Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 12
Na sua estante


Notas iniciais do capítulo

Não me odeiem por esse capítulo!
Leiam as notas finais.



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Eu ainda tentava digerir os acontecimentos daquela manhã, quando Lily desmaiou, tudo estava tão confuso, como assim Lily e Hugo juntos? Isso era aterrorizante, pelo menos pra mim era, está certo só o fato de Lana e Hugo namorarem pra mim era aterrorizante.

Desde que cheguei em Hogwarts que Hugo ficava me analisando e sorrindo estranhamente pra mim, claro que eu não era idiota e sabia o que aquilo significava. Mas bom, ele tinha namorada então fiquei na minha, mesmo ele sendo realmente bonito, e muito legal eu me segurei e fiquei só na minha.

E agora então essa bomba! Lily e Hugo juntos! Essa merda me fez mandar todo o meu café da manhã embora. Ah, é claro para fechar bem minha manhã algum idiota resolveu aterrorizar as duas garotas mais populares de Hogwarts, Lana surtou geral e começou a se descabelar e Lily desmaiou! Simples assim, PUFT, ruiva no chão.

Nem preciso dizer que foi uma grande confusão, as pessoas começaram a gritar, Lana saiu correndo e Sara ficava de um lado para o outro falando.

-FIQUEM CALMOS! ALUNOS SE ACALMEM E VÃO PARA OS SEUS DORMITÓRIOS! – Quando ela mesma não era o melhor exemplo de calma, já que corria para todos os lados enquanto gritava para saírem de perto de Lily, já que ela tinha que respirar.

-SAIAM DE PERTO! TODOS POR FAVOR!- Continuava a castanha parecendo uma maníaca.

E as coisas continuaram incontroláveis até que o professor Jack Mallory de transfiguração meio que brotou por ali acompanhado da professora Sullivan. Jack logo se adiantou e pegou Lily no colo, aposto que muitas garotas desejaram estar no lugar da Potter. E aposto também que a Lily vai surtar quando souber que foi carregada pelo professor bonitão e nem estava acordada para saber a sensação. Já a rígida professora de feitiços começou a botar ordem no local.

-Senhorita Hale, por favor contenha-se! E todos os outros alunos, sugiro que vão para o salão principal, a diretora está furiosa com o que aconteceu e o culpado será punido severamente. – Como nem Sara, nem o resto dos alunos eram estúpidos o suficiente para desobedecer uma ordem direta de Katherine Sullivan a multidão se dispersou e a monitora chefe parou de gritar e correr como uma galinha desasada tentando levantar vôo.

-Vocês duas, venham comigo vou levar Lily para a ala-hospitalar e acho que ela vai precisar das amigas quando acordar. – Pediu o professor, nem pensei duas vezes e o segui, Sara fez o mesmo, mas ela ainda parecia abalada e muito preocupada, nem parecia que ela e Lílian estavam querendo se matar há menos de 20 minutos.

-Ela vai ficar bem Sara. Lily é uma garota forte. – Falei tentando reconfortá-la, mas honestamente nem eu tinha certeza de que isso ia acontecer, parecia humilhação demais para qualquer um.

E foi desse jeito que eu acabei sentada nessa cadeira desconfortável ao lado de uma das camas da ala-hospitalar, só fico olhando para Lily esperando que ela acorde, o que segundo a enfermeira não vai demorar. Sara por outro lado fica andando de um lado para o outro, ou então senta por cinco minutos para em seguida se levantar e ir até a janela.

Sara era uma dessas garotas que os outros taxariam de esquisita, e isso fazia dela adorável, enquanto todas estavam determinas a se encaixar Sara fazia com que o mundo se encaixasse nela. O mais engraçado é que ela não fazia esforço algum, as pessoas simplesmente queriam agradá-la, ela tinha muita sorte em ter fisgado o bonitão Potter também. James Potter era um bom pedaço de mal caminho...

-Quanto tempo? – Eu não estava pronta para ouvir a voz de Lily, estava perdida me lembrando dos irmãos Potter quando ouvi sua pergunta, de modo que só fiquei olhando para a minha amiga com cara de boba alegre.

-Han? – Perguntei estupidamente.

