As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 3
GRANGER




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Eu estava na aula de Transfiguração, uma aula mais chata que aula de trouxas. Por quê? Porque era uma daquelas aulas em que os trabalhos são em dupla ou em grupo e você sempre sobra e é colocado em um grupo que você detesta. Essa era a minha situação. Constrangida, sobrei como sempre e acabei tendo de participar de um grupo sonserino. Sentei ao lado deles, formamos um círculo. As garotas eram prepotentes e histéricas; uma delas, a morena chamada Pansy, me irritava profundamente. Eu olhava o tempo todo para o chão, intimidada.

Pansy: Ok, então vamos fazer sobre testrálios? O que você acha, Goyle?

Carry: Goyle?

Goyle: (Sonolento) Hein? Ah ta, tanto faz.

Eles me olharam como se esperassem que eu falasse alguma coisa. Apenas assenti.

Pansy: Olhem essa MERDA. (Folheando o livro) Tem MUITA coisa pra escrever e muitas perguntas, vai a merda, eu não vou fazer isso.

Goyle: A McGonagall é uma velhota imbecil mesmo... O que você esperava?

Carry: Só pode ter sangue de trouxa.

Pansy pigarreou.

Pansy: Querida... Já que você é da Grifinória, casa dos santinhos, porque não faz as perguntas?

Lola: Acho que a gente deveria dividir as pergunt...

Carry: Não, eu fico com a parte prática. Goyle, você pode vir comigo.

Pansy: E eu faço os cartazes e figuras. Perfeito.

Lola: Espera, isso não é justo...

Pansy: Cala a boca. (Fria e seca)

Carry soltou um risinho sarcástico. Ao redor da sala, todos os outros grupos discutiam entre si sobre o que deveriam fazer e como deveriam fazer. O garoto loiro e ordinário chamado Draco Malfoy, que estava em outro grupo, se aproximou, pois era muito amigo de Pansy, Goyle e Carry. Ele me olhou com uma cara de desdém.

Malfoy: E aí, garota invisível? Como você consegue ser invisível o tempo todo? Usa uma capa da invisibilidade?

Os garotos riram debochados. Pansy exprimia um sorriso irônico de ponta a ponta. Eu não fazia idéia do que ele queria dizer, apenas tentei desviar o olhar e ignorar, mas meu comportamento era aparentemente de aflição e retração, já que eles não pararam.

Pansy: Ouvi falar que ela anda pelos corredores sozinha.

Malfoy: O que aconteceu com sua língua? Você. Não. Fala. Inglês?

Ele me perguntou devagar como se tentasse explicar algo para uma criança.

Goyle: Provavelmente não, o que eles falam lá na Austrália? Linguagem dos mudos?

Mais risadas desdenhosas eclodiram.

Malfoy: Haha, que azar o de vocês! Tiveram que ficar com a Haunsen!

Carry: É, muito azar, cara!

Malfoy: Só podia ser grifinória, né sua sangue-ruim imunda?

Senti minha cabeça explodir e meus olhos se encherem de água. Tentei segurar o máximo possível e olhar para qualquer outro lugar ou pensar em qualquer outra coisa. Sangue-ruim? Que tipo de xingamento pior alguém como eu poderia receber? Meu rosto devia estar vermelho, eu estava envergonhada, tinha sido basicamente humilhada. Alguns estudantes perto do meu grupo haviam se virado para ouvir e ver o que estava acontecendo. No mesmo instante, a professora Minerva me chamou.

McGonagall: Srta. Haunsen? O diretor está lhe chamando.

Salva pelo gongo, pensei. Aliviada, saí o mais depressa possível de dentro daquela sala infernal e caminhei até o último andar. No entanto, não consegui parar de pensar nos sonserinos. Pelo menos agora havia me livrado deles. A professora havia me dado um papel com uma senha escrita nele. Eu a recitei e subi no degrau da gárgula que começou a se mover subindo, e me levanto até a sala de Dumbledore.

Cheguei ao local. Lá estava a porta da sala do diretor. Porém antes mesmo que eu batesse, Dumbledore murmurou:

Dumbledore: Entre, minha cara Lola.

Eu abri a porta. Vislumbrei a sala de Dumbledore. Era perfeita. Combinava com ele. Havia quadros de todos os tipos que se mexiam. Dumbledore sentava em sua cadeira de frente para sua mesa e para mim. Usava suas roupas típicas: Um chapéu e vestes prata estilo Merlim. Nunca havia reparado em quão parecido com Merlim ele era, com sua longa barba branca. Ele parecia sereno.

Dumbledore: Bem vinda à Hogwarts, Srta. Haunsen! Sente-se, sente-se. Gosto de dar as boas vindas aos meus novos alunos pessoalmente.

