POV Sara

A notícia de que Lily não poderia mais jogar quadribol nos abalou, aquele era o sonho dela, era o que ela fazia de melhor. Ela não era só boa, ela amava mesmo o quadribol desde que a conheci em nosso primeiro ano, ela já tinha certeza que queria ser uma jogadora profissional. Enquanto muitos de nós nem pensávamos em uma carreira, ela já tinha uma programada, sabia exatamente o que precisava fazer, traçou seus objetivos e os perseguiu com afinco.

Sou a prova viva do esforço de Lily, todas as manhãs desde nosso terceiro ano ela acorda mais cedo para correr, assim que percebeu que sua estrutura natural não seria a ideal para uma apanhadora traçou como meta ser o mais leve possível. Algumas vezes me preocupei com sua saúde, mas nem era necessário, ela seguia sua dieta nutritiva e saudável não se desviava por nada.

Não passávamos de crianças e mesmo assim ela me ensinou uma valiosa lição.

Sempre me dizia que não adianta nada sonhar com algo se você não faz nada para realizar esse sonho, querer não é o bastante se você não tem disciplina e determinação. Nada vem de graça, costumava dizer, é preciso dedicação, não espere a vida te presentear, ao contrário espere problemas. Se passar a esperar o pior da vida vai aprender a dar valor as pequenas coisas, e até os problemas passarão a ser pequenos diante do que poderiam ser.

Ela não era negativa, tão pouco otimista, apenas garantia que o que viesse a acontecer não a desapontasse. Honestamente não sei o quanto dessa sua perspectiva de vida sobrou após o acidente. Seria absolutamente horrível saber que aquela que usei como símbolo de perseverança não estava mais lá. Porque sim, por mais que eu nunca fosse admitir Lily já foi um exemplo para mim em muitas situações e de certo modo sempre vai ser.

–Bom dia garotas, posso ajudá-las? - Perguntou a recepcionista com um sorriso gentil.

–Sim, gostaríamos de visitar Lílian Potter. - Respondeu Heloíse, enquanto eu ainda retornava da Saralândia.

Que diferentemente das usuais viagens não fora repleta de felicidade, mas de coisas que eu queria e precisava esquecer. Eu precisava mais do que nunca daquela minha amiga meio maluca mas muito perseverante que mais de uma vez me disse que independente do que guardo em meu passado, algumas vezes é necessário deixar tudo para trás e seguir em frente.

Após pegarmos as instruções ficamos um bom tempo no elevador, até que finalmente chegamos no andar dos apartamentos, logo me vi em um corredor todo azul e branco, havia várias portas brancas identificadas com números de latão.

Foi então que o vi, James Potter estava parado no corredor, parecendo mais bonito do que nunca.Tentei controlar meus batimentos cardíacos que teimavam em acelerar, se continuasse assim teria uma costela partida.Vamos lá Sara não é tão difícil caminhar até ele, pé direito, pé esquerdo um depois do outro, balance as mãos, não se esqueça de continuar respirando e tudo vai dar certo, ou não...

–SARA CUIDADO!-Avisou James correndo na minha direção. Droga, de quem foi a maldita ideia de colocar um vaso de flor no meio do corredor! O decorador desse lugar tinha sérios problemas, quem conseguiria andar decentemente e lembrar de desviar daquela joça no meio do caminho?

Heloíse gargalhava da minha situação crítica, enquanto eu tentava o máximo não gemer de dor, eu caminhara bem de encontro ao maldito vaso e por pouco não perdi o equilíbrio caindo sob a folhagem. Certo, se James não tivesse se adiantado e me segurado eu provavelmente estaria entre as folhas nesse momento. Lindo não? Seria a real expressão de um girassol! Digo de qualquer outra flor, não necessariamente de um girassol. Porque eu NÃO SOU UM GIRASSOL. Eu nem mesmo lembro um girassol e ...

–Você está legal? - Perguntou o moreno contendo o riso que teimava em aparecer.

Fiz que sim com a cabeça e me afastei do Potter tentando manter uma distancia segura de seu corpo. Ah não Sara, por que você pensou em corpo? Pensa em outra coisa rápido! Vamos garota qualquer coisa...

–Incrível como você está sempre tropeçando em alguma coisa, muito me admira que tenha chego ao seu último ano de Hogwarts inteira.

–Algodão-doce...-Comentei de um modo no mínimo retardado.

