As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 21
À Beira da Perfeição




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Fiquei pensando o quão boba eu devia parecer agora. Hermione e Luna deviam estar rindo pelas minhas costas, gozando do triunfo de ter sempre a razão. Sonhando com os doces natalinos que ganhariam de graça. Mas ficar com o Harry fazia tudo valer a pena. Tudo mesmo. Mesmo. Mesmo. Droga, olha o que esse filho da mãe fazia comigo!

         Depois de um tempo nos desgrudamos. Fui até o banheiro retocar a maquiagem, depois bebi uns goles de água. Achei que Mione iria direto falar comigo depois que eu saísse de perto do Harry, pra me molestar apenas e cantar vitória, mas estava enganada: A garota falava com Carter Mcmillan.

         Os dois pareciam bem próximos, riam juntos. Pensei em Ron de imediato, e vi-o sentado em um degrau da escada, deprimido e apático. Olhava para o chão. Resolvi sentar-me ao seu lado, com o copo d’água na mão. Deixei que ele falasse se quisesse. Ficamos uns minutos em silêncio.

Ron: Sabe... Acho que sou um babaca mesmo. Qual o meu problema?

         Olhei-o com dó. Parecia um bichinho mimoso abandonado, coitadinho. Tanto sofria com Hermione.

Lola: Você não é babaca, Ron.

Ron: Você e Harry... São uns sortudos. Sortudos porque podem ficar a vontade sem constrangimentos. Já EU não consigo fazer isso. Não tenho as bolas para chegar na garota, tomar iniciativa, como o Harry. Não consigo.

         Eu deixava-o desabafar, estava meio bêbado também.

Ron: Simplesmente não consigo, Lola! E na real acho tão injusto esse negócio imposto pela sociedade, que quem deve iniciar são os garotos. Acho injusto jogarem a bomba pra nós.

         Ele suspirou.

Ron: Acho que ela se cansa, sabe... Tenho a impressão. Ela tenta ser paciente, mas... No final se cansa e parte pra outro. (Ele olhou Carter) Outro.

Lola: Ron, talvez o que falte seja autoconfiança em você. Porque tenho certeza que você não é desprovido das outras qualidades. Tenho certeza que se quisesse, poderia ser como o Harry. Na verdade, eu é que sou sortuda. Porque eu não tenho bolas de chegar no garoto também.

         Ele franziu a sobrancelha.

Ron: Mas você não tem bolas...

Lola: Você me entendeu!

         Ele sorriu. Olhou-a novamente, em seguida baixou os olhos o mais rápido que pôde. Logo descobri porque ficara tão abatido; Hermione e Carter estavam ficando. Eu sabia que a amiga tinha uma queda por ele, sabia que ás vezes ela simplesmente não agüentava esperar o Ron. Mas nunca havia cogitado a possibilidade dela ficar com o corvinal, até porque achei que Hermione não iria querer quebrar o coração de Ron sem motivos. Parece que estava errada.

         No dia seguinte, as famílias se despediram de seus bruxinhos. Com certeza todos haviam aproveitado a festa natalina. A neve, agora, caía fortemente do lado de fora. No entanto, como não havia muito vento e o sol não fora tapado por nuvens opacas, os estudantes aproveitavam nos intervalos para andar de patins no lago congelado. Patinação no gelo era uma prática inventada por trouxas, mais tardiamente adotada por bruxos. Os patins, diferentemente de patins trouxas comuns, eram obviamente mágicos. Portanto, voavam. Era possível fazer diversas manobras e saltos voadores. Como todo o esporte bruxo, era perigoso.

         Resolvi colocar patins para tentar andar. Chamei Harry para ir comigo, enquanto a galera da Sonserina ainda estava presa nas masmorras, na aula de poções. Nós começamos patinando um se apoiando no outro, o que causou olhares em tanto. Eu olhava para o chão congelado morrendo de medo de levar um tombo. Harry segurava meu braço firmemente.

Harry: Não se preocupe... Se você cair eu caio junto.

         Soltei uma risada. Contornávamos o lago calmamente, nossos patins deixando rastros, riscando o gelo.

Lola: Harry... Podemos desenhar aqui até!

         O garoto olhou-me e sorriu maldosamente. Puxou-me em um estalo de dedos pela mão, e eu gritei assustada. Ele estava patinando muito rápido, e eu sendo levada por ele, era obrigada a me equilibrar.

