Sempre Existe Um Anjo ! escrita por ItsAllAboutReadingAndWriting


Capítulo 4
Capítulo 4 - Precisamos De Ti, Érica !


Notas iniciais do capítulo

Muito feliz por ter novas pessoas a ler a fic. (que orgulho ^^) Espero não decepcionar ninguém (eu e as minhas inseguraças).
Bem, acho que deve ser o ultimo capitulo que a Érica passa no hospital, e aviso desde já que a acção vai começar exactamente apartir de agora.
Tirem as vossas conclusões kkkk
Vemo-nos lá em baixo



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...

– Não pode ser...- dentro de mim, algo me dizia que era verdade mas ao mesmo tempo, havia qualquer coisa, que não me deixava recordar para eu não ter a certeza de tudo - Não é verdade, eu não me acredito em si. Sem saber o que dizer acabei por me enrolar na imensidão de lágrimas que logo se aprontaram a escorrer-me pela minha face.

Onde outrora morava a última palavra, sempre forte e convicta, agora só passava um simples "Não pode ser" misturado com os soluços e o turbilhão de choro a que se juntou logo uma especie de gemidos, provenientes da dor que me atravessava. A única ideia que ainda me habitava, era a de que se o hospital de desmoronasse sobre a minha cabeça só melhoraria toda a dor que só aumentava...

O médico dirigiu-se a mim, numa tentativa de me consolar mas logo o afastei, saindo do consultório a correr sem me importar com o que para trás das minhas costas ficava.

Os corredores pareciam agora mais compridos do que me lembrava, aquando a minha busca pela sala que me tinham indicado, minutos antes. Mas eram agora, ao mesmo tempo, menos largos, pois no meio do desespero de me ver livre daquele pesadelo esbarrava em tudo o que me rodeava, desde objectos expostos até mesmo contra as próprias paredes.

Procurava a "luz" que me guiasse ao exterior...queria fugir, desaparecer, ou pelo menos, correr até eu não ser nada mais do que a dor que aumentava em mim.


...

"Talvez o problema não fosse a imensidão de cor de carros que se estendiam no parque. Talvez nem sequer fosse uma consequência da chuva que caia copiosamente sobre eles. Talvez o problema continuasse a ser eu. Eu era o problema, e nada me demovia de pensar no contrário. Porque todos podiam dizer que sabiam o que era estar no meu lugar, podiam até dizer que tudo iria passar, mas, na realidade, na hora de fechar os olhos no final de mais outro dia entendiante, não eram eles que choravam, não era eles que se sentiam sós...e acima de tudo, não eram eles que queriam morrer, com o intuíto de acabar com a dor em vez de quererem acabar com a vida."

Encontrava-me sentada na janela, uma mania que me acompanhava desde criança. A frieza que o tempo chuvoso impunha no vidro da janela fazia-me lembrar as manhãs em que ele me acordava com as suas mãos enormes e geladas só para me irritar. Não pude deixar de imaginar um sorriso na minha cara, enquanto que o choro voltava á minha face, algo normal por esta altura. O choro já era algo controlado por mim, no sentido de que já não era aquele turbilhão que me fazia soluçar e me dilacerava em "praça publica". Agora era algo mais calmo, quase que só meu. Guardava-o para momentos como este, em que me encontrava sozinha e não necessitava de me explicar a ninguém.

No último mês, perdi a conta das vezes que ouvi o nome dele. Nunca imaginei que tantas pessoas com o mesmo nome podiam passar por mim. Sentia-me revoltada e acima de tudo pressionada a algo que eu não queria dar de caras com tanta regularidade.

O meu sorriso tinha deixado de existir, e o pior é que não tinha sido a única coisa que tinha mudado em mim. De frente para o meu reflexo, espelhado no vidro, não me reconhecia como aquela que outrora fui. As bochechas meigas que tantas vezes foram cobiçadas, não passavam agora por quase duas covas numa face pálida e habitada por fantasmas que ameaçavam não desaparecer. A forma meiga de interegir com os outros era fria, quase calculista. As respostas eram curtas, e, ao contrario do discernimento que antigamente as acompanhava,de modo a ser sempre educada, agora nem me dava a tal trabalho. Sempre fui directa, a diferença era que agora eu não me preocupava se as respostas magoavam, ou não, os curiosos que me questionavam.

– Érica vou deixar aqui o teu jantar, vê se o comes desta vez. - a enfermeira Sara parecia acreditar que algo dentro de mim ainda estava vivo.

Se calhar eu tinha mudado, mas não conseguia ser dura com ela.

– Érica estou a falar contigo ! - acenti afirmamente, de modo a que notasse que eu estava a ouvir. - Volto mais tarde para ver isso.

Já não tinha fome, nem sede, e o própio sono era algo que me já não me assistia. Eu tinha-me tornado uma criatura parecida com um zombie. Eu era um enorme "NADA" ambulante. Podia estar sentada a olhar para algo por diversas horas e ao mesmo tempo continuaria a olhar para o vazio. O minimo que eu fazia era lembrar-me dele....