–Ai Merlin, James você tem certeza de que ela está bem? Por que se ela começar a não falar coisa com coisa...

–Eu estou bem! Só estava um pouco perdida em outra coisa! - Falei tentando desviar o foco da atenção, tanto deles quanto da minha, alguém deveria me mandar para de sentir o cheiro do James, daqui a pouco ele vai me olhar estranho e pedir se estou fazendo estágio de cão farejador!- Então, podemos ver Lily? - Perguntei para James.

–Ah podem sim, mas só são permitidos dois visitantes por vez, Alvo está lá agora então se quiserem entrar juntas vão ter que esperar. - Explicou ele de modo paciente.

–Podemos esperar. -Falei sem muita emoção.

–Por que não está lá dentro? - Questionou Lise. James me pareceu desconfortável com a pergunta, o que foi estranho já que ele é muito bom com palavras e em muitas outras coisas... digo no geral, após um pigarreio responde.

–Acho que ainda estou criando coragem...- A resposta veio quase sem voz, e então notei pela primeira vez que o habitual brilho nos olhos azuis havia desaparecido, na verdade eles estavam muito mais cinzas que azuis.

James estava abalado, mesmo tentando manter a pose ele não era capaz de esconder totalmente sua tristeza com a situação de sua irmã mais nova. Sem pensar muito me aproximei do moreno e segurei sua mão.

Eu não sei o que me deu, eu nunca fui uma dessas pessoas capazes de demonstrar afeto, na verdade sou péssima nisso e sou pior ainda tentando confortar alguém. Mas de certo modo, ao ver James naquela situação eu precisei mostrar que eu estava ao seu lado, mesmo que não parecesse. Mesmo que em nosso último encontrou eu tivesse fugido após ouvir o tão esperado "eu te amo".

Mesmo surpreso com meu gesto James tomou minha mão com firmeza e logo nossos dedos estavam entrelaçados, e eu senti aquela sensação maravilhosa de que minha mão estava exatamente onde deveria estar. Como se nossos dedos tivessem sido feitos para ficarem juntos, exatamente como estavam.

–Pensando bem Lise, por que você não entra primeiro. - Sugeri à Heloíse querendo ficar sozinha com James.

– Não tudo bem, posso esperar para irmos juntas! - Respondeu ela inocentemente enquanto analisava o corredor com atenção. Argh, será que ela ainda não havia percebido?

–Heloíse! - Falei mais alto conseguindo sua total atenção. - Por que você não entra logo. - Sibilei pra ela enquanto tentava levantar apenas uma sobrancelha, mas como nasci sem essa capacidade aposto que fiz um careta nada discreta. A garota de cabelos rosados franziu a face pra mim e então após longos, longos segundos ela entendeu.

–Ah! Sim, claro! - Murmurou me dando um sorriso maroto. - Bom, pensando melhor gente acho que vou entrar agora para ver a Lily! – Ela se dirigiu até a porta do quarto mas antes de entrar me lançou um olhar de "Aha sua safadinha!" que julgo ter sido tão discreto quanto a minha levantada de sobrancelha. Assim que ela entrou dentro do quarto bati em minha própria testa, como uma pessoa podia ser tão desligada?

–Ela é sempre assim? - Perguntou James sorrindo, eu devia estar vermelha, mas como poderia não estar?

–Pior. - Respondi desviando de seu olhar. Mas mesmo morrendo de vergonha pela situação lembrei do motivo pelo qual queria ficar a sós com James Potter, em uma ato de coragem encarei seus olhos e perguntei.

–Como você está?

–Estou bem, é Lílian quem está internada Sara. - Disse se desviando com sua habitual facilidade.

–Eu sei disso James Sirius Potter, mas o senhor ainda não falou com ela. Lily precisa de você. - Enquanto falava isso deixei-me mergulhar naquele cinza profundo de seus olhos involuntariamente procurei pelo azul brilhante que tanto apreciava.

–Eu só não sei bem como agir perto dela Sara, ela vai estar diferente e só de pensar em minha irmã naquele estado... - Ele não concluiu sua fala, apenas balançou a cabeça negativamente e seus olhos se encheram de água, e o azul apareceu. Ali estava o azul de seus olhos, a cor que eu tanto amava, James havia tirado a máscara e os sentimentos transbordavam em seus olhos.

