As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 22
Dia dos Namorados




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À véspera do dia dos namorados, os alunos estavam na aula de Transfiguração. A sala estava silenciosa, pois a professora McGonagall pedira para que todos lessem a página 290 e fizessem os exercícios teóricos. Uma batida na porta foi ouvida. A professora levantou a varinha e a abriu com um feitiço.

Angelina: Com licença, professora. Viemos entregar algumas encomendas de dia dos namorados...

McGonagall: Claro, entrem, meninas.

         Angelina e outras várias meninas de diferentes anos entraram na sala e começaram a entregar as cartas com suas rosas. Olhei ao redor. Draco Malfoy recebera 5 cartas, ele e seus amigos entreolhavam-se, com um sorriso debochado. Algumas garotas pareciam surpresas ao receberem suas cartas; outras, liam e apenas riam.

Lilá: Nossa, que carta romântica! Você viu, Parvati? Quem será que é RW?

Pansy: Hahaha! Crabbe é um idiota mesmo! Não teve graça essa piada!

Logan: Cara, acho que sei quem me mandou isso...

Parvati: Será que não é gozação, Lilá?

Lilá: O que quer dizer com isso?! (Expressão emburrada) Acha que se declaram pra mim como deboche porque acha tão difícil assim que alguém realmente goste de mim?

Parvati: Não... Não quis dizer isso!

Harry: É, recebi várias...

         Ron abriu um bocão.

Ron: Eu recebi uma...

         Logo que o vi passando os olhos pela carta, sua expressão mudou de contentamento para desprezo.

Draco: HAHAHA! Gostou, Weasley?

Ron: Vai se fuder, Malfoy.

Hermione: Recebi duas...

         Olhei para Ron que apenas olhou para mim e logo em seguida desviou o olhar. Já estava sem esperanças de receber cartas, quando Angelina se aproximou.

Angelina: Só um minuto... (Ela tirava várias cartas da bolsa) Nossa, Lola, você ta bem hein!

         Me entregou muitas cartas, deixando-as na mesa. Eram 10 cartas, no total, o que batia o recorde de Malfoy e Harry.

Lola: Com... Com certeza devem ser de gozação...

Hermione: Eu não estaria tão certa!

         Abri-as. Harry me fitava de trás, tinha uma expressão de ódio. Li algumas. Uma tinha assinado Roger no fim da carta, e outra tinha o nome de Logan. Procurei pela assinatura de Harry, mas não achei. Talvez ele tivesse mandado como um dos anônimos.

McGonagall: Ai, ai, a paixão adolescente! Tempos de fervor!

         A classe olhou-a intrigada. Ela pigarreou.

McGonagall: Voltemos à aula!

         No intervalo, caminhei até Harry. Ele parecia um pouco apressado pelos corredores. Chamei seu nome, e só então ele parou.

Lola: Gostou da minha carta? (Eu sorri)

         Ele franziu o cenho, por um momento estranhando-me.

Harry: Ah... Sim, claro. Escute, estou atrasado para a detenção da Bolena. Vejo você mais tarde.

         E foi-se. Assim que me virei para voltar à sala comunal, Ron encostou no meu ombro, amparando-se. Ofegava.

Ron: Eu... Mandei... Carta... Lilá Brown...

Lola: Como é?

         Ele parou por uns segundos para respirar, então retomou o fôlego.

Ron: Achei que se me envolvesse com outra garota, isso faria Hermione voltar a me enxergar...

Lola: Você quer dizer fazer ciúmes?

Ron: Não é bem isso... Por favor, não conte a ela!

Lola: É claro que não! De qualquer forma, quando ouvi Lilá exclamar “Quem será RW?”, quase tive um ataque de riso. RW? Sério?

Ron: Haha... Sei lá, precisava facilitar! Vai que ela achasse que fosse outra pessoa... Ainda deixei uma marca de tinta laranja perto da assinatura.

         Eu gargalhei.

Lola: Isso é tão você, Ron!

         O dia dos namorados chegara. Durante a tarde, os adolescentes costumavam passear por Hogsmeade, tomar um café em uma dessas cafeterias bruxas ornamentadas, desembrulhar seus respectivos presentes, ou então passar o dia juntos ao ar livre, patinando no lago. Eu, no entanto, precisava ficar ensaiando. Fred e Jorge apresentariam o show, e me ajudariam com os efeitos especiais. Carregavam uma maleta roxa com a escritura “W&W – feitiços especiais – ” em laranja. Não fazia idéia de onde estariam Ron e Hermione: se estariam juntos, separados, sozinhos... Harry me observava de longe, esperando-me enquanto eu ensaiava. Contudo, percebi que passaria o dia inteiro ensaiando até chegar a hora do espetáculo. Ele, então, decidiu encontrar os amigos.