-Quanto tempo faz que eu estou desacordada? – Indagou ela me encarando.

-Uma hora e meia mais ou menos. – Respondi tentando calcular o tempo desde que a confusão havia começado.

-Você está aqui, é sério se você quiser se afastar Lise eu vou entender e...

-Para com isso, sou sua amiga, estou do seu lado. – Respondi rapidamente.

-Não, Lise Sara tem razão tenho agido errado quanto a Hugo e devo uma explicação...

-Cala a boca Lílian! – Disse Sara rispidamente, tanto eu quanto a “enferma” olhamos rapidamente para ela. – A enfermeira disse que você desmaiou por causa de estresse então fica quieta ai nessa cama e para de pensar no assunto. – Falou a castanha em um tom mandão.

A Potter fechou a cara e se afundou na cama como se quisesse ser engolida pelos lençóis e ser transportada para o mundo dos tecidos esvoaçantes onde tudo era colorido e feliz. Revirei os olhos e olhei preocupada para as duas, eu era a nova no grupo, não sabia se elas sempre brigavam e faziam as pazes ou se aquilo era algo inédito.

-Está tudo bem entre nós três, não está? –Perguntei por fim, Sara nada disse apenas ocupou a sua cadeira próxima ao leito, Lílian por outro lado suspirou e deu um leve sorriso antes de responder.

-Ainda não, mas vamos ficar Lise. - Entendi o que ela quis dizer, as duas precisavam de um pouco de tempo então permaneci calada. Nós três ficamos na verdade, após um tempo Sara se levantou da cadeira, para então sentar de novo, passado mais um tempo voltou a se levantar.

Após repetir o ritual umas cinco vezes pelo menos, me cansei.

-Sara senta a bunda nessa cadeira e fica quieta pelo amor de Merlin! – Pedi apontando para o móvel.

-Desculpe. – Respondeu por fim se sentando e pelo visto se controlando para se manter ali, mas então a castanha olhou pra mim de um modo estranho e comentou. – Lise, você nunca nos contou como veio parar aqui em Hogwarts.

Engoli em seco, seria mesmo necessário contar minha longa e deplorável trajetória?

-É verdade, o que aconteceu? – Concordou Lily, respirei fundo antes de mergulhar em minhas próprias memórias.

-Bom, vou tentar resumir tudo, tentem não me interromper pois a história é longa.

Como resposta obtive um olhar curioso da ruiva, como se ela não soubesse mais o que esperar, o que não era de se estranhar após a manhã que ela teve. Sara por outro lado parecia inabalável agora, me fitando firmemente. Tive a sensação de que ela iria analisar até o mais minúsculo detalhe de meu rosto enquanto contasse a minha história. O lado bom disso? Ela parecia ter finalmente parado quieta na cadeira.

Dando um profundo suspiro mergulhei nas memórias que tentara em vão esquecer.

Flashback

Cabelos pintados de pink ao modo trouxa, nada de magia, afinal eu gostava causar impacto, maquiagem preta escura nos olhos, pele branca como uma porcelana e um piearcing no nariz. Sim, eu deveria estar usando as vestes azuis de cetim que compunham o uniforme de Beauxbatons, mas quem disse que eu ligava? No momento estava usando minha saia de renda preta favorita, minha blusa de caveira e minhas botas de combate pretas.

Era o modo como eu me expressava, era daquele jeito que eu gritava para as pessoas, olhem pra mim, eu sou diferente e você provavelmente nunca vai encontrar alguém como eu.Minhas “queridíssimas colegas” me irritavam, todas eram tão perfeitamente iguais, como se tivessem sido fabricadas segundo a doutrina de Henry Ford¹. Todas com os cabelos volumosos, já que era isso que a moda bruxa ditava, loiras, morenas e ruivas todas com longos cabelos que eram diariamente arrumados para ficarem fofos e grossos. Qual era o problema com os cabelos lisos e ralos afinal? Tenho certeza que houve uma época em que todos queriam ter cabelos lisos como os meus! E isso não era o pior. Era ridículo o que elas passavam em prol do que consideravam o modelo ideal de beleza. Agora me diz, desde quando parecer um esqueleto recoberto de pele e mais meia tonelada de maquiagem pode ser considerado belo?

