(...)

Phillipe pov On

Cheguei na festa e fiquei esperando a Mally do lado de fora, queria muito ficar com ela, mas acabei ficando tempo demais com os meninos que me convidaram para uma conversa e não é sempre que os populares me convidam. Mas mesmo assim fiquei com uma dor no coração de não estar com ela. Mas ela deve estar se divertindo com as amigas, eu iria atrapalhar. – Pensei.

Vendo um grupinho extenso de meninos não fazendo absolutamente nada um dos organizadores da festa nos perguntou se algum de nós se importaria de dar uma ajudinha rápida com umas lembrancinhas que iam ser entregues no final  e precisavam ser carregadas até a mesa principal. Aceitei pois não estava gostando de ficar ali e tudo seria melhor do que aguentar aqueles puxa-sacos e aquelas meninas se esfregando em mim, não que eu não disso gostasse, claro, mas eu realmente estava gostando da Mally e não conseguia pensar em nenhuma outra. Fui até lá e ele me explicou para ir juntando todos os brindes nas três caixas que haviam ali enquanto ele ia buscar mais ajuda. Assenti e comecei fazer isso. Alguns segundos depois vi a maçaneta girando, achei que ele que tinha esquecido de falar algo, mas me enganei, era uma das garotas que estava na rodinha dos meninos, estranhei, até que percebi que ela já tinha dado em cima de mim logo depois que a Mally chegou. Olhei assustado quando ela bateu a porta com força me olhando provocativamente, me levantei achando que era brincadeira enquanto se aproximava mais, puxou-me pela gola da camiseta começando um beijo quase pornográfico, primeiramente tentei me esquivar, mas não consegui já que ela me puxava cada vez mais, acabei me deixando levar pelo momento até que ela começou puxar meu casaco. Fiquei indignado.  Que intimidade toda é essa se eu a conhecia?

"A Mally Phillipe, a Mally!" – A voz da minha consciência gritava. Resolvi parar, isso estava passando dos limites, era a Mally que eu amava. Levei minhas mãos até seu queixo a fim de empurrá-la para longe de quando o pior aconteceu:

– Phillipe. – Ah não, eu conhecia essa voz, a garota desconhecida enfim me soltou olhando para Mally com satisfação. - Biscate. – Pensei.

Vi algumas lágrimas caindo pelo seu rosto o que partiu meu coração. Por que eu não interrompi esse beijo antes? Por que eu deixei chegar a esse ponto? Comecei a me culpar.

– Mally não! – Falei rápido puxando meu casaco que ainda estava sendo segurado pela garota.

Acho que eu não tinha muita chance.

Vi a Mally correndo em meio a lágrimas. Levei minhas mãos a cabeça e soltei um suspiro profundo.

– Viu o que você fez? – Olhei para a garota que ainda estava parada do meu lado se divertindo com a cena.

– Só eu não, nós. – Chegou próxima ao meu ouvido.

Biscate. Biscate. Biscate. Como eu fui cair nessa?

Sai de lá emburrado e não sabia o que fazer. Já sentado no carro suspirei fundo e taquei minha cabeça contra o volante que disparou a buzina, eu sentia uma coisa que não sabia explicar.

Eu precisava me explicar para Mally, ela precisava saber que eu não tinha intenção, se eu não fosse atrás é aí que ela acharia que eu estava mesmo errado, resolvi ir até a casa dela, o lugar mais provável que ela podia estar. Cheguei lá e me deparei com o portão aberto, acho que ela tinha chegado fazia muito pouco tempo, entrei e comecei bater na porta ouvi um “entra” proferido por uma voz masculina. Quando entrei vi o Ryan lá. Agora todos os meus sentimentos se misturavam também com a raiva que senti dele, na primeira oportunidade ele estava lá “consolando” a Mally.

– Quer saber vocês se merecem. – Disse me virando as costas, aquilo me deu nojo.

– E você Phillipe também merecer aquela lá. – Escutei a voz de choro da Mally ao longe enquanto saia.

