Através Das Cinzas escrita por F Coulomb
Albus Potter observou seus pais se afastando até desaparecer enquanto o trem onde se encontrava se distanciava da estação King's Cross. Ele sentiu um misto de temor e ansiedade ao perceber que estava, enfim, indo para Hogwarts.
Assim que os pais saíram do seu campo de visão, ele se voltou para um problema imediato: precisava encontrar uma cabine vazia, pois não desejava se sentar na mesma cabine que o irmão e a prima. Albus sabia muito bem que James o atormentaria e Rose provavelmente riria dele. Lentamente, então, Albus começou a procurar uma cabine vazia.
Quando passou pelo irmão, percebeu que Rose não estava com ele. James havia se sentado com seus dois amigos: Christopher Mills e Gawyn Sibley, que Albus conhecia porque o irmão já os havia levado para passar uns dias nas férias de verão na casa deles.
Algumas cabines à frente, ele viu que a prima estava em uma cheia de alunos do primeiro ano. Passou o mais rápido possível, temendo que Rose o visse e chamasse para se juntar a ela e os novos amigos apenas para começar a contar vantagem na frente deles e mostrar que ela era mais corajosa que o filho do Harry Potter.
Assim que alcançou o último vagão, Albus já havia perdido a esperança de conseguir uma cabine só para ele. Então, quando passou pela última do corredor, seus olhos encontraram um par de olhos cinzentos. Ele percebeu que era o garoto loiro que seu tio Ron indicara na estação.
O menino sorriu e fez um sinal para que Albus se sentasse com ele. Dando de ombros, o outro entrou na cabine.
- Você é o filho do Harry Potter, não é? – Perguntou o menino, quando Albus se acomodou no banco diante dele.
Albus desejou não ter entrado ali. Ele amava o pai, mas não desejava ser reconhecido apenas como filho do Harry Potter e assediado por seus fãs. O loiro pareceu perceber o desconforto dele, pois deu de ombros.
- Meu pai e o seu foram do mesmo ano em Hogwarts, já ouvi muitas histórias sobre Harry Potter em casa.
- Nada bom, imagino, - disse Albus, lembrando-se de como seu tio mandara Rose não ficar muito amiga do garoto.
Scorpius riu e deu de ombros novamente.
- De fato, meu pai tem pouco de bom a dizer sobre o seu. A propósito, não me apresentei, eu sou Scorpius Malfoy, mas é um nome muito grande e sério que não combina comigo, então pode me chamar de Cop.
- Eu sou o Albus Potter, mas imagino que saiba disso.
Scorpius riu com gosto.
- Para ser sincero, eu não sabia. Seus pais raramente falam sobre você e seus irmãos para a imprensa. E eu achei que meu nome era forte…
- Às vezes, é terrível. Todos dizem que James e Lily, meus irmãos, herdaram muito dos seus homônimos. Assim como meu primo, Fred. Eles esperam o mesmo de mim, mas como eu poderia estar à altura?
Albus não queria ter dito aquilo para um menino que seu tio dissera não ser uma boa influência. Mas, quando deu por si, percebeu que já havia dito, e que a perspectiva de ser comparado com Albus Dumbledore e Harry Potter o estava incomodando mais do que imaginara.
- Talvez, você seja parecido com o Dumbledore em algum aspecto que você desconheça. Todos chegam a Hogwarts sabendo muito pouco, acho que ele não foi exceção.
- Talvez. Ou posso ser mais parecido com o meu outro homônimo, Severus.
Scorpius olhou para ele por alguns segundos, espantado. Albus se perguntou por que isso, entre todas as outras coisas que ele disse, havia surpreendido o outro. Após um tempo em silêncio, entretanto, Scorpius respondeu ao questionamento mudo de Albus:
- Mas o meu pai me disse que o seu pai odiava Severus Snape.
- Ele odiou durante o período em que foi aluno dele, mas disse que devia a vida ao Snape. Falou que ele foi um homem corajoso e muito valoroso, e que nunca teriam vencido a guerra se Snape não estivesse do lado deles. Apesar disso, ele nunca foi devidamente homenageado, e, por isso, meu pai me deu o nome dele.