Agora vou te contar, a questão dos uniformes era um sério problema, tenho certeza de que a cada ano o comprimento da saia era reduzido, eu ficava constrangida de usar aquele pedaço de pano mínimo, era algo ridículo.Claro que se formos falar em ridículo, podemos começar com o fato de uma garota como eu estudar em uma escola como aquela! Não sei onde meu querido papai estava com a cabeça quando resolveu me colocar ali, certo eu sei que o que ele queria era tentar corrigir o que ele chamava de comportamento inapropriado.

HAHA, fala sério papi! Eu não estou nem aí se somos uma das famílias mais ricas do mundo e se perante a sociedade tenho que me comportar como a rainha da Inglaterra! Eca, eu odiava aqueles bailes, jantares e encontros de gala. Era tudo tão chato, da última vez em que fui a um vomitei em cima do meu Foi Grass intocado, lembro que tudo que queria naquele momento era um bolo de caldeirão da vovó. Mas o pior de tudo nem era isso, mas e sim aos chás da alta sociedade aos quais eu era obrigada a comparecer. Imagine que maravilha, um sábado esplêndido, dia de folga, o sol brilhando pela vidraça do grande salão e eu presa lá dentro. Se você esta pensando em um daqueles salões metidos a besta, decorados com a melhor seleção de velharia existente, então você esta tendo a boa imagem do local. Para ficar exatamente igual basta acrescentar um bando de respeitáveis senhoras que não cansavam de se gabar de seus bens com os rostos repuxados pelos mais variados feitiços de rejuvenescimento. Ah e é claro que não podemos esquecer do mais importante! As minhas “companheiras”  eram os verdadeiros protótipos de suas mães, e que mantinham uma conversa constante. Conversa esta que se resume em um único tema: O pretendente perfeito- leia-se, o mais rentável.

Depois ainda me perguntam por que eu peguei nojo de chá. Agora é só suco de abóbora, por favor, obrigada.

Era nesses momentos que eu mais sentia falta do lado materno da família, eles são americanos assim como minha mãe, ela foi assassinada quando eu tinha 8 anos, só posso dizer que meu pai nunca superou, nem eu para ser sincera. Ainda consigo sentir seu cheiro, ela era da Califórnia, morava na praia e mesmo longe do mar ela cheirava a maresia, a cada vez que fecho os olhos consigo ver seus cabelos cor de mel belíssimos assim como seus olhos cinzentos, como os meus. A vida nunca mais foi a mesma depois de sua morte e a compreensão dos fatos que às vezes demoram a ser assimilados, tanto que as vezes eu ficava esperando para falar com ela, numa constante expectativa e revê-la, o que eu sabia que jamais iria acontecer. Após a sua morte papai se fechou em seus negócios pelo mundo bruxo, nunca mais voltou para os Estados Unidos e sempre que algo precisa ser resolvido por lá, ele manda um de seus sócios.

Uma vez por ano conseguia ir visitar meus avós, é maravilho ficar lá com eles e viver pelo menos por um mês ao ano uma vida simples e caseira.Sempre que ficava lá ficava imaginando como minha mãe teria se sentido ao crescer naquela casa de praia simples e aconchegante que era mesma desde o seu nascimento. Assim que fiz 11 anos papai me matriculou em Salém, o que foi um choque pra mim, ele nunca ia aos Estados Unidos porque me colocaria em uma escola lá? Aos poucos o motivo ficou meio óbvio demais, meu pai me queria longe dele, digamos que foi por ai que minha fase rebelde começou.

Confesso que eu era uma garota bonita, me encaixava no padrão americano, a verdade é que eu era parecidíssima com minha falecida mãe, os mesmos cabelos lisos e castanhos mel, os mesmos olhos, e segundo minha avó tínhamos o mesmo sorriso. Logo percebi que eu adorava Salém e sua diversidade, andava em um grupo de amigos onde tínhamos desde a patricinha até o metaleiro, ou seja nada de panelinhas por ali. Palavra de ordem? DIVERSÃO!