         Quando a lua poderia ser translucidamente entrevista no céu, e o pôr-do-sol já começava a aflorar lançando um espetáculo de fogos laranja e amarelados na paisagem, eu passava pela ponte da escola, quando vislumbrei Ron entregando uma rosa para Lilá. Achei ter tido a impressão de ver uma juba de cabelos crespos desaparecendo pelo outro lado. Apressei o passo para ir até Hermione.

Lola: Você está bem?

Hermione: Quê? (Ela pareceu surpresa com o meu inesperado aparecimento) É claro que estou bem, por que não estaria? (Disse, azeda)

Lola: Hã, passou o dia com o Carter?

Hermione: Óbvio! Ele é a melhor companhia que se pode ter uma hora dessas... Ninguém é tão perfeito como ele.

         Ela pareceu resmungar tal frase para si mesma, como se estivesse tentando se convencer.

Lola: É... Parece que você e o Ron já estão em outra.

Hermione: Lola, você não percebe? Ele está com a Lilá Brown, passou o dia inteiro com aquela... Escandalosa... Que vive o chamando de Won Won na minha frente, eu quase vomitei, mas... Enfim, foi então que Carter comentou que eu e Lilá éramos parecidas. Então é óbvio! Ron está ficando com a Lilá porque não consegue me esquecer e então tem de arranjar alguém parecido para satisfazer seus desejos!

         Ela falou de uma forma tão rápida e ansiosa que fiquei tonta. Levou um tempo para minha mente absorver suas palavras. Então pensei: Sim, Lilá é parecida com Hermione. Mas apenas de aparência, pois o temperamento é o oposto.

Hermione: Ah, tenho que falar outra coisa. (Seu tom de voz mudou repentinamente) Harry passou a tarde com a Gina... Ela pediu para que ele ensinasse ela a patinar no gelo e bem...

Lola: O QUÊ? MAS ESSA CRETINA NÃO PERDE TEMPO!

         À noite, a festa de dia dos namorados em Hogsmeade já havia começado. Todos os bares e lojas estavam abertos, certamente felizes por estarem faturando tanto. Pessoas de todas as idades pediam cervejas amanteigadas, sucos de abóbora, e outras bebidas que aquecem o corpo. O local estava frio e banhado na neve, mas o professor Flitwick já se encarregava de conjurar algumas lareiras. A decoração estava maravilhosa como sempre, encarregada por Madame Máxime. Harry e Ron começaram a rir quando viram que esta estava acompanhando Hagrid.

         Eu usava esse vestido e algumas mechas da frente do meu cabelo estavam presas para trás. Um longo colar prateado e o amuleto de meu avô circundavam meu pescoço. Digamos que eu era uma das pessoas mais arrumadas dali, já que eu iria subir no palco, e; portanto, precisava estar assim. Logo que caminhei para dentro da multidão, as primeiras bandas já começavam a entrar. Todos dançavam sem parar.

         Eu carregava fios junto de um microfone, e Fred e Jorge estavam logo atrás de mim com sua maleta roxa. Dois homens bruxos profissionais em música mágica carregavam caixas de som às minhas costas. Eles seguiram para detrás da cortina depois que entreguei meu microfone. Deparei-me com meu grupo bem perto da lateral do palco: Harry, Hermione, Carter, Ron, Lilá, Parvati, Padma, Simas, Dino, Luna e Neville.

Neville: Nossa. Ei, Harry...

         Neville cutucou Harry, que se virou para me olhar. Seus olhos se demoraram em mim por alguns segundos e ele sorriu.

Hermione: Uau! Você está ótima!

Lola: Obrigada.

Luna: Ah, eu realmente gostei desse vestido. É diferente. (Ela passou suas mãos pelos meus cabelos) seu cabelo cresceu de repente!

Lola: Haha, é, coloquei um daqueles sprays que fazem mechas crescerem, é temporário.

Hermione: No mundo dos trouxas: aplique.

Ron: Hein?

         Eu sorri.

Lola: E então? Estão aqui de grupinho pra não ficarem sozinhos ou alguém aqui tem par?

