Wishing Star escrita por Camila Lacerda


Capítulo 15
Ausência




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A minha tarde com os meus amigos havia sido muito divertida. Eu havia amado! E felizmente tudo tinha saído como eu esperava: Lucy e Nathan iriam juntos ao baile, assim como Chris e Arthur. Apesar do imprevisto com Alex, no final tudo tinha dado certo.

Eles me deixaram em casa e vi olhos excitados de Rose e de Esme esperando que eu contasse obsolutamente tudo a elas. E foi o que fiz assim que me sentei no sofá da sala. Contei a elas como eu tinha sido uma perfeita cúpida e elas riram. Logo depois Alice se juntou a nós e quando eu estava quase no fim notei a ausência de um coração.

- Jake não está? – encarei cada uma delas.

- Não. Ele saiu. – Alice fitou suas mãos sobre os joelhos.

- Onde ele está? – tentei soar menos desesperada possível.

- Seth e Quil estiveram aqui e o levaram para dar uma volta. – mamãe entrou na sala.

Como eu não havia sentido a cheiro deles na casa, na verdade o cheiro de Jacob que fica o tempo todo no ar também estava começando a ficar mais fraco.

- Jacob também tem que se divertir. – Esme murmurou ao meu lado.

- É, você tem razão – fingi um sorriso – Vou me trocar, estou exausta.

Elas ficaram na sala e pude sentir que estava me observando caminhar aborrecida, mas tentei omitir quão aborrecida eu estava.

- Nessie. – papai me chamou do outro lado do corredor.

- Sim? – me virei para respondê-lo.

- Amanhã vamos caçar. Quer ir conosco? – ele parecia ter achado um ótimo motivo para me tirar de casa e tentar esquecer a distancia que estava se formando entre mim e Meu Jake. Como meu pai conseguia me entender antes mesmo de eu estar confusa?

- Quero sim. – sorri e suspirei tristemente.

- Acho que ele não vai voltar hoje, filha.

- Eu ia chegar nessa conclusão também.

- Sei que ia, mas não quero te ver mal.

- Eu não estou mal. – quem eu queria enganar?

- Exato. Quem você quer enganar? – revirei os olhos e fui pro meu quarto bufando. 

Às vezes eu odiava o poder do meu pai. Como ele podia fazer isso? É chato sabia! Sorte da minha mãe por ele não poder ler sua mente. Deitei-me na cama e comecei a ouvir minha própria respiração - ignorando as vozes lá em baixo - fechei os olhos e uma série de imagens surgiu na minha mente. Levantei-me da cama de vi que lá fora nevava! Então corri para frente da casa.

Tudo estava branco, lindo. Quase um paraíso – apesar de eu nunca ter ido pra lá – e quando sai da parte coberta da casa a neve quase se derretia ao encontrar o calor da minha pele. Era uma sensação tão agradável. Apesar de eu estar apenas de short e blusa, eu não estava com frio, bem na verdade eu quase nunca sentia frio.

Percebi que meus pés que estavam encapados pelas meias afundavam no meio de toda aquela neve. Resolvi deixar pegadas minhas por toda a parte, e aquela neve branca caia sobre meus ombros nus.

Mas espera ai! Não deveria estar nevando... Estávamos na primavera! Mesmo assim apaguei rapidamente esse pensamento da minha mente e fechei meus olhos e deixei a neve cair. Eu precisava 'curtir esse momento'. Não sei por que, mas eu estava feliz. Por alguma razão eu me sentia melhor com tudo aquilo. Comecei a imaginar se Emmett me ajudaria a fazer uma guerra de neve, ou se Alice me deixaria enfeitar um boneco de neve com algumas peças de roupas.

Então senti a presença de mais alguém. Levantei rapidamente.

- Pai? – sorri ao chamá-lo.

- Você parece gostar mais do frio do que do quente.

- É. Acho que prefiro o frio. – respondi pegando a neve que caia na minha mão.

Ele não disse mais nada, apenas ficou rígido como ele sempre ficava na frente de Jake. Papai encarava o horizonte e eu acompanhei sua visão.