Lola: Obrigada, senhor diretor.

Eu me sentei e por um momento tive a impressão de que os olhos de Dumbledore podiam ler meus pensamentos.

Dumbledore: Por favor, me chame de professor. (Sorriu) Você é particularmente uma raridade aqui. Nunca recebemos alunos de outras escolas.

Lola: Bom, espero que isso seja algo bom.

Dumbledore: Aproveitando Hogwarts?

Lola: Claro! É fantástica... Nem se compara a Swortex.

Dumbledore: Sabe, eu não sou um daqueles homens velhos que costumam ser competitivos com outras escolas, mas... Não posso mentir que essa notícia me faz muito feliz.

Eu sorri, ainda sem entender o que aquele misterioso homem queria.

Dumbledore: Só queria lhe falar, Lola, que qualquer coisa que você precisar, venha falar comigo. Já prevejo que deve ser uma garota excepcionalmente brilhante. Suponho que já tenha conhecido algumas pessoas.

Lola: Bom... Eu não tenho muitos amigos.

Ele sorriu, amistoso.

Dumbledore: Receio que isso não seja problema, acredite. Afinal, lá fora sempre terá alguém a nossa espera.

Fiquei insantes sem entender até que sorri.

Dumbledore: Você pode voltar para as suas aulas. Se bem que... (Ele olhou o relógio) Já deve ter acabado. Bom dia, Srta. Haunsen.

Lola: Bom dia, professor Dumbledore.

Eu saí da sala e fechei a porta. Estranho. Nunca me senti mais estranha na minha vida.

Cheguei ao salão comunal da Grifinória. Muitos alunos estavam ali, vários estudando, vários conversando. Fiquei pensando no que Dumbledore havia me dito. Coisa de louco. Pensei no trabalho de transfiguração. Melhor já ir fazendo e se livrar logo dele. Peguei meu livro e fui me sentar no chão, encostada no sofá. Comecei a lê-lo.

Quanto mais minutos se passavam, mais sonolenta eu ficava. Minhas pálpebras começaram a cair e eu forçava meus olhos, mas não adiantava. Até que sem mesmo perceber, eu adormeci.


Escuridão... O mesmo sonho de antes. Eu estava sentada no chão empoeirado, encostada na parede sem cor, abraçada em meus joelhos. Um vulto dentro do cômodo. Porém algo era diferente. Eu estava diferente, mais angustiada, ansiosa por sair da escuridão. Queria ver a luz, PRECISAVA ver a luz. O vulto falava comigo:

Vulto: Se você apenas colaborasse...

Eu: Eu tento colaborar! Eu ESTOU COLABORANDO! POR FAVOR, ME AJUDE! DIGA-ME O QUE EU PRECISO FAZER PARA SAIR DAQUI!

Eu estava desesperada, angustiada. Tentava me mexer, mas não conseguia sair do lugar, pois algo me fazia imóvel, como um encantamento.

Vulto: Procure pela luz. Você a achará. Procure em todos os lugares, todos os cantos e buracos, fechaduras. Procure até não poder mais.

Eu: Mas me diga, onde está a luz?

Vulto: Só você deve descobrir. Não posso lhe dizer, porém, posso lhe assegurar que se achá-la, sairá da escuridão.

Eu: POR FAVOR! EU NÃO AGUENTO MAIS! NÃO AGUENTO MAIS FICAR AQUI, ESTOU AQUI DESDE SEMPRE! Não quero morrer aqui! Não quero apodrecer nesse lugar.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto como da última vez. Eu tentava me mexer de novo, mas não conseguia. Estava realmente desesperada. Comecei a chorar muito e meu coração disparava. Meus olhos ficaram vermelhos e eu me engasgava com as minhas próprias palavras.

Eu: Eu não agüento... Estou ficando fraca...

Vulto: Procure. Você irá achar.

Eu: Me tire daqui! Eu imploro... Não vejo a luz. Será que estou cega? Será que não enxergo mais nada?

Eu tentava achá-la, tentava tocar tudo a minha volta, mas a cada minuto a mais que se passava eu chorava mais. Parecia que ia morrer sufocada. Comecei a ouvir um som de um piano.

Vulto: Achar a luz pode ser difícil, mas mais difícil ainda é se acostumar com ela. Você terá de procurá-la sempre e não ouça as pessoas que querem lhe afastar dela. Não ouça. Ou então... Você morrerá aqui, na escuridão, com a solidão...

Uma agonia atingiu meu corpo, e o ar pareceu me enforcar.

