- E aí, o que você vai fazer agora?

Me aconcheguei no seu abraço e olhei em seus olhos:

- Sei lá Jake, você é minha esperança.

Dois dias se passaram e eu ainda pensava em como contar para meus pais tudo o que aconteceu com a faculdade. Mas para isso, pensei em ir ao Brasil.

Marquei reunião em casa terça.

Sandra chegou antes de todos. Liguei para Jake, agora meu namorado, e pedi que comprasse bebidas e muita comida para convencer a todos da minha loucura.

Fiquei conversando com Sandra e Sammi, chamei as meninas mais cedo, e contei meu plano. Elas amaram, e ao contrário de mim, acharam que eu não teria trabalho nenhum para convencê-los de participar das coisas que eu pensava.

Algumas horas depois todos já estavam acomodados na minha pequena sala, a maioria no chão por falta de lugar, e quando ficaram quietos (leia-se: quando Jake parou de me estorvar) comecei a contar meu plano:

- Você sabem que eu to com um problema profissional na minha carreira. Eu preciso falar isso para os meus pais mas não quero chegar lá simplesmente contando que fui expulsa da faculdade por faltar. Então eu quero perguntar se alguém tem alguma ideia de alguma desculpa para eu dar por eu ter faltado tanto tempo.

- Fala que tava doente. – Jinxx, claro. Ele e seus concelhos.

- Mas eu preciso de uma profissão. Teoricamente eu teria que estar fazendo alguma coisa pra faltar tanto tempo na aula. Senão eles podem me obrigar a voltar para o Brasil. – No mesmo momento Jake se prontificou a arranjar um jeito e Ashley também, sendo seguindo por Andy e CC.

Pensaram por um tempo e pela primeira vez Jinxx disse algo utilizável:

- Ela cantou super bem naquela lanchonete. A gente podia tentar arranjar uma banda que precisa de vocalista la na gravadora. – Nem combinamos e logo já estávamos todos caminhando em direção à gravadora, que era muito perto de casa.

Falaram, falaram, falaram. E eu só na ansiedade. Entrei em uma sala e pediram que eu fizesse alguns testes, com pedaços de músicas e alguns exercícios para aquecer a voz.

Assim que terminei o moço da gravadora, George, me falou que tinha ido super bem e que em uma semana ele entrava em contato comigo para saber se alguma banda se interessava.

Voltamos andando para casa, já que eu chamei todos para uma festa do pijama. Sim, isso era brega, mas era legal.

Ao chegar lá, pedi que ficassem na sala antes de utilizar meu quarto de hóspedes, indireta para Jinxx e Sammi.

Comecei com jeitinho e contei minhas intenções:

- Pra continuar a conversa de hoje cedo, bom, vocês sabem que a minha família ta toda no Brasil e eu queria mesmo poder ver eles, mas acho que como meus melhores amigos, vocês talvez quisessem conhecer minha pequena cidade no interior de Minas Gerais. Então, eu pretendo ir para o Brasil daqui a duas semanas para poder esperar a resposta da gravadora e caso a resposta seja negativa, eu possa arranjar outra coisa, ou conhecer minha nova banda, sei lá. Enfim, daqui duas semanas estou indo pro Brasil ficar duas semanas e quem quiser ir comigo, eu deixo comer brigadeiro hoje. – Falei rindo e todos começaram a gritar histéricos.

- Então a gente vai conhecer o Brasil? La tem tem bastante Brigalejo? – Falou com a boca cheia de brigadeiro meia hora depois da conversa citada ali em cima.

- Sim e vocês vão e que porra de preconceito vocês tem contra a palavra brigadeiro?

Conversamos animadamente por horas, enquanto eu explicava como era minha pacata cidade do interior. Pequena, com poucas pessoas amigáveis, sem praias, com muitas fazendas e cachoeiras.

- E para você, CC, que ama tomar leite, - falei apontando para a caneca de leite com nescau que ele tinha em uma mão enquanto a outra mão segurava uma colher com brigadeiro. – Lá vai poder tomar leite quentinho direto da vaca pra caneca. – Parecia uma criança de tão animado que ficou. Saiu correndo e acordou a Sandra que estava com dor de cabeça só pra contar que ia tomar leita que vinha direto da vaca. Logo voltou com uma marca vermelha no braço, acho que a Sandra não gostou da visita.

Mais tarde fomos para a sala ver filme, Tiramos os colchões das camas, pusemos no chão e deitamos. Ficamos assistindo Conan – O bárbaro, adoro filmes de guerra, até pegarmos todos no sono e dormirmos ali na sala mesmo.

Dois dias passaram voando. Fomos ao estúdio de tatuagem de noite, todos juntos, menos a Sandra, e fizemos, cada um em uma parte do corpo, o símbolo da banda, aquela estrela cujo nome eu não sei com os B’s nos lados.

Eu fiz a minha tatuagem na nuca, Sammi no quadril, Jake, Ashley, Andy, CC e Jinxx no braço. Meus pais teriam um ataque quando vissem o que eu fiz. Além disso perfurei a orelha, na parte de cima e pus uma argolinha preta.

Sempre tive pavor de agulhas, então Jake ficou de mão dada comigo enquanto o cara do estúdio fez o furo e pôs o piercing. Quando soltei a mão de Jake, esta estava cheia de marcas de unha e um hematoma. Sorry, Jake.

Não poria nenhum piercing no rosto por enquanto. Já vou chegar na casa dos meus pai com 7 tatuados, imagina se esse pacote viesse com um piercing no meu nariz...