A princesa e o sapo

Eu ainda não acreditava que Hugo tinha feito aquilo comigo, eu sabia que ele e a prima estavam envolvidos mas sair daquele jeito da festa...JUNTOS...SORRINDO. Sabe, sempre dizem que sapos podem virar príncipes, o problema é que ninguém nunca me avisou que príncipes poderiam virar sapos com o passar do tempo. Falando sério se soubesse disso procuraria mais sapos, pena que eu estava irremediavelmente apaixonada pelo meu Hugo, mesmo que ele estivesse agindo como um sapo nojento nos últimos dias.

Era doloroso, por mais que eu negasse, por mais que eu me fizesse de forte, doía ver meu namorado com ela. Eu ainda me lembrava da primeira vez em que ele havia conversado comigo, como tinha sido educado, gentil e prestativo.

FlashBack

 Estava no final do quinto ano, e eu tinha NOM’S de Defesa Contra as Artes das Trevas no dia seguinte, estava desesperada tentando executar o feitiço de proteção:

-Protego! – Gritei furiosa, chacoalhando minha varinha, que merda de bruxa eu era afinal?

- Protego! Protego!Protego! – Gritava sem parar, mas nada acontecia, estava muito brava, suava muito e meus cabelos deviam estar parecendo um ninho de passarinho. 

-Você não está fazendo o movimento certo! – Me alertou uma voz doce, que nunca antes havia sido dirigida a mim, eu sabia que era Hugo Weasley, o garoto mais bonito do nosso ano que me observava sem que eu tivesse percebido.

-Ah, pode me mostrar com se faz? – Perguntei um pouco receosa.

-Claro! Muito prazer sou Hugo Weasley! – Ele falou estendendo a mão e sorrindo lindamente pra mim. Como se eu já não bem soubesse quem ele era. Eu duvidava SIM é que ele soubesse quem EU era.

-Lana Prescott. – Falei tentando não ficar vermelha, na época eu era apenas mais uma sonserina entre tantas outras, eu quase não podia acreditar na sorte que eu tinha por ele ter vindo falar comigo.

-Protego! – Ele falou, com firmeza e eu soube que ele diferente de mim executara o feitiço de modo correto. – Tente você! Faça um movimento com a varinha, um risco em diagonal, da esquerda para a direita de cima para baixo.

-Protego! – Ordenei, e tentei fazer o movimento.

-Está melhor, mais ainda não está perfeito! Tente de novo! Assim... – disse ele segurando a minha mão e executando o movimento comigo. Ele me incentivava, foram várias tentativas até ele se dar por satisfeito e abrir um sorriso.

-Eu consegui! Finalmente! – Comemorei sem me conter. – Obrigada Weasley! – Agradeci tentando não encarar aqueles olhos azuis profundos.

-Não precisa agradecer, e me chame de Hugo, assim como chamarei você de Lana. Pode ser? 

-Claro....Hugo. – Acrescentei seu nome no final um pouco sem graça.

-Olha Lana, não quero que você pense que eu te ajudei aqui por que queria te pedir algo, mas a verdade é que faz dias que estou reunindo coragem pra te perguntar... – Ele parecia meio constrangido.

AI MEU MERLIN! Ele iria me chamar pra sair!!

-Pode pedir...-Ajudei ao ver que ele não iria conseguir terminar a frase sem um incentivo.

-Ah certo, eu sei que você é a melhor em poções do nosso ano, e eu não posso reprovar nos NOM’s de poções, será que você pode me ajudar a estudar? – Droga! Era óbvio que ele nunca iria me chamar pra sair...

Tentei não ficar com cara de decepcionada, e respondi da melhor forma que pude.

-Ah claro que sim! Quando você quiser...- Mas então fomos interrompidos por uma garota de cabelos arruivados. 

E eu reconheci Lílian Potter, a garota que todas queríamos ser, isso porque ela era popular, inteligente e acima de tudo pelo fato de que enquanto todas éramos magras como garotinhas, Lily Potter era uma mulher. Eu a odiava pela atenção que chamava quando cruzava os corredores, era constrangedor ficar perto dela era como se eu tivesse 5 anos e ela 18, apesar de ambas termos 15 anos.

Parecia impossível que eu a odiasse ainda mais, porém vi a forma como Hugo olhava pra ela, o modo como os seus olhos brilhavam e o sorriso aumentava. A Potter estava ofegante quando falou.

-Ai,...ufa...estive procurando por você Hugo! Pensei que iríamos juntos falar com a Prof. Prado! – Ela falou sorrindo, pra ele de um modo confidente. Hugo bateu na própria testa e se explicou.

