Se eu estava nervosa? Claro! Se eu mataria o Lucas se ele não falasse logo? Sim e isso não demoraria tanto pra acontecer.

Ele não parava de enrolar, já havia rodado o quarto com aquele nhénhénhé, “ai, eu não sei se devo te contar” “isso não é assunto meu, mas mesmo assim você deveria saber” Aquilo estava me estressando tanto que logo, logo eu levantaria dessa maca e bateria nele com o Leopoldo – que era meu porta soro.

– Ai pelo amor de Deus, menino fala logo! – já não estava mais agüentando todo aquele lenga, lenga.

– 'Tá bom, mas se depois der problema, não fui eu! – medroso.

– Fala logo ninguém vai saber! – disse enquanto me ajeitava na cama.

– Quando seu pai fugiu com você, ficou todo mundo meio louco, o Matheus, quando descobriu quase morreu. Eu estava com ele quando ele chegou no hospital e a recepcionista disse que você havia sido transferida pra outro país. Primeiro ele me culpou. Disse que era tudo culpa minha que você não estaria em cima de uma maca se eu não tivesse feito você parar. Depois ele se culpou disse que se tivesse ficado com você no intervalo não teria acontecido aquilo. E isso tudo dentro do hospital. Eu estava esperando o momento de nós sermos expulsos de lá. Por que o cara tem jeito pra novela mexicana. Mas ai não sei o que ouve que a Laura saiu mais cedo da escola e passou lá pra te visitar e acabou que ela conseguiu acalmar o Matheus, ai a tia levou ele pra casa. E todos ficaram bem, por aquela noite. – Eu fiquei preocupada com o Matheus, mas a forma que o Lucas contava parecia até engraçado.

– Mas ai no outro dia, o negocio pegou na faculdade, eu não vi o começo do barraco, mas quando eu cheguei o Rick tava segurando o Matheus que queria ir pra cima do novo namorado da Annabelle, foi uma zona, era Matheus e Rick xingando a Annabelle de um lado, a coitada tava até chorando enquanto o namorado dela tentava se soltar de um brutamonte que tava segundo ele. Não sei se é verdade, porque eu não iria perguntar pro Matheus, mas a Camryn do 2º de Física me disse que começou porque a Annabelle foi lá em frente o campus, na maior cara de pau, falar “os pêsames dela” pro Matheus, como se você tivesse morrido, mas que ela estava com um sorrisinho no rosto e ai o Matheus ficou puto.

– Caramba! – foi tudo que eu consegui pensar.

– É! Você pode ter saído da Califórnia, mas continua causando barracos.

– Mas como que o Matheus estava quando você saiu de lá?

– Eu não cheguei a ver ele, mas a Laura me contou que ele estava parecendo um lixo, que só estava indo pra faculdade ainda porque o pai dele tinha obrigado ele a continuar, mas que ele não prestava atenção em nada, e que ainda se culpava por ter saído do hospital e seu pai ter te carregado. – O Lucas falava isso numa calma enorme, enquanto eu estava querendo sair daquele hospital correndo pegar primeiro avião pra lá e me jogar nele.

– Ah e você não sabe. Quando o Matheus ficou sabendo que eu estava aqui, me ligou e me ameaçou disse que ia arrancar meu – ele parou abruptamente e quando eu entendi o porquê não agüentei e ri como uma hiena que estava sendo torturada com cócegas. – Enfim ele não quer que eu fique muito perto de você.

– Ai meu Deus eu preciso voltar o mais rápido possível!

– Você quer meu celular pra ligar pra ele? – perguntou me estendendo o celular.

– Não precisa, você já deve estar gastando de mais pra ficar aqui e ainda quer uma conta enorme por uma ligação inter... – como é mesmo o nome? – internacional?

– É verdade, vou ter arrancar dinheiro do toba pra pagar meu telefone depois, por que minha mãe não tem vergonha na cara e me manda um sms me pedindo pra ligar pra ela, porque não quer pagar caro na conta do telefone. – ele disse indignado. Como se fosse ele que pagasse a conta dele né.

– Você é um besta. – disse rindo.

– E você é uma besta, mas eu não fico divulgando. Enfim eu vi aqui pra me despedir. – disse fazendo cara de triste.

– Como assim? – eu juro que fiz até biquinho.

– Não sei se você se lembra, mas eu tenho uma faculdade, uma família e uma futura namorada me esperando.

– Futura namorada? Desde quando?

– Desde o barraco no campus. Eu e a Camryn estamos saindo juntos e eu já me decidi, vou pedir ela em namoro quando voltar. – disse com cara de bobo apaixonado. Era só o que me faltava eu teria que ficar sozinha agora. 'Tá bom eu ainda tinha meus pais e meus irmãos.

– Eu fico feliz por você, mas fico triste por ter que ficar sozinha esses últimos dois dias.

– Para de fazer manha, seus pais ficam com você todos os dias e seus irmão também. Alem do mais o Matheus te liga todos os dias. – Eu não estava fazendo manha, eu estava doente precisava de muito amor. Ok eu estava fazendo um pouquinho de manha!

– 'Ta bom! Então vem cá me da um abraço. Mas sem apertar muito minhas costas ainda doem. – ele me abraçou forte, mas não me machucou. – vou sentir sua falta.

– Eu também.

– Manda um beijo pra todo mundo e fala que logo mais eu chego lá. – Falei quando nos separamos.

– Não vou mandar beijo pra marmanjo nenhum. – disse rindo.

– Ai como você é chato! Se eu descobrir que você não falou que eu mandei beijo pra todo mundo lá eu vou bater em você quando chegar.

– E eu que sou o chato. – ele disse com sarcasmo. – Eu preciso ir agora. – ele disse olhando no relógio. – Meu voou sai daqui à uma hora.

– Tudo bem! Vai com Deus.