Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 16
A garota no espelho- Bônus


Notas iniciais do capítulo

IMPORTANTE! Este capítulo se passa entre o acidente de Lily e o capítulo anterior, ou seja antes dela acordar.
LEIAM AS NOTAS FINAIS!MUITO IMPORTANTE!
Este capítulo é Lana's POV



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O espelho refletia uma garota loira com profundas olheiras abaixo dos belos e brilhantes olhos azuis, não gostei do que vi, passei a escova com força em meus cabelos dourados sem ligar para o fato de que muitos fios se prendiam nos dentes da escova.

-Lílian Potter, pra cá, Lílian Potter pra lá, agora que está internada a garota conseguiu se tornar ainda mais popular! - Não falei pra ninguém em especial, até porque estava sozinha no dormitório, minhas colegas deviam estar tomando café da manhã, coisa que não faço, a não ser que Hugo me convide. Desde criança sempre achei impossível ingerir qualquer alimento antes do almoço, assim criei o habito de carregar um doce em minha bolsa para comer quando batesse a fome.

Nada em mim parecia certo, ultimamente qualquer coisa me irritava e mesmo que tentasse me enganar, sabia que estava passando da hora de desistir. Sim, eu odeio admitir mas a situação com Hugo andava pior do que nunca, e eu que imaginei que com a insuportável Potter fora da jogada as coisas iriam ficar melhores.

Ledo engano, com Lílian fora finalmente a ficha havia caído. O problema estava em mim mesma e em Hugo. Mais em Hugo do que em mim, vivo me lembrando, afinal, como sustentar um relacionamento unilateral?


Por mais que ele diga que me ama, por mais que me elogie, ainda há algo errado, algo impede que Hugo me ame totalmente, algo impede que ele se entregue a mim da mesma forma que me entrego a ele.

Encarei o espelho mais uma vez, há algo errado comigo? Todos me dizem que sou perfeita, vivem a elogiar meu rosto e meu corpo esguio, então por que continuou achando que algo está muito errado?


-Não importa o quanto você fique encarando queridinha, nada vai mudar quem somos! - Provocou o reflexo, algo dentro de mim fervilhou, uma raiva inexplicável , e por mais insano que fosse senti vontade de brigar com alguém, mesmo se esse alguém fosse eu mesma.


-Você está errada, eu já mudei, passei de uma garota invisível ao que sou hoje! - Lembrei ao reflexo que sorria de modo perverso, dentro de mim uma batalha começava, lutava contra as várias versões de Lana Prescott que coexistiam. Brigava com meu passado querendo desesperadamente apagá-lo, defendi meu presente construído sob uma máscara de perfeição e evitei a incerteza que é o meu futuro.


-Mudou mesmo? Para mim você sempre será aquela garotinha escondida do mundo. - Lembrou-me a imagem, apesar de nada haver mudado no reflexo, agora eu não enxergava mais a mim mesma, a imagem refletia uma garotinha de cabelos opacos que chorava agarrada a um livro de poções e parecia verdadeiramente apavorada. Eu a conhecia, conhecia seus medos, seus sonhos, seus desejos, suas fraquezas e por mais que eu negasse, ela sempre estaria dentro de mim.


E era por isso que eu realmente odiava espelhos. Porque para alguns eles mostram mais do que um simples reflexo. Eles mostram a realidade.


-Eu cresci e mudei! Não sou mais a mesma, nunca mais vou voltar a ser ela! - Minha voz saiu fraca, nem eu mesma tinha certeza daquilo que falava, será mesmo? Será que eu havia mudado tanto assim, ou eu continuava a mesma garota assustada? Segurei a escova de cabelos prateada, uma herança de família, como se segurasse um punhal e a apontei para o espelho.


-Não adianta se enganar Lana Prescott, a vergonha da família, sem amigos, rejeitada pelo namorado, marcada pra sempre pelo abandono do irmão mais velho. Você não passa de uma embalagem bonita. - Lágrimas escorriam por minha face, minha respiração estava ofegante, e sem que eu pudesse me conter usei a escova para acertar a mim mesma refletida no espelho.


-E você não passa de um maldito espelho. - Sussurrei em meio a um sorriso satisfeito ao ver o objeto se quebrar em pequenos pedaços.


