A Dor De Um Sonho escrita por Silvana


Capítulo 6
Capítulo 6: EXPLICAÇÕES


Notas iniciais do capítulo

Esse é um pouquinho maior do que os outros, mas as explicações não podiam para "no meio" mais uma vez...
Já pensou a Rose tendo outro ataque de Bella?



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     Elizabeth dormia profundamente enquanto eu criava coragem para começar a contar minha aventura de ser mãe mesmo depois de vampirizada. Apesar de minha gravidez ter sido completamente normal como a de qualquer humano comum, ela parecia crescer tão rápido quanto Nessie. Ainda não tinha 72 horas completas de vida, mas já parecia um bebê de quase 3 meses. Já respondia aos nossos olhares, já retribuía sorrisos, já identificava as vozes, principalmente a de Carlisle, que ela parecia já admirar e respeitar muito. E ela que não respeitasse o vovô... Já era bem sabidinha também.

     - Rose, ontem você começou a me contar, mas acabou não podendo continuar – Carlisle falou meio hesitante, com medo de eu ter outro ataque. - Creio que agora você já esteja calma o suficiente para continuarmos.

      - Certamente, Carlisle – abaixei a cabeça pra esconder um misto de constrangimento por ter saído escondida, meio fugida, completamente egoísta, com um alívio por vê-lo ali, diante de mim, salvando a vida do meu bem maior, mas sem querer dar o braço a torcer, lógico.

     - Esme está realmente preocupada com o fato de eu ter vindo atender um chamado seu e Alice conseguir ver a mim e Abraham e não poder ver você e Emm – falou Carlisle num tom de severa rispidez. – Sabe, Alice sabe de Blade e de Abraham...

     - Sinto muito não poder dizer ‘sinto muito’ – tentei parecer ofendida com o fato de querer privacidade e Alice ficar o tempo todo “invadindo” minha vida – mas só estava indo atrás do meu sonho, já que quando fui transformada ganhei o direito à “vida eterna” sem poder realizar o desejo mais simples de qualquer mulher... E nem sequer me perguntaram se era isso o que eu queria.

     Carlisle abaixou a cabeça constrangido e realmente magoado. Creio que, se fosse possível, ele estaria chorando. Quis me pedir desculpas, mas sua voz estava completamente embargada. Quase dava pra ver o nó se formando em sua garganta. Ele levantou-se da cama, onde estava sentado ao meu lado e saiu em direção à porta sem sequer olhar para Emm.
     Chamei-o.
     De fato não estava arrependida com o que acabara de dizer, mas não suportei ver alguém tão controlado se desmontando daquele jeito. Principalmente alguém que aprendi a amar. Mesmo tendo me causado o mal que me causou. Sim, eu o amava como a um pai, verdadeiramente.
     Suspirei fundo, o olhei demorada e profundamente nos olhos e comecei a falar.

      - Quando Blade chegou a Forks, ele encontrou Edward e Bella conversando. - Pôde ouvi-los quando Ed prometeu transformá-la se aceitasse se casar com ele, mas ainda assim preferia não condená-la a “esta vida”. Ele ficou bastante tempo nos estudando até que um dia eu o encontrei. Ele estava distraído, por isso foi fácil encurralá-lo. Então, começamos a conversar.

     - Rosalie, você sabe o perigo que correu? – Carlisle perguntou atônito.

     - Ele estava preso - berrei. - Eu já o tinha detido. Eu poderia mata-lo quando quisesse.

     Abraham caiu na gargalhada. Nunca o tinha visto rir em todo esse tempo que estamos juntos nessa empreitada. Não era necessariamente mal humorado, mas gargalhar era a primeira vez. Não sei se eram meus hormônios, mas aquilo estava mesmo me deixando irritada. Ele estava de fato preso e eu poderia matá-lo assim que eu quisesse. Droga! Alguém pode fazer esse velho calar a boca. Olhei séria para Emmett, mas ele não viu porque também estava chocado com aquele idiota rindo descontrolado daquele jeito.

     - Rose, meu bem, Blade não matou você porque ELE não quis – Abraham falou ofegante de tanto rir. – Ele dedica a vida para matar “monstros” cruéis e sanguinários. Você acha mesmo que uma vampirinha “família” como você seria alguma ameaça para ele? Tolinha.