Lola: AAAAAAAAAAAAAAAAH!

         Minhas pernas faziam ziguezagues, cambaleavam sem conseguir manter o equilíbrio, e a cada curva que Harry fazia eu me curvava, tropeçando no gelo e quase caindo. Comecei a rir nervosamente, já que era a única coisa que me restava. Algumas pessoas observando riam junto.

Lola: HARRY, PARA!!

         Ele finalmente parou, apoiou-se no corrimão posto ao redor do lago. Inclinou a cabeça, indicando o chão, e só então percebi que ele havia desenhado algo ali com os patins, e o rastro dos meus havia estragado o desenho. Comecei a rir, quando vi que era uma flor, quase uma rosa.

Lola: Não faça isso nunca mais!

         Algumas pessoas começaram a aplaudir o trabalho de Harry, ele curvou-se agradecendo a admiração. Eu olhei ao redor fascinada, tínhamos acabado de arranjar alguns fãs... Logo, alguns vieram falar conosco, elogiando o desenho de Harry e inclusive me elogiando.

Garoto: Você tem uma linda namorada...

         Eu falei que éramos só amigos, e o garoto levantou a sobrancelha surpreso. Harry retrucou.

Harry: Mas somos muito próximos.

         E colocou as mãos sobre meus ombros, virando-me para o outro lado, para sairmos dali. Olhou para trás com uma cara enciumada.

Lola: Aquele ali te perturbou? Haha!

         Ele apenas bufou.

         Mais grifinórios começaram a aparecer por ali e antes que saíssemos, Rita Skeeter apareceu, vestida com um casaco vermelho berrante de inverno e botões dourados, unhas enormes vermelhas e seu cabelo loiro enrolado em um coque.

Skeeter: Vamos lá, quero uma foto de todos os grifinórios no ringue! Ninguém tire os patins... Ora, quem fez esse belo desenho?

Simas: Foi o Harry... Eles estavam patinando e ele resolveu desenhar, foi incrível!

Skeeter: Hmm... Vamos, Potter e Haunsen! Para a foto!

         Ela ajeitou os grifinórios dentro do ringue e todos fizeram uma sorridente pose para a foto. Fiquei apenas preocupada com o que Rita poderia inventar desta vez. No entanto, notei que estava sem a sua pena de repetição. Um aluno da Lufa-lufa ali perto perguntou exatamente sobre isso, e ouvi sua resposta:

Skeeter: Ah, Dumbledore e eu fizemos um trato... Se eu continuasse a usar a pena de repetição seria expulsa daqui... Então resolvi parar por um tempinho, querido!

         Conforme os dias passavam, mais frio ficava. Estávamos já em janeiro e Hogwarts substituiu os enfeites natalinos por enfeites rosa chiclete de corações. Exatamente o que você está pensando. O dia dos namorados.

         Era uma tarde normal de inverno, os grifinórios estavam na aula de poções, com Snape infernizando nossas vidas. Decidi dissuadir Hermione a sentar em uma mesa dupla mais ao fundo, contrariando-a primeiramente, já que esta era obcecada por prestar atenção máxima a todas as aulas.

         O professor e sua capa macabra tinha acabado de explicar sobre poções curativas e fazia demonstrações à classe. Gargalhei levianamente ao me lembrar de Harry cochichando que a tal capa e os cabelos longos e sedosos o faziam parecer um morcego. Snape lançou um olhar de víbora em minha direção e continuou a demonstrar, pedindo que todos seguissem seus passos enquanto ele fazia.

         Coloquei meu caldeirão na mesa e comecei a partir as raízes de mandrágoras com uma faca. Hermione esquadrinhou a sala sombria iluminada apenas de velas, meticulosamente. Finalmente falou.

Hermione: Você nem sabe... Eu virei uma tutora.

Lola: O quê?

         Exclamei, enquanto imagens de Hermione cuidando de duas crianças órfãs adotadas passavam por minha mente.

Hermione: Tu-tora (Falou como se explicasse a uma criança) Dou aula de reforço a alunos mais jovens sobre matérias que tem dificuldades.

         Uma expressão de compreensão passou pelo meu rosto. Joguei as raízes dentro do caldeirão.

Lola: Sério? E... Isso é bom?

Hermione: Haha! Para o currículo é. Além disso, nossa casa ganha mais pontos. É claro que a Corvinal é a casa com mais pontos nesse quesito...

Lola: É, mas você ensina o quê?