Com 14 anos, fui internada em coma alcoólico e pela ingestão de certas substâncias consideradas ilícitas, então pai decidiu que era hora de me dar uma educação mais refinada, e bom foi assim que eu fui parar em Beauxbatons onde estaria privada da vida de loucuras desmedidas a qual levava. Loucuras estas, agora eu admito, que tinham por único objetivo me manter com a sensação de estar viva, de ter algo me segurando, nem que fosse de maneira precária, ao mundo real e não ao sofrimento que sentia por dentro quando parava por mais de cinco minutos.

Assim que pus os pés naquela escola percebi que não iria ser fácil me adaptar, como já disse, todas as garotas eram exatamente iguais, e pelo visto não gostavam nem um pouco de mim,e no começo eu não entendia bem o porque daquilo. Falava francês, desde meus 7 anos, era minha segunda língua de modo que nunca tive problemas em compreender o que falavam, eu escovava meus dentes, usava perfume e vestia o mesmo uniforme que todas as outras, qual era o problema?
Cansada de tentar seguir o padrão me joguei de cabeça nesse meu estilo louco, claro que todas as alunas ficaram horrorizadas, decidi que não ligava mais, odiava aquela escola, odiava a comida dietética que serviam ali e odiava mais ainda suas regras idiotas.

E o que eu mais odiava era a vida que era obrigada a viver ali, e aos poucos, certo, muito, muito rapidamente a escola que tornou uma espécie de prisão onde eu me sentia sufocada e cada vez mais desesperada pela minha liberdade.
Era quase um alívio voltar para a Inglaterra e ficar com meu pai durante os feriados pelo menos a cozinheira sabia que eu preferia açúcar a adoçante... e o meu pai me evitava nesses dias como se estar ao meu lado fosse um martírio.

Terminei de amarrar minhas botas e segui na direção daquela que seria minha primeira aula, café da manhã? Desculpe mas eu prefiro os bolinhos que guardo de baixo da minha cama, assim que entrei na sala todos me encararam, as garotas pareciam horrorizadas com minha aparência e eu sorria internamente.

-Com licença professora, me atrasei, posso entrar? – Perguntei com um sorriso no mínimo cínico.

-Direção senhorita Chase, agora! – Gritou a professora, é eu sabia causar se eu quisesse. Segui para a direção sorrindo, finalmente eu conseguiria o que desejava desde que entrara ali: a expulsão.

Tirei minha varinha do bolso e apontei para todas as janelas pelas quais passei, algumas foram quebradas, outras mudaram de cor e em algumas deixei algumas mensagens fofas.

Bando de anoréxicas enjoadas! Escrevi em uma delas e na outra, Adeus clones mal feitos da Barbie, me superei em outra, Retardadas vão passar fome enquanto eu me encho de açúcar.  Nem me lembro da quantidade de frases fofamente criativas que escrevi.

Chutei todos os ornamentos pelos quais passei, rasguei pinturas históricas e nem liguei, eu faria qualquer coisa para me tirarem dali nem que depois me levassem direto para Azkaban. Ainda balançado a varinha loucamente, fiz a sineta soar, e todas as alunas saíram de suas salas, fiz com que as vestes azuis se tornassem alaranjadas, nem eu mesma sabia que tinha capacidade e magia suficiente fazer aquilo, provavelmente fui ajudada pela adrenalina liberada no momento.

Depois disso a histórica fica curta, a diretora chamou meu pai que nem olhou na minha cara, só convenceu a diretora a me deixar terminar o ano, e tenho certeza que rolou um suborno ali, de qualquer modo no próximo ano eu iria vir finalmente Hogwarts.

Finalmente uma escola no reino unido, pra começo de conversa eu deveria ter vi ido para cá com 11 anos, afinal a residência permanente do meu pai era na Inglaterra!

 Eu odiava o fato dele sempre me mandar pra longe! Será que era tão difícil me olhar? Será que eu estava tão insuportável assim? Só queria que as coisas fossem como antes, queria que ele me pegasse no colo e me contasse uma história.

Tudo era tão mais fácil antes da morte da mamãe, meu pai o grande Frederick Chase era tão alegre, tão solto odiava as formalidades tanto quanto eu odeio agora e sempre dava um jeito de deixar o ambiente descontraído.

