Parei com os amassos e mandei ele sentar no sofá. Ele sentou e me olhou preocupado.

– Jake, a gente precisa conversar.

– Pode falar.

– Eu, eu... – Não conseguia terminar a frase. Só olhei para minha barriga tentando arranjar um jeito de contar, mas ele foi rápido e entendeu tudo antes que eu contasse.

– Manoela, você está... está grávida?

Comecei a chorar. Toda vez que ouvia essa palavra meu mundo parecia desabar. Eu sabia que tinha um bebê na minha barriga, mas falar assim, que estou grávida, vou ser mãe e coisas parecidas acabava comigo.

– Jake, me desculpa. Desculpa por deixar acontecer, por esconder isso tudo, mas não tinha jeito. Me desculpa. – Desembestei a falar e não pararia se ele não me interrompesse se levantando.

– Calma, Manoela.

– Eu até pensei em aborto, mas não seria justo fazer isso sem o seu consentimento. O filho é seu também. Aí eu resolvi esperar e acabei me apaixonando por essa criança que por um momento eu odiei.

– Manoela, espera. Eu nunca deixaria você abortar, você sabe disso. Não é certo. A gente fez merda, agora tem que arcar com as consequencias, ué. – Parou por um minuto sentando no sofá. Em seguida se levantou muito bravo gritando: - VOCÊ TÁ GRÁVIDA, CACETE. SABE O QUANTO ISSO VAI FUDER A MINHA VIDA? MINHA CARREIRA? JÁ ATÉ VEJO AS REPORTAGENS: JAKE PITTS ENGRAVIDA GAROTA MENOR DE IDADE.

– Jake eu... Não fica assim.

– MANOELA, ME DÁ UM TEMPO VAI. VOCÊ CHEGA AQUI GRÁVIDA E QUER QUE EU FIQUE COMO? VOCÊ APARECE NA MINHA CASA COM UM FILHO. UM FILHO. VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO?

– CLARO QUE...

– NÃO, VOCÊ NÃO TEM. E EU FUI OTÁRIO DE DORMIR COM VOCÊ. E VÁRIAS VEZES. COMO SOU BURRO, VOCÊ TEM 17 ANOS, 17 MANOELA. – Ele passava as mãos no rosto. - E A MERDA QUE EU FIZ. ALÉM DE VOCÊ ME ARRANJAR UM FILHO AINDA CORRO RISCO DE IR PRA CADEIA POR ABUSO DE MENORES.

– ENTÃO A CULPA É MINHA? FALA, JAKE. OLHA NO MEU OLHO E FALA QUE A CULPA É MINHA. – Gritei. – QUE TODOS OS SEUS PROBLEMAS SÃO POR MINHA CAUSA. FALA. – Cuspi a última palavra como se estivesse o desafiando.

– Amanhã eu volto pra gente conversar. – Ele falou bem baixo, virou de costas e foi embora. Simples assim.

Antes que saísse pela porta, completei baixinho:

– Tenho 18 anos, idiota.

Fui para o meu quarto destruída. Completamente acabada. Quando as lágrimas pareciam cessar, eu ouvia a voz de Jake “VOCÊ APARECE NA MINHA CASA COM UM FILHO. VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO?” e começava a chorar descontroladamente.

Liguei para Sammi que até ofereceu para vir em casa, mas eu não queria atrapalhar então falei que ligava para ela depois da conversa. Ficamos no telefone por um tempão e ela conseguiu dar uma pequena, e quase insignificante, animada em mim.

Pelo menos ele não disse que a culpa era minha. Não era, e ele sabia muito bem disso.

Dormi largada na cama, com um pote de sorvete de morango e outro de caramelo. Mesmo com o frio forte, a vontade de comer algo gelado superava todas as barreiras. Fiquei tomando os sorvetes com doritos e vendo filmes até dormir.

Pov Jake

Merda. Isso. Só isso que eu faço. Eu dei um fora na Elizabeth, agora descobri que a Manu tá grávida e eu to muito ferrado.

O que a imprensa vai falar de mim? Todos vão me querer em uma forca. Eu vou ter que assumir essa criança, sustentar, casar e talvez acabar passando alguns meses na cadeia por engravidar uma menina menor de idade.

Eu não estava preparado pra tudo isso.

Eu amava a Manu, mas uma família? Essa ideia não me agradava nem um pouco. Imaginei como seria a minha vida com filhos. Nada de baladas, nem de bebidas, tournées longas, e nada de privacidade pra cagar sem ninguém pra encher o saco.