Hermione: No momento estou ensinando Poções para uma garota do segundo ano. Por isso deveria sentar na frente. (Ela fez uma careta me repreendendo)

Lola: Ah, qual é! Assim não dá nem pra conversar.

Hermione: (Suspira) Vou te contar uma coisa... Você sabe como eu conheci o Carter?

Lola: Hmm, achei que ele deveria ter puxado papo com você, papo de nerd, essas coisas.

         Ela levantou a sobrancelha descrente.

Hermione: Bom, na verdade ele foi meu tutor.

Lola: QUÊ? (Pigarreei) Mas você não precisa de tutor! Tira notas boas em tudo...

Hermione: Mas mesmo assim, eu sempre tiro minha pior nota em...

Lola: Defesa Contra as Artes das Trevas (Completei, como se lesse sua mente) Mas mesmo assim a sua nota é acima da média.

Hermione: Eu sei, mas eu queria atingir o máximo! Ainda mais com os N.O.M.S. chegando aí.

Lola: Você sabia que ele seria seu tutor?

Hermione: Não... Um aluno nunca sabe até o dia em que tiver sua primeira aula.

         Coloquei o líquido de amina na poção e misturei com uma colher. Vi Snape lançar outro olhar de víbora para nossa direção. Eu estava atrasada; misturei rapidamente e em seguida espremi bezoar.

Lola: Mione... E quanto ao Ron? Quero dizer, vocês ficaram uma vez e... Achei que gostasse dele.

         Ela suspirou novamente, agora concentrada na sua poção. Vi que colocava uma certa quantidade de pó de tronquilho. Imitei-a.

Hermione: Eu gosto dele. Acontece que depois de um tempo, parti para outra. Carter é inteligente, carismático... De fato, ele é brilhante! Ficava dizendo que eu era boa demais para ter um tutor. (Ela sorriu) E bom, o Ron é... Você sabe.

         Eu sabia exatamente o que ela queria dizer.

         Era hora do almoço no refeitório. Como de costume, sentei na frente de Harry e Ron, e Hermione ao meu lado. Ela, no entanto, ficava saindo e voltando o tempo todo, sem parar quieta, pois pelo visto estava em altos papos com Carter, na mesa da Corvinal.

Ron: Ela não vai parar nunca pra comer, não?! (Falou, irritado)

         De repente, comecei a ouvir burburinhos. As corujas entravam no salão indiscretamente, atirando suas correspondências e o Profeta Diário aos alunos. Saí da mesa para pedir a Hermione que me encontrasse na biblioteca mais tarde. Ela estava sentada ao lado de Carter, e ele e seus amigos participavam da conversa.

Lola: Hermione, você pode me encontrar depois na biblioteca?

Hermione: Oi? (Sorridente) Ah, sim, claro! Ei, pessoal, esta é uma amiga minha, Lola.

         Os garotos corvinais deram um olá um pouco espalhafatoso, talvez até mesmo malicioso. Alguns pareciam mais velhos.

Hermione: Estes são alguns dos tutores da Corvinal... Nós, tutores, dividimos uma mesma sala e reconciliamos horários.

Garoto: Acho que a Lola daria uma ótima tutora... (Ele olhou-me malicioso) Já é uma ótima patinadora...

Lola: O quê?

Hermione: Ué, você não leu?

         Ela jogou o Profeta Diário em cima da mesa, já virado na página na qual havia uma grande foto de vários alunos no lago congelado, o ringue de patinação. Eu e Harry estávamos no meio da galera e o desenho que este havia feito aparecia nitidamente.

Lola: Grifinórios arrasam o ringue de patinação de gelo de Hogwarts. Prática adotada por trouxas é trazida para a escola de magia e bruxaria. Estudantes se refestelam no gelo, deslizando adoravelmente por ele. A nova atração, que arrebata os alunos durante seus intervalos, foi usada pelo famoso e talentoso Harry Potter, para desenhar uma flor no ringue com seus patins, uma das várias demonstrações e homenagens de amor a sua amada. Parece que Potter, além de ser um talentoso bruxo, tem talentos para os esportes invernosos. Lola que o diga...

         Eu baixei o jornal enquanto muitos me olhavam sorrindo. Outro garoto da Corvinal me olhou fixamente enquanto comia a sobremesa.

Garoto: Sério... Você devia ser tutora. Só assim talvez o Potter saiba valorizar o que tem!