- Incrível! Imagino que essa seja uma característica do Harry Potter.
Albus concordou. Não contou ao garoto que seu pai lhe dera o nome de Snape também por causa dos seus olhos verdes. Severus Snape amara a primeira Lily Potter, que possuía olhos iguais aos dele. Ele achava essa razão meio idiota e ficava envergonhado em dizer que tinha os mesmos olhos que tinham feito o seu homônimo se apaixonar perdidamente pela sua avó.
Scorpius sorriu e, percebendo o desconforto do outro, mudou o rumo da conversa:
- Você já pensou na casa em que vai ficar?
Albus sentiu retornar o medo que se apossara dele na estação King's Cross, mas, lembrando-se das palavras do pai, deu de ombros. Scorpius parecia ansioso para falar a respeito, pois não esperou que ele respondesse.
- Meu pai e minha mãe desejam que eu vá para Slytherin, como eles.
- E você? O que quer? – Perguntou Albus, curioso.
- Não sei, mas estou tranqüilo, porque acho que o Chapéu vai escolher melhor que eu mesmo ou os meus pais. Imagino que você queira ir para Gryffindor, como todos da sua família.
Albus suspirou e forçou um pouco a mudança de assunto:
- Na verdade, nem todos da minha família são Gryffindor. Minha prima Victoire é Ravenclaw. Eu gostaria de ir para qualquer casa que não fosse a mesma que a da Rose, minha prima.
- Por quê? Ela é muito chata?
- Não, - disse uma voz arrogante à porta da cabine, que Albus deixara entreaberta quando entrara, - é porque eu sou a mais inteligente, e o Al não quer ficar à minha sombra.
Os dois garotos se voltaram para a garota parada junto à porta. Ela era mais alta que eles e tinha longos cabelos ruivos, um rosto muito sardento e olhos castanhos sob as finas sobrancelhas. A menina exibia um sorriso que mesclava arrogância e deboche, e Scorpius sentiu uma vontade compulsiva de respondê-la, mas Albus foi mais rápido:
- Dê o fora, Rose.
- O que? Toquei em um ponto sensível? – Ela perguntou, o sorriso em seu rosto aumentando a cada palavra.
- Sabe, o Albus pode não ser o mais inteligente, isso eu não sei, mas é o mais educado. Ele parece saber muito bem que as regras da educação exigem que a gente se apresente antes de começar a contar vantagem.
Rose pareceu desconcertada por um segundo, mas logo se recuperou.
- Não pedi a sua opinião, filhote de Comensal. Papai me contou tudo sobre o seu pai! – Disse a garota, parecendo irritada, e depois se voltou para o primo, - pelo menos eu sei que não devo me misturar com esse tipo. Eu sempre disse ao James que você seria a vergonha da família. Ele vai ficar muito desapontado quando irmãozinho dele for visto com um filhote de Comensal da Morte.
Albus exibiu um tom marrom-arroxeado, e Scorpius empalideceu barbaramente. Rose ficou contemplando a cena por alguns segundos, triunfante, e saiu.
Os dois passaram alguns minutos em silêncio, sem conseguir se encarar. Albus foi o primeiro a conseguir erguer os olhos.
- É verdade?
Scorpius pareceu ficar ainda mais pálido, se era possível.
- Achei que você soubesse, - disse o garoto, com a voz rouca, - meu pai cometeu um erro e sabe disso. Ele se arrepende muito de ter se juntado aos Comensais. E, de qualquer forma, eu não sou como ele.
Albus olhou para o chão.
- Eu acredito em você, - disse o garoto com a voz rouca, - mas não sei se minha família vai acreditar.
- Agora você está se parecendo com o Dumbledore, - disse Scorpius sorrindo um pouco nervoso, - se acredita em mim, quer dizer que, como ele, você também não leva em consideração quem é a família das pessoas.
Scorpius percebeu repentinamente que dissera algo que Albus estivera querendo ouvir há muito tempo. Descobrira, sem querer, uma pequena atitude que aproximava ele e seu homônimo.
O moreno finalmente ergueu os olhos para encarar Scorpius. E, com um misto de temor e felicidade, percebeu que gostava do loiro e queria ser amigo dele.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O próximo capítulo em breve.