Nossas mãos ainda estavam juntas assim eu senti o modo como seu corpo tremia, ele estava nervoso e eu não suportaria vê-lo assim, por isso o que fiz a seguir foi algo tão natural quanto respirar.

Eu o abracei. Não era preciso pensar muito para fazer isso, afinal há muito tempo eu já sabia que James era o meu sol eu precisava dele e por algum motivo bizarro ele também parecia precisar de mim.

–Só seja você mesmo Jay. Lily precisa do irmão mais velho do lado dela. - Falei do modo mais calmo que pude, senti quando a respiração de James se acalmou, pouco a pouco ele foi relaxando em meus braços.

–Você entra comigo? -Perguntou James.

–Vou estar ao seu lado. - Respondi, e logo me afastei dele, e logo que o fiz uma estranha sensação de vazio me preencheu, era um fato, a cada dia que passava eu me tornava mais dependente de James Potter.

–E podemos falar que enquanto ela esteve dormindo você finalmente aceitou ser minha namorada? - Pediu ele voltando a usar aquele tom brincalhão que todos amavam.

–Não Jay. - Falei tentando sorrir e entrar na brincadeira, ele não poderia estar falando sério, ou poderia?

Sem que eu previsse ele me puxou para perto dele, e mais uma vez nos encaramos, seu rosto cada vez mais próximo sua respiração quente tocando meu rosto. Se eu não parasse ele obviamente não pararia, mas ainda não era hora, assim que o ano letivo terminasse eu embarcaria para a Rússia.

–Não posso, ainda não. - Falei me empurrando pra trás, mesmo que cada célula minha estivesse teimando em me empurrar para o garoto na minha frente. James parecia frustrado, e ele tinha seus motivos ao passo que eu também tinha os meus. Quer dizer, eu também estava um pouco frustrada!

Tá bem, tá bem! Eu estava muito frustrada, às vezes eu queria pegar a minha racionalidade e mandar ela dar uma volta para um lugar tão distante quanto sei lá, a Rússia por exemplo. O que me lembra que a Rússia é longe, muito longe. Portanto eu deveria ficar longe de James Potter para que depois as coisas não ficassem ainda mais difíceis do que seriam. Até que ele resolveu dar mais uma amostra do quanto eu não o merecia.

–Eu nunca vou desistir de você. Nunca.

Por sorte eu não tinha problemas do coração ou algo do tipo, porque eu juro por alguns segundos meus batimentos cardíacos cessaram, nada me prepararia para ouvir algo assim vindo dele. Como colocar minha racionalidade para funcionar?

Acho que ela realmente foi dar uma volta pela gelada Rússia, me abandonando aqui sem capacidade de raciocinar e com um clima muito, muito quente. Alguém deveria proibir James Potter de ficar me olhando tão fixamente com esses olhos tremendamente azuis, ou eu não me responsabilizo mais pelos meus atos.

Quando eu estava prestes a me jogar nos braços dele a porta do quarto onde Lily estava foi aberta e de lá saiu um Alvo muito furioso, ele estava vermelho, bufava e batia o pé com força enquanto andava. Mal deu tempo para a porta bater em suas costas Heloíse saiu, parecendo muito satisfeita consigo mesma.

–Alvo? Algum problema? - Perguntou James ao ver o sempre tão contido irmão mais novo naquele estado.

–Problema? Não, imagina? Quem tem problemas é essa louca! - Gritou apontando para Lise que ficou vermelha.

–Louca não! Só falei o que pensava, algum problema nisso? - Perguntou ela inocentemente com aqueles enormes olhos de boneca. A quem ela pensa que engana mesmo? E o que ela teria feito para tirar Alvo, digamos que da casinha? Ele sempre me pareceu tão centrado.

–Argh, eu vou pra casa tenho plantão essa noite. - Falou o Potter mais novo saindo com pressa pelo corredor como se estivesse com medo de algo. Ou de alguém eu diria.

Fiquei algum tempo encarando Lise que já estava em seu mundo particular novamente, essa garota ainda iria me causar vários problemas, porém ela era como um filhote de cachorro. Você sabe que ele vai fazer bagunça, mesmo assim é claro que você leva pra casa!

Eu adorava a Lise tanto quanto adorava o plutonildo, meu cachorrinho felpudo de pelúcia, que eu abraçava para dormir e que tinha ganho do Ja... melhor não seguir essa linha de pensamento senhorita Hale!