         Todos os garotos gargalharam. Eu saí de perto da mesa corada, com as bochechas inchadas. Malfoy chocou-se em mim enquanto tentava passar pelo povo entre as mesas.

Malfoy: Olha por onde anda, boluda!

         Algumas pessoas da Lufa-lufa olharam-no repreensivos. Então era isso... Toda aquela atenção que eu estava recebendo era por causa do ringue? Será que os garotos agora olhavam mais para mim do que antes por verem que eu era a garota de Harry Potter? Sentei-me na mesa, conturbada. Harry fixava seus olhos em mim, com aquele olhar enciumado. Provavelmente ouviu estranhos assobios soarem de alguns lugares, depois que passei por Malfoy.

Lola: O quê?

Harry: Como, o quê?

         Eu sorri, satisfeita com a sensação de que provocava ciúmes, de que provocava medo em ser perdida. O que estava acontecendo comigo? Não sabia, só sabia que minha vida social em Hogwarts estava melhorando. E graças a Rita Skeeter.

         Depois das aulas, eu, Hermione, Harry e Ron (contra a sua vontade) nos dirigimos a biblioteca. Isolamo-nos em uma mesa perto da estante de Teocentrismo, livros religiosos que quase nenhum aluno costumava pegar. Ron sentou-se bufando, olhando para o teto, irritado. Hermione ignorava seu mau-humor, fingindo não perceber nada, apesar de ser bem notório e visível.

Hermione: Olha... Eu tentei aplicar aquele feitiço que você me pediu, para reconstruir uma escritura borrada. Ele é realmente difícil, então o máximo que consegui foi tirar o borro da tinta. Desconfio de qual poção Bernadete aprendeu a usar.

         Ela abriu o livro de meus parentes e folheou a página dentro da qual a carta estava colada. Lá, pequenas letras pouco nítidas que pareciam ainda embaralhadas formavam uma palavra que parecia muito com “Envenenamento”. Esbugalhei os olhos assustada.

Lola: Não... Não posso ser parente de uma assassina!

Harry: Calma! Isso não quer dizer que ela tenha realmente matado alguém.

Lola: De acordo com Bolena, quer dizer sim!

Ron: Olha, sinceramente... Eu não acredito em tudo que essa Bolena diz. Quem nos garante que é a verdade absoluta?

         Refleti as palavras de Ron. E se tudo fosse realmente uma história da carochinha bem contada? Pura mentira? Invenção perpétua? Hermione pareceu ler meus pensamentos pelos meus olhos.

Hermione: Não se preocupe... Vamos descobrir a verdade.

Lola: Olha, eu não sei. Talvez devêssemos deixar de lado.

Harry: Acho que o mais importante agora é o Espelho de Ojesed, não acham? Quero dizer, Voldemort está envolvido na história, o espelho assombra Lola quando bem quer e ainda por cima um vulto com uma foice sempre a persegue, sem falar que o espelho foi construído pelo tataravô dela.

         Assenti com a cabeça. Seria melhor se concentrar no espelho. De uma coisa eu sabia, no entanto. Ana Bolena poderia ter mentido muitas coisas, mas sobre o fato de minha ascendente não ser Annabeth, eu tinha quase certeza de que ela havia dito a verdade. Soltei uma exclamação de aversão.

Lola: Descendente de Bernadete Potter...

Ron: Duvido que seja uma Potter. Mas vocês que sabem no que acreditam.

         Não entendi porque Ron estava tão certo de suas opiniões. De qualquer modo, não importava que sobrenome Bernadete tinha. O que importava era o outro lado da história.

Harry: O que me intriga é aquele vulto... Como alguém em plena época de ano letivo conseguiria penetrar em Hogwarts? Você mesma diz, Hermione, que a quantidade e força dos feitiços de proteção bloqueia tudo.

Hermione: Sim, e eu falei a verdade. O que eu estou achando, é que aquele vulto não é alguém que conseguiu penetrar em Hogwarts.

Ron: Há! Vai dizer que é alguém que já está aqui dentro? Previsível...

Hermione: Não. Acho que aquele vulto, pelo o que Lola me contou, é produzido pelo espelho. Assim como Bolena disse.

         Harry ainda parecia aturdido.

Harry: E como isso é possível?

Hermione: Eu não sei. Sabemos que o espelho pode projetar os desejos dela. Não sabemos se ele também não projeta pesadelos.

         Ron estava cada vez mais impaciente e exacerbado. Revirando os olhos, balbuciou.

