Arurun continuava parado em frente ao palácio ensanguentado. Fazia cerca de 15 minutos que Sesshoumaru havia entrado dentro da fortaleza. Todos estavam tensos, mas Rin sempre falava baixinho coisas como “Ele está bem” , “Ele vai voltar logo” , “Ele nunca falha” !

–Er, Rin-chan, não precisa ficar preocupada... Ele com certeza está bem!

Disse Kumi meio insegura enquanto agarrava-se com firmeza na cintura da amiga. Ela tinha medo de altura.

–Eu sei, Kumi-chan. O Sesshoumaru-sama costumava demorar bastante ... Eu até inventei uma música quando era criança... Eu a cantava enquanto esperava ele voltar. Quer ouvir?

–Adoraria!

Disse ela sorrindo.

–Ah, Rin, não cante essa música! Ela ainda não saiu da minha cabeça!

Berrou o pequeno Jaken, que havia subido no ombro da garota. Rin começou a rir e o ignorou. Começoua a cantar.

“Nama no naka

Mori no naka

Kaze no naka

Yume no naka

Sesshoumaru-sama doko ni iru

Jaken-sama wo shita naete

Watashi wa hitori de machimashou

Sesshoumaru-sama omodori wo”

[Nas montanhas

Na floresta

No Vento

Em meus sonhos

Sesshoumaru-sama, onde está você?

Com seu fiel Jaken-sama atrás de você

Eu esperarei sozinha

Pelo retorno do Sesshoumaru-sama]

–Aaaah, ótimo Rin, agora essa música nunca mais vai sair da minha cabeça!

Jaken parecia irritado mas no fundo sentia-se confortado. A voz de Rin estava menos fina, mas continuava com o mesmo efeito. Ele imaginou-se por um momento novamente correndo atrás de Rin para impedi-la de fazer qualquer besteira e não ganhar uma bronca de Sesshoumaru ... Bons tempos aqueles!

–Ai que fofo! Acho que vou aprender a cantar também!

Disse Kumi fazendo um clap clap com as mãos, enquanto batia palmas. Ela estava contente. Nem parecia a garota entristecida que fora salva do yokai assasino.

–Sim, Kumi-chan! Vamos cantar até o Sesshoumaru-sama voltar!

As duas começaram a cantar juntas, Kumi cantava um pouco fora do ritimo, mas logo foi aprendendo. Jaken ficava as observando com a boca aberta.

“Nama no naka

Mori no naka

Kaze no naka...”

* * *

Não importa aonde andasse, Sesshoumaru não conseguia encontrar nenhum ser vivo no castelo inundado de sangue. A Bakusaiga, sua espada, estava erguida, pronta para atacar qualquer coisa. Seus extintos estavam alertas. Continuou encontrando mais yokais mortos até que sentiu o cheiro de sua mãe... e ela parecia estar viva. Só que não conseguia localizá-la. Abria quartos e encontrava yokais mortos e decapitados em camas, sofás, pedaços de pernas, braços... O cheiro ferroso de sangue inundava suas narinas sensíveis.

Então finalmente percebeu que estava cada vez mais próximo do cheiro. Sesshoumaru parou em frente a um cômodo, parecia uma sala de estar. Na entrada havia sangue, assim como nas outras partes do castelo.

–Sesshoumaru?!

O yokai olhou na direção da voz: Sua mãe estava de pé, sem um arranhão no corpo. Em seu rosto estava estampada uma expressão de terror.

–Todos estão mortos, não é?! Ele os matou! Eu sabia! E tudo por sua causa!

Gritava ela feito louca enquanto puxava os próprios cabelos prateados, na esperança de arranca-los por causa da raiva. Os olhos estavam esbugalhados, e por um estante Sesshoumaru mal a reconheceu.

–Não sei do que está falando – Disse Sesshoumaru – Não foi você que matou todos? Quem é “ele” ? O que tenho a ver com isso?

Ele tinha muitas dúvidas. Queria respostas. Pensou em Rin e nos outros. Se por acaso o inu yokai retornasse e resolvese atacá-los novamente?

–Oooh, meu filho, pensei que você pelo menos tivesse um pouco de consideração pela sua mãe! Por favor, leve-me ao meu trono, só então poderei contar-lhe tudo o que houve por aqui.

Antes que Sesshoumaru respondesse, ela correu na direção dele e fez menção de cair. Institivamente Sesshoumaru a sustentou com um braço.

–Sua mãe está em choque ,será que você ainda não entendeu? Leve-me até o meu trono!

Sesshoumaru sabia que não valia a pena discutir com ela. Colocou a mãe no colo e a levou até a entrada do castelo, onde ficava seu trono no topo de uma escadaria. Na entrada do castelo estavam Arurun, com Rin, Jaken e Kumi em cima. Eles estavam a salvo.