-Tinha esquecido Lily, me distrai aqui... – Finalmente Lílian Potter pareceu me notar.

-Olá Potter! – Falei em meio a uma careta.

-Você é...? – Ela perguntou franzindo a testa, o que me deixou muito, mas muito irritada mesmo.

-Lana Prescott. – Respondi de modo seco.

-Claro! Mesmo ano que agente, mas você não tinha cabelos castanhos? – Indagou olhando para meus cachos loiros.

-Era. – Respondi me contendo para não voar no pescoço dela.

-Ficou legal...Hugo nós vamos ou não? – EU QUERIA MATAR ELA. Olhei para Hugo e a forma como ele olhava pra ela, e naquele momento desejei que um dia ele me olhasse com a mesma intensidade.

Sem se despedir, Hugo saiu com a prima, e naquele momento eu soube que o que havia entre os dois provavelmente ia muito além de uma relação de primos comum, era uma amizade que eu jamais iria entender.

Final do FlashBack

Desde então eu e Hugo nos tornamos amigos, ele me ajudava com o que eu precisava, conversávamos muito e no último dia de aula nos beijamos, me lembro exatamente de como achei que fosse explodir de alegria. Me lembro do modo como ele sorriu satisfeito com aquilo e disse que gostava de mim, o modo como seus olhos brilhavam e pela primeira vez senti que um pouco daquilo que antes era apenas de Lílian Potter agora era meu também.

Trocamos cartas naquele verão, e antes das férias terminarem ele foi até minha casa e pediu autorização para meus pais para poder namorar comigo. Nunca me senti tão amada quanto naquele dia, Hugo se comportou como um príncipe e conseqüentemente me senti como uma princesa, ele me deu um colar maravilhoso e disse que eu era a garota mais linda que ele já tinha visto.

Mas logo o ano começou e a presença de Lílian Potter se tornou uma ameaça ao meu conto de fadas, percebi que mesmo estando comigo Hugo a perseguia, ele sentia falta dela, sentia necessidade de estar com ela como se apenas eu não fosse suficiente pra ele. Me lembro de ter chego a conclusão de que era melhor ficar com ele dessa forma estranha, do que não ficar de modo algum.

Lílian passara a me odiar, cada vez que ela me via destilava seu veneno, sem ficar pra trás passei a fazer o mesmo, endureci e assumi uma postura de segurança, quando no fundo o medo de perder Hugo para ela me assombrava dia e noite.

Ainda me lembrava de nosso primeiro enfrentamento de verdade, da primeira vez em que fomos sinceras e colocamos tudo em pratos limpos.

FlashBack

Me lembro daquela tarde de primavera como se fosse hoje, eu estava a procura de Hugo, afinal era seu aniversário de 17 anos e eu ainda não tinha me encontrado com ele. Estava nos jardins segurando o seu presente com firmeza, sabia que ele iria adorar, afinal era a goles com a qual o Chudley Cannos seu time de quadribol favorito havia conquistado a primeira vitória depois de quase 60 anos. Pena que depois

o time não venceu mais nada, mas de qualquer modo Hugo e todos os outros loucos que ainda acreditavam no Chudley ficaram satisfeitos.

Avistei a “priminha” Lílian Potter parada admirando o lago, eu não queria precisar dela para encontrar meu namorado, mas eu já tinha procurado-o por todo o castelo, aquela era minha última tentativa, de qualquer modo mesmo não querendo admitir Lily participava de um modo ativo na vida de Hugo. 

-Olá Potter, será que sabe onde meu namorado está? – Perguntei dando ênfase em “meu namorado”. Para minha total insatisfação a garota abriu um sorriso deslumbrante e segurou uma mecha de cabelo que reluzia com o sol de fim de tarde.

-Não adora o sol? Eu o amo, na primavera e no verão o sol faz com que meus cabelos fiquem realmente ruivos, já no outono e no inverno eles ficam de um tom castanho. – Eu não entendia onde a Potter queria chegar com aquela conversinha mole.

-Nunca reparei Potter. – Respondi sem dar muita importância. 

-Pois é, diferente de você prefiro deixar meu cabelo no tom natural.- Respondeu me encarando com maldade.

-Por que é que você faz tanto caso sobre isso? – Perguntei sem entender, e daí que eu pintava meus cabelos de loiro, eu ficava perfeita assim. Para meu espanto Lílian começou a gargalhar, mas era um riso sem humor, ela obviamente debochava de mim. Cruzei os braços esperando que aquilo passasse, após algum tempo Lily voltou ao normal e com aqueles olhos cor de mel faiscando me perguntou.