Eu queria meu pai de volta, afinal, a morte tinha levado minha mãe mas meu pai tinha ido embora por escolha própria, ao invés de escolher viver ao meu lado ele se deixou morrer pouco a pouco. Será que eu passaria a vida inteira com aquela sensação de solidão? Esperava que não, tinha fé que em Hogwarts as coisas pudessem melhorar.

Terminar o ano não foi difícil, apesar de tudo eu tinha boas notas, e as outras alunas resolveram me ignorar, era como se eu tivesse uma doença muito contagiosa, todas se mantinham afastadas.

Acho que elas começaram a ficar com medo de mim pois antes, eu costumava ser vítima de pegadinhas e armações, de uma hora pra outra tudo ficou muito tranqüilo em Beauxbatons. Parece que minha aparência era assustadora para elas, antes do previsto eu estava de férias e finalmente livre daquela escola, obviamente passei as férias com a família da minha mãe.

Havia certas coisas que eu nunca entenderia, uma delas é o assassinato da minha mãe, eu tinha apenas 8 anos, mesmo assim me lembro de muita coisa daquela época, estranhamente não me lembro do dia em que mamãe morreu, nem do seu velório ou qualquer outra coisa. É como se meu cérebro tivesse preferido esquecer essas memórias, já vi algumas fotos do funeral e por mais que me esforce não me lembro de nada.

Não sei ainda se isso é bom ou ruim, não sei se melhor esquecer o ter essas lembranças me atormentando, claro que no momento eu não tenho muita escolha, afinal nada que eu faça parece me ajudar a lembrar.

Final do FlashBack

-Uau!- Foi tudo que Lily conseguiu dizer após meu relato, sim minha vida era no mínimo complicada, eu nem acreditava que tinha conseguido contar tudo sem derramar uma lágrima. Sara me encarava de um modo estranho, como se estivesse com pena de mim.

-Sinto muito, por sua mãe. – Falou a castanha verbalizando o que eu já tinha lido em seus olhos.

-Tudo bem Sara, já faz quase 10 anos que aconteceu.- Respondi me controlando para não abrir um berreiro ali mesmo.

-Você não se lembra de nada mesmo?

-Não Lílian, não me lembro de nada, me vejo em fotos do velório que saíram nos jornais na época, mas não lembro. – Respondi me sentindo cansada daquela conversa.

-Estranho...- Foi a coisa mais inteligente que Sara conseguiu dizer antes de cairmos em um silêncio profundo e pesado.

Eu não conseguia tirar da cabeça o rosto da minha mãe, sempre que eu falava sobre isso era como se eu revivesse toda a dor, toda a tragédia da história, toda a idiotice do meu idolatrado papai. Era certo que esse seria o tema dos meus sonhos na próxima semana, por um lado era até bom, pelo menos eu pararia de sonhar com Hugo Weasley.

Argh, sonhar com Hugo era torturante, porque eu não tinha certeza do que significava, sim ele  era bonito de mais para o bem dele e muito legal, mas eu gostava dele? Mais do que isso, perante a nova situação envolvendo Lily eu tinha o direito de gostar dele?

Mais do que qualquer outra coisa, eu tinha a sensação de que para Hugo eu era apenas o objeto raro e diferente que ele queria ter o prazer de ter. Eu era a garota diferente, o troféu que ele nunca teria na estante e por isso mesmo desejava.

-Com licença senhoritas. – Tanto eu quanto Sara e Lily pulamos de susto ao ouvir a voz da diretora. Ela parecia muito chateada com toda aquela situação tanto que não encarava Lily enquanto falava.

-Senhorita Potter, precisamos conversar em particular, já falei com a senhorita Prescott também. Acho que ficará feliz em saber que o culpado pela brincadeira de mal gosto se entregou.

Isso fez com que eu e Sara pulássemos da cadeira para poder encarar melhor a velha professora.

-Quem foi? – Perguntou Sara ansiosa e fiquei com medo que minha amiga desenvolvesse uma úlcera naquele momento.

-Senhorita Hale, creio que tem uma ronda para fazer agora, e você Chase sugiro que volte para seu salão comunal.

Tanto eu quanto Sara saímos bravas da ala-hospitalar, batendo os pés já que não era possível fazer mais nada para demonstrar a nossa revolta.