–Heloíse, pode esperar quieta aqui no banco? Eu e James vamos conversar com Lily agora. - Avisei puxando a mão de James, já que o garoto parecia estar voltando a ficar nervoso com a perspectiva de encarar a irmã.

–Tudo bem, pode ficar tranquila Sara. - Ah, sim com certeza eu ficaria muito tranquila deixando ela sozinha ali, mas não tinha realmente muitas opções. Afinal, não acho que ela concordaria pacificamente se eu propusesse amarra-la na cadeira e amordaça-la.

Ao entrarmos no quarto nos deparamos com uma Lílian Potter sorridente, e não querendo me achar, mas tenho certeza que seu sorriso aumentou ao me ver!

–James! - Falou ela estendendo os braços para o irmão, certo quem liga pra Sara aqui? Afinal não fui eu que gastei as minhas cordas vocais e muita saliva para convencer a diretora a me deixar vir! O Potter soltou da minha mão e correu de encontro a irmã mais nova, logo Lily estava envolvida pelos braços fortes dos irmão mais velho. Não sei quanto tempo os dois permaneceram assim, apenas abraçados mas quando se soltaram os olhos de Lily lacrimejavam, ela agora olhava pra mim como se esperasse que eu a abraçasse.

–Bem vinda de volta Lílian. - Falei parada da onde estava.

–Qual é Sara Hale, vem aqui me dar um abraço, não adianta bancar a durona pra cima de mim. - Ordenou ela me arrancando um sorriso, logo estava abraçando minha melhor amiga, uau eu estava me superando naquele dia, dois abraços em menos de uma hora...Os Russos ficariam desapontados.

–Pronto já chega Lily...ah não, por favor não chora. - Pedi apavorada quando percebi que as lágrimas já corriam livremente por sua face.

–Não se preocupe já estou me controlando...-Murmurou ela secando as lágrimas com as costas das mãos.

Mesmo que minha amiga ainda estivesse ali no hospital era muito bem ver como ela parecia saudável.

–Então, Alvo e Lise já terminaram de se matar? - Perguntou Lily após um tempo.

–Na verdade nosso querido irmão fugiu, acho que a garota é demais pra ele. - Respondeu James fazendo com que ríssemos.

–Acho que ela é demais pra qualquer um. - Falei entre um sorriso.

–Na verdade Hugo não acha isso. - Comentou Lily em um tom levemente chateado.

–O quer dizer com isso? - Pedi tentando ler sua expressão. Hugo Weasley que corresse de mim quando eu colocasse meus pés em Hogwarts, porque se ele fez merda novamente para cima de Lílian ele ia sentir toda a minha raiva! Há, ele pode até pensar que o James não colocaria suas mãos nele em Hogwarts mas como a... hum, representante do James eu poderia muito bem quebrar a cara do Macarena Boy, apesar de não gostar realmente dessa ideia.

–Ele confessou que gosta dela. - Soltou a Potter, logo as engrenagens em meu cérebro começaram a funcionar, tentei lembrar de algo no comportamento de Hugo que pudesse denunciá-lo, para minha frustração percebi que se eu houvesse prestado mais atenção não ficaria tão surpresa com a noticia.

–Mas e você? - Perguntou James entrando no modo irmão ciumento.

–O que é que tem eu? Nós mudamos James, eu vou ficar bem. - Não, Lílian Potter não ficaria bem assim tão rápido, eu a conhecia, ela se apegava as coisas e mesmo que fingisse que estava bem eu sabia a verdade. Dentro dela, em algum lugar sempre ficaria um resquício de sua breve paixão por Hugo.

–Lily, você tem certeza?

–Claro que sim Sara, vocês dois não me entendem porque não são normais. As pessoas normais se apaixonam e desapaixonam várias vezes antes de encontrar um companheiro.

–E nós não somos normais? - Perguntou James com um sorriso zombeteiro.

–Claro que não! Vocês dois são a coisa mais fofa do planeta, sempre foram apaixonadinhos um pelo outro. - Eu devia estar parecendo um tomate, minhas bochechas ardiam loucamente, James por outro lado havia amplificado ainda mais seu sorriso.

–Argh, Lily não exagera. -Pedi tentando fugir dos olhos do moreno.

–Qual é, vocês finalmente se acertaram né? Entraram no quarto de mãos dadas e tudo. - Indagou minha amiga toda sorridente.

–Na verdade não. - Respondeu James parecendo bem infeliz com isso.

