As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 23
Vitória x Derrota




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Os dias que seguiram foram intermináveis. Não tinha vontade de falar com ninguém. Às vezes, meus amigos saíam nos fins-de-semana para tomar alguma coisa no Três Vassouras, ou apenas para relaxar dos estudos. Eu não. Queria ficar deitada na minha cama, olhando pela janela um mundo que foi meu. Decidi não contar nada a Harry, Hermione e Ron, pois isso só dificultaria as coisas. O que eu deveria fazer, afinal? Correria risco de morte se não destruísse o espelho? Ou pior, meus amigos correriam risco de morte? Deveria viver uma vida de mentiras?

         Durante os intervalos das aulas, tudo o que recebia era a atenção das pessoas, principalmente dos garotos mais velhos. As divertidas conversas por vezes me faziam esquecer do que tinha que enfrentar. Enquanto isso, ocupava meu tempo livre somente com livros e pergaminhos. Faltavam poucos meses para os N.O.M.S e os estudantes já começavam a lotar as bibliotecas e a ocupar os tutores. Hermione teve de parar de tutelar para dedicar seu tempo aos estudos. Todos estavam muito concentrados, exceto Harry e Ron, é claro.

         Em Março aconteceria o grande jogo de Quadribol da copa das casas: Grifinória X Sonserina, as finalistas. Coincidentemente, eram os dois times mais competitivos no quesito quadribolistico. Era bom, pois os treinos também me mantiveram ocupada.

         O grande dia finalmente chegou. De manhã, tinha certeza que não só o meu estômago, mas também o de Ron, Harry, Gina e o resto do time borbulhavam de ansiedade. Comemos o suficiente e fomos aos vestiários. Estávamos todos uniformizados.

Harry: É isso, galera. Hoje é o dia pelo qual todos esperaram. Grifinória conseguiu chegar à final. VAMOS ACABAR COM A SONSERINA E VENCER ESSA COPA DE UMA VEZ POR TODAS! UM POR TODOS E TODOS POR UM!

         Todos deram seu grito de guerra, bateram nos armários, motivados, e fizemos um circulo colocando nossas mãos uma por cima da outra, jogando-as para o alto e dizendo:

Todos: GRIFINÓRIA É A MELHOR!

         Entramos no campo. Olhando para as arquibancadas, entrevi uma multidão vestindo vermelho e dourado de um lado, e outra vestindo verde e prata de outro. Recebemos aplausos e vaias, assim como o time sonserino.

         Desta vez eu nunca havia visto algo igual. A platéia segurava placas coloridas enormes de todos os tipos, aonde havia escrituras apoiando ou ridicularizando uma das casas. Cornetas soavam e confetes mágicos espalhavam-se por tudo. Bandeiras gigantescas e faixas coloridas formavam o desenho do leão da Grifinória na multidão. Muitas pessoas estavam pintadas das duas cores da casa que torcia, outras vestiam chapeis listrados e lançavam fitas por tudo. Um coro de pessoas englobava o ar.

Grifinórios: VAI GRIFINÓRIA, DONA DOS CÉUS, DONA DO FOGO, FAZ O CIRCO PEGAR FOGO! VAMOS ACABAR COM ESSES MALDITOS! MOSTRE QUEM TEM O PODER DO INFINITO!

Sonserinos: SONSERINA É A MELHOR! ACABE COM OS IMUNDOS, COM OS SANGUES-RUINS. INVEJOSOS, CHUPEM, SONSERINA É ASSIM!

         Os dois capitães apertaram as mãos. Para a nossa surpresa, Malfoy, apesar de ser capitão, não era o apanhador. O novo apanhador era Logan Hoffman. O apito soou e o show começou. O tempo não colaborava, estava nublado e ventoso, o que dificultava o movimento das vassouras.

         O jogo começou disputado. Nenhum dos dois times conseguia fazer gols, que sempre eram defendidos custe o que custar. A péssima disposição astrológica complicava os apanhadores, que pareciam não enxergar o pomo de ouro em lugar nenhum. As nuvens tapavam o sol e deixavam o ambiente escuro e úmido. Para piorar a situação, a chuva começou. O apito soou para uma pausa na partida, assim os jogadores podiam usar seus óculos anti-chuva e anti-condensação. Ao voltarmos para a partida, os artilheiros lutavam entre si desesperadamente para ter a goles em suas mãos. Estava escorregadia.