Ron: Mas o espelho não aparece há séculos, não é?

Hermione: Só porque alguma coisa não aparece mais, Ronald, não significa que nunca mais volte a aparecer.

         Os dias passavam cada vez mais rápido. O frio ainda fazia os alunos pestanejaram entorpecidos com as rajadas de vento, mas a neve havia diminuído. As aulas continuavam normalmente, e já era possível notar que alguns alunos estudavam concentrados o máximo que conseguiam em seus livros nos intervalos. Tutores muitas vezes dedicavam seu tempo livre para dar aulas extras aos desesperados dos N.O.M.S.

         Eu sempre visitava Hermione em sua sala de tutora, antes da garota começar sua aula. Katie, a garotinha para quem ensinava, tinha problemas com matérias relacionadas à alquimia e biologia, como Poções e Herbologia. Hermione dividia sua sala com todos os outros tutores. A maioria, como havia dito ela, eram mais velhos. Pensei em quão horríveis tutores deveriam ser Fred e Jorge. Um dia, depois de terem lido a matéria sobre o ringue de patinação, os vi exclamando:

Fred: Isso é um absurdo! Nem se lembraram de mencionar nossos nomes como organizadores do ringue!

Jorge: Realmente... Nós que colocamos aquele corrimão e a arquibancada para as pessoas assistirem. Nós que inventamos esse troço!

Fred: Deveríamos virar empresários, Jorge...

         Nos dias em que ia visitar Hermione, muitos garotos vinham falar comigo. Hermione era famosa como tutora e virara muito conhecida dos garotos. O que significava que ser amiga dela, era ser amiga deles. Ás vezes me intimidava por serem muito inteligentes. Muitos pareciam interessados com a minha presença, afinal, diziam eles, eu havia conquistado o trono de rainha de Hogwarts, como se Harry fosse o rei. É claro, estavam brincando, apenas me bajulando. Toda aquela bajulação me fez sentir muito especial.

Henri: Agora que você é tão disputada e chama tanta a atenção dos garotos, acho bom o Potter se cuidar hein!

Lola: Hahaha! Mas eu já disse, eu e Harry somos amigos.

         Eles sorriam toda a vez que eu os lembrava disso.

         O dia dos namorados estava chegando, o que significava mais festividade. Garotas do quarto ano, algumas amigas de Gina, haviam organizado banquetas todas enfeitadas de corações rosa, aonde havia urnas para se colocar uma mensagem (anônima ou não) ao seu amado, que seria entregue no dia dos namorados incluindo a encomenda de uma rosa. Muitos estudantes se dedicavam a “banqueta amorosa”, colocando furtivamente mensagens nas urnas. Eu pensei em colocar uma. Quando um dos garotos amigo de Hermione me viu colocando-a, foi avacalhar comigo.

Roger: Então, Lola, colocando muitas cartas aí dentro? Haha!

Lola: Haha, claro. Se eu fosse como a Pansy Parkinson, colocaria.

Roger: Hm, sei. Você é o tipo de garota que se apaixona por um, e é este um sempre.

Lola: Exatamente. (Pisquei para ele)

         Eu havia tido um vislumbre de Gina falando com Harry animadamente, como se ainda achasse que ele era propriedade dela. Ela lhe deu um pequeno beijo na bochecha e saiu saltitando feliz pelo castelo. Eu também ouvia boatos de que Gina era uma das garotas preferidas, que também chamavam atenção dos garotos. E realmente chamava. Recebia assobios muitas vezes. Os garotos que os faziam geralmente eram seus amigos, que riam logo depois de assobiar, como se estivessem apenas brincando, e ela sorria satisfatoriamente. Uma vez, encontrei-a andando por Hogsmeade logo depois de ter xingado Miguel Corner, por este tentar se exibir para os amigos ao dizer que Gina havia ficado com ele. Nossos olhares se encontraram, e seu sorriso fora o mais desdenhoso de sempre.

Gina: Sabe qual a diferença entre eu e você, Lolinha? É que os garotos gostam de mim porque eu sou sexy. Os garotos gostam de você, só porque é a garota do Harry.

         Senti de repente uma necessidade extrema de me vingar de Gina. Já estava enchendo o saco de suas encenações e exibições ao público. Estava a ponto de lhe dar um soco tão forte a ponto de deixar sua cara inchada. Ela usava sempre batom vermelho, que combinava com seus cabelos ruivos cor de fogo. Era daquilo que os garotos gostavam, era daquela vulgaridade.