Ele que fora o meu chão, o meu teto, e até mesmo as minhas paredes, e agora nem o nome dele conseguia sequer ouvir, quanto mais proferir ou soletrar.

Dirigi-me para a pequena mesa a que se encontrava ao lado da porta do quarto. Sentei-me e fiquei por longos minutos a olhar para a comida que me sentia obrigada a comer.

Nunca queria comer, mas era obrigada a isso, pois mesmo se quisesse morrer não seria á fome porque o hospital arranjaria alguma forma de me enfiar a comida no organismo. Se eu queria morrer teria que sair dali, teria que me passar por alguém saudável para poder fugir daquele local, onde me sentia vigiada a todo o minuto.

Não dei pelo tempo passar enquanto "jantava" calmamente (Com calmamente, quero dizer, mais devagar que um caracol a andar), o certo é que alguem entrara no quarto e nem tive tempo de notar tal acontecimento.

– Não queriamos incomodar, mas falamos com o seu médico e ele disse que não havia problema em falarmos consigo.

Procurei a voz e deparei-me com, não um, mas dois homens, de fato e gravata. Um de estatura baixa e algum excesso de peso, o outro mais alto, notavelmente mais novo, e com o aspeto de alguém que se exercitava diariamente.

– E vocês são ?

– Eu disse que não deveriamos ter vindo a senhorita ainda está a jantar ... - o mais baixo parecia não querer incomodar-me e estava decidido a não o fazer.

– Não podemos perder a oportunidade de conversar com ela, enquanto está estável Sousa. Tu sabes bem o que aconteceu com os outros... - falou num tom mais baixo, provavelmente, esqueçido do facto de ainda ainda me encontrar ali e ouvir perfeitamente o que conversavam.

– Importam-se de parar de falar de mim como se eu não existisse. - ambos ficaram estupefactos com o que acabara de sair pela minha boca fora, - Muito obrigado.

Virei os meus olhos para o prato que se encontrava á minha frente, e que por mais que eu esperasse não se iria esvaziar sozinho.

– Eu vou falar com o pessoal do hospital, pode ser que saibam de alguma coisa. - o tal de Sousa, saiu do quarto mais rápido que um relampago enquanto que o outro continuava a olhar para mim.

– Vai ficar aí por muito tempo ou já se decidiu a dizer-me ... o que quer que seja - falei a ultima parte num tom mais baixo, de forma a que continuasse a ouvir e que tivesse a certeza que a sua presença não era bem-vinda.

– Avisaram-nos que a tua reação a estranhos seria essa...- antes que terminasse, interrompio-o.

– Então não sei porque veio perder o seu tempo.

Ele esboçou algo que me fazia lembrar um sorriso, continuando o discurso logo após.

– Bem, sei que é algo complicado, mais para ti do que para qualquer outra pessoa... - era meticuloso nas palavras que eu já vinha a conhecer cada vez melhor.

– Boa, mais um dos curiososos... - ele não conseguia entender o que eu dizia.

– Curiosos, como assim ?

Com toda a força que ainda tinha bati com os punhos na mesa, estremecendo o que sobre ela se encontrava. Logo levantei-me, e, com o meu ar mais autoritário dirigi-me a ele de dedo indicador levantado, como se estivesse a dar alguma lição de moral.

– Se pensa que vai tirar alguma coisa de mim para a fazer capa no seu jornal ou revista, ou o que seja, fique a saber que está mal enganado. Estou-me nas tintas para a porra do seu trabalho. E para sua informação também não aceito dinheiro, outros já tentaram o mesmo e não o conseguiram, não é você com o seu ar de superior e a gravata cara que me vão fazer mudar de ideias. - era a maior resposta que dava desde...bem, desde que recebera a noticia. Mas o certo, é que já me cansavam tantos curiosos a querer fazer dinheiro com os problemas dos outros.

Voltei á janela, e olhei para o exterior na esperança que ele saísse o mais rápido possivel. Não queria aturar mais nenhum jornalista disfarçado de simples curioso. Tinha apanhado todos eles quando tentavam fazer-me falar, fazendo-se passar por "supostas" pessoas de bem, que só se importavam com o meu bem estar. Como se eu acreditasse que o pai natal descia pela chaminé para entregar prendas, ou que a fada dos dentes dava dinheiro ás crianças por estas perderem os dentes.

– Ahmmm, acho que desta vez vais querer saber do meu trabalho Érica - e antes de eu ter tempo para falar ele prosseguiu - Sou o inspector Dias, Pedro Dias ao seu serviço. - por esta eu não esperava, daí ter-me virado na sua direcção. - Eu e o meu colega, estamos aqui porque fomos encarregados da sua situação e precisamos saber o que viu naquele dia, todas as informações são necessárias.

– Distintivo ?! - por muito bonitas que fossem as palavras sempre sabia que o vento as levaria, eu queria provas, mesmo que fosse verdade o que me dizia.

Tornou a esboçar o mesmo sorriso matreiro, e com toda a calma retirou-o do bolso dando-me para a mão. Não sabia se era falso ou verdadeiro, porque nunca tinha visto um, mas pareceu-me ser a coisa acertada a fazer. Deixei-me ficar com o distintivo na mão, enquanto ele se sentou na cadeira onde eu tinha estado momentos antes.