Não me importei com a possibilidade de atrair sete anos de azar. Afinal, pior do que está não tem como ficar, não é mesmo?

Sem me preocupar em arrumar a bagunça que deixava para trás sai do dormitório apressadamente, eles arrumariam o espelho, sempre o arrumavam. Sempre que eu tentava me livrar do maldito objeto eles davam um jeito de consertá-lo. Tudo na sonserina é irônico e provocativo, até mesmo os espelhos não cansam de me lembrar o quanto sou imperfeita.


Durante o primeiro ano de Hogwarts muitas vezes me peguei caminhando até a sala da direção, queria implorar para refazer a seleção, não queria ser sonserina. Mas então vinha a imagem dos meus pais, os dois satisfeitos com a notícia que eu seguira a tradição familiar, todos os Prescott eram sonserinos não seria eu quem quebraria a linhagem. Lembrava do meu irmão mais velho que sempre sorria pra mim e dizia como a sonserina era a melhor casa de Hogwarts.

Lembrar dele sempre me causava dor, meu irmão David Prescott não suportava mais nossos pais, assim que completou 17 anos se mandou de casa, deixou pra mim o encargo de dar continuidade ao nosso sobrenome. Às vezes ele me manda algumas cartas porém não sei como fazer para respondê-las, elas aparecem em meio a minha correspondência e não trazem remetente.


Por outro lado eu também não tinha certeza sobre o que desejava lhe dizer. Acusá-lo de abandono? De não se importar comigo? De ser um completo egoísta?


Às vezes eu pensava sim, e muito, em todas as coisas que iria lhe falar se pudesse. Entretanto como acusá-lo se ele não fez mais do que eu gostaria de fazer? Dar as costas para tudo e para todos esquecendo de nosso passado e deixando todos para trás?


Mas não, isto nunca iria acontecer porque se tem algo que aprendi é a não desistir facilmente, eu mostrei a todos nessa escola que posso ser muito mais do que imaginam. Ninguém acreditava que eu pudesse entrar para a Academia da França, mas eu consegui contra todas as chances eu consegui. Mostrei as pessoas apenas o lado de Lana Prescott que precisavam conhecer, minhas fraquezas são apenas minhas.


No fim ninguém se importaria mesmo. Por isso também ninguém nunca saberia. Afinal, há coisas que devem ser guardadas apenas para mim. E aquela garotinha insegura refletida no espelho minutos antes, já havia sido banida de minha vida. Ou pelo menos todos pensavam que sim. Porque no fim pouco realmente se lembram de como eu já fui.


Por isso segui em frente. Deixando para trás dos corredores frios da masmorra coisas que queria esquecer. 


Finalmente cheguei ao saguão, os alunos deixavam o salão principal aos bandos e seguiam para suas respectivas salas de aula, a minha primeira aula daquela manhã seria feitiços, pelo menos alguma coisa boa, logo avistei Hugo. Como de costume estava acompanhado das amiguinhas de Lily.


Sara Hale vinha mais a frente, como sempre parecia estufar o peito para que o distintivo de monitora chefe ficasse mais visível. Garota estranha, cheia de segredos, imagino que nem Lily conheça todos eles, Hale me irritava de muitas formas, ou talvez ela me assustasse, era como se ela pudesse ler todos os meus pensamentos. Sacudi a cabeça tentando me livrar de tais ideias, ao mesmo tempo em que desviava meus olhos de seu olhar atento. Eis outra coisa que eu realmente não gostava em Hale, ela tinha a indiscutível capacidade de me fazer sentir insegura quando me encarava com os seus olhos de felinos.


Porque era inegável que muitos em Hogwarts já tinham visto a ameaça de ira em sua íris castanha. Senti um estranho calafrio percorrer minha coluna quando ela passou ao meu lado. Porque era exatamente isto. Uma ameaça de ira. Ela nunca realmente extrapolava em suas reações. Me perguntei como seria se um dia o fizesse.




Já a novata de cabelos rosas, era a sensação em Hogwarts, todos comentavam sobre suas roupas, sua maquiagem e também sobre seu pai. Foi inegável que em Hogwarts ela fez amigos muito rapidamente, encantando a todos com a sua espontaneidade e sua aparente alegria de viver. Tanto é que em mais de um momento ouvi comentários apreciativos da área masculina de Hogwarts em relação a Chase.


