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Phillipe pov On

Dia da festa. Não cabia tanta animação. Dá para acreditar que isso tudo estava acontecendo comigo?

– Mãe vou sair Ok? – Disse pegando as chaves do carro.

– Espera aí mocinho. – Seu olhar não era dos melhores. – Onde vai?

– Vou numa festinha com o pessoal da escola. – Falei vestindo o casaco.

– Phillipe, você está se auto-analisando ultimamente? – Revirei os olhos, lá vem discurso. – Na próxima semana você tem as provas e não estou vendo você estudar, você sempre foi tão responsável, e agora está aí fazendo coisas que você nunca se interessou...

– Você que me estimulou a sair com a Mally. – Bufei.

– Eu não estou falando da Mally e você sabe disso, estou falando de algumas atitudes suas ultimamente e de algumas companhias também mocinho...

Saquei. Todas as vezes que ela me chamava de mocinho significava que ela estava nervosa.

– Ta bom, eu vou me lembrar disso. – Disse virando as costas e saindo sem deixá-la terminar.

– Volta aqui. – Gritou.

Tarde demais pensei. Pronto. Agora é só seguir até o endereço. Parei uns minutos para pensar no esporo que tinha levado foi meio parecido com o que a Mally tinha me dado no dia do parque...ah frescura dessas duas, devem ter combinado. – Pensei. Continuei seguindo o caminho.

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Mally povo on

As meninas foram se arrumar todas lá em casa. Era uma bagunça só, imagina 5 meninas que vão numa festa em uma casa só, era sapato voando de um lado, uma põe uma roupa, outra tira, outra troca com outra... Estava com saudade disso, era uma delicia toda aquela zoera dentro de casa, as piadinhas, o som no último volume irritando o Louis que ia de vez em quando dar uma xavecada nas meninas. Rimos muito.

Até que decidimos que estávamos todas prontas. Dividimos metade no nosso carro (Meu e do Louis) e metade no da Josie que estava animadíssima...

Cheguei lá e o Phillipe me esperava na porta, nos cumprimentamos com um abraço demorado e um beijinho que arrancou um “ohhhh” coletivo das meninas e uma careta do Louis. Entramos juntos mas em pouco tempo o perdi de vista. Sentei-me com a Josie a única que ainda não tinha ido ‘a caça’, pensei. Até que avistei o do outro lado Phillipe e não estava gostando do que eu estava vendo.

– Que foi Mally? Estava tão alegre até agora. – Olhou Josie preocupada.

– Eu sabia que vir aqui não seria uma boa idéia. – Desabafei.

– Deixa eu adivinhar, o Phillipe tem a ver o que com isso?

– Eu só não estou gostando dessa intimidade toda dele com os amiguinhos do Louis.

–Mally desencana, ele é todo apaixonado por você. – Pigarreou disfarçando após falar isso se metendo na minha frente.

– O que foi? Por que está fazendo isso? – Estava ficando nervosa, ela tampou minha visão. – Sai. - falei empurrando-a em meio a risos, achei que era brincadeira, mas não gostei nada do que vi novamente.

– O que essa vadia está fazendo pro meu Phillipe? – Semicerrei os olhos enfurecida.

– Controla Mally, o Phillipe está todo bonito, de carro novo, andando com os caras populares, é claro que vai ter um monte voando em cima dele. – Tentou me acalmar.

– Eu sei disso, mas olha o que ela está fazendo, ta quase se dando para ele. – Continuei observando.

– Faz assim, vai até lá, dá um beijão e tira ele dali. – Incentivou.

– Não, vou ficar aqui olhando, quero ver se ele vai corresponder. – Fechei a cara.

– Pô Mally ele não é disso, para de ser ciumenta.

– Fica aqui quietinha então, não faz nenhuma besteira que eu já volto, me espera hein. – Fez questão de frisar.

Não deveria ter vindo. – Mentalizei. Não estava gostando disso, olha a quantidade de peruas dando em cima dos meninos, tudo bem que elas ficavam assim pelos garotos do time mas o MEU Phillipe estava lá no meio. Respirei fundo e cadê o Phillipe que sumiu de novo? Desesperei-me.