Mas eu devia isso a ela. Ela tá grávida, eu não posso deixar ela se fuder sozinha, quer dizer, eu a amo, e por isso vou aprender a amar aquela criança também. Metade disso era culpa minha, apesar de a outra metade ser dela. Eu sempre esquecia da camisinha, mas que merda.

Passei a noite quase inteira sem dormir revirando de um lado para o outro.

Na manhã seguinte, Elizabeth me ligou para ir com ela tomar café da manhã em uma lanchonete.

Fui com ela e discutimos porque ela reclamou que eu não prestava atenção em nada do que ela falava.

Ainda na porta do lugar, liguei para Ash para pedir ajuda. Me programei para ir na casa da Manu logo em seguida mas a Elizabeth apareceu lá pedindo desculpas e acabamos indo para sua casa.

Chegando lá ela me beijou duas vezes e ainda tentou me levar para a cama depois. Mas eu não consegui, eu só pensava na Manu. Pensava em como ela devia estar sofrendo sem niguém. Ela fugiu pra vir pra cá, então ela perdeu a família, não queria que ninguém soubesse da gravidez por enquanto, então nada dos amigos, e por fim eu, a pessoa que ela deveria considerar seu porto seguro, e olha o que fiz com ela.

Pov Manu

Acordei no dia seguinte e quase morri de susto com o que vi no espelho. Meus olhos estavam mais inchados do que nunca. Meu cabelo, completamente desgrenhado. Minha roupa, imunda de sorvete.

Tomei um banho demorado. Lavei o cabelo, penteei, sequei. Pus uma roupa confortável, fiz uma maquagem básica e resolvi sair para dar um volta.

Estava andando a caminho do parque quando uma pessoa vestida de preto me chamou a atenção. No começo pensei que você o Jinxx graças ao cabelo, mas logo reparei que aquele era o Jake. E quem estava junto com ele? A ex, Elizabeth.

Ele estava sentado de frente pra ela, e seu olhar era vago, parecia estar com a cabeça longe. Já Elizabeth pegou a mão dele, e começou a falar. Eu não entendia o que, mas ela falava sem parar. O que me irritava era ver seus dedos entelaçados.

O que eu estou fazendo? Eu estou esperando um filho de um cara, que provavelmente me odeia nesse momento, e que está de mãos dadas com a ex namorada loira e peituda em uma lanchonete.

Ele pareceu sentir minha presença. Começou a olhar para os lados como se procurasse por alguém. Ele sentia que eu estava lá. Enquanto isso eu o observava pelo lado de fora da janela, com a maior vontade possível de ir lá e lhe dar um beijo, e falar que tudo ia ficar bem.

Nesse momento percebi que Elizabeth perguntou alguma coisa ficando irritada, e vi Jake respondendo com impaciência. Ela parecia muito brava, e ele idem. Ela então se levantou, e apesar de irritada tentou beijá-lo, e foi então que um fio de esperança surgiu dentro de mim. Ele virou o rosto. Apesar da Elizabeth tentar, ele não ia se entregar a ela, não mesmo.

Pus meus óculos escuros e meu gorro rosa. O frio em Los Angeles estava bom. Nem frio demais nem quente demais. Ela passou por mim sem me reconhecer e pude notar a raiva em seu rosto. Ela sentia ódio de mim. Só não entendo porque, talvez ela tentasse me fazer sofrer o que ela sofreu, simplesmente por eu estar com o Jake.

Fiquei ali, mas sem conseguir olhar para dentro da lanchonete. Fiquei parada enconstrada na parede olhando para o chão. Percebi os passos do Jake saindo de lá. Ele foi para o outro lado da porta, pegou o celular e ligou pra alguém.

– Então, mano, a Manu tá grávida, cara. O que eu faço? – Pausa. – Sim, é certeza. E eu briguei com ela ainda por cima. Mas pensa só a merda que vai ser pra mim. Eu vo ter que casar com ela, cara. – Pausa de novo. – Sim, eu gosto ela, você sabe isso melhor que ninguém, mas eu to fudido. Eu vo ter um filho, cara, um filho. – A pessoa do outro lado pareceu acalmá-lo. – E a merda é que eu briguei com ela, e a Elizabeth percebeu e tá dando em cima de mim. E ela tava com uma regata hoje, e eu to necessitado, cara. E a Manu não olha na minha cara e eu... – A pessoa o interrompeu. – Eu vo lá na casa dela então. É, saindo daqui vou direto pra lá. Eu tenho que pedir desculpas...

Assim que ouvi isso fui embora. Se ele fosse para a minha casa eu tinha que esperar por ele.

Merda, nem deu pra ir no parque.