Através Das Cinzas escrita por F Coulomb


Capítulo 3
Após a seleção




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Quando o último aluno, Connor Wright, foi para Gryffindor, a professora McGonagall deu início ao banquete de abertura.

- Cara, um Potter em Slytherin! Como um garoto chamado Albus Potter pode não ser Gryffindor? – Disse um garoto do segundo ano, olhando para ele.

Scorpius deu uma risadinha quando Albus corou. Mas outro garoto do primeiro ano, cujo nome o menino não conseguia se lembrar, não achou o comentário engraçado.

- Deve ter havido um erro. O Chapéu deve estar ficando caduco, enviar um Potter para cá! E, mais, eu soube que a mãe dele é uma Weasley! Um garoto que é Potter e Weasley em Slytherin tem que ser um erro.

- Seja razoável, William. Quando na história o Chapéu Seletor errou? – Disse um garoto moreno que se sentara ao lado do menino chamado William.

- É verdade! Vamos ser razoáveis! – Disse o menino do segundo ano que falara antes, - o garoto foi selecionado para Slytherin, e não demorou nem um minuto. O Chapéu não erra.

- Será que alguém pode me explicar qual o problema do Albus estar em Slytherin? – Perguntou Kyle.

Se não conhecia aquela história, o garoto provavelmente era um nascido-trouxa. Isso espantou Albus, pois o menino acreditava que só havia mestiços e puros-sangue em Slytherin. Mas foi o único, porque os demais deram de ombros.

- Há uma rivalidade entre as casas Gryffindor e Slytherin. E Harry Potter, o pai do Albus, não é muito amado aqui. Quero dizer, o cara é um herói, derrotou o maior bruxo das trevas que o mundo já conheceu quando tinha só dezessete anos. Mas, quando estudou aqui, ele e os amigos dele eram a razão pela qual Slytherin nunca ganhava a taça das casas.

- Ele é um herói, e vocês ficam ressentidos só porque ele fez a nossa casa perder a taça das casas?

- A maior parte de nós acha isso tão infantil quanto você, garoto, - disse um rapaz do quinto ano, - mas alguns continuam a ter essa atitude. Potter, se algum aluno de Slytherin te intimidar, pode vir falar comigo. Meu nome é Theodore Shaw, sou monitor.

Albus assentiu, tímido. Olhou para a mesa da Gryffindor novamente e percebeu que seu irmão o olhava com tristeza.

- A tudo há seu tempo, - disse Scorpius, olhando na mesma direção que o amigo, - porque não come um pouco? A comida está deliciosa!

Albus assentiu e começou a se servir, ainda que não estivesse sentindo qualquer vontade de comer. Queria mesmo era procurar o irmão para conversar com ele e mandar uma carta ao seu pai.

- Um dia, vocês vão ter que me contar sobre essa tal guerra. Eu soube, no trem, que a última batalha aconteceu aqui, em Hogwarts, - disse Kyle.

Alguns alunos riram baixinho, nenhum pareceu ansioso para contar aquela história. A maior parte daqueles alunos havia sofrido de alguma forma as conseqüências da guerra. Sentindo que era parte de sua obrigação informar ao novato, Theodore Shaw pousou o garfo e começou a contar.

- A grande guerra bruxa aconteceu porque um poderoso bruxo das trevas chamado Voldemort começou a reunir seguidores que desprezavam os trouxas e os bruxos nascidos trouxa; eles desejavam a supremacia dos bruxos. A maior parte do nosso povo foi contra, mas não havia muitos que tinham poder para lutar contra ele, - disse Theodore Shaw, o monitor. – Mas é uma história muito longa, não poderíamos contar em apenas uma noite.

Albus se voltou para a comida, sentindo que tinha mais vontade de forçá-la para dentro do que as palavras para fora. O que seus avós pensariam a respeito disso? Certamente não aprovariam. E Hugo também o preocupava, a possibilidade de seu melhor amigo rejeitá-lo apavorava o menino.

Scorpius e Kyle começaram a interrogar Theodore, o monitor, a respeito das matérias. Desde a guerra contra Voldemort, a matéria de Estudo de Trouxas fora incluída entre as obrigatórias para o primeiro ano: uma tentativa de fazer com que a comunidade mágica compreendesse melhor o mundo dos trouxas.