–Não é possível! Vocês dois são mais enrolados que namoro de cobra! - Brigou Lily me fazendo sorrir.

James então começou a me culpar enquanto eu me defendia como podia, eu tinha que me tornar auror, precisava terminar Hogwarts, no fim já nem estava mais vermelha já que tudo parecia uma grande brincadeira. Foi assim que o clima de tensão acabou sendo definitivamente quebrado, James já parecia bem mais tranquilo em relação a Lily o medo havia ido embora assim me permiti relaxar também. Eu estaria bem enquanto ele estivesse bem.

Porém, foi a própria Lílian quem decidiu dar um tom mais sério para a conversa e me fez uma pergunta que eu honestamente preferia não responder pois pra isso eu precisaria me lembrar de coisas que tentava esquecer. Eu simplesmente sabia que ela iria fazer a pergunta para mim. Por um simples motivo, Lise era muito emocional para responder algo assim, e com o Weasley é que ela não conversou sobre isso pelo visto.

–Sara você estava assistindo o jogo certo? Será que você consegue explicar o que aconteceu comigo? - James arregalou os olhos e por alguns segundo pensei em mentir pra ela, dizer que não estava nas arquibancadas, mas a expressão de Lily me fez mudar de ideia. Ela era forte, determinada mesmo que agora parecesse tão vulnerável em algum lugar a garota que eu aprendera a admirar ainda existia. Respirei profundamente e senti os músculos de minhas costas se retesarem. Logo uma mão apertava meu ombro, não precisei olhar para saber quem era.

–Bom, como você pode se lembrar chovia pra caramba, por isso quando você começou a voar cada vez mais alto ninguém conseguia te ver. Quando você pegou o pomo um dos balaços foi ao chão, não sabíamos ao certo qual apanhador havia pego, mas então você caiu. Só fomos te ver realmente quando já estava bem próxima ao chão, tinha aquela neblina estranha que não nos deixava ver muita coisa. - Enquanto dizia isso olhava para a parede, era menos dolorido assim, limpei a garganta antes de seguir com minha narração. - Ninguém realmente acreditou que era você, porque você era ótima Lily, a melhor e todo mundo ficou sem reação. A profª Sullivan foi a primeira a agir, jogou um feitiço para amortecer sua queda. Mas então você foi atingida na base do pescoço por um balaço.

–Um balaço? Mas ela havia pego o pomo eles deveriam estar no chão! - Argumentou James.

–Eu sei, e é por isso que eu acho que alguém adulterou aquele balaço para perseguir você Lily. A diretora está fazendo mistério quando a isso porque eles ainda não descobriram quem foi que fez, se alguém fez. -Expliquei da melhor forma que pude.

–Mas como assim, não descobriram? Qualquer idiota consegue identificar um feitiço! Quem quer que tenha feito isso quase me matou! Eu nunca mais vou voar por causa disso, alguém deve ser culpado. - Disse Lily alterando o tom de voz e parecendo realmente irritada. Quem não estaria? Ela foi sabotada por alguém. Que por sinal acabou com os sonhos dela. Eu espero realmente que a pessoa tenha feito isto acabe bem infeliz, com uma enorme ulcera de arrependimento e sem os quinze gatos garantidos aos que vão acabar sozinhos por causa de sua maldade.

–O problema maior Lily é que o balaço sumiu. Quem quer que tenha feito isso com você deu um jeito de acabar com qualquer prova que o incriminasse. Aposto que foi durante a confusão enquanto você estava no chão, os professores até tentaram colocar tudo em ordem rapidamente mas se alguém queria fazer algo sem ser notado aquele era o momento.

A boca de Lily estava aberta em um "O" e acho que ela entendeu o que aquilo queria dizer, provavelmente nunca saberia quem havia feito aquilo, a não ser que o culpado se entregasse. Além disso, a escola não poderia acusar os alunos pois naquele dia havia convidados e habitantes de Hogsmeade nas arquibancadas o que fazia com que a lista de suspeitos aumentasse consideravelmente.

–Hum, Sara como foi que você ficou sabendo disso tudo, os professores te contaram ou...? - Sorri amarelo ao responder.

–Na verdade eu peguei o mapa do maroto emprestado, usei um bom feitiço e bom, vocês sabem!