-Acha que eu não sei quem você era? – Ela me perguntou, e eu entendi o que ela queria dizer, quis correr dali, deixá-la falando sozinha mas eu não podia não enfrentá-la.

-Não sei o que quer dizer. – Falei sem alterar meu tom de voz, por dentro começava um mantra. Fique calma, fique calma, fique calma...

-Ah, não? Eu me lembro de você Prescott, a garotinha estranha e sem graça que ficava escondida na última carteira! A vergonha da Sonserina...-Ela se lembrava? Como ela poderia se lembrar, ninguém me conhecia na época! Eu vagava sozinha por esse maldito castelo sem ser notada.

-Surpresa por eu me lembrar? Meu irmão Alvo foi um sonserino também! Ele me falou sobre você, tão patética que tinha medo do próprio salão comunal, que grande sonserina você é...- Fique calma, fique calma, eu repetia pra mim mesma, mas não estava funcionando, antes que pudesse me controlar puxei a varinha do bolso a avancei até na Potter. Eu a encarava tremendo de raiva, por outro lado Lílian, me olhava com divertimento, como se não se intimidasse em ter uma varinha encostada em seu pescoço.

-Cala a boca Potter! Quem está por cima agora? – Perguntei encarando-a e por um momento vi um taco de raiva passar por seu rosto. – Você está acabada! Ninguém se importa com quem eu fui, tudo que elas sabem é que devem respeitar quem eu sou! 

-Garotinha insegura...-Comentou a Potter, e foi minha vez de gargalhar sem humor algum.

-Eu? E você Lílian Luna Potter, correndo atrás do próprio primo como um cachorrinho treinado! Você perdeu, eu ganhei! Hugo é meu namorado você queira ou não! – Joguei a verdade na cara dela e agora a ruiva já não conseguia esconder a raiva que estava sentindo.

-Cala a boca! – Falou tremendo.

-Ah, então você não gosta de ouvir a verdade? Garotinha fraca, eu também vejo você Potter! Acha que nunca vi como corre todas as manhãs, como quase não come....mas deixa eu te ensinar uma coisa. Tudo depende da estrutura óssea, a minha me favorece eu sempre vou ser esguia e magra enquanto você, bom, é melhor que reforce sua vassoura se quer mesmo jogar quadribol. – Sim foi golpe baixo eu sei, a Potter não era gorda, não chegava nem perto disso, mas eu já tinha reparado que ela tinha uma certa fixação quanto a peso só acertei seu ponto fraco, assim como ela fez comigo. Porém não deu nem tempo para ela se abalar, já tinha outra resposta pronta na ponta da língua.

-Você não sabe do que está falando Prescott, está querendo me provocar, mas no fundo você sabe que por mais que tente, ele sempre vai me amar. Hugo me ama e você sabe disso, não é burra, uma parte dele sempre vai me querer ao lado dele e é só questão tempo para que ele perceba quem você é! – Apesar da fala da Potter, seus olhos estavam marejados em lágrimas, mas eu não duvidava que os meus estivessem muito diferentes.

-Sim, quem eu sou! Porque eu sou a bruxa má da história! Eu sou a vilã? – Dei uma pausa e completei. –Posso até ser, mas definitivamente você não é a princesa Potter. Por que se eu sou a ruim da história, você é pior, muito pior!

Potter não me respondeu, e eu estava cansada daquilo, queria correr para meu quarto e chorar, porque eu sabia que Potter tinha razão, Hugo a amava, e aquilo me fazia sofrer, aquilo me machucava. Me afastei de Potter e guardei a varinha, me afastei andando de costas, sem nunca desviar o olhar da garota.

Quando na verdade queria nunca mais ter que olhar na cara daquela que parecia estar sempre em meu caminho, dando a minha relação com o meu namorado a aparente insegurança, um sentimento constante de precariedade. Perto dela era como se tudo aquilo que eu vivi ao lado do Hugo não passasse de uma diversão, algo temporário, enquanto que eles ainda não estavam juntos. Uma substituta. Nem isto. Um passatempo. 

-Avise Hugo que eu estive procurando por ele. – Pedi sabendo que provavelmente ela nunca faria isso.

-Aviso, não se preocupe em procurá-lo, Laninha. – Falou a ruiva com sarcasmo e desprezo.

Me afastei o mais rápido que pude, queria de qualquer jeito chegar as masmorras sem ser vista ou parada por ninguém. As lágrimas, corriam em meu rosto e eu não conseguia deixar de culpar Hugo por isso, afinal se ele não desse trela para a Potter ela nos deixaria em paz, era óbvio que a culpa não era só dela, mas claro que eu nunca diria isso em voz alta.