Acordei em um susto. Meus olhos se abriram rapidamente, eu ofegava. Meu coração disparava. Fora apenas um sonho. Quanto tempo eu devia ter dormido? Olhei ao redor e percebi que algumas pessoas ainda se encontravam na sala comunal. Eu estava virada para o lado do sofá, apenas olhava para o seu forro vermelho, impedindo que outros vissem minha cara. O livro de Transfiguração deparava-se aberto em meu colo. Distingui vozes familiares perto de mim. Uma voz feminina e outras masculinas.

Xx: Gente, por favor. Vamos lá tentar. Ela está aqui há um tempão sem amigos...

Xx: Ah não, Hermione! Ela pegou no sono, não ta vendo? E depois que eu não sei puxar assunto.

Hermione: Você é mesmo um imbecil, Ronald! Que raiva! Invés de ajudar fica aí, tosco.

Ron: Bom, não sei vocês, mas eu vou ao banheiro tomar uma ducha.

Hermione: Harry?

Harry: Eu vou falar com a Gina.

Ouvi passos e outros barulhos. Provavelmente aqueles garotos foram para o outro lado, mas eu continuava a ouvir passos que se aproximavam. E se a garota estivesse indo falar comigo? O que eu deveria fazer? O que eu devia dizer? Meu coração acelerava continuamente, eu suava apreensiva. Crispei os lábios desesperada, até que senti algo me cutucando.

Hermione: Ei... Ei, você está...

Virei meu corpo para o seu lado. Era ela, a garota dos cabelos castanhos e cacheados. Fitei-a sem saber o que fazer.

Hermione: Pegou no sono?

Ela sorriu e pegou meu livro. Folheou algumas páginas. Sentei-me de pernas cruzadas.

Hermione: Transfiguração? Como pode dormir com Transfiguração? Não tem nada de chato nisso!

Lola: Pra mim tem. Ainda mais o trabalho que estamos tendo que fazer.

Eu tentei sorrir. Meu sorriso podia ter saído meio torto, mas real. Alguma coisa naquela garota estava fazendo eu me sentir bem... De alguma forma.

Hermione: Você é Lola, não é?

Lola: Sim, Lola Haunsen. E você é Hermione?

Hermione: Granger. Hermione Granger.

Ela sorriu e pensei ter sentido uma pontada de esperança nas minhas costas. Parecia ser uma garota simpática e agradável.

Hermione: Notei em você assim que chegou. Você trocou de escola ou só agora percebeu que era bruxa? Haha.

Lola: Eu troquei de escola!

Hermione: De que escola era?

Lola: De Swortex, na Austrália.

Hermione: Sério? Nossa, eu já li sobre Swortex! O fundador teve primeiro o objetivo de construir o castelo para ser uma escola de treinadores de Dragões, não é? Por isso o símbolo é um dragão.

Lola: Exatamente.

Hermione: Seus pais também estudavam em Swortex?

Lola: Ah, não, não. Meus pais são trouxas. Eu sou a única bruxa da família, nem meus avôs são. Só o meu tataravô, e, aliás, ele estudava em Hogwarts.

Hermione: Não brinca! Meus pais também são trouxas! Meu tio e minha avó são os únicos bruxos.

Lola: Sério? Que máximo! Ainda bem, achava que era a única com pais trouxas porque só me chamam de sangue-ruim aqui.

Hermione: Ah, Malfoy né? Ele faz isso comigo também. É um escroto, nem liga. Ta gostando daqui?

Lola: Sim, Hogwarts é ótima! Tão encantadora e exótica. Em Swortex as coisas eram muito diferentes. A desvantagem aqui é que me sinto como no primeiro ano de Swortex... Naquela época havia muita gente debochada. Acho que depois se acostumaram ou encheram o saco de me infortunar. Aqui parece que estou voltando no tempo.

Hermione: Ah, não diz isso! Você vai ver, as coisas vão melhorar. Olha, eu devia te levar pra conhecer meus amigos. Eles são pessoas muito legais. Aliás, aqui é impossível você não ser notada. Faça o que fizer, Rita Skeeter vai publicar mentiras no jornal com mais um monte de baboseiras.

Lola: Rita Skeeter? Ela escreve pra Hogwarts? Achei que era americana.

Hermione: Não, infelizmente não. Então é bom você tomar cuidado. Da última vez ela escreveu que eu tinha “quedinhas” por bruxos famosos; por Harry, por Victor Krum... Ridículo! Por Harry eu nunca tive. E Victor... Bom...

Lola: Ah, pelo amor de Merlim, né? Quem não tem uma queda por Victor Krum?

Hermione: Pois é! Eu até perdi meu BV com ele.

Lola: Sério? (Fiquei boquiaberta) Também quero, não é justo!

E começamos a rir descaradamente. Por alguma razão, aquela estranha garota fazia eu me sentir eu mesma. Havia algo nela que eu nunca havia achado em ninguém. Granger... Hermione Granger.











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