     Eu já estava ficando descompassada com aquilo. Se eu não tivesse tomando aquele soro estúpido eu mostrava pra ele quem era a “tolinha”. Queria apenas torcer o pescoço dele pra ele sentir que eu era tão forte quanto Blade. Tão poderosa quanto ele jamais sonhou um dia. Mas ali naquela forma mortalmente comum, mulherzinha recém parida, eu era apenas a “tolinha” de quem ele falava.
     Até Emm já estava ficando com raiva. Ele sabia do que eu era capaz. Mas também sabia o quanto eu prezava aquela experiência para tomar partido a meu favor e pôr tudo a perder... para mim. Muito embora ele também não pudesse fazer muita coisa, porque também estava tomando o soro junto comigo. Achei que seria melhor ele também estar “humanizado” para que a experiência fosse um sucesso. Lógico que não aceitei que ele falasse qualquer coisa diferente de “você tem toda razão, Rose”. E ele não suportaria correr o risco de me machucar sendo eu humana novamente e ele ainda um vampiro. Edward tinha lhe contado como quase matou Bella.
     Revirei os olhos com profundo desdém. Não queria ouvir mais nada, muito menos alguém me desmerecendo e rindo de mim. A maternidade estava me deixando sentimental demais, emotiva ao extremo. Eu já começava a me sentir como minha mais nova irmãzinha. Sem contar que eu estava muita boazinha. Hormônios. Mil vezes a cólera dos vampiros que estes malditos hormônios femininos.
     Abraham continuou falando, apesar de eu não estar interessada em ouvir, que Blade mantinha contato constante com ele enquanto estava em Forks informando nossos passos, nosso modo de “viver”. Afinal, ele estava à procura dos vampiros que estavam matando gente inocente, que era o exército que Victória estava formando e não uma família com raízes fincada numa terra, capazes de conviver com os humanos normalmente sem lhes fazer mal e até amá-los, como Edward e Bella. E isso o deixou curioso. Foi quando ele abriu a guarda e “se deixou” capturar. Blade - ele continuava falando sem que eu prestasse atenção - precisava saber mais, sem se expor. Precisaria se infiltrar. Fazia parte dos planos deles “a nossa amizade”.
     “Pronto. Perfeito.” Conseguiram finalmente acabar com o resto do meu dia. Não fosse Elizabeth dormindo logo à minha frente, eu acho que teria tido uma crise de fúria e raiva e começaria a quebrar tudo à minha volta. Mas me contive. Não queria acordar minha filha.

     - Rose, depois ouviremos o que Abraham tem a nos contar – falou, finalmente Carlisle, já entendendo que eu estava prestes a explodir. – Agora conte-me a sua parte da história para que eu possa tentar entender o que está acontecendo, como você chegou até aqui, com uma filha nos braços e como Blade chegou tão perto de Edward sem que ele percebesse ou sem que Alice o visse.
     Eu já não tinha mais nenhuma vontade de contar nada. A única coisa que eu de fato queria era pegar minha filha e sumir pra bem longe com meu Emm e sermos “felizes – literalmente – para sempre”, sem visões de Alice, sem Blade, sem Volturi.
     Chiei revirando os olhos mais uma vez.
     Fiz biquinho. Eu estava começando a me odiar naquele estado hormonal, tão Bella. Quando aquilo iria acabar? Dá pra não ser tão... sensível? Por um instante pensei que fosse realmente até chorar. Mas me concentrei na minha raiva e engoli aquelas malditas lágrimas que queriam roubar minha cena.
    Carlisle me olhava. Aguardava que eu começasse a falar. No fundo, eu já sabia que sua cabeça borbulhava com, no mínimo, um milhão de possibilidades para o que aconteceu. Quando se tratava de sua família Carlisle era uma fera feroz. E toda aquela informação que chegava como uma avalanche até ele, colocava esta família em potencial risco, principalmente com os Volturi. E ele não estava disposto a um reencontro com eles. Não depois do vexame que Aro passou na frente de tantos vampiros que conseguimos reunir para a batalha pra nos defendermos e, principalmente, nossa pequena Nessie.

     - Bom, quando Blade me deixou capturá-lo – falei ironizando enquanto olhava Abraham – ele me contou que era um caçador de vampiros e que ficou sabendo de um grupo que andava fazendo um estrago por aquelas bandas, então veio ver de perto do que se tratava. Foi quando encontrou Ed e Bella e ficou vigiando esperando a hora de destruí-lo, quando ele começasse a mordê-la. Mas, ao contrário, ele não fez isso. Descobriu que os dois eram namorados e resolveu saber mais detalhes, foi por isso que estava ali vigiando.

