Velas escrita por Kalhens


Capítulo 1
Sim, está delicioso.




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Dizem muito que luz de velas dão um ar requintado à cena.


E, quem já passou por um apagão e logo encheu o ambiente de velas variadas, sabe que isso tem lá seu fundo de verdade, independete da situação.


Também tem a opção menos mágica do simplório jantar romântico.

Mas ai não tem graça.


Como nós mesmos pudemos ver, diga-se de passagem.

Claro, ele estava lindo. Você estava linda.

Mas esse seu vestido preto desnecessariamente justo combinava tão bem com o jorro pulsante que eu não pude resistir. A faca tão prontamente posta em minha mão para cortar esse seu delicioso e perfumado bife. O decote tão vulgar e insinuante, pronto a ser marcado.

Com a luz alaranjada, até mesmo o sangue em minha mão parece mais belo.

Deve ser aquele ar romantizado, também.

O ar que me trouxe até você. Tão linda, e tão cheia de defeitinhos irritantes. Você é realmente perfeita demais, gentil demais, boazinha demais.

Idiota demais.

Ninguém é assim o tempo todo. Muito menos você.

E com a luz desses pilares em cera, pude perceber isso. Só em estar aqui, com elas.

Enquanto seu marido viaja e seu filho dorme na casa dos avós.

Por isso, achei que seria interessante deixar logo tudo as claras, por entre estes círculos quentes e mínimos, poderosos.

Haha, sei que esses pensamentos são inadequados para um momento como esse, quando o sangue que jorra da sua garganta faz sua visão turvar, seus joelhos cederem até que o máximo que consegue é ver o vermelho viscoso onde se está afogando manchar cada vez mais o tapete.

E o mais nojento é que essa poça indigesta e morta nem sair de você saiu.

Sequer ter a honra de morrer afogado em seu próprio sangue?

Não, obrigado.

Se não tivesse me enfiado a faca de carne na garganta, talvez eu até desse uma risada.

Aliais, devo admitir que foi um gesto grandioso para um ser tão indigesto quanto você...

Se isso fosse um filme, até combinaria com as chamas que eu vejo se alastrando logo ali.

Mas esses guardanapos que deixou aqui me servirão tão bem... Pressão, pressão, e respirar fundo. Manter a circulação baixa.

Não é tão difícil quanto você quer acreditar. Mas nem tão simples quanto eu gostaria de ver.

Oras, ainda deixa a porta assim escancarada, para quem quiser enfiar o nariz malquisto aqui e ver toda a cena imunda e mal-acabada?

Assim você acaba com toda a minha poetização da coisa, Mariana...

Realmente.

A luz das velas é mágica...

Mas sabe, você não deveria simplesmente sair correndo com um rombo no estômago, tendo ainda a gentileza de deixar uma trilha em carmesim ordinário e podre enquanto não tiver a certeza de que a pessoa com quem deixou a faca não poderá mais usá-la.


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Notas finais do capítulo

Apenas isso.
Queria escrever, escrevi.
Reviwes e afins sempre bem-vindos.