Era outro simples dia na escola, Amy estava entrando para a sala, Dave a chama em um canto:

– Hei Amy, posso falar com você?

– Sim, pode.

– Conheci seu irmão. Jake, não é?

– Sim, é ele, mas o que tem ele? - ela pergunta suspeitando de algo.

– Você já olhou os pulsos dele?

– Espera, não entendi. O que tem os pulsos dele? – ela começa a ficar assustada.

– Você não viu. Estão cortados, aliás, parece que ele acabara de cortar-se hoje novamente.

– Não, tem certeza de que foi Jake que viu. Você deve ter se enganado, sei lá, por que Jake faria isso?

– Sim, tenho certeza.

– O meu Deus, eu vou falar com ele, não sabia disso e obrigado por me contar.

– De nada.

Jake estudava de manhã, então provavelmente estaria em casa ou em algum lugar nas ruas. Amy saiu da escola e foi procurar por ele. Primeiro passou em casa, seu pai disse que ele estaria na casa de sua nova namorada e ela perguntou:

– Onde é a casa dela?

– Não sei, ele não me disse, só disse que estaria lá e que iria demorar a voltar.

– Está bem, vou ligar no celular dele.

Ela sai de casa, pega seu celular na bolsa que estava junto dela e liga para Jake:

– Jake, venha para casa, eu quero falar com você, é urgente.

– O que aconteceu? É muito importante?

– Agora! – Amy grita e desliga o celular, estava com raiva, mas ao mesmo tempo confusa.

Ela ficou esperando Jake na porta de casa. Ele demorou ao menos uns dez minutos até chegar em sua casa e quando chegou...

– O que aconteceu Amy? – ele pega seu skate na mão e corre até a porta ao encontro de Amy. Ela não fala nada, apenas segura seus braços com força e ergue a manga de seus braços. Havia vários cortes, um inclusive estava um pouco aberto, com ou pouco de sangue já seco.

– Espera Amy, o que você está fazendo? Como você descobriu? – Ele fala tentando tirar seus braços das mãos de Amy, mas ela segurava com muita força.

– Dave viu seus braços, me contou. Por que você está fazendo isso? Por qual motivo? Não entendo.

– Quem é Dave? E como ele descobriu.

– Dave, o garoto novo na cidade que conheceu você mais cedo.

– Espera, não falei com ele, na verdade, passei perto dele, ele ficou me encarando, eu estava de blusa, não tinha como ver meus cortes, ele me pegou pela mão, me olhou nos olhos e depois ele soltou, eu xinguei aquele filha da mãe e sai. Como ele te contou? Ele nem sabe quem sou.

– Isso não vem ao caso agora, mas por que você está se cortando?

– Quer mesmo saber? Eu me corto todos os dias, desde quando mamãe morreu isso faz eu me sentir melhor, eu não consigo parar, mas não paro – varias lagrimas começam a escorrer sobre seus olhos e pingando no chão.

– Jake, ai meu Deus, você tem que se tratar. Se cortando não vai trazer mamãe de volta, tem que parar, tentar, você precisa parar. Você vai se matar assim e você sabe que se você morrer vai ser que nem mamãe morreu, a gente vai chorar. Ficar triste, você vai ser mais um a morrer para fazer nos sentirmos mal, para com isso, não precisa ser por mim, mas pela mamãe, com certeza ela não queria isso para você.

– Está bem, eu precisava ouvir isso. – ele olha o rosto de sua irmã chorando, ele a abraça – Amy! Me ajude, não quero isso para mim e para ninguém.

– Sim, eu vou te ajudar não se preocupe. Tudo ficara bem.

Os dois entram, Will estava sentado no sofá tomando cerveja assistindo ao noticiário. Os dois sentam um de cada lado de Will, contam o que estava acontecendo, eles tomam a decisão de levar Jake para um centro de reabilitação.

Amy sobe para seu quarto, deita em sua cama, lembrando da conversa que teve com Jake na porta de casa. Ela pensa:

– Espera. Jake não falou com Dave, nem mostrou seus machucados, eu nem contei que tinha um irmão, como ele sabia disso?

Amy ficou refletindo sobre isso, até que decidiu esquecer, pois o mais importante já foi resolvido, e, alias, Dave teria ajudado os Tonks de perder mais um membro de sua família.

No outro dia, Amy chegará à escola, silenciosa, não contou a ninguém sobre seu irmão. Dave estava no mesmo lugar, no banco em frente ao colégio, com a mochila pendurada e de capuz com a cabeça baixa, então ela correu até ele:

– Muito obrigada – Amy o abraça – obrigada de verdade.

– De nada. – ele apenas sorriu.

Os dois entram na escola, eles vão para o corredor onde ficavam seus armários, ela não agüentou e perguntou:

– Como sabia? – ela faz um olhar de condenação, olhando profundamente nos olhos de Dave.

– Eu falei com ele, vi seus braços.

– Não, ele me falou que você o encarou, pegou em seus braços, depois o soltou, e não falou com ele – Dave fica em silencio, não diz um palavra sequer – eu também nem falei que tinha um irmão, como você sabia que Jake era meu irmão?

– Eu... Eu, eu preciso ir, o sinal vai bater. – ele sai depressa, deixando Amy sem respostas.

– Espera, hei. Você não me respondeu.

Ele não olha para trás, apenas segue para sua sala.

Ela fica com raiva, grita mais umas três vezes o nome de Dave, desiste e também vai para sua sala.

– Eu não entendo como isso aconteceu, como? – ela pensa em voz alta.