Mesmo rindo do comentário da minha mãe anteriormente sobre “me perder na escola”, resolvi pegar o mapa que estava dentro da minha bolsa. Primeiro, eu teria que ir até a secretaria para me informar sobre o meu quarto e... droga. A secretaria simplesmente não se localizava no mapa. Eu teria que perguntar para alguém onde ficava, e eu odeio isso porque sou muito tímida, tímida ao extremo. Meus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu em mim com força, fazendo com que minhas malas caíssem no chão e me derrubassem juntos por causa do peso. Notei que um garoto com olhos verdes e cabelo cacheado olhava para mim com uma expressão de pena, que logo estendeu a mão para que eu levantasse e disse:

- Meu Deus, me desculpa, por favor. Sou muito distraído e... – ele disse me levantando, mas logo o interrompi.

- Quem deve me desculpar sou eu. Eu que sou distraída. Não se preocupe comigo, eu estou bem.

- Tem certeza? Não precisa de ajuda pra carregar as malas ou algo assim?

- Sim, estou bem, tenho certeza. E não preciso de ajuda para nada, pode ir.

- Ok, então eu vou indo... tchau, até qualquer hora. – ele disse sorrindo e acenando com um pouco de timidez. Logo depois ele virou e continuou andando rumo ao seu destino. Percebi que era burrice, então o chamei:

- Ei! – ele virou e apontou para si mesmo como se perguntasse: “Sou eu quem você está chamando?” Então balancei a cabeça afirmando, logo ele veio até mim novamente.

- Na verdade, você pode me ajudar sim. Onde fica a secretaria? Eu não estaria te incomodando se ela se localizasse no mapa, mas infelizmente ela não aparece aqui, então...

- Imagina, você não está me incomodando nem um pouco. E pode deixar que eu vou até a secretaria com você. Me dá logo uma de suas malas  pra mim te ajudar, isso ai deve estar um peso enorme e... puxa! Menina, você malha ou algo assim? Devem ter uns 15 quilos aqui! – ele disse impressionado, pegando a minha mala mais pesada. “Foi dar uma de cavalheiro porque quis...” pensei.

- Praticava alguns esportes, mas acho que isso não influencia. – disse em meio aos risos. Começamos a caminhar rumo á secretaria, e enquanto caminhávamos, respirei fundo, deixei a timidez de lado, e resolvi agradecê-lo por estar sendo tão gentil comigo.

- Olha, obrigada por estar me ajudando, de verdade. – sorri timidamente.

- Isso não é nada... imagine que é apenas uma retribuição por ter te derrubado mais cedo. – rimos juntos. – Meu nome é Harry, e você é a...?

- Isabella. – completei.

-Olha, acho que chegamos. Me permite entrar com você?

- É sério, não precisa... você já fez demais por mim.

- Por favor? – seus olhos brilhavam. Ok, eu não iria resistir á ele de jeito nenhum, nem que eu quisesse...

- Está bem. – ele sorriu.

     Entramos numa sala muito bem climatizada, e logo á nossa frente, estava uma mulher com cabelos escuros, e um sorriso largo e branco. Percebi que era a diretora. Ela aparentava ser jovem, mas logo deduzi que tinha pouco mais que quarenta anos. Aproximei-me um pouco dela, e falei:

- Bom dia, sou novata aqui e preciso saber onde fica o meu quarto... você pode me ajudar? – abri um sorriso fraco.

- Claro! Nome e sobrenome, por favor?

- Isabella Colombo.

- Hum... – ela procurava com expressão pensativa. Ela digitava como se estivesse “catando milho” pelo teclado, logo vi que Harry soltava leves risadas. Não pude deixar de soltar algumas também.

- Aqui está a sua chave, o número do quarto é 301. Sua companheira de quarto ainda não chegou, mas você já deve saber as regras, não é?

- Infelizmente, não. – falei pegando a chave.

- Sem música após as 20:00, alguns aqui dormem cedo. Manter o quarto limpo, e arrumado, vocês devem dar exemplo. E nada de meninos nos alojamentos depois das 22:00, você já deve saber o porque dessa regra... – eu e Harry rimos. – Bons estudos. – ela finalizou sorrindo.

     Harry me levou até o alojamento feminino, e me deixou na porta do meu quarto. Ele me deixou também o seu número de telefone, caso eu precisasse de algo, e em seguida foi embora. Tomei um banho, arrumei minhas roupas no armário e me deitei em uma das duas camas com meu ipod, deixando que eu adormecesse enquanto escutava músicas aleatórias. Estava ansiosa para conhecer minha colega de quarto, e até para a primeira aula. Sentia que a Arts High School iria me surpreender.