Levantei-me ignorando os conselhos da Josie, queria o Phillipe um pouquinho para mim. Procurei no salão inteiro e nada, procurei lá fora e nada, voltei para dentro desistindo, encostei-me em uma porta em um canto isolado da festa, do Ângulo que estava podia ver toda a folia e pegação que estava rolando na pista, até que me dei conta de que estava na porta do depósito e ali dentro deviam estar os brindes que iam ser distribuídos no final, adorava ganha-los, não pensei duas vezes ao tentar abrir a porta (que não sei o porquê estava aberta) a fim de saber antes de todos quais eram os tais brindes, mas o que meus olhos viram não era o que eu gostaria de ver e isso me machucou.

– Phillipe? – Meus lábios ficaram trêmulos, sentia pontadas em meu peito e não conseguia segurar as lágrimas que escorreriam pelo meu rosto. Estava perplexa com o que acabara de ver. A cena mais torturante que já tinha presenciado, meu namorado aos beijos com uma qualquer que já puxava seu casaco para fora do corpo no depósito de uma festa na qual eu estava, isso acabou comigo. Minha vontade ali na hora era voltar no tempo e deixar que o socassem com toda a força aquele dia no corredor evitando que nos conhecêssemos. Só queria saber o que eu tinha feito para merecer aquilo, sempre fui uma pessoa tão boa, tirando algumas vezes claro, mas fora isso...e o dia em que disse que me amava? Como eu fui burra em acreditar, como imaginar que isso que estava presenciando seria feito por mesmo menino tímido e inseguro que conheci a algum tempo? “Quer conhecer uma pessoa? Dê poder a ela.” – Lembrei-me desse fragmento isolado que devo ter ouvido em alguma das aulas de filosofia. Realmente, eu estava conhecendo ali o Phillipe que sempre existiu, mas que estava escondido na insegurança de ser diferente, acho que a única pessoa frágil e insegura ali no momento era eu mesma.

– Mally não! – Engoliu em seco puxando para si o casaco de forma agressiva.

Corri dali, tentando enxugar as lágrimas que ainda escorriam. Meu coração palpitava.

– Por favor me leva para casa? – Falei ao encontrar Ryan, na hora tinha até me esquecido estar brava com ele, nem precisei fazer uma cara de dar pena, já estava com uma cara de dar pena.

– Claro. – Tentou parecer gentil. – Mas o que aconteceu? – Olhava-me encabulado, era óbvio que tinha algo de errado comigo.

Não consegui responder, toda vez que tentava algo entalava na minha garganta. Não acredito que estava me sujeitando a isso. Fui amparada por ele até o carro.

– Me fala o que aconteceu. – Disse dando partida.

– Eu fui traída Ryan. – Agora minha raiva era tanta que consegui enfim falar.

– Pelo Phillipe? – Ele me olhou sem acreditar. – Quem te falou isso? Já pensou que pode ser mentira?

– Eu vi. – Disse voltando a chorar mais. – Eu vi. – Levei minhas mãos ao rosto e pressionei meus olhos.

Olhou-me espantado, acho que ele ainda não tinha acreditado, respeitou meu sofrimento por alguns minutos deixando o silêncio reinar.

– Por que não chamou o Louis para te trazer? – Quebrou o gelo me deixando irritada.

– Eu não faria isso, não podia fazer. – Disse sem dar mais explicações.

Por sorte (quem sou eu para falar de sorte num momentos desses??) era sábado e meus pais estavam no restaurante, não queria que eles me vissem assim. Entrei e Ryan entrou atrás mesmo eu falando para ele ir embora porque eu estava bem e não precisava de nada. Estava arrasada, estava gostando para caramba do Phillipe de uma forma que eu nunca gostei de ninguém e ele vai e me faz isso. Sentei-me no sofá e o Ryan me ofereceu colo, acabei aceitando e recebendo vários carinhos enquanto todo o líquido presente do meu corpo era expelido em forma de lágrimas.