo, que me fez sentir ciúmes.

Ciúmes? O que está acontecendo comigo? Nem a conhecia direito e...

–Tchau ..... foi um prazer te conhecer. – Falou Mally me tirando dos devaneios.

Balancei a cabeça em um gesto afirmativo. Aonde será que esses dois iam, será que eram só amigos mesmo? Milhões de perguntas esquisitas me vieram a cabeça. Mas espera, desde quando eu me importava? Ela era bonita, óbvio que deveria sair com alguém. Sempre via Mally pela escola e nunca me importei com ela, por que isso agora? Ok, admito sempre quis saber a sensação que é ser um cara como o Ryan... O carro arrancou forte me fazendo voltar para a realidade

Entrei em casa sem saco para enfrentar as perguntas da minha mãe. Ainda não era nem 10 e meia da noite, meus tios iam dormir em casa pra ajudar minha mãe numa mega encomenda que ela tinha recebido, acho que era de um restaurante chique da cidade.

– Nossa Phillipe já? – meu tio perguntou.

– Não ta vendo que é, então porque pergunta? – Falei grosso.

– Ihh já vi que alguém não gostou muito da festa, pra chegar assim e a essa hora. – Minha tia interveio.

A verdade é que eu eu tinha gostado. Pela primeira vez eu estava sentindo que alguém se importava comigo. Mally e Ryan foram muito simpáticos e eu me senti muito bem com isso.

– Voltou tão cedo. O que houve? A vizinha reclamando dos filhos que não param em casa, quando aqui é ao contrário eu é que te mando sair e você ainda volta cedo. – Ironizou minha mãe. – Vem cá me dá um beijinho.

Pensei em me esgueirar, mas eu não resistia a um carinho da minha mãe. Ok, eu sei que estou um pouco velho, mas isso não importa.

Fiquei ali parado por alguns segundos e subi pro meu quarto. Sentei na ponta da minha cama e suspirei. Entrei no banheiro, me despi e entrei em baixo do jato quente do chuveiro, deixando todas minhas emoções fluírem pelo meu corpo. Comecei pensar nesse dia louco e em... Mally. Ah Mally...