Cap. 01: Cidade nova, garota estranha.

Através do vidro da janela, eu via as lojas passando como borrões do lado de fora do carro.

– Querido, a Califórnia é realmente linda, não é?- minha mãe falou, animada enquanto dirigia e olhava para todo lugar encantada. Murmurei algo como resposta e fechei os olhos.- Não me venha com esse silêncio, Mark Campbell!- suspirei e virei o rosto para ela, encarando-a.- Você queria um lugar para recomeçar, não queria? Queria se livrar dos... dos vícios que possuía e aqui estamos. Você vai ver, será ótimo!

– AI MEU DEUS!! MARK, VENHA AQUI! RÁPIDO!- saí correndo escada abaixo, assustado com seus gritos. Quando cheguei à cozinha, vi minha mãe de pé em cima de uma das cadeiras da mesa de jantar com uma expressão de horror no rosto.

– Há um rato enorme debaixo da geladeira! Mata, mata ele!- revirei os olhos e peguei a vassoura que estava encostada na parede ao meu lado.

Enfiei a vassoura debaixo da geladeira para espantar o bicho de lá e ele logo saiu, correndo para fora de casa através da porta da cozinha que dava para o quintal. Fiquei olhando para o seu tamanho minúsculo e ri, olhando para a minha mãe em seguida.

– Um rato enorme, mãe? Não seria um filhote de camundongo?- minha mãe olhou para a minha expressão risonha completamente séria.

– Terminou de arrumar o quarto?- assenti.- Ótimo. Agora irá me ajudar com a sala.- gemi de preguiça e fui para a sala. Ainda teríamos muito trabalho até aquela casa ficar completamente arrumada.

Eu sou Mark Campbell, tenho 16 anos e me mudei de Nova York para a Califórnia. O motivo? Digamos que a minha vida não iria para frente se eu continuasse no lugar em que estava e do jeito que eu estava. As minhas companhias não eram das melhores e os lugares que eu frequentava também não, então, eu mesmo decidi mudar. Conversei com a minha mãe e ela entendeu completamente, dando a opção de nos mudarmos. E aqui estamos: em Santa Monica, Califórnia.

Minha mãe comprou uma casa em um condomínio, e a minha casa fica bem de frente para a praia. É um lugar ótimo e costuma estar sempre ensolarado, o que é melhor ainda. Eu só esperava que a vizinhança e o pessoal do colégio fosse legal também...

Era Segunda-feira, primeiro dia de aula. Minha mãe me acordou às cinco horas da manhã para eu me arrumar e tomar café-da-manhã. Fiz tudo correndo para chegar cedo na nova escola, assim poderia conhece-la melhor.

Minha mãe me levou até lá e me deu algumas coordenadas de como chegar até a secretaria. Eu ainda precisava pegar os horários das minhas aulas e (tentar) encontrar as salas à tempo, se não as aulas começarão e eu ficarei andando pelo colégio à procura da sala de aula.

Eu fui seguindo o caminho que a minha mãe falou até que cheguei à secretaria. Quando abri a porta e olhei ao redor, vi apenas algumas pessoas de meia-idade que trabalhavam ali e uma garota que parecia ter a minha idade em um dos balcões. Ela estava de costas para mim, mas pelos longos cabelos loiros e cacheados e a voz doce, deduzi que ela devia ser bonita.

– Oh, bom dia!- a mulher que atendia a garota loira disse à mim, dando um sorriso.- Posso ajuda-lo?

– Ah, sim. Eu vim pegar os meus horários.- a mulher perguntou o meu nome e eu lhe disse. Fiquei esperando enquanto ela via os dados no computador e, pelo canto dos olhos, olhei para a menina ao meu lado. Vi que ela me encarava com um olhar curioso. Voltei ao olhar para a secretária à minha frente rapidamente, me sentindo... Envergonhado? Desde quando eu me sentia envergonhado perto de uma garota?

De repente seja porque essa garota em especial era realmente... deslumbrante. Seus cabelos íam até a metade das costas, e eram loiros e cacheados. Sua pele era clara e lisa, com bochechas rosadas. Seus olhos eram extremamente azuis e expressivos, dando à ela um ar meio... meio angelical.

Senti meu rosto esquentar e abaixei um pouco a cabeça. Era só o que faltava, ficar corado!

– Aqui está, querido.- a secretária me estendeu o papel dos horários e eu sorri, pegando-o e agradecendo-a. Quando eu saí da secretaria e ía andando pelo corredor, ouvi passos leves atrás de mim e logo uma mão em meu ombro, impedindo-me de continuar andando. Olhei para trás e vi a garota loira de antes olhando para mim, sorrindo abertamente.

– Oi, novato!- ela disse, parecendo feliz. Arqueei uma sobrancelha, um pouco confuso.

– Er... oi.- falei. A menina juntou uma mão na outra e as colocou frente ao peito, seus olhos brilharam e ela sorriu ainda mais.

– Você veio de Nova York, não é?- afirmei com a cabeça.- Ai, que lindo! Ir à Nova York é um dos meus sonhos. Qual é o seu nome?- admito que estava um pouco assustado com aquela garota. Ela veio até mim, do nada, e começou a falar assim.

– Mark. Mark Campbell.

– Mark? Eu sou Summer McClean, muito prazer!- a tal Summer estendeu a mão para mim, ainda sorrindo abertamente. Dei um meio sorriso e estendi a minha mão, pegando na dela.

– Quer que eu te mostre a escola?- quando eu abri a boca para responder que não precisava, Summer pegou em meu braço e saiu me rebocando em direção ao pátio. Suspirei, deixando ela me mostrar o lugar. Ela até que era simpática, mas meio... maluca, digamos assim.

– Eu sempre passo os intervalos no jardim, se você quiser passar comigo, tudo bem! Teremos horários juntos, não teremos?- teríamos quase todos os horários juntos, apenas Literatura, Química e Espanhol nós faríamos separados.

– Ok.- respondi simplesmente. Ela falava tanto que eu nem sentia vontade de abrir a boca para dizer um “ai”.

– Você costuma ser sempre assim?- Summer estava séria agora, me olhando atentamente.

– Assim como?

– Monossilábico.- suspirei e me sentei debaixo de uma árvore que havia no jardim do pátio. Summer sentou-se ao meu lado, colocando a mochila no colo.

– Costumo ser mais social depois das dez da manhã.- falei, o que era verdade. Summer sorriu e o sinal indicando o início das aulas soou.

– A minha primeira aula é de Física, e a sua?

– Também.- respondi. Summer se levantou e pegou em minha mão, ajudando-me a levantar também. Fomos até a sala de aula, enquanto Summer tagarelava sem parar. Outra vez.

O sinal indicando o intervalo soou.

Fiz dupla com Summer na aula de Física, e surpreendentemente cheguei à conclusão de que ela era bem inteligente.