         Sonserina partiu para o ataque violento. Seus brutos jogadores que pareciam lutadores de sumô, embicavam suas vassouras para repentinamente chocarem-se com força nas nossas, e deixávamos a goles cair de nossas mãos. Eu quase fiquei pendurada na vassoura, de tão forte que fora o choque que levei. Caí pelo menos uns 8 metros. Quando mal voltei para cima, vi que os rebatedores de Sonserina apelavam para um rebate duplo, que havia atingido Kátia Bell em cheio, e derrubado-a da vassoura. Estava desacordada.

 Sonserina fazia pontos. Os artilheiros não conseguiam se livrar da violência sonserina e tirar a goles destes. Fred e Jorge tentavam evitar a todo o custo que o balaço rebatido pelos sonserinos atingisse alguém, ou perderiam outro jogador. Harry e Logan voavam ainda procurando o pomo. Estavam a 20 metros acima de nós.

Eu suava frio. A platéia cantava, soltava gritos de guerra sem parar. A tensão era visível. Muitas vezes, quando um jogador estava perto de um aro, prestes a fazer um gol, a platéia ficava em um silêncio mortal, esperando pelo resultado, até gritos surgirem quando havia gol.          Ron perdera outro gol, de Terêncio Boot.

Fred: O que há com você, Ron?

Ron: Estou tentando!

         O problema de Ron era que toda a vez que algum sonserino se aproximava de seu aro protegido, fazia deboches e caretas, o ruivo ficava intimidado. Isso o fazia perder completamente sua autoconfiança e acabava simplesmente impossível de defender a goles. Coloquei as mãos ao rosto ao ver que mais dois gols foram feitos seguidamente. Já previa o resultado.

Lino Jordan: É, pessoal, parece que Sonserina está ganhando de lavada... 200 a 0!

Esses sonserinos são uns cretinos mesmo!

McGonagall: Jordan!

Lino: Foi mal, fessora! Hm, esperem um segundo! Será que Potter achou o pomo de ouro? Parece que ele e Hoffman estão tendo uma disputa bem acirrada lá no alto! Mas mesmo se Potter pegar o pomo agora, Grifinória perde... OUVIU, POTTER? ATRASA ELE, POTTER!

         McGonagall fez um sinal de censura para Lino. Imaginei Harry revirando os olhos nesse momento e pensando “Eu sei, idiota!”, já que não conseguia nem distinguir qual dos dois era qual. Era hora de outra pausa. O jogo não acabava nunca.

Harry: Vocês precisam fazer ao menos 60 pontos para ganharmos. Sonserina está tirando vantagem do que eles mais tem: A força. Vocês têm que usar o que sabem usar de melhor: A agilidade! VAMOS, TIME!

         Saímos voando pelo campo. Desta vez, bem mais motivados, nós conseguíamos fazer nossa estratégia, enquanto Harry atrasava Logan. Era possível ver, desta vez, que Harry batia na vassoura de Logan, que ziguezagueava como um profissional confundindo-o, mas sem perder o pomo de vista. Gina jogou a goles para mim, e segurei-a com força. Atrás de mim vi Crabbe vindo a toda velocidade, com intenção de me derrubar da vassoura. Ele e Goyle vinham de duas direções. Eu embiquei a vassoura para baixo bem na hora, e os dois colidiram entre si. A torcida vermelha deu vivas. Embiquei para cima novamente desviando dos Sonserinos agilmente, e joguei-a no aro. Gol. Gritos.

Grifinória: YEAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

         Os grifinórios jogavam a goles entre si rapidamente, para que nenhum sonserino tivesse tempo de tentar derrubar ou bater em alguma vassoura. Angelina acelerou a vassoura a toda, chegando perto do aro pela direita, e em um milésimo de segundo ela embicou para baixo, lançando a goles de uma direção inesperada, fazendo outro gol. Mais vivas foram exclamados. E assim, os artilheiros comandavam o jogo, fazendo os sonserinos ficarem mais e mais nervosos. Vislumbrei Harry no alto, não sabia quanto tempo ele iria resistir.

