Cartas escrita por Litera tua


Capítulo 2
Espera que o sol já vem..




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Ela quase não conseguiu dormir, mas foi vencida pelo cansaço.

Cansaço, olha que palavra mais explicativa. Explica tudo.

Só não explica porque que amor, um sentimento de uma palavra tão pequena, faz tamanho estrago dentro dela.Controlar os pensamentos é uma coisa que ela deveria tentar fazer. Mas não consegue.

O medo que ela tem de perder ele, seja pra quem for, quando for, é tão grande que escorre pelos olhos. Ah, mas o problema não é simplesmente perder, o problema é perder o que nunca teve. Ela tem necessidade dele.

Perto, junto, ali na esquina, na casa do lado, não importa. Mas não queria de jeito nenhum ele tão longe.

Distância aperta, que chega a sufocar. Não tem vontade de fazer nada, lê bastante pra tentar entrar em outro mundo  e esquecer um pouco o real, porque ela gostaria que esse real fosse só um sonho.

"Vou aguentar" - ela diz sempre. Mas ele tá sempre visitando seus pensametos, e ela sempre está com saudades. Saudades do que ela não tem, do que ela nunca tocou, de quem ela nunca sentiu o cheiro.

As vezes ela não o quer, porque sabe que ficar junto vai ser difícil, e dentro dela, a partida dói muito mais, e ela sabe disso.

É crime? Não pode? É proibido querer ele? Seja com o cabelo despenteado, com cara de sono, sorriso malicioso...olhar sincero. Ela quer ele, seja como for: bravo, emburrado, feliz, chateado.

Ela o quer, lindo, feio, desarrumado, perfumado.

E se ele for embora? Ah se ele for, ela não vai achar ninguém pra substituí-lo, porque não tem cabimento o tanto que cabe dele dentro dela. 

Ela nunca teve ninguém que ligasse de madrugada pra ela e falasse besteiras, ou não falasse nada. Alguém pra dizer "não desliga". Ela sempre quiz mais uma lasquinha, ouvir ele mais um pouquinho, pra dormir feliz.

Uma vez ela disse pra ele, que a voz dele era combustível pro corpo dela. E não é que era verdade? Ele ficou sem ligar, ela ficou sem comer. Mas não tão dramático assim, como quem quer se matar, e nem parou de vez pra começar a desmaiar nos cantos da casa. Só não sentiu mais vontade, e agora ta tudo bem, porque tem que ficar.

Se ele soubesse como ela gosta das cheganças dele, das mensagens no meio do dia, ele "chegaria" todo dia.                              Ela só quer colo,  e ouvir bobagens gostosas, daquelas que a fazem esquecer a ruindade do mundo.

Ela não sabe se ama certo ou errado, sem jeito, mas ela ama da melhor forma que sabe.

Da mesma forma que ela não sabe se é certo dizer que daria tudo pra ele estar com ela, tudo, tudinho. Mas ela daria.

"Te cuida" - ela diz. Sempre querendo dizer "ei, vem aqui cuidar de mim, que tudo que tá aqui é seu, inclusive eu".

Ela nem tenta o esquecer, nem tenta mesmo, porque sabe que quando ela tiver quase esquecendo, ela vai ouvir alguém dizer a gíria que ele sempre dizia, ou alguém com o mesmo nome, a mesma cidade, e ai a saudade vai apertar mais uma vez.                                                 Ele tem tanto espaço na vida dela, que é ela quem fica sem espaço as vezes, mas o amor é assim, morar um no outro.

O coração tá sempre pedindo "eu preciso dele, pra ontem".

O que ela quer não custa nada, não é cobrado frete e nem taxa de entrega, o que ela quer é só transformar o "ela e ele" em "eles".

Mas por fim, ela não se preocupa que o tempo passe, afinal, sempre foi ele, e tem sido ele, e vai continuar sendo ele.


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