Logo que entrou em Hogwarts não pensei que ela seria grande coisa. Afinal, para mim suas roupas eram essencialmente estranhas, sua maquiagem muito exagerada e acima de tudo, ela estava um pouco acima do peso. Não muito, mas o suficiente para que ela fosse designada como "levemente fofinha" pelo batedor da Sonserina em plena sala comunal.


Isso mesmo, ela conseguiu em pouco tempo arrancar suspiros de frios sonserinos em meio publico. O que era surpreendente. Talvez fosse o seu sorriso espontâneo que fazia a maior parte das pessoas a acompanhar em seus sentimentos e sem que se dessem conta tivessem um sorrisão espalhado na cara. Ou talvez fosse o seu rosto perfeito. Diferente de mim ela parecia não se esforçar para ter a face perfeita. As maças do rosto proeminente combinavam com as suas bochechas levemente rechonchudas e rosadas. Ela tinha uma boca pequena para face o que fazia parecer que estava com um biquinho permanente. E para completar tinha enormes olhos cinzentos de boneca que pareciam expressar todos os seus sentimentos. Resumindo, ela não tinha corpo, mas sim rosto alma e coração de boneca.


A garota era filha do mais rico empresário do Reino Unido, o pai dela devia movimentar a economia bruxa sozinho, tinha negócios espalhados no mundo inteiro, mas o que diziam é que desprezava a filha. Heloíse Chase me irritava também, por um motivo bem simples, Hugo era encantado por ela.




Não, ele não olhava pra ela apaixonadamente, mas sim com encanto admiração. Ela era diferente, era como um exemplar raro e Hugo era um colecionador, ele estava tentado para saber como seria ficar com ela. Era tão óbvio, e ridículo ao mesmo tempo, ele ria de tudo que Lise falava, escutava com atenção cada palavra que saia da boca da garota, ele até mesmo falava dela pra mim. Ultimamente Heloíse andava deprimida, por causa da Potter.


Sara escondia o que sentia mas às vezes olhava para o nada durante as aulas e imagino que naqueles momento pensava em sua amiga. Ou em qualquer outra coisa. A verdade era que pouco sabia sobre aquelas garotas, e se dependesse de mim isso iria continuar assim por muito tempo.

-Bom dia amor! - Estava tão perdida, que fui surpreendida com um selinho de Hugo, sorri como resposta, as outras duas garotas não estavam mais à vista, claro que não, as duas não me suportavam deviam estar o mais longe possível de mim. Pelo que eu agradecia imensamente.

-Está se sentindo melhor? - Perguntei, na noite anterior ele reclamou de dor de cabeça, e mesmo que me doesse eu sabia que era preocupação com a prima. Desde o acidente a distância entre nós parecia cada vez maior. Ele não me falava e nem era necessário. Nos últimos dias seus pensamentos estavam frequentemente na ruiva Potter. Eu me questionava quais seriam seus sentimentos, culpa? Remorso? Arrependimento?

-Um pouco... - Respondeu caminhando, nossas mãos estavam entrelaçadas enquanto íamos para a sala de Katherine. Eu me peguei pensando fixamente na sensação de calor que sua mão me passava. E não foi pela primeira vez nos últimos tempos que tive a terrível sensação de que isto iria acabar. De que o que quer que Hugo e eu tivéssemos estivesse se desgastando e escapando de meu controle.

-Teve notícias de Lily? - Perguntei.

-Não, o que significa que ela continua dormindo, se tivesse acordado eu saberia. - Ele estava triste, abalado, eu odiava vê-lo assim, infelizmente nada poderia ser feito para animá-lo. Era uma sensação dolorosa ver quem você ama sofrendo e não poder fazer nada.

-Sinto muito. - Respondi sem eu mesma saber se estava sendo sincera.