– Agora que tem as certezas, pode falar ?

– Eu não me lembro de muito senhor.

– Não tem mal, qualquer coisa já é aceite. Não temos muitas provas, por isso qualquer depoimento dos reféns é excelente.

O companheiro entrou na sala com o doutor Albuquerque interrompendo-nos como se o diálogo entre nós não estivesse a acontecer.

– Sentes-te confortavel Érica ? - o doutor era cada vez mais protector, não aceitava que falassem durante muito tempo comigo só para não alterarem o meu estado clinico.

Acenti afirmativamente para responder o mais brevemente possivel á sua pergunta.

– Achas-te preparada para ajudares na investigação ? - a protecção estava a dar comigo em doida.

– Jure que vai continuar a tratar-me como se fosse uma criança ?! Já sou grande o suficiente para me desenrascar...e para além do mais eu perdi o Daniel não fiquei débil mental. - Quase não me acreditava que tinha conseguido dizer o nome dele, mas logo me arrependi de o ter feito, pois a situação começou a descontrolar-se o suficiente para eu perder a postura segura e fria (dendo lugar a uma pessoa insegura e carente).

O doutor Albuquerque olhou-me perplexo, provavelmente com medo do retorno dos ataques, algo que felizmente não aconteceu.

– Eu disse que era melhor virmos noutra altura Pedro. - o agente Sousa continuava convicto da sua ideia inicial.

– Bem, não que eu goste de o fazer, mas parece que desta vez tenho que te dar a razão... - Pedro não o dizia por mal, muito pelo contrário, parecia querer dar um tom cómico á conversa, algo que de facto, atingiu os presente com a excepção de eu mesma que não quis dar atenção á piada que acabara de fazer.

O Sousa, logo se aproximou de mim, retirando do bolso um cartão.

–Érica, aqui estão os nossos dados, quando saíres daqui e te sentires pronta para colaborar, não exites em vir ter connosco ou ligar, como preferires. Acho que vai ser importante que o faças, temos que saber quem fez tudo aquilo. - disse, entregando-me o cartão.

Após a indicação, este, foi saindo lentamente do quarto com o doutor Albuquerque, que pelo canto do olho ia analisando cada passo que eu dava. Por seu lado, Pedro, parecia fascinado com algo que eu não conseguia entender. Logo me lembrei do peso que o seu distintivo ainda se fazia sentir na minha mão, o que me levou a olhar para ela. Embaraçada por não lhe ter devolvido o seu pertence objecto tentei desculpar-me.

– Desculpe, quase me tinha esquecido que isto não era meu - entreguei-lhe o mais rápido possivel, voltando á minha janela.

Não sei quanto tempo demorou para sair, pois não ouvi os seus passos, apenas pareceu-me ouvir um simples e familiar "Pensa no assunto". Reconheci aquela voz. Era impossivel não o fazer. Era a mesma voz, com que sonhava. A mesma que ao acordar desaparecia, como se a tivesse esquecido. Era a tal que se disfarçava com "a outra" de que eu tinha saudades. Não, não era a do meu irmão, pois essa não me saía da cabeça. Esta era a voz daquele alguem que me agarrara e me prometera que cuidaria de mim. Estaria a sonhar ?!

Ao voltar à realidade, vi que os policias já iam longe no parque. Eu perseguia-os com o olhar, enquanto percorriam o caminho de acesso ao seu carro. Como já era habitual, começei a ver os carros que estavam estacionados, um novo vicío que adquirira para me fazer distrair. Não pude deixar de reparar no senhor de idade, que sempre se sentava num dos bancos em frente ao parque. Estava sempre sozinho, dando a entender que esperava alguém, alguém esse que eu nunca dera conta de aparecer. E foi ao olhar para o senhor que vi alguém, não muito distante do idoso, completamente perplexo a olhar para mim. A bem dizer eu não tinha a certeza que olhava para mim, mas podia apostar que sim, pois a sua posição, ainda que camuflada com a escuridão, dava a entender que olhava na minha direcção. Eu quase pudia jurar que o nosso olhar tinhasse encontrado, conferindo-me logo um calafrio misturado com um medo terrivel. E, sem eu conseguir processar toda a informação, saiu calmamente do local onde estava, fazendo-se á estrada a pé, como se eu não tivesse visto nada, como se nada acontecesse, não me dando chance de lhe ver o rosto.


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Notas finais do capítulo

E então que tal ? Ficou razoável ?
É, tem mesmo personagens novas entrando,e que me vão dar muito trabalhinho ... Mas não pensem que serão as únicas, ainda haverá mais umas entradas interessantes (não vou falar muito, porque senão estrago o suspanse)
Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de deixar alguma review nem que seja para dizer que ficou mal, eu aceito tudo ^^
Ah, quase me esquecia, se alguém quiser que apartir de agora eu avise quando os capitulos sairem, é só avisar (e dizer por onde querem que avise). Se não quiserem dizer por review, podem sempre mandar por MP (eu a tentar ser muito querida com voçes kkk)
Beijo grande, meus anjos ;)