Hermione: Bom... (Ela falou em um tom prolongado) Eu vim com o Carter.

Carter: E aí, Lola? Esse seu amigo Weasley... Muito engraçado, ele!

Ron: Há-há (Disse, cínico) É, sou mesmo um palhaço.

         Ele alcançou uma caneca de cerveja amanteigada para Lilá, que usava um extravagante vestido laranja. Ron brindou com ela e olhou Hermione negligentemente.

Ron: E então... Tutelando muito?

Hermione: Claro. (Fria)

Lilá: Ai, Won Won! Ta muito frio aqui fora...

Ron: Não se preocupe!

         Ele retirou seu próprio casaco e cobriu-a gentilmente. Os olhos de Lilá brilharam de exaltação. Ela se jogou em Ron, chocando-se com ele e beijando-o sem maiores dificuldades.

Lilá: Você é o melhor Won Won de todos!!

         Hermione simulou uma cara de nojo, sem que Carter visse.

Neville: Ai, ai... É, só eles estão com sorte. Eu vim sozinho, Luna também e Simas também, mas Dino veio com a Parvati.

Lola: Não brinca! Porque você e Luna não vieram juntos? Quero dizer... Só pra não, sabe, não chegarem sozinhos.

Luna: Hm não tinha pensado nisso!         

Neville: Simas teria ficado com ciúmes...

         Franzi a sobrancelha. Minha vez estava chegando, portanto subi para o camarim quando o pessoal me desejou boa sorte. Minhas veias palpitavam de tanto nervosismo que sentia. Meus batimentos deviam estar a mil por hora. Tomei um copo d’água.

Fred: 5 minutos, Lola.

         Ele me deu um tapinha nas costas, talvez no intuito de me acalmar.

Jorge: Merda pra você.

         Sorri. Fiquei em minha posição. Fred entrou no palco e então ouvi-lo anunciar no microfone.

Fred: ESTÃO SE DIVERTINDO, PESSOAL?

Todos: SIM!                     

Fred: Bom, mas acho que agora é a hora de termos um pouco de música romântica de verdade! Com vocês... Lola Haunsen!

         Eu ouvi muitos aplausos, e da lateral, onde os grifinórios estavam, ouvi até gritos. Do outro lado, ouvi assobios. No entanto, era inevitável não ligar para as vaias. Coloquei-me na frente do microfone, mal conseguindo enxergar a platéia devido à quantidade de gelo seco. Dei graças ao Fred e Jorge por isso, era uma ótima tática para acalmar os nervos. Engoli em seco, a batida começava. Concentrei-me apenas na música.

         Enquanto cantava “Just the Way You Are”, todos na pista dançavam em dupla. Eu achei a cena tão bonita e gratificante que quase me emocionei, afinal, EU estava fazendo aquelas pessoas dançarem daquele modo tão maravilhoso. Recebi muitos aplausos e tomei a coragem para falar em público.

Lola: Bom, vamos queimar esse lugar...

         Apontei para o lado do palco, onde Fred e Jorge mexiam em sua maleta, e bem na hora o fogo se espalhou pelo palco, me rodeando. A multidão soltou um grito de surpresa. Uma música bem mais agitada começou: “Burnin’ Up”.

Lola: Essa música é uma homenagem aos garotos que me ajudaram a estar aqui!

Era uma música bem conhecida, já que foi escrita por uma banda de bruxos famosos. Nessa performance, Fred e Jorge soltaram fogos mágicos de várias cores, além de fogo e literalmente lava pelo palco. Por último, cantei “Right Here” e falei ao público que havia escrito para os meus três melhores amigos.

         Enquanto cantava, entrevi Hermione e Ron sorrindo para mim e dançando. Eles mesmos se entreolharam ao verem que estavam um do lado do outro, e então olharam para o lado inverso, um pouco desconcertados. Uma explosão dentro de mim eclodiu: eu estava os fazendo se olharem! Já era um bom começo. Então olhei ao redor para ver se achava Harry. Finalmente o encontrei, estava dando as costas para o meu show. Literalmente ia embora. Devo ter feito uma cara de incredulidade e decepção, pois no iminente segundo, Ron e Mione olharam para trás aturdidos. Vi-os tentarem alcançar Harry, os lábios de Ron se moveram. Evidentemente chamava por ele. Minha voz soava mais afetada a cada momento e tremia hesitante. Eu estava abismada. Cantei o último refrão quase implorando.