- Jake! – eu gritei ao vê-lo bem mais a minha frente.

Jacob não disse nada, ele estava de baixo de uma das arvores me observando com tristeza.

- Jacob! – gritei e pensei em correr até ele quando papai me avisou. 

- Ele não vai voltar. – o que ele queria dizer com isso?

- Hã? – me virei sem entender.

- Jacob veio pra se despedir. – virei-me para Jake esperando que ele rebatesse, dissesse que fosse mentira que meu pai só estava tendo mais uma crise de ciúmes, entre tanto Jacob Black não fez absolutamente nada.

- É verdade? – tentei buscar a verdade em seus olhos.

Ele continuava calado.

- Que droga Jacob! Diga algo! – tentei conter o choro.

Então ele saiu correndo. Fugiu pra dentro da mata. Que droga estava acontecendo aqui? Por que me Jake havia fugido de mim? Senti que eu estava perdendo o chão, até que os braços frios de meu pai me pegaram antes que eu me estabacasse no chão.

- Filha. Nessie! Olha pra mim. Vai ficar tudo bem! Calma. – ele dizia enquanto eu tentava me lembrar de como se respirava.

- Por isso que eu prefiro ‘os frios’. – respondi abraçando meu pai.

De repente tudo ficou embaçando e a imagem foi se afastando... E assim eu percebi que tudo não havia passado de um sonho. Felizmente (..)

-x-

Acordei respirando desajeitadamente tentando manter a calma. 

- Hum. Já está acordada moçinha?! – Alice apareceu com seu melhor sorriso da porta do meu quarto.

- É. Vocês vão agora? – perguntei saindo da cama.

- Estamos esperando você. – ela piscou.

- OK. Já vou estar pronta. – levantei e fui pro meu closet.

Cheguei lá e uma malinha pequena já estava montada. Alice, claro. Peguei a roupa que ela já tinha escolhido pra mim e sai do quarto.

Fui no carro de meu pai com ele e mamãe. Deitei-me no banco de comecei a prestar atenção no clima. Meu sonho estava na estação erradas, era primavera agora, não inverno.

E alias, por que eu dormia tanto? Um humano com certeza dorme bem menos que eu. Eu praticamente hibernava. Quem dorme das 8hrs as 8hrs? Será que havia algo errado comigo? E por que a minha pele vinha diminuindo de temperatura? 

- Talvez você devesse conversar com Carlisle. – papai comentou. 

- É. Tenho muitas perguntas sobre ‘por que sou assim’, talvez ele me ajude.

Decidi me sentar e tentar pensar em outra coisa, então Jake apareceu na minha mente. Onde ele estava? Por que não voltava? Por que não havia deixado nem ao menos um recado? Por que ele estava demorando? ONDE ELE ESTAVA? OK. Tenho que parar de pensar, pensar causa dor. Encostei minha cabeça na janela do carro e tentei dormir, mas só fechei os olhos e fiquei ouvindo meus pais conversarem e ouvirem musica.

O carro acelerou e pensei que havíamos chegado.

- Chegamos? – perguntei aos dois.

- Não. Seu pai está apostando corrida com Emmett. – mamãe sorriu.

- O tio Emmett vai vencer. – provoquei.

- Está contra mim? – meu pai fingiu estar ofendido.

- Não, só estou sendo realista. – ri baixinho.

Então o carro aumento muito mais a velocidade. Ainda bem que a pista estava seca porque senão poderíamos até ter causado um acidente. Vi o carro de Tio Emmett começar a ficar pra trás. As árvores começaram a passar como um borrão no vidro do carro e eu comecei a ficar um pouco assustada, entre tanto eu sabia que estava em segurança com meus pais.

Resolvi abrir a janela e o vento veio muito forte no meu rosto. Como eu adorava aquela sensação. Enfim paramos e como todas as expectativas apontavam, meu pai havia ganhado a suposta ‘corrida’.

- Mais sorte da próxima, irmãozinho. – papai disse assim que saiu do carro.

- Esse foi só o aquecimento, vamos ver na caçada. - Emmett nem era viciado em apostas.