Lola: RÁPIDO, PESSOAL, SÓ FALTA MAIS UM GOL! SÓ MAIS UM!

         Alicia Spinnet arrebatou a bola de Draco e o nocauteou, provocando risos da torcida. Ela saiu a toda a velocidade, lançou a goles e fez gol. Um segundo depois, Harry pegou o pomo de ouro.

         A torcida foi ao delírio. Automaticamente nos jogamos em um abraço grupal no ar, e nossas vassouras foram aterrissando. Quando colocamos os pés no chão, Lino Jordan abriu as portas da arquibancada, e a platéia grifinória saiu correndo até nós, nos abraçando, gritando entusiasmadamente e carregando Harry no topo. Percebi que talvez eu nunca mais tivesse momentos como aquele. Os tambores rugiam, as cornetas urravam. A torcida se enroscou formando círculos dentro de outros círculos. Apoiando-se nas pessoas ao nosso lado, pulávamos de um lado para o outro, gerando um alvoroço delirante daqueles. Éramos um círculo de fogo, celebrando nossa vitória. As bandeiras eram soltas e caíam no chão, Lino Jordan soltava fogos amarelos e vermelhos que formavam a palavra “Grifinória” nos céus, circundada por pássaros.

         Música: (Wavin Flag) soa enquanto os Grifinórios gritam “GRYFFINDOR” no refrão.

            O clima estava no seu auge. Nos abraçamos um por um, emocionados com a vitória da copa. Alguns levantaram Harry novamente, e este exibia o seu troféu de ouro. Tudo o que acontecia naquele campo eram risadas, cumprimentos dos professores, abraços, fotos eram tiradas por Rita Skeeter. A alegria contagiava o ar. Inesperadamente, Logan se aproximou de mim, invadindo o campo da Grifinória. Exibia um pequeno sorriso no rosto.

Logan: Sabe... Agora que vocês ganharam e nós perdemos, você bem que podia sair comigo, não é?

         Eu sorri balançando a cabeça em um ato de incredulidade.

Logan: Qual é, me deixa ganhar pelo menos essa!

Lola: Para com isso!

         Ele sorriu.

Logan: Parabéns, você jogou muito bem. Estava ótima.

Lola: É... Eu estava mesmo ótima, não é? Quero dizer, nunca voei tão rápido na minha vida, e ainda na chuva. Mas você foi ótimo também! Jogou dignamente.

Logan: Haha, você acha?

Lola: Claro! A disputa entre você e o Harry estava bem acirrada, não é?

         Ele fez um gesto de incerteza com as mãos.

Lola: Ah, vamos... Abraço misericordioso!

         Nos abraçamos. Quando nos soltamos, Harry caminhava até nós. Parecia bem confiante.

Harry: E então, Hoffman? Aproveitando o gostinho do fracasso? (Ele fez uma careta indulgente)

Logan: Haha, Potter. Incrível como você acha que todos os outros são como você. Eu sou um bom perdedor, não um mimado metido.

         Olhei-os apreensiva. Isso não era bom... Os outros sonserinos estavam perto, viraram a cabeça para escutar, intrometidos. Malfoy interferiu.

Draco: Pois é, Potter. Sabe o que você é? Um bebê chorão!

         Os sonserinos riram, desdenhosos. Fizeram um gemido de pidão debochado enquanto esfregavam seus punhos nos seus rostos, simulando um choro.

Draco: Gostou de ser o herói salvador da pátria de novo, Potter?

Logan: Haha, o herói prodígio! O astrozinho bastardo!

         Tudo o que ouvi foram mais risadas, e Harry inclinou seu corpo partindo para cima de Logan. No entanto, Ron o segurou pelos braços. Harry se debatia, com ódio.

Ron: Cara...

Hermione: Harry, não caia no jogo deles, pelo amor de Deus! Se agredir eles, pode levar suspensão e perderemos a taça para eles!

Draco: Vejam só... A sangue-ruim está bem espertinha, hein! Desde quando trouxas imundas entendem de Quadribol?