Ask me once, and I’ll come

I’ll come running!

And when I can’t be with you

Dream me near

Keep me in your heart

And I’ll appear

All you gotta do is turn around

Close your eyes

Look inside

I’m right here

Oh, yeah

I’m right…Here.

         Uma onda de aplausos chamuscou e estremeceu o chão. Ouvia gritos e assobios ao meu favor. Supunha que talvez tivesse cantado com tanta emoção e querendo tanto chamar a atenção de Harry, que a música deveria ter saído da minha boca exatamente como deveria ter saído. Verdadeira.

         A primeira coisa que fiz foi descer correndo do palco. Um DJ havia agora ocupado meu lugar e uma música muito agitada e dançante provocava um terremoto gigantesco em Hogsmeade. O amontoado de pessoas pulava exuberantemente. Era irreversível. Tudo o que sentia era uma tontura e vertigem horrível. O lugar estava rodando, a música altíssima feria meus ouvidos. Eu tinha vontade de vomitar. Hermione, Ron, Luna e o pessoal da Grifinória vieram me cumprimentar e me parabenizar, sufocando-me ainda mais. Sentia-me claustrofóbica. Vomitei.

         Eles se afastaram instintivamente. Uma saliva grossa caía dos meus lábios. Ron me amparou por um momento, Luna lançou um feitiço que limpou minha boca.

Luna: Está se sentindo bem?

Lola: Eu... É só o nervosismo eu acho. (Larguei o sorriso mais convincente possível)

Dino: Tome... Vai ajudar.

         Ele me entregou um copo com bebida alcoólica.

Hermione: Posso saber como é que isso vai ajudar ela?! (Exclamou, indignada, e retirou o copo de minha mão)

Ron: Hermione, dá pra parar de ser tão careta?

Hermione: COMO É?

Dino: Verdade, Hermione... Você ás vezes é muito careta...

Hermione: Eu não sou careta, seus imbecis!

Ron: Claro que não! (Irônico) Ta até namorando um nerd de quinta categoria.

Hermione: Ele não é um nerd de quinta categoria, Ronald! Eu diria que VOCÊ está com ciúmes.

Ron: EU? Com ciúmes de você e daquele palerma metidinho a sabe tudo? SÓ EM SONHOS. De fato, vocês dois metidos e arrogantes se merecem!

Dino: Acho melhor eu vazar...

         Luna e Dino sairam na mesma hora.

Hermione: NÃO, VOCÊ FICA. (Ela puxou Dino pela camisa, que olhou apavorado)

         Eu não agüentava ficar no meio daquela discussão. Fui caminhando rápido sem que ninguém percebesse. Saí da pista e do meio da multidão. Caminhei reto e então dobrei em uma rua. Estava frio fora dos alcances da festa. Minha respiração se condensava no ar. Conforme eu caminhava, mais distante era o barulho que provinha do DJ, até se transformar em sussurros longos indistintos. Sentei-me em uma das mesas de fora do bar Cabeça de Javali, designada a acalmar meu estômago. Estava tudo fechado e escuro.

         Uma figura surgiu do nada.

Bolena: Supus que algum estudante viria aqui.

         Olhei-a sem compreender.

Bolena: Sempre no dia dos namorados algum solitário se isola pelos bares fechados. Suponho que refletem melhor no silêncio.

         Fitei o chão. Era melhor contemplá-lo do que Ana Bolena.

Bolena: Você sabe por que sempre vê aquele vulto?

         Apenas balancei a cabeça, calada.

Bolena: Já passou por sua cabeça... Que seu tataravô morreu com o pescoço cortado por uma foice?

         Uma imagem aleatória inevitável de meu tataravô passou pela minha mente. Fiz uma careta.

Lola: Quero ficar sozinha.

Bolena: Ora, querida...

Ela levantou minha cabeça pelo meu queixo, me obrigando a olhá-la nos olhos. Meu olhar era de pura revolta, sentia a presença de vermelhidão na minha esclera, efeito da cólera no meu coração. Encarei-a firmemente. Ela pronunciava palavras doces que possuíam um toque sutil de cinismo.

Bolena: Eu achei que fosse exatamente o contrário. Achei que o que quisesse era não ficar sozinha. (Sorriso)

         E então ela caminhou para o lado da festa. Uma estranha vontade de gritar algo escandaloso para Ana Bolena perpassou meu corpo, mas fiquei quieta. Estava novamente sozinha na rua.

