23 de janeiro de 2012

Exatamente daqui a uma semana, chegará a tão odiada “volta ás aulas”. Esse ano decidi mudar um pouco minha vida, e pedi aos meus pais para estudar num internato. Por mais incrível que pareça, eles aceitaram... Bem, esse internato é apenas voltado para a música e teatro, o que é legal, já que é o meu sonho e tal, mas eu não sou muito “apoiada” por minha mãe. Meu pai diz que seja qual for minha decisão, ele me apoiará, mas minha mãe, fala que é idiotice, que eu vou ter que ralar muito pra ser bem sucedida. Mas o que ela não entende, é que eu estou sim disposta a ralar muito, suar bastante e dar o meu melhor pra realizar meu sonho. Afinal, teria graça uma vida sem sonhos? Enfim, a Arts High School é a escola perfeita pra mim, e eu não desistiria dela nem tão fácil e...

Fui interrompida por minha mãe, que batia na porta do meu quarto loucamente com força e dizia:

– Isabella, acorda! São 8:00 da manhã e você tem que começar a se acostumar a acordar cedo de novo por conta da escola! Não quero levar reclamações da diretora, dizendo que minha filha é irresponsável. – argh, odeio quando ela me acorda já falando que “tenho que me acordar cedo pra me acostumar com a escola”. Ela sempre tem que fazer isso quando as aulas estão prestes a voltar. Eu sei o que faço, e é claro que eu iria acordar cedo no internato, afinal eu já amo aquela escola antes mesmo de conhecê-la. Enfim, pra não deixá-la irritada, respondi do jeito mais calmo possível:

– Ok mãe, já vou me levantar. O café já ta pronto? – perguntei com a maior calma do mundo, e ela me respondeu aos gritos:

– MAS É CLARO QUE ESTÁ. O QUE VOCÊ ACHA QUE SOU? UMA VAGABUNDA QUE NEM AO MENOS CUIDA DA FAMÍLIA? PELO MENOS EU ME IMPORTO COM VOCÊ, SUA IRMÃ E SEU PAI. AGORA VEM LOGO, ANTES QUE EU ARROMBE A PORTA DO SEU QUARTO. – escutei seus passos ficando cada vez mais longe, até que finalmente levantei.

Minha mãe estava absolutamente estressada, e como a conheço muito bem, fiz minhas higienes e fui ao seu encontro rapidamente. Eu odiava brigar com qualquer um, principalmente com ela, que tanto amo. Mas esse é só mais um dia normal pra mim, afinal, todos os dias ela chega da faculdade quase engolindo todos que vê pela frente, e eu evito ao máximo que ela brigue comigo. Sim, minha mãe faz faculdade, ela cursa Engenharia de Produção. Ela não teve a oportunidade quando jovem, então... resolveu tentar agora. Ela fica das segundas ás quartas das 8:00 até as 17:00 na faculdade, e nas quintas e sextas das 8:00 até as 14:00. Se você pensa que ela tem tempo livre de sobra, está enganado. Sempre que ela chega, começa a estudar que nem louca. Nem nos fins de semana tira descanso. E é por isso que me inspiro nela, vejo o quanto ela realmente quer isso, e o quanto é guerreira. Eu amo minha mãe. Enfim, cheguei na cozinha, e vi minha irmã mais nova, que veio correndo até mim:

– Bom dia, Isa! – ela disse com um sorriso cheio de “janelinhas” de dentes que caíram recentemente, e me abraçou.

– Bom dia, Nicole – retribui o abraço e sorriso. Bom, ela tem apenas 6 anos e é muito carinhosa, e eu amo isso. Porque sempre que estou “pra baixo”, ela vem com um sorriso super sincero, e me abraça com força, é como se ela adivinhasse. Finalmente sentei-me á mesa, e tomei meu café da manhã. Depois passei o resto do dia ajudando minha mãe a arrumar a casa e no final do dia, tomei um banho quente, que junto com o meu cansaço, fez com que eu dormisse rapidamente.

[...]

30 de janeiro de 2012

O tempo passa rápido, muito rápido... Há uma semana atrás eu estava super ansiosa para que as aulas começassem, e de repente tudo isso passou muito rápido, felizmente. O primeiro dia na Arts High School (AHS) é apenas para conhecer a escola, novos amigos, então não tinha hora certa para se chegar. Mas como gosto de ser pontual, as 7:00 acordei todos em casa, pra chegar na nova escola no máximo as 8:10, e eu obtive sucesso, eu acho. São 7:45 agora, e eu estou no carro, a caminho da AHS, com borboletas no estômago e nervosa ao mesmo tempo. Espero que tudo dê certo... Acho que estamos chegando, ou melhor, acho que chegamos na escola porque nesse momento, estou reconhecendo as imagens que tanto pesquisei para escolher a escola perfeita. Acho melhor eu ir,porque meu pai parou o carro, e é melhor eu descer. Beijos, até a minha próxima novidade ou problema.

Saí do carro, respirei fundo e fui pegar minhas malas. Mas meu pai com toda generosidade, as pegou para mim antes, e me entregou sorrindo. Aquele momento seria talvez o mais triste da minha vida, seguido pelo melhor. Eu teria que me despedir da minha família, teria que aprender a conviver sem eles durante seis meses, até que as férias finalmente chegassem. Mas fui eu quem escolhi isso, não posso me arrepender de modo algum... mas naquele momento, era impossível conter as emoções.

– Filha, eu te amo muito, e desculpa pelo meu estresse semana passada, ok? Ás vezes me estresso por nada, e acabo descontando nas minhas filhas lindas.

– Ás vezes, mãe? – falei num tom de brincadeira e rimos juntos, mas logo o momento meloso voltou novamente.

– Me desculpa, está bem? Eu te amo e eu nunca quis magoá-la. Se cuida. – ao terminar a última palavra, ela não se conteve e começou a chorar e em seguida me abraçou com muita força. Ah, como eu amo isso...

– Filha, você sabe que você é muito especial pra mim, e eu te amo demais da conta. E se eu continuar, vou passar o dia aqui te elogiando porque você sabe o quanto seu pai é meloso, não é? – rimos juntos – Eu te amo, e por favor, se arranjar algum namorado, já sabe não é? Me conte antes de todos para que eu possa aprovar, se ele for um cara legal, mas se não... entendeu, não é?

– Pai mas eu não vou arranjar namorado, e...

– Ah, me abraça logo! – ele falou, e em seguida me abraçou. Infelizmente, a Nicole estava dormindo no carro, então dei um beijo em sua bochecha, e a abracei mesmo assim.

– Mãe, pai, avisem por favor pra Nicole que eu amo muito ela e que vou sentir sua falta?

– Claro filha, agora nós temos que ir... – meu pai disse.

– E tem um mapa de toda a escola dentro da sua mochila, cuidado para não se perder!

– Mas mãe...

– Só to brincando, filha. – rimos juntas.

– Podem ir, posso cuidar de mim mesma. – eles sorriram, e entraram no carro. Pude ver uma lágrima no canto do olho dos dois, e deixei que uma escorresse pelo meu rosto também.

O carro dos meus pais estava indo embora, e estivesse eu pronta ou não, deveria me preparar, porque agora não teria mais volta.