Kyle, que realmente nascera trouxa, parecia muito curioso a respeito da forma como os bruxos entendiam os trouxas. Scorpius, por outro lado, parecia mais ansioso para as aulas de Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas, mas escutava o que o veterano falava sobre a outra matéria.

- Meu pai disse que o professor de Estudo dos Trouxas foi da mesma série que ele em Hogwarts, mas da Hufflepuff, - disse Scorpius. – Ele disse que, quando a Câmara Secreta foi reaberta, no segundo ano dele, o professor Finch-Fletchley foi um dos alunos atacados.

Enquanto escutava a conversa dos colegas, os doces surgiram no lugar do jantar. Albus comia como uma desculpa para não ter que conversar com os colegas, mas, em determinado momento, começou a perceber que estava apreciando os pratos que provava.

Quando, finalmente, todos haviam comido o bastante, o que sobrara das sobremesas desapareceu e a professora McGonagall, diretora da escola, ergueu-se para saudar os alunos.

- Bem vindos! Agora que estamos todos bem alimentados, tenho dois anúncios a fazer. Primeiramente, cabe lembrar que a Floresta que se encontra nos terrenos da escola é proibida para qualquer aluno. Os testes para os times de quadribol das Casas serão marcados pelos capitães, os interessados fiquem atentos aos quadros de avisos. Agora, vão se deitar, amanhã será um longo dia. Boa noite!

Os alunos arrastaram as cadeiras e começaram a sair. Theodore pediu aos garotos do primeiro ano para acompanharem-no, mas um homem de alto de cabelos loiros os alcançou antes que tivessem a oportunidade de deixar o Salão.

- Shaw, espere. - Disse o homem, - a professora McGonagall gostaria que o senhor Potter fosse conversar com ela.

Receoso, Albus deu um passo à frente para encarar o homem. O garoto percebeu que Scorpius também estava nervoso.

- Sr. Potter, eu sou o prof. Singh, diretor da casa Slytherin. Acompanhe-me, sim?

O garoto teve certa dificuldade de seguir o professor através da aglomeração de alunos que se encontravam nas escadas a caminho das salas comunais.

Será que ele fizera algo errado? Ou seria apenas porque era errado um Potter ir para Slytherin? O prof. Singh o guiou através dos corredores, por vezes, o olhava com simpatia.

- Não precisa fazer essa cara, Potter, a diretora só quer conversar com você.

Albus assentiu, percebendo que era incapaz de falar qualquer coisa. Assim, eles continuaram andando até alcançar uma gárgula de pedra.

- Pomo de Ouro, - disse o professor.

A gárgula se moveu e Albus se encontrou diante de uma enorme escada circular. Acompanhando o prof. Singh, o garoto as subiu e parou diante de uma porta de madeira, na qual o professor bateu duas vezes antes de entrar.

A primeira coisa que o menino reparou quando entrou na sala da diretora era que havia centenas de quadros nas paredes. Ele percebeu que a sala era circular e cheia de janelas, mas não se demorou muito as observando, pois logo seu olhar se fixou no quadro de um homem de longas barbas prateadas, cujos penetrantes olhos azuis encaravam Albus por cima dos óculos meia-lua: era o quadro do seu homônimo, Albus Dumbledore.

- Sr. Potter, queira se sentar, - disse a diretora indicando o assento diante de si.

Trêmulo, Albus a obedeceu, esperando o que viria a seguir. Eles se encararam por quase um minuto antes que a diretora quebrasse o silêncio.

- Há muitos anos não vejo o seu pai e a sua mãe, mas os professores Hagrid e Longbottom falam muito sobre o menino Potter com os olhos verdes de Lily Potter e homônimo de dois diretores de Hogwarts.

A diretora apontou para o quadro de Dumbledore, que lhe deu um sorriso, e logo em seguida para o quadro à direita do primeiro, que guardava a figura de um homem de cabelos pretos e nariz de gancho. Ele lhe lançou um olhar penetrante, como se estivesse tentando enxergar a alma do garoto. Não era a primeira vez que ele via o rosto daquele homem, mas nunca o havia gravado, de forma que não era estranho que Albus não houvesse reconhecido à primeira vista o professor Severus Snape.