Confesso que havia sido apavorante assistir o acidente, ver Lílian Luna cair daquela altura foi assustador, tenho tido pesadelos com isso. Apesar de querer apagar tudo de minha memória lembro-me com total clareza da sequencia de eventos. Caia uma chuva pesada, e não sei se por exagero das recordações ou o que mas me parece que nunca tinha visto uma chuva açoitar de maneira tão forte os terrenos de Hogwarts. Os jogadores já estavam a algum tempo em campo, cansados e tremendo sobre as suas vassouras quando Lílian avistou o pomo. O que não era nenhuma surpresa, infelizmente ela era realmente boa no que fazia.


Lembro-me de vê-la perseguir o pomo cada vez mais alto até perdê-la de vista. Ninguém esperava que ela caísse, foi a professora Katherine a primeira a sair do transe que atingira a todos ao ver que a garota iria bater contra o chão em um impacto tão grande que a faria em pedaços.

Antes que a maioria os presentes se desse conta do que estava realmente acontecendo ela se levantou e realizou rápidos movimentos com a varinha. Não sei qual feitiço minha professora favorita utilizou, mas sei que se ela hesitasse por mais alguns segundo a garota Potter estaria morta, o impacto foi diminuído, mesmo assim foi horrível ver Lílian atingindo o chão com a barriga, pelo menos o chão estava mole por causa da chuva intensa.

Sem que me desse conta tinha prendido a respiração e respirei aliviada ao imaginar que a Potter estava bem, talvez bastante machucada, mas com certeza viva.


Mas então veio a cena mais apavorante do dia, e mesmo que pareça ridículo, a cena realmente pareceu se passar perante meus olhos em câmera lenta. Um balaço, o mesmo que a derrubou da vassoura, imagino, veio descendo do céu em alta velocidade. Antes que qualquer um pudesse perceber o que iria acontecer ele a atingiu com toda a força exatamente na base do pescoço. Não me atrevo a calcular a velocidade da bola, mas me atrevo a dizer que se não fosse o barulho da chuva todos ouviríamos o som dos ossos se partindo. Porque naquele momento todo o campo parecia prender a respiração.


E foi ai que os gritos começaram.

-Lana querida, não vai entrar na sala? - Mais uma vez sou tirada dos meus pensamento, agora era a professora Katherine, eu estava parada no batente da porta impedindo sua entrada.

Não importa quantas vezes eu lembrasse do dia do acidente, todas as vezes eu seria afetada por ele, nunca mais esqueceria do que senti ao pensar que ela estava morta. Qualquer pessoa normal seria afetada, nunca é legal pensar que alguém morreu na sua frente, mesmo que você despreze a pessoa em questão.


Enquanto caminhava em direção a carteira tive a estranha sensação de que ainda ouvia os gritos de desespero.


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Notas finais do capítulo

NB/ E ai, eu acho q a autora merece muitos comentários por esse capítulo bônus escrito tão rápido!
ENTÃO MUUUUUITAS REVIEWS
Não vou falar nada sobre a Lana. Ainda quero a afogar na privada.
Sabe o mais terrível na fic da Loreline? Você não consegue se manter sem entender de certo modo os sentimentos de todas as suas personagens.
MAS EU AINDA NÃO GOSTO DA LANA!!!!
Desculpe membros da FEALP (Força especial afogando Lana na privada) não foi desta vez que a autora deixou a beta afogar a sua personagem! Mas não desanimem! Vou continuar tentando!
Bjs, da sua sempre prestativa beta
Milady Black.
NA/ Não eu não vou afogar a Lana, e sim eu quero que vocês a entendam. Tenho uma queda por ela, confesso minha história não seria nada sem sua presença sempre tão odiada. Toda boa história precisa de um bom vilão. Talvez por isso eu nunca vá escrever algo realmente bom, não faço vilões, faço pessoas. Pessoas completas, boas e ruins, personagens conflitantes é legal brincar com a moral e com a ética. Acho que é isso, ainda vão ouvir falar muito de Lana Prescott e também do seu irmão, David. Espero que tenham gostado.
COMENTEM MUITO!
SE CHEGAR ATÉ 130 COMENTÁRIOS E 8 RECOMENDAÇÕES ATÉ QUINTA-FEIRA À NOITE, SEXTA-FEIRA TEM NOVO CAPÍTULO!
ME SURPREENDAM POR QUE EU VOU SURPREENDER VOCÊS!
Beijos
Loreline Potter



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