Final do FlashBack

Argh, e onde todo esse sofrimento me levara? Bom, no momento eu estava escondida próxima a entrada do salão principal, vigiando todos que passavam tentando encontrar meu namorado, era humilhante, mas antes abordá-lo ali fora, do que deixá-lo entrar junto com a Potter.

Foi então que a vi, a ruiva Potter caminhava lentamente na direção do salão principal, vinha sozinha, não sei exatamente porque fiz o que fiz naquele momento; sai de meu esconderijo e fiquei parada bem a sua frente tornando impossível que ela não me encarasse.

Para minha total surpresa Lílian, não me lançou palavras de escárnio, ou um olhar vitorioso, ela parecia de certo modo triste e me pareceu até mesmo culpada, ficou parada a alguns metros de mim, me encarando. Ela aparentava estar muito cansada e seus olhos tinham perdido o brilho divertido que ela normalmente expressava.

-Lana...- Ela começou a falar, mas eu não queria ouvir nada que viesse dela, até porque eu não estava entendendo seu comportamento.Ela tinha ganho na noite passada, devia estar dançando a conga sobre meu cadáver, mas não ela estava ali com aquela cara de tristeza me chamando pelo primeiro nome. Onde estava o olhar de menosprezo? A postura de superioridade?

-Não fala nada. – Pedi fechando os olhos tentando assim de um modo muito infantil esconder as lágrimas que teimavam em escorrer. Oh Merlin, eu estava chorando na frente dela! O que poderia ser mais humilhante que isso?

Eu estava acabada bem diante de minha rival, se ela ainda brigasse comigo, se Lílian risse da minha cara eu saberia o que fazer, saberia exatamente como revidar mas não estava preparada para aquilo, para aquela falta de reação. Ela tinha algo de diferente, não era mais a mesma Potter sempre pronta para a briga. E o que quer que tivesse mudado me assustava. Me assustava mais do que qualquer coisa. Não sabia como a combater perante a sua nova postura.

-Por favor me escuta...- Para minha surpresa a garota na minha frente também estava com a voz embargada, e ao seu modo evitava as lágrimas. Só posso dizer que seu modo era muito mais eficiente que o meu já que as lágrimas escorriam livremente em minha face. 

-Não! Não! Sai da minha frente Potter! Você ganhou! Parabéns, agora sai daqui! – Desabafei tentando não gritar com ela, não queria que outras pessoas me ouvissem, mas era difícil me conter, a raiva que eu sentia, tudo que eu tinha agüentado por mais de um ano parecia explodir dentro de mim. 

Tive que me segurar para não voar nos cabelos dela e partir para uma briga ao estilo trouxa, porque com a raiva que eu sentia nenhuma azaração seria ruim o suficiente. Para meu alívio, a Potter entendeu o recado e entrou sozinha no salão principal. E só então eu percebi o que havia de diferente nela. Foi olhando as suas costas que notei como Lílian Potter estava naquela manhã. Ela parecia vazia. Oca. Zerada de sentimentos, logo ela que costumava transbordar paixão, raiva, amor sempre tão emotiva...

Mas para mim pouco importava, no momento o que eu precisava era encontrar Hugo.

 Me recompus da melhor forma que pude, parei de chorar, sequei as lágrimas, arrumei meus cabelo e ensaiei um sorriso, ninguém deveria saber que Lana Prescott e Hugo Weasley estavam tendo problemas, afinal nós éramos o casal mais paparicado daquela escola, qualquer boato sobre nós corria de modo impressionante pelos corredores de pedra.

Como o esperado Hugo apareceu logo após a sua prima. Como sempre ele parecia perfeito, usava uma camiseta pólo vermelha e branca e calça jeans, os cabelos estavam despenteados e a barba rala estava por fazer.

-Aí está você! – Falei dando meu melhor sorriso, nós não tínhamos problemas. Repetia para mim mesma como em um mantra.

Nós não temos problemas.

-Vamos logo, e se alguém perguntar, nós passamos a noite juntos. – Falei com mais um sorriso e segurando sua mão entrei no salão principal.

-Mas Lana... – Ele queria se explicar sentia isso nele, meu namorado assim como Lílian Potter se sentia culpado, o que me irritava muito afinal, eles não se sentiriam culpado se não tivessem feito nada durante a noite.

Sabendo que uma careta surgiria em meu rosto se eu continuasse com aqueles pensamentos nada felizes sussurrei para Hugo entre meu próprio  sorriso forçado.

-Apenas sorria! Sorria Hugo e tudo ficará bem! 

Falei sem me importar com mais nada além de mostrar ao mundo que eu Lana Prescott era imensamente FELIZ.