–Ahá! Monitora chefe certinha pega ouvindo conversa de professores atrás da porta! - Acusou Lily, mesmo que ela estivesse sorrindo eu soube que ela não estava bem. Ela precisava culpar alguém pelo acidente, conseguia imaginar como ela estava se sentindo impotente diante daquilo. Porque era meio obvio que quem quer que tenha enfeitiçado os balaços jamais iria se entregar, afinal era muito fácil acabar com a vida e alguém, o difícil era assumir a responsabilidade sob a consequência de seus atos.

A porta do quarto se abriu e um curandeiro aparentando já ter uma certa idade entrou e logo atrás estavam os pais de Lily.

–Sinto muito pessoal mas agora vocês precisam ir. - Avisou o curandeiro, assenti com um aceno e me despedi de Lily dando um beijo em seu rosto, James fez o mesmo mas antes pediu.

–Fique bem pra mim Lilindinha.

–Olá Sr. Potter e Sr.ª Potter. - Cumprimentei educadamente, o pai de James como de costume sorriu pra mim e me abraçou já a mãe dele não era tão afetiva comigo. Gina era uma leoa quando se tratava de seus filhos e eu tenho a leve impressão que ela não estava muito satisfeita com a conturbada relação que tenho com seu primogênito.

–Mãe, a Sara pode passar as férias de natal com agente? - Perguntou Lily antes que eu tivesse a chance de escapar daqueles olhos castanhos tão inquisidores. Lílian encarava a mãe da cama fazendo seu melhor olhar de coitadinha e é claro se aproveitando da situação para se fazer de carente e necessitada de atenção. 1, 2 , 3 , 4, 5, 6, 7 segundos se passaram enquanto a matriarca olhava da filha caçula, para James e finalmente pra mim.

–Sim, claro que pode, será bem vinda em nossa casa Sara. - Respondeu ela sorrindo pra mim. Vamos lá Hale, diga algo, agradeça! Ela é só Gina Potter e não a madrasta da Branca de Neve.

–Obrigada Srª Potter. - Falei por fim saindo o mais depressa possível de dentro do quarto. Tentando não correr ou sair andando de costas. Vai saber que olhar ela me lançava pelas costas!

–Vamos Heloíse, temos que voltar para Hogwarts! - Chamei tentando escapar o mais rápido possível dali.

– E você ainda diz que quer ser auror...- Zombou o moreno que estava logo atrás de mim.

–O que quer dizer com isso James Sirius? - Perguntei estreitando meus olhos pra ele.

–Bom, você tem medo até da minha mãe.

–Eu não tenho medo da sua mãe! - Rebati tentando parecer convincente.

–Não imagina, você tem pavor. - Ironizou ele, ignorei e sai pelo corredor arrastando a garota de cabelos róseos pelo braço.

–TCHAU JAY! - Gritou Heloíse fazendo com que uma enfermeira olhasse feio para nós duas.

Antes que as portas do elevador se fechassem olhei para trás e James ainda olhava em nossa direção com seus olhos que agora estavam incrivelmente azuis. Eu já disse o quanto eu gosto de azul? É a minha cor preferida. E é óbvio que é porque é a cor do CÉU!

Ele sorriu o seu sorriso zombeteiro, ou seria o meu sorriso zombeteiro, porque é sério parecia que ele sorria assim só para me provocar, era algo especial que reservava apenas pra me tirar do sério. Eu fechei a cara o que apenas fez com que ele sorrisse mais ainda. Quando as portas do elevador finalmente se fecharam eu respirei normalmente e deixei o sorriso que estava segurando finalmente aparecer.

Que fique bem claro eu não tinha medo de Gina Potter, talvez um pouco de receio mas não medo.

– Hei Sara! Sara! EIIIIIIII HAAAAAAALLLEEEEEEEEE!

Berrou a escandalosa da Lise em meu ouvido.

– Que foi Heloíse sua louca, quer me deixar surda?

– Eu não, é só que a porta do elevador já abriu faz uns cinco minutos e você fica aí olhando o nada com esse sorrisinho besta. Que foi hein, porque está tão feliz?- perguntou ela me olhando com uma carinha curiosa. Não disse, era quase como um cachorrinho querido.

– Feliz por ver a Lily!

Ela me fitou por uns cinco segundos para em seguida me lançar um olhar meio maldoso.

–Ah, e eu achando que era porque você tinha visto o James!

Eu disse cachorrinho querido, eu quis dizer sarnento, peludo, fedido, chato...