Como você é burro Phillipe, você a deixou ainda pior. Mas e eu como fico nessa história? Eu fui a vitima e tenho que agir como se tudo estivesse bem? Eu não tenho culpa se...talvez eu tenha. Calma Phillipe, você está de cabeça quente, vai para casa, depois você resolve isso.

Voltei disperso, minha cabeça explodia de dor e a vontade de chorar era incontrolável, o que eu ia falar para minha mãe? Já sei, não iria falar nada.

Entrei em casa e fui direto pro meu quarto, minha mãe estranhou. Entrei em baixo do chuveiro e deixei as lágrimas escorrerem devagar, tinha que chorar tudo o que podia, essa dor no meu peito tinha que acabar logo.

– Que aconteceu? - Para minha surpresa dei de cara com minha mãe com sai do banheiro.

– Nada. – Falei fraco desviando o olhar, meus olhos estavam vermelhos. Respirei fundo para tentar segurar. – Me deixa sozinho por favor? – Ainda falava fraco.

(...)

Mally povo on

Não sei como o Phillipe teve a audácia de vir até a minha casa depois de tudo que ele fez. O Ryan também não é santo fez questão de me apertar ainda mais sobre si quando o Phillipe entrou. “Vocês se merecem” – O que ele quis com essa? Se bem que ...

Escutei um estrondo na porta que me desviou a atenção. Era o Louis.

– Já soube de tudo Mally. – Sua voz era reconfortante. – Para de chorar por favor minha baixinha. – Me tirou dos braços do Ryan. – Quer saber eu não vou ficar aqui vendo você chorar. Vou resolver as coisas com esse cara, eu sei onde ele mora... – Foi em direção a porta. – Ryan cuida dela até eu voltar. – Fez um aceno.

– Louis NÃO. – Gritei tentando ir até ele, coisa que o Ryan me impediu.

Meu estado emocional era tão precário que não conseguia nem raciocinar direito.

(...)

Phillipe pov On

Estava no quarto com a cabeça enterrada no travesseiro quando a capainha soou desesperadamente. Minha mãe foi ver e tentei escutar uma conversa que se desenrolava lá embaixo, parecia a voz do..Louis? Não podia ser...

– Ele não está, estou até preocupada, saiu e não voltou até agora, mas o que faz aqui? – Escutei a voz da minha mãe de modo decrescente e depois não ouvi mais nada, só o barulho da porta se fechando. Minha mãe tinha me livrado de uma, mas não menos pior do que a que eu ia levar dela.

– Phillipe você traiu a Mally, numa festa que ela estava? – Ela veio furiosa até o meu quarto. Tentei abafar as lágrimas com o travesseiro.

– Eu não a trai. – Não tive tempo de completar.

– É fácil falar isso agora não é? É o que todo mundo fala. Não te criei para isso moleque, criei você para ter caráter, para ser responsável. . Eu não quero ver você por aí igual seu pai, não quero você igual a ele. Entendeu? – Gritava, sua voz saia enérgica.

Confirmei com a cabeça me sentindo ainda pior, não sei o que me doía mais se era a bronca, se era perder a Mally ou se era saber que o pai foi um sem-vergonha.

– O Louis me falou que está arrasada sabia? Que ela não para de chorar. Olha o que fez para a pobre da menina, tem noção? – Continuou.

Quando ouvi isso desabei completamente, não queria ver a Mally para baixo por causa disso, meus olhos se encheram de água e me joguei no colo da minha mãe mesmo correndo o risco de levar uma surra.

– É sério, eu nunca faria isso, armaram para mim. – Não sei se tinham armado era provável que não, mas assim ficava mais fácil de convecê-la que eu estava falando a verdade.

– Phillipe. – Olhou-me com ar de reprovação. – Você mesmo vai pagar por isso. – Saiu me deixando sozinho.

Não cabia tanta tristeza, enquanto a Mally estava lá recebendo carinho do Ryan, eu estava aqui nesse estado. Isso tudo acontecendo para mim por quê? Eu era inocente nessa historia toda. Além de agüentar o gelo da minha mãe, a raiva do Louis, o aproveitamento do Ryan e o desprezo da Mally tinha que agüentar sozinho a minha própria dor.