Revenga escrita por S Joker


Capítulo 8
The little Dalson




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Eles resolveram enterrar o caixão sem o corpo para encerrar aquele assunto de uma vez. Pelo menos foi o que se deu para entender. O funeral era hoje. E eu estou aqui,encarando meu reflexo no espelho decidindo se vou ou não até o cemitério. Após me deixar em casa à 2 dias atrás,Shawn me fez jurar que eu não apareceria em público onde eles estivessem pelo menos por enquanto. Mas a sensação de olhar para eles depois de tantos anos foi tão boa que eu queria poder tê-la novamente. Shawn tinha razão,era cedo demais,e até que se prove ao contrário Dougie passou 7 anos ao lado dos meus garotos,ele era especial. E só de pensar que Tom,Harry e Danny estavam sofrendo por minha causa,me fazia sentir nojo de mim mesma.

- Você vai mesmo? - esqueci de mencionar que Shawn estava aqui também,tentando ''botar juízo na minha cabeça'' como ele mesmo disse. Fala sério,ele só tinha 21 anos. Bufei e evitei encará-lo para ver se ele se tocava e sumia dali de uma vez.

- Esse cheiro de maconha está me dando dor de cabeça.

- Está? - ele riu e soltou mais fumaça depois de dar mais uma tragada naquele cigarro fedorento.- Quem disse que eu me importo? - sorriu em escárnio e voltou a ficar sério.- Posso ser drogado,mas penso melhor que você.

- Você já está vingado,então por quê não se manda? - me virei para olhá-lo.

- Quem me garante que você matou mesmo esse cara?

- Quer um comprovante agora? Não acha que é um pouco tarde demais pra isso?

- Eles ainda estão sem o corpo,Amber.- ele me olhou daquele jeito que eu odiava e ele sabia. - Achei que faria questão de expor seu trabalho.

- Dalson,por favor.- pedi com o resto de paciência que eu tinha. - Pára com essa mania horrorosa que você tem. A única coisa que precisa saber é que Dougie está morto,e te dou a minha palavra que isso é certo.- ele ainda me olhou por longo tempo,antes de sorrir como se entendesse algo. Deu de ombros,tragou mais uma vez,soltou mais fumaça e jogou o toco do baseado na lixeira do banheiro.

- Esquece esse funeral e vem comigo.- pediu gentilmente,com aquele jeito ''sóbrio'' dele.- Ela quer mesmo te ver e tenho certeza de que não vai querer ver o estado de seus amados músicos na hora do enterro,mesmo que de longe. - é,aquilo era verdade.

- Você acabou de fumar 3 desses seus cigarros fedorentos. - fiz careta à menção daquele negócio deplorável.- Vai querer mesmo que ela te veja nesse estado?

- Amber.- ele rolou os olhos. - Sabe muito bem da minha resistência,é preciso mais de 3 destes para me deixar realmente chapado.- rebateu entediado. Essa tal resistência dele também me irritava. Dava pra ver que ele estava perfeitamente sóbrio e lúcido.- Vamos McGee,vai ser muito mais produtivo.

- Ok,ok. - ele sorriu realmente satisfeito.- Me deixa pegar um casaco.

-Vou estar te esperando lá embaixo.- acenti e já fui em direção ao meu quarto. Talvez fosse melhor mesmo que eu não fosse até o funeral. Vê-los mal me mataria.

- Essa lata velha ainda anda? Me admira o cuidado que tem com essa coisa.- Shawn comentou rindo,com o carro já em movimento. Somente aumentei o som,ignorando-o. Ele riu um pouco mais alto e balançou a cabeça em negação resolvendo ficar quieto. Já não era sem tempo. Assim que virei a rua e a faixada da casa apareceu em nosso campo de visão,eu olhei para Shawn. Ele sempre ficava animado como agora. Estacionamos e ele já foi saltando pra fora do Opala. Rindo eu o segui até a porta. Três toques e a figura maternal da Sra. Dalson nos acolheu.

- Hey meu neto.- disse sorridente abraçando o rapaz que retribuiu na mesma intensidade. - Olá Amber.- acenei com a cabeça,e fui adentrando a simples casa.

- Viemos vê-la - ele foi falando enquanto deixava o casaco no cabide ao lado da porta,fiz o mesmo.

- Ela não parou de falar em você. - a velha senhora disse pra mim,quiando-nos casa afora.

- Vovó?- a voz feminina boa de se ouvir apareceu.- Quem era?- o sorriso que quase nunca aparecia no meu rosto resolveu se abrir assim que a figura esguia da garota se materializou na nossa frente.- São vocês!- o sorriso gigante que ela mostrou me aqueceu por dentro.

- Olha quem eu trouxe comigo.- Shawn apontou pra mim que agaixei para receber um abraço. Ela trouxe a cadeira de rodas em minha direção e se inclinou para me abraçar com força.

- Oi Charlie.- sussurrei para ela que me soltou no segundo seguinte.- Como você está?