         Sentei-me perto de Harry no jantar. Aproveitei que Gina estava praticamente na nossa frente. Ela conversava com Luna distraidamente. Porém, foi ficando difícil não atrair seu olhar para nós dois. Eu beijava Harry na sua bochecha, enquanto sorria, fazendo estalinhos. Ele sorriu também. Gina, ao olhar, era realmente controlada. A expressão em seu rosto não mudava. Contudo, se olhasse bem para os seus olhos, era evidente a raiva e o veneno em suas pupilas. Eu olhei-a e sorri, piscando. Doce e querida vingança. Comecei então a beijar Harry no seu pescoço, soltando leves risadas. Alguns garotos da Lufa-lufa e da Corvinal passavam, também enciumados. Reviravam os olhos e exclamavam “Lola e o emburrado do Potter! Não sei como ela o agüenta”. E de repente todo esse afeto mostrado em público estranhamente fazia os garotos ficarem cada vez mais e mais interessados por mim. Hermione me olhava inusitadamente.

         Outro dia, eu estava caminhando em Hogsmeade com Harry, que estava lotada, devido à compra de presentes para namorados. Encontrei os garotos tutores na rua, eles vinham em minha direção avisar-me sobre algo.

Ernesto: Lola, nós pedimos para Dumbledore permissão para você cantar na festa de dia dos namorados!

         Eu o olhei intrigada.

Lola: Festa de dia dos namorados? Mas não vai ser só um feriado?

Henri: Na verdade não. Vai ter um grande show aqui em Hogsmeade com algumas bandas que Dumbledore contratou... Vai ser ao ar livre. Insistimos pra ele.

Roger: Verdade, ele disse que só bandas de verdade estavam autorizadas. Mas nós colocamos uma urna perto das banquetas amorosas para que votassem se quisessem que você cantasse. O Potter votou, não foi Potter?

         Harry assentiu com a cabeça.

Ernesto: É, parece que você tem muitos fãs... Teve metade dos votos da escola!

         Arregalei os olhos.

Lola: Metade dos votos? (Meu queixo caiu) MINHA NOSSA! VOCÊS SÃO DEMAIS!

         Eu os abracei grupalmente, Roger deu-me um beijinho na bochecha.

Lola: Ah, para, Roger, hahaha!

Roger: Não seja tímida... Você sabe muito bem que eu tenho uma queda por você.

Henri: Sinto dizer que não é só você, Rogersito. (Então se dirigiu a mim) Sua amiga Granger fez bem em apresentar você para os tutores.

         Ele pareceu falar de propósito para que Harry ouvisse.

Lola: Hahaha, isso não tem graça! Sério, agora andem. (Empurrei-os para o outro lado, para que fossem embora, um sorriso ponta a ponta destacado em meu rosto) E muito obrigada, mesmo, não sei o que faria sem vocês! Acho que já sei, vou dedicar uma música!

Ernesto: Desde que seja pra gente, e não pro Potter ou pro Hoffman! Te cuida, Potter! Hahaha!

         E eles partiram. Eu estava realmente feliz, finalmente uma vez em minha vida me sentia a altura de Harry. Agora eu tinha certeza de que poderia ser sua garota. Tratei de abraçá-lo enquanto balbuciava palavras animadas sobre o que tinha acontecido. Beijei-o nas bochechas e então no pescoço, a alegria contagiando minhas veias. Gina passava no mesmo momento. Então senti um empurrão.

Harry: Lola... Para.

         Ele havia me empurrado com as mãos gentilmente, mas ainda assim, me pareceu brusco.

Harry: Eu... Vou a loja da Madame Pince e já volto, certo?

         Assenti e o esperei voltar.

Hermione: Lola, eu sei que está animada por estar se tornando popular... Mas não acha que está exagerando um pouco?

         Nós estávamos na sala comunal, tomando chá quente. Não havia quase ninguém lá, pois era tarde da noite. É claro que eu não estava exagerando, disse a ela. Só estava feliz e não queria que nada e ninguém estragassem essa felicidade. A pessimista ainda teve de me lembrar do espelho, que eu tinha que me cuidar bem. Assenti. Agradeci a ela por ter estragado minha felicidade.

Hermione: Só estou falando isso para o seu bem.

         Então me retirei para o dormitório feminino. Sonhei com o espelho e a escuridão novamente.


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