-Claro, Vrael.- Em seguida lhe mandou um olhar conspirador e estendeu a mente até sentir a dele. Parou quando sentiu a musica da mente dele.

Pegadooooorr...

Pai!

Hmmm, seu safadênho.

Pai! Ela é minha melhor amiga e...

Ela é gata pra caramba, não negue.

Olha, pai, eu...

“quero pegar ela e nunca mais soltar.” Eu sei filho, eu sei.

Pai!

Vrael parecia uma cereja madura, de tão vermelho que estava. Kath franziu a sobrancelha e olhou para ele, desconfiada.

Eragon se retirou da mente de Vrael, gargalhando internamente. Em seguida foi a vez de Arya lhe tocar a mente. Vrael se retraiu ao sentir a mente da mãe roçar na sua, mas não conseguiu impedi-la.

Filho, eu sei que para os padrões humanos você já é adulto e tudo mais...

Mãe, eu...

... e eu sei que você gosta da Kath e tudo o mais...

Mãe! Eu...

... mas se você magoá-la, você vai se ver comigo e com o pai dela, ta me entendo? E você vai..

MÃE, EU SOU UM AMIGO DELA.

Não grita comigo moleque! Sou mais velha que você e bem mais sábia!

Dizendo isso se retirou da mente da garoto, que parecia que ia ter a cabeça explodida, de tanto sangue que tem nela. O garoto desejou boa noite aos pais e puxou a menina escada acima, em direção ao seu quarto.

Seu quarto era como qualquer outro quarto de Cavaleiro, simples e voltado para o estudo. Na parede a direita era completamente feita de buracos na parede, repletos de pergaminhos. A esquerda era tomada por uma escrivaninha que tomava toda a extensão da parede. A mesa estava repleta de pergaminhos, desenhos, textos, atividades escritas e materiais de artesanato. Na parede ao fundo havia um buraco onde Islingr podia entrar e um pufe gigante para ele descansar. No fundo a direita tinha uma escada circular que subia para o quarto de descanso.

O quarto de descanso era tão simples quanto o quarto de estudo. A esquerda tinha uma cama grande o bastante para um Kull se deitar. A cama era a parte preferida de Vrael, seu orgulho. Ele passava as horas livres entre estudos e pequenas aventuras com Kath deitado na cama, lendo. A direita tinha uma cama ainda maior e redonda, destinada a Islingr. No chão havia um tapete comprado das tribos nômades, e no teto havia um lustre comprado dos piratas do sul. Havia na parede do fundo uma porta que levava ao banheiro feito a moda élfica. Na canto perto da cama tinha a armadura de Vrael dentro de uma redoma. Sua armadura era feita do melhor metal existente, depois do Aço Estelar. Era feita a moda élfica também, feita de escamas. Por baixo da armadura ele usava uma roupa de couro, que seu pai fez a partir do dragão Shruikan. O fato de sua roupa ser feita de couro de dragão o enojava, mas ele gostava da roupa mesmo assim, era confortável e resistente a magia, cortes e fogo.

Katherine deixou sua trouxa de roupa em cima da cama dele e olhou o quarto dele, admirada. Vrael enrubesceu.

-Tem um banheiro ali, se quiser se banhar e trocar a roupa.- Ele lhe disse, apontando para a portinha na parede. Ela agradeceu, pegou a trouxa e foi em direção ao banheiro.

Vrael aproveitou a deixa e desceu para pegar um colchão e cobertas extras. Ele pegou seus pais no flagra, em uma demonstração clara e publica de afeto.

Enojado, Vrael voltou para o quarto. Deixou as coisas no chão e procurou Katherine com o olhar. Percebendo que Kath tinha saído do banheiro e estava na varanda, ele pegou seu pijama e se dirigiu para o banheiro. Se banhou, fez a barba com magia e colocou o pijama. Mesmo sendo sua mãe uma elfa, e seu pai um meio elfo, ele conservou a capacidade de ter pelos no rosto.

Quando saiu do quarto se deparou com Kath arrumando uma cama com as coisas que ele trouxe, ao lado da sua. Ela usava somente uma camisola fina e um pequeno short de pijama, e ele percebeu que seu pai tinha razão, como sempre. Ele a encarou como se ele fosse um dragão e ela, um feldûnost. Ao perceber que ele saiu do banheiro e a encarava, Kath corou. Ela o encarou como ele estava a encarando, percebendo que ele não usava nada alem de calças e roupa intima, deixando o torso e braços definidos pelo treinamento descobertos. Ele corou. Quando ela estava começando a lhe dar uma bronca, por lhe encarar assim, ele percebeu o que ela estava fazendo.

-O que você pensa que esta fazendo?- Ela lhe encarou, incrédula.

-Estou arrumando minha cama horas.- Ele corou ainda mais.

-Eu trouxe essa coisas pra MIM. VOCÊ vai dormir na minha cama.- Ela corou.

-Ora, porque? Não precisa, eu durmo aqui mesmo.

-Não mesmo. EU durmo ai. VOCÊ dorme ali.- Ele falou, apontando pra própria cama.

-Ótimo.- Ela disse, percebendo que não poderia ganhar. Ele sorriu, vitorioso.- Mas – O sorriso dele murchou- VOCÊ vai dormir COMIGO na SUA cama.-Ele corou como um pimentão.

-Não precisa, eu durmo aqu...

-Não me faça repetir. Você sabe muito bem que na cama cabe nós dois.

Relutante, Vrael aceitou e se deitou do lado dela na cama.

-Você percebe como isso é estranho, né Kath?

-Sim. É estranho o fato de eles ainda não terem voltado, faz uma semana, por Deus!

-Não isso. O fato de nós dois estarmos deitados lado a lado na mesma cama, sendo que eu estou SEM camisa.

-Ah, isso? Não acho não. Mas acho que Lira realmente ia adorar.

Vrael corou.

Lira era uma Cavaleira elfa que ficava dando em cima de todos os Cavaleiro homens, principalmente Vrael. E até tinha tentado lhe roubar um beijo, falhando miseravelmente.

-É, pode ser que sim.

-Vamos, admita, você sabe que ela passaria por todo o treinamento três vezes só pra estar no meu lugar.

-Você não acha estranho o fato de ambos ainda não terem voltado?

-Acho, mas não mude de assunto. Admita que gosta dela!- Ela lhe dava um olhar maroto, mas ele conseguia ver a ansiedade pros trás da mascara de divertimento. Ele se aproximou mais dela, ficando a escassos centímetros.

-Você sabe que eu não gosto dela. Que eu gosto de outra pessoa.- Ele se aproximou mais, a ponto de poder contar cada cílio no olho dela.

-Ah é? Então de quem você gosta?- Dessa vez foi ela que se aproximou mais.

Estavam a apenas cerca de 5 centímetros de distancia. Ela podia sentir a respiração dele, e sentir seu cheiro forte e almiscarado. Claramente masculino. Ao mesmo tempo em que ele podia sentir seu hálito quente e seu cheiro de flores, como se ela passasse o tempo livre deitada no jardim do palácio em que ele morava.

Estava ambos de olhos fechados, seu lábios quase se tocando, 3 centímetros, 1 centímetro, e então...

Eles se sobressaltaram ao ouvir o barulho de pingos de chuva grossos na enorme janela que dava pra varanda. Era provavelmente a ultima chuva antes do inverno e tinha chegado justamente quando estavam quase lá.

Ambos se afastaram repentinamente, corando até a raiz do cabelo.

-Boa noite, Vrael.

-Boa noite, Kath.