Quando Rose desceu do jipe, sua face estava com uma expressão muitíssimo nervosa. Parecia que havia uma nuvem negra trovejando ao seu redor.

- Você não tem noção de seus atos Edward?! Renesmee estava ai com você! – quando ouvi meu nome sai do carro - Você não vê como a colocou em perigo por correr tanto assim. Seu irresponsável! – Rose me agarrou. 

- Está tudo bem, Rose. Eu estou bem. Não precisa me tratar como uma criançinha. – sai de seus braços. E vi um borrão se colocar ao meu lado.

- Estava tudo sob controle, Rose – percebi que mamãe era aquele borrão – Ela nunca esteve em perigo. – minha mãe parecia estar brava com a atitude de Rose, mas também quem não ficaria? Ela não sabia que eu era indestrutível?

Percebi que minha mãe e Rose se confrontavam apenas pelo olhar. Emmett pegou Rose pelo braço e a arrastou, assim como meu pai fez com minha mãe.

Esme revirou os olhos e foi atrás de Rose, Carlisle foi atrás de meu pai, Jasper ficou parado com as mãos nos bolsos e Alice veio caminhando até mim. Eu não havia percebido que tínhamos toda uma platéia vendo aquela cena terrível. Era apenas impressão minha ou minha mãe e minha tia estavam brigando por mim? Que ótimo.

- Tudo bem. – Alice sorriu e então comecei a perceber onde estávamos.

- Um Parque Nacional? – perguntei confusa.

- É. Estão tendo problemas com ursos e como fica apenas a 7 horas de casa, está até bem perto. – ela sorriu novamente e saiu me puxando.

Entramos em uma cabana enorme que parecia ser a recepção. O cheiro do lugar lembrava muito o cheiro de mofo com madeira... Não era tão agradável assim. Um homem de porte excessivo e com uma barba muito má feita nos recebeu junto de um outro garoto que poderia ser seu filho.

- Boa Tarde. – Carlisle disse atrás de mim.

- Boa Tarde. – o homem respondeu.

Olhei para o garoto que me examinava de cima a baixo. Percebi o grunhido baixado do meu pai e parecia que o menino não tinha percebido.

Carlisle estava conversando com o homem que se dizia ser o Guarda Florestal e Guia de Excursões, mas não prestei atenção na conversa deles, o garoto não parava de me olhar. Senti-me tão desconfortável que sai de lá. 

A Floresta estava linda – pra um dia chuvoso -, a montanha não permitia que enxergássemos o fim da mata. Isso me fez lembrar meu sonho, que me lembrou Jake, que fez o buraco do meu coração aumentar só de lembrar.

Honestamente, acho que gosto de me machucar, por que não é possível... Fechei os olhos e pensei nele, pensei no seu sorriso, no seu jeito, na maneira que ele me fazia rir, que me fazia ficar embaraçada, nos nossos quase-beijos. E lembrei-me de bloquear a minha mente do meu pai, claro.

Lembrei-me que quando eu ainda estudava na Itália, fazia isso. Passava horas imaginando o Jake estaria fazendo. Se ainda se lembrava de mim... Se ele também pensava em mim. Que às vezes parecia que eu podia até senti-lo. Talvez se eu pensasse novamente pudesse imaginá-lo ao meu lado, como antes.

Eu era realmente uma grande tola por pensar que alguém como Jacob poderia algum dia se apaixonar por mim. Era praticamente acima do impossível. Nem uma escala poderia tentar medir o tamanho da minha porcentagem, pois era bem abaixo de zero.

Mesmo com o chuvisco atrapalhando, fazendo com que a lama ficasse mais aguada, mesmo assim andei até o carro de meu pai e encostei-me a ele. Quase resolvi mandar uma mensagem pra Jake, mas ele estaria se divertindo agora... Eu não deveria atrapalhá-lo; tinha que distrair a minha mente.

Comecei a pensar no colégio.Minhas provas começariam daqui algumas semanas. Não, não. Pensar no colégio dá muita dor de cabeça.

