Depois que o Lucas foi embora eu fiquei sozinha vendo desenhos animados de quatro séculos atrás.

Os meus dias se passaram lentamente lerdos, todos os dias o Lucas me visitava, nós conversávamos sobre a vida, mas nunca tocando no assunto Matheus e por falar nele, ele me ligava todos os dias, mas nossas conversas eram rápidas e superficiais, ele sempre parecia estar nervoso, e sempre perguntava sobre o Lucas, acho que ele sempre ficava nervoso por talvez sua mãe estar perto, e bom ele tinha que manter as aparências,  mesmo não gostando de mim, mas ele gostava de mim, não gostava? Ele tinha dito que gostava de mim, mas talvez todo esse tempo que eu fiquei fora ele tenha descoberto que não gostava mais de mim, ou talvez tenha se enchido de mim, mesmo eu não estando por lá, as pessoas devem comentar, e ele deve estar com mais raiva ainda por saber que eu agora falo sempre com o Lucas, e os dois não se dão bem, então talvez ele agora me odeie e só me liga pra mãe dele não encher o saco dele, faz sentido não faz? Faz!

Ai meu deus acabei de me lembra todos sabem que nós “namoramos” e eu com certeza agora sou a maior chifruda da face da terra, já estou ate sentindo uma imensa dor nas costas de tanto que meus chifres pesam, como eu vou voltar pra lá todo mundo vai ficar zoando da minha cara,eu não posso voltar não antes de umas vinte plásticas, e troca de sexo,  aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, eu vou matar aquele desgraçado, vou arrancar o  brinquedinho dele e quero ver ele chifrar alguém de novo, vou arrancar a cabeça dele e dar pro pinchar comer, as duas cabeças ainda ai que ódio daquele vadio, desgraçado, cachorro, salafrario, guenga, idiota, jumento, burro, imbecil, barata modificado em laboratório, vagaroso, seu galinha de macumba, AAARGH eu vou matar aquele... aquele cara de bunda!!!

Se eu voltar eu vou fazer ele cagar pela cara de bunda dele, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa , respira... respira... respira...

-E ai mana! – disse Nico entrando sem bater.

-E ai mamo! – disse dando um falso sorriso.

-Oi tatá! – disse o Luke, entrando logo atrás do Nico.

-E ai!- disse um pouco mais controlado, os dois apenas trocaram olhares, e depois me fitaram, eu abri um sorriso enorme, pra disfarçar a minha fúria.

-O pai, disse que daqui a dois dias você tem alta e ai pode voltar pra Califórnia baby! – ele disse sorrindo de lado. Eu apenas assenti.

A alguns dias atrás eu tinha convencido meu pai que iria ficar bem se voltasse pra Califórnia, e que tomaria mais cuidado, mas agora eu... eu não sei mais.

Eu me libertei dos meus pensamento com o celular do Nico tocando. Era o Matt.

-Nico! – gritei antes dele atender.- Não atende. – ele me olhou confuso. – Melhor fala que eu to dormindo. – disse mudando opção, eu ainda não sei porque eles não deixam eu ficar com o meu celular, todos que me ligam pra saber como eu estou, estão ficando na caixa postal, e o Nico me trazia o celular dele clandestinamente.

Nico disse o que eu tinha pedido, e logo depois desligou, os dois garotos, super parecidos me encaram enquanto eu fazia cara de paisagem.

-Conta logo! – exigiu o Luke se sentado ao pé da minha cama.

-Não tenho nada pra contar! – sorri friamente.

-Para de graça e desembucha logo!

-Ai você estão fazendo eu me esforçar de mais, vou falar pra mãe trazer vocês uma vez por semana. – disse rindo.

-Ivy Linn Curtis, ou você conta ou você vai ter que entrar em coma de novo, garota! – disse o Nico me ameaçando.

-Credo! – disse arregalando os olhos.

-Ivy...

-Ta ok! – disse me rendendo.

 Os dois de ajeitaram ao pé da minha maca e assentiram, me incentivando a começar.