         Foi quando o vi. Vi o espelho e sua hipnotizante moldura dourada estendendo-se no fundo da rua. Novamente, fui tomada por uma vontade estranha e involuntária. Levantei-me sem ter consciência de meus passos. Arrastei a cadeira para o lado e desci o degrau do bar. Meu corpo estava duro, minha mente; sem vida, sem esperança. Olhei para o céu: uma determinação contínua me conduzia, me condenava. Eu era uma garota condenada. Tudo o que meus olhos enxergavam era o véu acinzentado da morte, e a desesperança. Era isso o que o vulto com a foice era. A morte a minha procura. O ódio fervia e me consumia inteira, me controlava. Meus pés passaram pela neve congelada do asfalto. Eu andava em frente, me aproximando do espelho cristalizado. Meu olhar fixo no chão, inexorável, cruel. Tive a sensação de ter sangue brotando dos meus olhos. Agarrei algo ao lado do bar e coloquei por detrás das minhas costas. Aproximava-me cada vez mais, olhando para o chão, passo por passo.

         Estabeleci-me bem na frente do espelho. Vi o seu reflexo no gelo do chão. Fui levantando minha cabeça lentamente. No mesmo segundo fechei os olhos e lancei o machado que continha na minha mão no vidro do espelho, despedaçando-o em mil pedaços. Fiz isso com tanta força que ofeguei, cansada. Um vento insuportável me consumiu. Não sabia o que estava acontecendo, não sabia se havia ativado algum tipo de magia negra. O vento arrebatou-me, derrubando meu corpo com violência para trás, e caí na neve. Coloquei minhas mãos na frente de meu rosto, para que nada me atingisse. Esperei um momento. O vento parou. Olhei o espelho.

         Estava intacto. A decepção e a frustração tomaram meu rosto.

Dumbledore: Só pode ser destruído com um feitiço.

         Olhei para trás em um sobressalto.

Dumbledore: Ah, quanta grosseria minha. Desculpe assustá-la, Lola. Aceita uma ajuda?

         Ele estendeu sua mão comida pelo tempo. Aceitei-a e me levantei. Olhei para o mesmo lugar onde o espelho se encontrava. Não estava mais lá, tinha desaparecido completamente. O diretor falava com tranqüilidade.

Dumbledore: Sabe... Por um momento pensei que você se renderia ao espelho. Eu ia intervir, é claro. Mas quando vi que pegou o machado, percebi o que ia fazer.

Lola: Que feitiço... Destrói isso, professor?

Dumbledore: É um simples feitiço, Lola, mas apenas você pode usá-lo para destruí-lo.

Lola: Só... Eu? Porque não disse antes?

         Ele sorriu ingenuamente.

Dumbledore: Nem eu mesmo sabia. Só depois de minha viagem... Acho; contudo, que devo lhe informar de algo antes que tome uma decisão quanto ao espelho. Se você o destruir, todos os desejos realizados por ele serão apagados. Esquecidos.

Lola: Esquecidos?

Dumbledore: Sim. Como se não tivessem acontecido.

Lola: Mas...

         Pensei nas vezes que olhei o espelho e que vi meus desejos. Fazia tanto tempo... Lembrei ter visto Hermione, Ron e Harry nele. Lembrei ter visto todos os meus amigos.

Lola: Mas, professor... Se eu destruí-lo vou perder todos os meus... Amigos?

Dumbledore: Se isso foi algo que o espelho realizou... Bem, eu receio que sim, Lola.

         Quase não pude conter as lágrimas nos meus olhos. Aquela fora uma das únicas conversas que desejei não ter tido com Dumbledore em minha vida. Minha estupefação ficara evidente em meu olhar, pois eu mal conseguia respirar. Olhava para os lados sem compreender... Sem compreender para onde minha vida tinha ido. De repente, de um instante para o outro, teria que abandoná-la? Estava sem palavras. Estava tão perplexa que as palavras entalavam na minha garganta.

Lola: Com... Com licença, professor...

         Eu saí praticamente correndo, não queria que o diretor me visse chorar. A última coisa que ouvi foi o eco de sua voz.

Dumbledore: Lembre-se, Lola... A decisão é sua. Nem sempre nossos sonhos são feitos de ilusões, mas quase sempre, de pura realidade.

         Meu cérebro não conseguia absorver mais nenhuma palavra. Vomitei.


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