- Acho que agora as coisas ficarão mais calmas.- Afirmei pensando que se a diretora colocou as mãos sobre o culpado e a punição que esse ser desprezível com certeza merecia.

Sara me lançou um olhar enviesado antes de responder categórica:

- É ai que você se engana, mal começou.

E sem dizer mais nada a castanha saiu bufando para os corredores do segundo andar, e quanto a mim, só me restou ir para o dormitório e lidar com meus próprios fantasmas.

Hugo POV

Era como se de uma hora para outra minha vida tivesse desmoronado, desde que me descobri apaixonado por minha prima as coisas nunca mais foram as mesmas.

Lílian era apenas Lílian, tão linda, engraçada, inteligente tudo nela me fazia sorrir, nunca encontraria apenas uma única palavra para descrevê-la, nem um livro inteiro o faria. Foi minha melhor amiga na infância, foi com ela que levei minha primeira detenção em nosso segundo ano de Hogwarts, foi meu primeiro amor, havia algo nela que me atraía, havia algo em Lily que me fazia ir ao seu encontro de um modo incontrolável. Porém eu sabia que estava machucando-a, por que é claro que o idiota teve que se apaixonar novamente.

Eu não sei exatamente quando me encantei por Lana Prescott, ela meio que tinha tudo aquilo que eu não encontrava em Lily. Lana era portadora de uma delicadeza incomparável, tudo nela reluzia, mesmo quando estava com os cabelos emaranhados, mesmo quando não estava bem vestida, em todos os momentos ela era linda. Nunca assisti a um ballet trouxa, mas gosto de pensar em Lana como uma bailarina, delicada, frágil e sublime. Claro que assim como todos os outros mortais ela tem defeitos, muitos eu diria, e só posso dizer que passei por cima de cada um deles, cada momento com Lana é ótimo.

Claro que gosto das duas separadamente, afinal Lily e Lana juntas se transformam, tornam-se duas garotas completamente irreconhecíveis, eu sei, a culpa é minha, única e exclusivamente minha.

E agora mais essa, aquele mural estúpido!Quem seria tão maldoso? Quem faria aquilo conosco, era tão nojento de todos os modos, Lana e Lílian não mereciam sofrer, a verdade é que elas não me mereciam também.

Quer dizer, olha só pra mim? Idiotamente normal e as duas estão aceitas em uma das mais concorridas escolas bruxas do mundo, Lily ainda tem a opção de ir para os Harpyas e eu?
Eu não faço a menor ideia do que vou fazer da minha vida, não sou especial em nada, não me destaco em ponto algum sou apenas mais um entre tantos alunos medianos. Ah claro, sou filho de Hermione e Rony Weasley, que grande porcaria, eu digo! Isso só aumenta a pressão sobre o caçula. Papai já sofreu um baque quando minha irmã mais velha Rose, pegou suas tralhas e foi para a América com o namorado Scorpius Malfoy.

Eu não queria de modo algum sair do meu dormitório, a última coisa que queria era encarar o mundo que se encontra hostil lá fora, Lana estava refugiada nas masmorras e duvido que queira ver alguém, ela odeia que a vejam sofrendo e Lily estava na ala-hospitalar. Claro que ela estava estressada, qualquer um estaria, nosso momento no baile foi horrível, brigou com a melhor amiga e ainda estava carregando o time de quadribol nas costas.
Eu havia sido tão fraco no dia do baile, eu estava sendo tão fraco desde muito antes disso eu simplesmente não conseguia deixar Lily ir, sim eu era atraído por ela mas eu nunca cogitei a possibilidade de namorar com ela. Nunca quis que as coisas chegassem a tanto, mas de uma hora para outra estávamos tão envolvidos que percebi que ela esperava que eu terminasse com Lana e ficasse com ela.