         Ron espumou de raiva, defensivo. Quase soltou os braços de Harry, designado a espancar e calar a boca de Malfoy com o bastão dos batedores, ou até mesmo com um balaço. Hermione ficou por um momento pasma com a reação do ruivo, mas depois chamou sua atenção.

Hermione: Ron, deixa pra lá! Sério, eu não ligo!

Harry: HOFFMAN, VOCÊ ESTÁ EM TERRITÓRIO GRIFINÓRIO (Falou, articulando as palavras) SAIA DAQUI AGORA!

Logan: Há, quem você acha que é, Potter? Meu pai?

         Mais risos.

Harry: EU SOU O CAPITÃO DESSE TIME, ENTÃO EU PROIBO VOCÊ DE PISAR AQUI!

         Ele se debatia mais ainda nos braços de Ron.

Lola: Harry... Por favor, você está exagerando! Como vocês garotos conseguem levar tão a sério isso? É só um jogo!

         Harry fez algo que eu não esperava que fizesse. Voltou-se para mim, seus olhos cada vez mais hostis.

Harry: LEVAR TÃO A SÉRIO? EU ESTOU CHEIO DE VOCÊ, CALE A BOCA, LOLA E NÃO SE META NISSO! VOCÊ É UMA GAROTINHA HIPÓCRITA. SE VOCÊ NÃO LEVA O JOGO TÃO A SÉRIO QUANTO NÓS, “GAROTOS”, ENTÃO PODE SAIR DESSE TIME!

         Olhei-o incrédula, revoltada. Atirei minha vassoura no chão, meu protetor e minha camiseta vermelha do time que continha meu sobrenome e número. Estava com uma blusa preta por baixo.

Lola: ÓTIMO! (Gritei, histérica) ÓTIMO! FODA-SE, EU TO FORA!

         Dei as costas para todos e saí. Entrei no vestiário para pegar minha mochila. Não conseguia pensar direito, tomada de raiva. Estava encharcada da chuva. Cheguei a soltar um grito rápido de ódio. Chutei os armários. Decidi que não ia deixar barato para Harry. Dei meia volta e voltei ao campo. Agora, não havia quase ninguém lá, apenas Harry e a chuva. As arquibancadas esvaziaram por completo. Os pilares ao redor mexiam-se dançando com o vento. Marchei de encontro até o garoto, apontando meu dedo para o seu peito, ameaçadora.

Lola: Você. É. Um. INFANTIL.

Harry: FODA-SE, VOCÊ, LOLA. EU CANSEI. SABE QUANTO TEMPO FAZ QUE NÃO FICAMOS? SABE QUANTO TEMPO FAZ QUE NÃO NOS FALAMOS? NEM NO DIA DOS NAMORADOS VOCÊ FOI CAPAZ DE ME OLHAR. SÓ NA HORA DAQUELA SUA MUSIQUINHA IDIOTA QUE SE LEMBROU DE MIM, NÃO FOI?

Lola: O quê?! Do que você está falando, seu imbecil?

Harry: Do que eu estou falando? Estou falando de você se vazando para outros caras NA MINHA CARA. Estou falando de você dando mole para todos, e sabe de uma coisa? VOCÊ AMA ISSO. VOCÊ DESFRUTA DISSO. (Ele cuspiu suas palavras na minha cara) VOCÊ SE SENTE GLORIOSA QUANDO ELES DÃO ATENÇÃO A VOCÊ. QUANDO TODOS DÃO ATENÇÃO A VOCÊ. PORQUE VOCÊ NUNCA TEVE NADA NEM NINGUÉM NA SUA VIDA INTEIRA. PORQUE FOI UMA PERDEDORA, FRACASSADA, UMA LEGÍTIMA ABERRAÇÃO.

Lola: Harry, POR FAVOR, eu não amo isso! Eu NÃO desfruto disso, não é verdade! Por acaso você me viu ficando com algum deles, me viu? COMO SE você não fizesse o mesmo! Você ficava com quinhentas garotas ao mesmo tempo, deixe de ser CONTRADITÓRIO! Você ficava com a Gina na minha frente, e ela se aproveitava disso e me provocava!

Harry: Sim, eu fiz isso, mas foi há muito tempo atrás, eu ainda não estava ficando freqüentemente com você e eu não TENTAVA fazer ciúmes em você em toda a santa oportunidade que me aparecia!

