Depois de uma boa noite de sono, para mim pelo menos, já que Carlisle não dorme, completamente mais tranquila com a saúde de minha filha, resolvi que seria hora de contar como tudo aconteceu para Carlisle. Não poderia mesmo ser contada por Abraham. Afinal, o universo “vampiresco” dele era completamente diferente do nosso. Só eu poderia contar, já que conheço as duas formas. Abraham também já sabia bastante a nosso respeito, pois foi um acordo feito por nós, que não deveria haver segredos. Mas acho que não fui o que se pode chamar de completamente sincera. Não que eu tenha mentido. Em absoluto. Nada do que lhe disse era mentira. Apenas não lhe contei tudo. Procurei lhe falar apenas das coisas que me eram questionadas. Não sei o que Blade poderia achar dos Volturi. Preferi nem mencioná-los. Também não sei o que pode vir a acontecer caso os Volturi descubram sobre Blade. Apesar de me achar meio ingênua sobre isso. Afinal, Carlisle já sabia da existência de Blade. Quase me “engoliu” quando pronunciei seu nome... Creio que eu também mereça alguma explicação.

     Distraí-me por um instante quando minha filha deu um novo enorme grito. A propósito, que potência tem essa pequena garganta para gritar. Ainda me surpreendo como alguém tão pequeno consegue gritos tão poderosos... Pelo menos, dessa vez, não fiquei desesperada. Sabia perfeitamente o motivo do escândalo. Era Abraham tirando nova amostra do sangue dela. Ainda não sabíamos exatamente que espécie de híbrido ela era. Nem mesmo como vai se desenvolver. Será que seu crescimento vai ser acelerado como o de Nessie? Bom, seu metabolismo reagiu negativamente muito rápido aos vários alimentos oferecidos. Em crianças humanas normais – não filhas de vampiros – isso poderia levar mais tempo para se apresentar. Em seu caso, tudo aconteceu em menos de 24 horas. Inclusive o estágio avançado de desnutrição. E ela tolerou bem o soro fisiológico, o que pra um vampiro não teria o menor efeito.

     Foi Carlisle quem a trouxe para mim já com uma mamadeira cheia de sangue humano. Ainda não tentaram o sangue animal. Preferiram esperar que ela crescesse um pouco mais para seu organismo ficar mais maduro. Acho que o sangue animal pode ser muito forte pra ela... Sei lá! Acho que é coisa de médico. Ainda preferia que mamasse meu leite. Afinal, estava me sentindo uma vaca leiteira. Meus seios dobraram de tamanho. Doíam terrivelmente. Até meu leite estava sendo estudado. Tudo tinha que ser observado, pesquisado.

     Carlisle a colocou em meu colo e sentou-se ao meu lado, nos olhando carinhosamente, como um verdadeiro avô. Até para ele era difícil aceitar essa história. Uma vampira gerar e dar à luz a uma criança. Mas era uma cena linda, digna de parar tudo apenas para observar o elo entre mãe e filha crescendo.

     Elizabeth resolveu largar o bico da mamadeira pra dar um lindo sorriso. Parecia que queria, definitivamente, prender nossos corações para sempre. Dona absoluta de nossas vidas. Nem preciso dizer como foi fácil conseguir isso.

     Quando ela terminou de mamar, a coloquei sobre a cama, pois ela adormeceu. Às vezes fico pensando, “será que toda mãe fica como eu?” É uma coisa extraordinária... Eu não consigo parar de olhar minha filha. Ela é tão linda. O celular do Carlisle me “despertou” de meu “transe”...

     - Sim... Não, ainda não posso falar nada, porque eu ainda não sei nada... – falava ele, ainda não sabia com quem, porque ele não pronunciou nenhum nome. – Como assim? Alice não consegue enxergar Rose e Emm? Não, Esme, eu não vou contar nada agora... isso é um assunto absurdo demais até para mim... além de médico, um vampiro... Quando eu chegar e contar tudo pra vocês, garanto que vão achar que enlouqueci... só vendo pra crer! Não sei quanto tempo ainda vou ficar aqui... Ok, tchau.

     - O que houve com Alice, Carlisle? – perguntei preocupada com o espanto dele.

     - Estão todos muitos apreensivos, pois Alice pode me ver perfeitamente, mas não consegue ver o que estou fazendo, nem consegue ver vocês. Ela pode ver, inclusive, Abraham... Bom, conte-me tudo, desde o início. Preciso saber todos esses mistérios que envolvem minha família. Você sabe que tudo o que tenho de mais valioso, são vocês. E eu “morro”, se precisar, pra defender cada um de vocês. E, agora, nossa pequena Elizabeth. É incrível! Ela tem uma atração... É como se eu sempre a conhecesse e amasse desde de todo o sempre de minha existência... É como se fosse um dom...

     Bom, pra mim não é nada tão incrível. Eu a amaria de qualquer jeito, fosse ela como fosse... Acho que sempre a desejei desde que comecei a “me entender por gente”... ela foi um sonho realizado que eu iria até o fim do mundo pra buscar e realizar! Nenhum sacrifício seria o suficiente pra eu fazer por ela. Nem nunca será!

     Mas quem sabe esse não fosse realmente seu dom: ser irresistível. Jasper pode controlar as emoções... Elizabeth, quem sabe, pode fazer com que ninguém resista aos seus desejos. Nossa! Preciso tomar cuidado para não estragar minha filha. Eu já iria mesmo realizar todas as suas vontades naturalmente sem ela me controlando... Meu pequeno “monstrinho”.