–Sesshoumaru-sama! – Gritou Rin que já havia pulado de Arurun com um sorriso no rosto – Sabia que o senhor ia voltar!

Kumi e Jaken pularam atrás de Rin. A mãe do yokai olhou para o grupo esquisito com desdém.

–Vejo que o seus “companheiros” estão ficando cada vez mais estranhos! – E olhou para Rin – Não me diga que essa é a humana que você quase se sacrificou para salvar no Inferno?

–É um prazer revê-la, senhora.

Disse Rin com uma pequena reverência. Sempre educada.

Kumi e Jaken continuaram calados, eles sabiam que se falassem algo indevido provavelmente seriam penalizados.

–Diga-me logo. Explique-me toda essa história...

Disse Sesshoumaru impaciente.

–Acalme-se... – Disse a mãe sentando-se calmamente em seu trono – Talvez você não saiba, mas seu pai, o grande InuYokai, tinha um irmão.

Silêncio total. Ela continuou.

–Digamos que ele tem um certo interesse por você, Sesshoumaru... Quer dizer, pela sua espada – Apontou para a Tenseiga- Essa espada que só funciona com coisas do outro mundo. Porém, ele é um yokai muito velho e seu olfato está prejudicado. Ele não conseguia sentir seu cheiro e...

–... Foi até você para procurar por mim?

Concluiu Sesshoumaru.

–Exatamente! – Disse ela- Só que eu não disse onde você estava, porque eu também não sabia! Você sempre vive viajando, meu filho...

–Então – Kumi falou pela primeira vez – Isso explica a fúria do yokai. Foi ele que fez esse massacre, certo? Deve viver sempre furioso... por isso vive atacando yokais por aí.

A mãe de Sesshoumaru parecia meio surpresa com a inteligência da kitsune.

–Isso. Ele não me matou porque eu ainda poderia ser útil para ele.

Rin parecia meio assustada. Jaken deu um passo a frente.

–Mas o que ele quer com a espada?

–Ele não sabe porque o pai de Sesshoumaru e InuYasha deu a Tenseiga para seu filho mais velho e a Tessaiga para o mais novo, e simplesmente não deu nada a ele.

Respondeu ela naturalmente.

–Ele é só um ciumento! Mas o Sesshoumaru-sama vai dar um jeito nesse yokai facilmente com a Bakusaiga!

Disse Rin energética.

–HAHAHAHA! Acho muito difícil humanazinha. A espada pode até causar danos, mas não será tão efetiva assim. Ele é mais forte do que você pensa.

Sesshoumaru respirou fundo e virou-se de costas.

–Vamos. Temos que partir.

Ele começou a andar na direção da porta. Rin o seguiu.

–Aonde você pensa que vai?

Gritou sua mãe.

–Vou procurar por ele. A senhora fique aqui, e se ele retornar diga que eu parti em viagem.

Jaken e Kumi seguiram os dois que iam na frente. A yokai com cabelos prateados não disse nada, enquanto o quarteto saia de seu palácio.

–Sesshoumaru-sama, o que pretende fazer?

Perguntou Jaken que já estava no ombro de Rin.

–Eu simplesmente esperarei que ele nos encontre. Ficaremos na região... Ele não deve demorar para nos localizar.

–Sesshoumaru-sama, repito: – Disse Kumi – Eu lutarei ao seu lado contra ele!

Sesshoumaru não respondeu nada e começou a flutuar.

Arurun o seguiu.

–Rin-chan, porque está tão calada?

Perguntou Kumi.

–Não é nada... só espero que o Sesshoumaru-sama não se machuque... Esse yokai idiota só quer saber da Tenseiga... Talvez nem se importe em ferir o sobrinho.

–E olhe que a Tenseiga é praticamente inútil!

Berrou Jaken.

–Mas Jaken-sama... – Disse Rin – A Tenseiga pode salvar vidas. Talvez ele queira usar a espada para o bem.

Pela primeira vez Sesshoumaru olhou para trás. Seus olhos dourados fitaram os olhos castanhos de Rin, que sentiu um calor em seu corpo.

–Rin, fico feliz em saber que pelo menos alguém aqui pensa como eu.

E voltou a olhar para frente.

Jaken parecia estupefato. Isso nao era do feitio de seu mestre.

Kumi cochichou nos ouvidos de Rin “Eu acho que o Sesshoumaru sente algo por você, assim como você sente algo por ele!”

–Pare de falar essas coisas Kumi-chan!

Disse Rin no meio de risadas. Jaken olhou curioso para as duas garotas mas logo desistiu de descobrir os cochichos. Eles não faziam ideia pra onde iam agora. Dependia de Sesshoumaru, claro.

Continua...