     Ele era diferente – continuei falando - não tinha cheiro, e era... quente. E não brilhava. Fiquei intrigada sobre aquilo e o indaguei. Foi quando ele me contou de Abraham e seu soro, que era capaz de reverter o efeito do veneno e curar humanos vampirizados. Nem preciso dizer o quanto aquela informação mexeu comigo. Perguntei-lhe se poderia me levar a Abraham, se eu poderia experimentar o tal soro? E ele me disse que sim. Conversei com Emm e disse quais eram minhas intenções. Sabia que com a confusão que vivíamos por conta de Victória e seu exército, Alice não “veria” meus planos, e procurava não pensar perto de Ed.  Emm me pediu apenas que esperássemos resolver o problema com Victória para ajudarmos vocês. Concordei.

     - Então, por que não partiu quando a luta terminou? – perguntou Carlisle tentando entender.

     - Porque Ed prometeu que transformaria Bella depois do casamento – falei num ímpeto, quase gritando. – Queria poder estar perto para tentar impedi-la de fazer tamanha besteira.

     - Foi uma atitude nobre a sua, filha – Carlisle me falou paternal.

     Desde que chegou, Carlisle só tinha me tratado com rispidez e severidade. Vê-lo falando comigo daquela maneira me emocionou.  Droga! Eu estou me transformando em Bella? Queria voltar a ser eu mesma logo. Sair, fazer muitas compras. Eu estava desesperadamente precisando renovar meu guarda-roupa. Só tinha as roupas de grávida ainda. E meu cabelo? Deveria estar horroroso. Uma semana quase inteira sem ir ao cabelereiro... minhas unhas pareciam uma coisa qualquer.

     - Bom, quando Ed finalmente se casou – retomei fingindo não me importar com o comentário de Carlisle – eu comecei a ajeitar as coisas para nossa viagem, mas eles voltaram muito rápido já com nosso maravilhoso problema: Bella grávida de Nessie.

     A gravidez de Bella realmente me deixou muito feliz, mas não devo negar que senti muito mais inveja que qualquer outra coisa. Senti ainda mais raiva de Bella por desejar perder seu dom mais precioso para se tornar... imortal. Com certeza isso só aumentou minha vontade de partir logo para conhecer Abraham e seu soro milagroso. Eu finalmente tinha uma esperança para me agarrar. Principalmente de poder ser mãe. E eu não desperdiçaria essa chance por nada.

     - Quando Nessie nasceu – não hesitei em continuar falando – veio a visão de Alice sobre a vinda dos Volturi. Eu já amava aquela criaturinha com todas as minhas forças para permitir alguém lhe fazendo algum mal, principalmente ameaçando sua vida. Por mais que eu estivesse doida pra sair dali o mais rápido possível, porque além do objetivo de realizar meus planos, ainda tinha aquela matilha insuportável e fedorenta que resolveu se abrigar em nosso quintal, decidi ficar mais um pouco e adiar minha partida.

     Realmente o bando de Jacob conseguia me tirar do sério mais do que qualquer outra coisa. Foi muito difícil, para mim, não abandonar tudo e sair o mais rápido que eu pudesse. Eu simplesmente sentia náuseas com o cheiro deles. Mas não podia permitir que nada fizesse mal a Nessie. E, por menos que eu goste de admitir, o Jacob e seu bando realmente foram grandes aliados. Não conseguiríamos sem a ajuda deles. Mas ainda os prefiro assim, bem longe de mim.
     Então, continuei contando a Carlisle que só depois da partida dos Volturi é que fui atrás de Abraham e o convenci a virmos para o Brasil para pormos em prática meus planos. Na realidade, eu pretendia vir sozinha com Emm, mas o soro não funcionava em nós como funcionava nas outras vítimas que Abraham já tinha usado. Nas outras pessoas, bastava uma única dose do soro – ou antídoto, como Abraham e Blade gostavam de chamar – e a pessoa já estava curada e humana novamente. Conosco foi diferente. O efeito do soro durava apenas alguns dias. Abraham ainda estava estudando e tentando descobrir o porquê, por isso aceitou vir e sair de seu “mundinho”.
     Carlisle me olhava com uma expressão de quem já tinha algumas coisas em mente que norteassem o rumo de suas investigações. Não sei o que poderia ser. Sempre fiz questão de deixar todo o trabalho intelectual para ele. Já me dava bastante trabalho me preocupar com minha beleza. Mas evitou me fazer uma única pergunta que fosse para que eu não tivesse mais nenhum acesso de raiva ou fúria e parasse de falar o que tinha acontecida em todo o tempo que estivemos fora.
     Eu queria logo acabar com aquela situação. Confesso que já estava ficando tensa. Não via a hora de poder sair e passar uma tarde inteira no shopping fazendo compras pra mim e, agora, Elizabeth.


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Notas finais do capítulo

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