- Morrendo de saudades.- ela respondeu eufórica. Era bom saber que alguém ainda sentia minha falta - Eu tenho que te mostrar o presente que o Shawn me trouxe da última vez.

- Você não vai querer que ela veja.- Shawn protestou me fazendo olhá-lo. Arqueei a sombrancelha e me virei para Charlie.

- Ah eu quero ver sim.- sorri para ela que toda satisfeita girou a cadeira e foi buscar o tal presente.

- Você é terrivel.- ele resmungou pra mim,fiz pouco caso.

- Fiquei curiosa,você sempre me deixa ver os presentes.

- Tenho o direito de querer um pouco de cumplicidade com a minha irmã,não tenho?- me sentei no confortável sofá da Sra. Dalson que já tinha se retirado para a cozinha. Charlie agora voltava para nós com uma caixinha preta no colo. Parou de frente pra mim e me estendeu a caixinha,a qual eu peguei e abri. Uma correntinha de ouro,com um pingente em formato de bússola. A julgar pelas condições financeiras de Shawn,boa coisa ele não fez pra conseguir comprar aquilo.

- Abre.- ela pediu esfregando as mãos. Fiz o que Charlie sugeriu,e o pingente se dividiu em dois,me dando visão de uma fotografia onde haviam 3 pessoas. Um menino,um bebê recém-nascido e um velho homem que o carregava.- Este é o Shawn,esta sou eu,e esse é meu avô,Dylan.

- Ele morreu ano passado,no dia dos pais.- o própio Dalson esclareceu,e eu sabia que havia uma pontinha de rancor na menção daquela data. Suspirei e tornei a fechar o pingente,olhando para a menina à minha frente.

- O melhor presente que você poderia ganhar,hun?- ela concordou com fervor tomando a corrente de minhas mãos para espremê-la contra o peito. Afaguei seus cabelos em silêncio,entendendo a sua situação.

- Vamos comer,Char?- Shawn se levantou com certa fraqueza e segurou as laterais da cadeira. Charlie olhou pra mim pedindo permissão,ato este que eu nunca entendi.

- Vai meu amor,quero te ver bem forte,vai.- considerando aquilo convincente o bastante,Charlie deixou que o irmão a guiasse para a cozinha,de onde a Sra. Dalson já os chamava. Era lindo o jeito com o qual Shawn a tratava,e também era estranho para quem visse. Digamos que ele não é a pessoa mais amável daquele subúrbio. Mas com Charlie era totalmente diferente,ele virava outra pessoa. Conheci Shawn através dela,quando o acidente que causou a paralisia ocorreu. Pra mim era um acidente,até a própia Charlie o achava,mas pra ele não. E pena de quem tentasse convencê-lo o contrário. Só que esse rancor todo que ele guarda ainda o prejudicaria,não era nada saudável. Olha quem fala,a garota amargurada que matou o baixista mais querido da Inglaterra. Magnífico.

- Ainda quer ir até lá não é?- me assustei ao me dar conta de que ele estava do meu lado,com um copo de suco na mão.

- Claro que não.- resmunguei ainda assustada.

- Quando pretende contar à eles a verdade?

- Não faço idéia.- bufei me enconstando totalmente no sofá.- Tenho medo de não ser como eu espero.

- Depois de tantos anos,qualquer coisa pode acontecer.

- Acha que já devo fazer isto de uma vez?

- Você me pedindo opinião? Alguém precisa registrar isso. VOVÓ!

- Deixa de ser ridículo.- era por essas e outras coisas que ás vezes eu tinha vontade de matar Shawn. Ele sorriu e virou o resto do suco.

- Espera até semana que vem,repasse o que pretende fazer e depois faça. Contanto que meu nome não seja envolvido.

- Você tem noção do que eu fiz?- mudei completamente de assunto,o confundindo.

- Matou um cara?- perguntou como se fosse óbvio,como se matasse alguém não fosse tão grave assim.

- Você tem algum distúrbio? - era a única explicação plausível.

- Pessoas morrem à todo segundo,Amber.- ele deu de ombros,girando o copo entre os dedos.- Me admira você só estar pensando no que fez agora que já cometeu o homicídio.

- Dá pra falar mais baixo? Charlie não precisa saber que tem uma criminosa perto dela.- sussurrei incrédula.- Já basta o irmão.

- Tive uma vida difícil,hoje em dia é mais que normal que alguém como eu acabe assim.

- Quer saber? Chega desse assunto,você não tem nada com isso mais. Vim aqui para ficar com Charlie e é o que eu vou fazer,certo?

- Só quero garantir que você não vai azer besteiras,essa história está longe de acabar e você sabe disso.

- Eu sei o que eu estou fazendo,esse assunto acaba por aqui,pelo menos até semana que vem.- meu olhar repetia tudo o que eu disse por si só. Ele tentou protestar com o olhar também,mas não conseguiu. - Tô indo ver Char.

- Estou atrás de você.


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