- “Podemos esperar grandes feitos desse garoto”, “não é como os irmãos, que sempre se deixam levar pelas emoções”, “um menino inteligente e perspicaz, como o Dumbledore”, “às vezes, ele me faz lembrar o Snape quando chegou a Hogwarts, com aquela aparência confiante”. Foi o que eles me disseram e, depois de ouvir tanto sobre o senhor, não me parecia que seria um Gryffindor como os seus pais e seu irmão. Eu imaginei que fosse para Ravenclaw, a casa dos inteligentes.

Albus corou violentamente diante dos elogios, precisou de um momento até que percebesse que a diretora estava esperando que ele respondesse e mais algum tempo para formular uma resposta adequada.

- O Chapéu cogitou me colocar em Ravenclaw, mas ele disse que não tenho vocação para estudar.

- Entendo. Portanto, aqui estamos com um filho de Harry Potter e Ginny Weasley em Slytherin.

- Não tenho dúvidas que o jovem senhor Potter vai se sair muito bem na casa que o Chapéu escolheu para ele, mas me pergunto porque… - disse o quadro de Dumbledore, olhando Albus com muito atenção.

Albus encarou o quadro por alguns segundos, espantado que ele pudesse lhe fazer uma pergunta. Os quadros bruxos sempre se mexiam, mas nunca vira um que podia conversar com ele e formular uma opinião a respeito de alguma coisa. Hogwarts era mesmo… especial.

 - Ele disse que sou competitivo, astuto e que gosto de me colocar à prova para mostrar que sou o melhor.

- Em resumo, todas as qualidades que Salazar Slytherin apreciava em seus estudantes. Mas você acha que as tem, sr. Potter? - Perguntou Dumbledore.

- Não, eu nunca sou o melhor em nada, James sempre me supera no quadribol e Hugo sempre me derrota no xadrez de bruxo. Eu não entendo, o Chapéu começou dizendo que eu era corajoso e nobre, são qualidades de Gryffindor!

- O Chapéu é um objeto mágico de enorme complexidade, sr. Potter. Quase todos os alunos que chegam em Hogwarts tem qualidades de várias casas. Suspeito que o Chapéu escolha a casa que lhe dá maior possibilidade de alcançar seus objetivos com as qualidades que você possui, um misto do seu potencial com os seus desejos. O senhor compreende?

- Acho que sim. Mesmo assim, meus tios e meus avós vão me detestar por isso. Meu pai diz que ele e minha mãe não se importam, mas o que vão dizer os outros?

- O respeito à diferença é algo muito forte na família Weasley, - disse McGonagall sorrindo, - duvido que vão te rejeitar por você ser Slytherin. Eu lhe chamei aqui porque o senhor parecia perdido durante a cerimônia e achei que uma conversa com Dumbledore poderia animá-lo.

- Obrigado, diretora.

- Slytherin não é a mesma casa de quando seus pais estudaram aqui, Potter. Nunca descobrimos ao certo porque, mas, desde a derrota do Lord das Trevas, o Chapéu vem selecionado estudantes nascidos-trouxa para a casa, o que nos leva a pensar que pouco sabemos a respeito de Salazar Slytherin e dos motivos que levam o Chapéu Seletor a colocar determinado estudante em determinada casa.

Minerva McGonagall parecia surpresa com a declaração de seu antecessor, o que fez Albus imaginar o quanto era comum Severus Snape dar sua opinião a respeito de qualquer coisa.

O menino se limitou a assentir, feliz por seu outro homônimo estar manifestando interesse em confortá-lo.

- Muito bem, o senhor teve um longo dia e precisa descansar para o começo das aulas, - disse a professora McGonagall.

Albus se levantou rapidamente, perguntando-se como chegaria à Sala Comunal sem alguém para guiá-lo. Mas a professora se adiantou para abrir a porta e o professor Singh estava do outro lado, esperando por Albus.

- Boa noite, senhor Potter.

O menino desejou boa noite à professora e lançou um olhar para os quadros de seus homônimos. Albus Dumbledore lhe sorriu e acenou, Severus Snape apenas o olhou em retribuição.

Muito mais tranqüilo do que quando chegara à sala, Albus seguiu o professor por entre os corredores, a caminho de seu novo lar.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo deve demorar algumas semanas. Comentem, por favor, com críticas, sugestões e, se for merecido, elogios xD



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