Não me leve a mal, mas nós somos primos e tudo é tão complicado entre nós! Além disso estava mais que comprovado que eu não conseguiria ficar com ela e apenas ela, havia algo em Lily que não completava era como se um ponto em nós não se encaixasse como deveria ser.
Eu via meus pais, e tudo neles era perfeito, eles brigavam se reconciliavam, se beijavam e nada mais faltava para os dois o simples fato de estarem juntos servia, eu estava disposto a encontrar uma pessoa pra mim que me fizesse sentir isso. Eu queria alguém que não deixasse margens para dúvidas e então não precisaria de mais nada.
Terminar com Lana era outro ponto delicado. Eu não conseguia, simplesmente odiava imaginar a ideia da minha loira beijando outro cara, sorrindo para outro olhando para qualquer pessoa da forma como me olhava. Mas eu sabia que já tinha passado da hora de liberar as duas, ficar do modo como estávamos estava acabando conosco, logo até a amizade que existia entre nós antes de toda a confusão seria esquecida.

Acima de qualquer coisa eu não quero perdê-las, não quero olhar para minha vida e ver que nem Lana e nem Lílian me suportam. Eu as admiro tanto que chega doer pensar que eu as faço sofrer, tenho sido covarde, tenho sido um idiota em não lidar com toda essa situação. Estou sendo um mero expectador, as duas estão sempre brigando e agindo enquanto eu continuo na mesma inerte a tudo isso.
Mas é claro que Merlin não satisfeito em me ver dividido entre essas duas garotas fantásticas teve que me enviar outra.

Desde a primeira vez que a vi não consegui não pensar nela, tão diferente de todas as outras tão bonita em todos os sentidos da palavra.
Ela não tinha nada de Lily, nem de Lana e eu não sei exatamente quando comecei a pensar que ela seria perfeita pra mim. Eu não ficava procurando motivos para gostar dela, eu apenas gostava. É como quando você diz que gosta de doces, você sabe que gosta mas não sabe explicar o motivo de gostar.

Era bem assim que eu estava, eu sonhava com essa garota, imaginava como seria beijá-la, eu queria mais do que qualquer coisa poder me declarar pra ela. Mas pra isso eu precisava acertar as coisas com Lily e com Lana, honestamente eu não sabia como fazer isso.
Ok, chega de fica pensando e pensando, hora de agir. Levantei da cama em um pulo e peguei um casaco qualquer, o frio estava chegando, sai do salão comunal decidido a falar com Lílian, eu precisava disso e ela mais do que precisar, merecia uma explicação.
Assim que pus o pé para fora do salão comunal me encontrei com ela, a dona dos meus pensamentos. Nós quase nos batemos já que ela vinha com pressa e eu saia com a mesma pressa.
-Opa, foi mal! - Falei segurando seus ombros e movendo-a a para o lado para que assim pudéssemos seguir sem mais problemas.
-Não me toque mais, não me olhe mais, por favor? - Fui surpreendido por seu pedido, o que ela pensava de mim agora? Será que me odiava?
-Mas...-Tentei articular alguma resposta coerente, mas não consegui, ela me encarava com aqueles olhos acinzentados tão belos e eu me sentia um idiota ainda maior.