-Bom, é assim o Matheus não é meu namorado de verdade, nós só fingimos isso porque ele gosta de uma menina e essa menina já superou o namoro deles, e pra ele não ficar com cara de tacho eu disse que era namorada dele, e ai todos ficaram sabendo, e isso durou mais tempo do que eu esperava, e agora que eu lembrei que eu devo ter uns quatro, metros de chifre, e... Pra não ficar como chifruda não vou voltar pra Califórnia baby! – tentei parecer animada na ultima parte, ou melhor, tentei parecer normal, mas meu semblante não o mesmo. Eu deveria estar com uma cara péssima porque meus dois pequenos vieram me abraçar o mais rápido possível, e com a sua rapidez, veio uma dor horrível quando um deles pisou na minha perna, mas eu não deixei transparecer, e mesmo se deixasse não tinha como piorar meu rosto.

Nós ficamos abraçados, por cerca de dois segundo, e então uma batida, fraca na porta, os meninos me soltaram e foram abrir.

Eu dei meu melhor sorriso, já sabendo quem era, porque ele vinha todos os dias no mesmo horário.

-Oi! – ele falou sorridente.

-Oi! – disse da mesma maneira.

-Oi. – Os dois disseram em coro, me fazendo sorrir.

-Nós vamos ver se encontramos com o pai, por ai. – disse o Luke, e o Nico apenas assentiu e nos deixou sozinhos.

-Ivy, eu tenho que falar com você uma coisa um pouco tensa. – ele disse mudando totalmente o semblante.

-O que? Fala! – disse um pouco preocupada.

-Primeiro eu tenho que te pedir desculpas! – ele disse se sentando na maca, ao meu lado. E me deixando mais confusa ainda.

-Porque? – perguntei.

-Deixa eu falar primeiro curiosa. – ele disse sorrindo.

-Ok!

-Eu quero te pedir desculpas por... – ele parou um pouco receosos. – eu ouvi a sua conversa com os mini Curtis, agora. – ele disse um pouco rápido de mais, eu apenas assenti esperando ele terminar, e porque aquilo seria tão ruim assim, ele me olhava esperando que eu fosse explodir, mas eu apenas... OOO DROGA ELE OUVIU TUDO, SERA QUE FOI TUDO, TIPO... EU TO FERRADA, EU VOU MORRER ALGUÉM ABRE UM BURACO NO CHAO PRA MIM, EU VOU MORRER!!! 

Ele me olhava assustado, agora eu não o culpo devia estar parecendo um cão chupando manga, e droga o Matheus vai me matar, calma se acalma, respira... respira... respira!

-Ivy! Ivy! Por favor me responde! – ele me chacoalhava enquanto eu tinha um pequeno surto, pequeno é o caramba o negócio tava bem grande!

Eu estava estática.

Depois de muito me chacoalhar, eu voltei a mundo.

-Oi? – disse com a voz meio mole. DROGA EU ESTAVA MORTA MESMO.

-Ivy! Graças a Deus você quase me matou de susto.- e você vai fazer que me matem.

-Lucas por favor isso não pode sair daqui ninguém pode ficar sabendo, por favor. – eu implorava.

-Tudo bem eu não vou contar pra ninguém!- ele disse me acalmando um pouco.

-Obrigada! Eu achei que iria morrer. – disse rindo sem humor.

-Mas agora me explica essa coisa de não voltar pra Califórnia.

-É que... eu não vou poder entrar no avião por causa da minha galhada, entende não vai caber, nem se eu alugar um avião inteiro pra mim, não vai dar certo. – disse rindo um pouco.

-É serio!

-É isso que eu disse pros meninos, eu não quero ser a coitada da chifruda que o Matheus “namorou”. – disse fazendo aspas com as mãos quando disse “namorou”.

-Mas Ivy e a sua faculdade? – ele perguntou.

-Eu posso fazer aqui!

-Não eu não vou deixar porque eu sei que depois vai se arrepender, e tem outra coisa... – ele falou abaixando a cabeça.

-O que?

-Depois que você entrou em coma, o Matheus não saiu se quer uma hora de perto de você, porque ele sabia que seu pai queria te trazer, e então a mãe dele teve que ir buscar ele, pra ir dormir um pouco em casa, estavam todos preocupados com ele, e no dia que ele não ficou com você seu pai deu um jeito e te trouxe. – eu absorvia tudo aquilo com um pouco de duvida. –Depois que você veio eu fiquei duas semanas lá ainda, e nessas duas semanas coisas bem estranhas aconteceram...