Lola: EU NÃO TENTO FAZER CIUMES! VOCÊ QUE É EXAGERADO! SE ENXERGUE! E QUER SABER, ISSO FOI BOM PRA VOCÊ APRENDER A ME DAR VALOR!

Harry: TE DAR VALOR? LOLA, VOCÊ NÃO SE TOCA, NÃO É MESMO? VAI TOMAR UM POUCO DE SEMANCOL! EU SEMPRE TE DEI VALOR.

Lola: Harry...

         A chuva escorria pelos nossos rostos. Trovões e raios estouravam do outro lado das montanhas. Quanto mais Harry falava, mais confusa eu ficava. E se ele estivesse certo? E se eu realmente fosse uma mesquinha que se aproveitava da bajulação dos outros para aparecer?

Harry: TUDO O QUE VOCÊ TEM HOJE, TODA A ATENÇÃO E FAMA QUE RECEBE É GRAÇAS AOS OUTROS! VOCÊ NUNCA CONSEGUIU FAZER CONQUISTAS PRÓPRIAS. VOCÊ PRECISA USAR OS OUTROS. ASSIM COMO USOU A MINHA FAMA PARA GANHAR POPULARIDADE. SABE POR QUE OS OUTROS TE ADORAM, LOLA? PORQUE VOCÊ É A “GAROTA DO POTTER”! Simplesmente por isso! Porque Rita Skeeter te divulgou, porque os caras QUEREM o que parece sempre melhor!

Lola: Harry, não, por favor... Eu prometo que...

         Ele não me deixava argumentar, cortava-me com suas palavras literalmente.

Harry: CALE A BOCA! Agora é tarde... Você teve até mesmo que usar aquele espelho de merda... Para conseguir AMIGOS. SEM ELE, Lola, você não nos teria, não teria ninguém! Você se dá conta disso? Se dá conta de que não conseguiu porra nenhuma sozinha?

         A água da chuva já se misturava entre as minhas lágrimas. Mas eu já não sabia se estava chorando de raiva ou de arrependimento. Essa era a minha punição, ouvir tudo calada até o final.

Harry: Você ficava me beijando na frente de todos pra fazer os outros te quererem. VOCÊ ME USOU, LOLA! ME USOU. ESCUTE ESSAS PALAVRAS ATENTAMENTE E AS ENGULA! ENGULA TUDO O QUE VOCÊ CUSPIU. VOCÊ ME CUSPIU PELA POPULARIDADE. PORQUE VOCÊ ESTÁ NA GRIFINÓRIA, AFINAL? Acho que o chapéu seletor cometeu um grave engano! E não venha ainda ter a CORAGEM de se despedaçar na minha frente! Você não é uma pobre vítima, você não vai me fazer sentir pena de você assim! COMO VOCÊ AINDA TEM A CARA DE PAU DE FAZER ISSO?

         Música: “Apologize

         Respirei fundo. Eu estava o perdendo, podia ver claramente a raiva, a decepção, a incredulidade em seus olhos.

Harry: Eu fiquei ausente todo esse tempo em sua vida e você nem deu bola. A ÚNICA pessoa aqui que desvaloriza o que deveria ser valorizado, É VOCÊ. SE VOCÊ QUER TANTO A ATENÇÃO DESSES TUTORES, DO HOFFMAN, SE DEFENDE TANTO ELES, SE FAZ TANTA QUESTÃO DE APARECER COM ELES, DE PARECER A GAROTA QUE TODOS QUEREM, ENTÃO QUE FIQUE COM ELES! PORQUE EU ESTOU FORA. FORAAAAAA, VOCÊ ME ENTENDEU?

         Apenas o encarava firmemente. As nuvens reinavam ao nosso redor. Os pássaros piavam, ecoando até o infinito. A escadaria que levava até a rendição estava me esperando desde sempre. Esperando que eu tropeçasse e caísse, e rolasse e me quebrasse por inteira. A dor me queimava tanto quando ouvia aquelas palavras saindo de sua boca que tinha vontade de ir embora e não voltar nunca mais para Hogwarts. Eram como pontas de agulhas que me fincavam dolorosamente e o mais devagar possível, para que eu pudesse sentir e usufruir da dor como uma tortura.