- Está sempre por perto, e não sou cego. Como posso não te olhar? - Perguntei por fim tentando fazer graça.
-Você me entendeu, não me olhe mais da forma como tem olhado, você já tem problemas de mais sem mim.
-Pra mim, Heloíse Chase você é a solução. - Falei com calma e encarando seu rosto emoldurado pelos cobelos rosas como um todo.
-Não sei como posso ser, você tem uma namorada, esse tempo todo tem estado com Lily, minha amiga. - Lise parecia abalada, e eu sei pode parecer loucura, mas isso me animou. Será que ela gostava de mim? Nem que fosse um pouco?
-Eu vou resolver tudo, eu vou terminar com a Lana. - Murmurei involuntariamente.
-E Lílian? - Me perguntou Lise cerrando os olhos.
-Nós já conversamos no dia do baile, e eu estava indo agora mesmo para a enfermaria falar com ela.
-E você acha que as coisas vão ser resolvidas dessa forma Hugo? - A garota me olhava parecendo realmente decepcionada com algo, ou com alguém eu diria.
-Lise eu...-Comecei a tentar explicar algo que nem eu mesmo podia entender, mas a garota não me deixou falar.
-Não!Chega Hugo, já chega! Será que você não se importa com nada a não ser você? As coisas não são tão simples, não basta terminar com a Lana, não é somente conversar com Lílian! Nada será resolvido enquanto você não souber com quem quer ficar, você gosta das duas, eu já percebi isso e agora gosta de mim também? - Lise estava gritando comigo de um modo como nunca ninguém havia feito antes, a cada nova palavra eu me sentia um lixo, por outro lado eu me sentia mais humano.
-Como você pode dizer que gosta de alguém se não se importa o mínimo com nenhuma dessas pessoas? Como pede querê-las perto de você quando não cuida delas, você só estava fazendo todo mundo sofrer eu sei que não é só culpa sua, mas facilitaria muito se você parasse de ficar com uma. É tão difícil encarar uma delas e dizer, não quero mais? - Perguntou por fim Heloíse, eu não sabia o que dizer, não tinha nada a argumentar contra aquilo, é claro que tudo isso não teria acontecido se eu tivesse escolhido apenas uma.
-Eu...eu vou falar com a Lily, eu preciso ir..eu..-Mais uma vez perdi a capacidade de formar frases coerentes e a garota a minha frente me olhava quase que com pena.
-Acho bom você escolher outra hora pra falar com sua prima, a diretora está lá agora. Parece que a pessoa que fez o mural confessou tudo.- Uau, tão rápido? Imagino a ameaça que a diretora deve ter feito para o culpado se entregar.
-Ah, certo, obrigado, eu vou....vou dar um volta. - Comecei a andar na direção oposta ao retrato da mulher gorda, porém senti a necessidade de falar.
-Heloíse! Você tem razão, eu gosto de você também, mas é diferente. - Declarei sem conseguir deixar muito claro o que sentia por ela, sem me responder a garota entrou no salão comunal e eu me vi obrigado a seguir meu caminho.

Eu não sabia exatamente onde ir, e de algum modo acabei parando nas masmorras, talvez fosse força do habito de tanto ir ver Lana, ou talvez uma parte de mim realmente precisasse dela naquele momento.

Ela estava como sempre no final do corredor, próximo a uma das janelas em que era possível ver o lago negro, assim como na maior parte do tempo tudo que se via era breu, a única luz esverdeada vinha de um archote.

Minha namorada sempre me parecera belíssima, mas naquela noite estava deslumbrante, talvez o fato de eu estar prestes a terminar com ela me fez perceber tantas coisas que eu nunca antes havia notado.

Como o fato de seus olhos serem do mais perfeito azul, eram tão lindos que era covardia com o oceano compará-los. Seus cabelos loiros, apesar de eu saber muito bem que não eram naturais, Lily adorava me lembrar isso, eram perfeitos e emolduravam seu rosto de boneca.
Mas quando Lana me olhou, apesar dos olhos estarem lacrimejando, e sorriu pra mim, eu esqueci todo o resto. Esqueci o que estava fazendo ali, esqueci de Heloíse, de Lily, esqueci até meu próprio nome.
-Que bom que veio, pensei que não quisesse mais me ver. - Disse ela entre o sorriso perfeito que só ela possuía.
Eu sabia que não era saudável, sabia que mais tarde eu iria me arrepender, mas eu não resisti, corri para abraçá-la. Eu a apertei em meus braços, a segurando de maneira firme e possessiva para em seguida juntar nossos lábios em um beijo que buscava esquecer as duvidas, inseguranças e medos sobre o que estava por vir. Quando estava esquecendo a razão em seus braços foi que entendi. Eu não poderia acabar com aquilo. O que tínhamos era incrível. Eu não conseguiria combater aquele sentimento.

O ultimo pensamento que tive ao senti-la arranhar a minha nuca me puxando para mais perto foi que ninguém poderia me culpar, afinal...


...Lana Prescott era irresistível pra mim.


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Notas finais do capítulo

NA/Bom como podem ver a minha beta esqueceu no NB, e eu não estou muito inspirada...mas lembrem de COMENTAR!
Ah, mas o capítulo foi betado e a minha gêmea como sempre se superou!
Espero que não me matem por esse capítulo trágico, e não se esqueçam de que no final vou fazer todo mundo ficar feliz! *-*
Passem na minha nova fanfic, o shipper é Lily e Hugo O melhor amigo da noiva.
E na fanfic da Mila minha beta Secrets of soul.
Beijos
Tia Lore