Harry: Você provoca Gina do mesmo jeito que ela te provocava. Você se rebaixa a ela. Eu achei que fosse diferente. Mas quer saber? É exatamente igual a ela.

Lola: Harry, me desculpe, por favor...

Harry: É tarde demais para pedir desculpas.

         Aquelas palavras me atingiram como um asteróide atinge um planeta, como um corpo que atinge o chão, caído de 100 metros acima. Foi como ser esfaqueada pelo estômago. Harry deu as costas e caminhou pelo campo, entre a chuva, para entrar no castelo.

         Sentei-me na grama macia do campo de Quadribol. Olhei para o céu, chorando. Minha visão estava tão embaçada que não conseguia distinguir os trovões. Eu estava entalada em um poço, presa no escuro. Chorei por tudo, pelo espelho, por Harry, por meus amigos. Ele esteve sempre certo. Eu era uma perdedora, sempre fui. Só agora que consegui as coisas através do espelho e do próprio Harry é que minha vida se tornou melhor. Mas conseguir as coisas assim, na verdade, nunca torna a vida de ninguém melhor. Torna a vida uma mentira.

         Minhas pálpebras começavam a pesar brandamente. Pensei que talvez eu devesse destruir o espelho de uma vez por todas. Sozinha. Primeiro eu teria que achá-lo. Ele só se manifestava quando queria, pelo visto. Ou talvez... Quando eu tivesse algum desejo. Antes de tudo, eu precisava dizer adeus a alguns lugares, algumas pessoas. Fiquei deitada relembrando os melhores momentos em Hogwarts que tive com meus amigos. A música, as festas, as enrascadas, os jogos, as confusões, o campo de rosas... Senti minha pele congelar no frio do inverno, mas não me importei. Uma enorme pressão assomou minha cabeça e tudo girou... Adormeci.

         A primeira impressão que tive do lugar aonde acordara foi que eu estava no paraíso, na plenitude e paz das nuvens. Abri os olhos e percebi que estava na ala hospitalar. Me perguntei o que estava fazendo lá. Sentei-me. Madame Pomfrey surgia limpando as mãos com um pano esbranquiçado.

Pomfrey: Ah, então você acordou... É uma grande fã da ala hospitalar, não?

         Esfreguei meus olhos, cansada. Ela entregou-me um copo com um líquido rosado dentro.

Pomfrey: Tome... Vai se sentir melhor em poucos minutos.

         Engoli. Era adocicado.

Lola: O que estou fazendo aqui?

Pomfrey: Bem... O zelador Filch estava recolhendo o lixo e limpando a sujeira feita durante o jogo e percebeu o seu corpo jogado ali. No início ele achou que estava morta.

         Ela pegou esparadrapos e os grudou na perna de um paciente ao lado que se deparava adormecido.

Pomfrey: Queria dilacerar seu corpo, e pendurar as partes nas masmorras, para assustar os alunos... Mas é claro que eu não deixei!

         Logo em seguida senti-me revigorada. Vi Hermione e Ron entrarem pressurosos no recinto. A garota tinha uma face meio apavorada. Antes de se aproximarem, olharam Madame Pomfrey, esperando por permissão. Ela fez um sinal, contrariada, para se aproximarem enfim.

Hermione: Ficamos preocupados... Você não estava na festa de comemoração da Grifinória...

Ron: É, onde se meteu? Foi aquele espelho patife de novo?

Lola: Não, eu... Não quis ir pra festa.

         Eles se entreolharam, duvidosos.

Lola: Simplesmente não quis. (Impassível)

Ron: Hm... Porque está aqui na ala hospitalar?

Lola: Peguei uma gripe. Mas não se preocupem, não aconteceu nada demais.

         Eu tentei sorrir. Levantei-me da cama e os abracei. Eles se sentiram surpresos com o gesto inesperado, mas me aconchegaram em seus braços como bons e verdadeiros amigos fariam. Foi um abraço prolongado, no qual consegui sentir pela última vez o perfume de Ron e os cabelos volumosos de Hermione.

Lola: Vamos... Tenho que estudar.


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