Sei que não deveria estar mal, eu dei uma de cúpida. Ajudei quatro amigos meus! Deveria estar orgulhosa disso. Mas não estava, saber que Jake não estava ao meu lado, que eu não tinha a menor noção de onde ele estava me dava um perto enorme no peito. Dava-me desespero.

Vi que Rose e Emmett entraram na cabana e logo depois Esme e mamãe. Ela parou na porta, virou-se pra mim e sorriu. Isso infelizmente não melhorou o meu dia. 

Ouvi a porta se abrindo e pensei ser minha mãe, mas um coração batia, então olhei naquela direção e vi o garoto caminhando com passos incertos até mim. Quando ele parou a uns dois metros de mim, percebi que ele deveria ser uns 10 centímetros a mais, era fraco e estava vestindo dois ou três casacos por debaixo da jaqueta enorme.

- Tem certeza de que vocês vão acampar? – ele também tinha uma voz grossa.

Por um segundo pensei em ignorá-lo, porém depois sabia que talvez eu fosse me arrepender por ser anti-social, então respondi:

- Sim. – talvez se eu desse respostas monótonas ele saísse de lá e me deixasse a sós com os meus pensamentos.

- É por que tem toda aquela história dos ursos e tal...

- Sei disso. – percebi que havia sido um pouco grossa, então continuei - Mas minha família ama a natureza.

Finalmente todos saíram da cabana com alguns equipamentos – pois tínhamos a maioria nos carros – os homens arrumaram todas as bagagens e alguns minutos depois partirmos.

Comecei a caminhar ao lado de mamãe e quando menos percebi estava bocejando. Acho que todos perceberam o tamanho do sono monstruoso que eu estava sentindo. Meu pai me pegou no colo e eu adormeci, como um bebê.

Assim que acordei me deparei dentro de uma barraca de um tom cinza com verde musgo. Em minha opinião aquela barraca não era nem um pouco bonita e até meio fria. Decidi sair e encontrei um vento frio que veio batendo no meu rosto, senti as maçãs do meu rosto ficar meio rosadas.

Esme estava sentando em uma pedra com mamãe, o sol já estava baixando e também vi que estávamos no topo da montanha. 

- Quantas horas eu dormi? – perguntei entanto caminhava até elas.

- Algumas. – mamãe respondeu e deu espaço para que eu me sentasse ao seu lado.

- Sei, algumas. – me concheguei em seu corpo frio.

- Não está com fome, querida? Trouxemos marshmallows pra você. – Esme sorriu.


Meu estômago respondeu por mim grunhindo. Fiquei meio envergonhada.


- Desculpe, meu estomago tem vida própria. 

E as duas riram. Alice apareceu logo depois e se juntou a nós, Rose foi pra sua barraca. Senti pena dela.

- Não se culpe. – papai apareceu ao meu lado.

Dei um sorriso meio torto pra ele, mas não consegui ignorar aquele sentimento.

Quando Emmett chegou e começou a contar histórias de terror, Jasper, eu e Alice éramos os únicos que pareciam estar prestando atenção. Agarrei-me a minha tia cada vez mais forte com cada palavra de terror que meu tio dizia.

- Não, já chega. Você vai me matar do coração. – levantei-me extremamente amedrontada.

Olhei para os lados e vi que mamãe também estava conosco, mas parecia só estar porque seu pensamento deveria estar muito longe. Resolvi deitar um pouco e entrei na minha barraca. Fechei os olhos e meu coração foi se acalmando cada vez mais depois do susto que Emmett havia me dando com aquelas histórias de terror.

Mas com a fogueira acessa vinha muita luz na minha direção e eu não consigui dormir. Podia ouvir Emmett continuando a história e ouvi outras vozes que parecia estar a mais ou menos três metros da minha barraca. 

- Carlisle. Preciso falar com você. – parecia ser Jasper que estava o chamando e Carlisle confirmou minha suposição quando disse:

- Claro Jasper, venha. – eles se afastaram um pouco mais, mas eu ainda podia ouvir.

- Você viu como o cheiro de Nessie esta mudando... – Jasper começou.

- Esta ficando mais doce do que o que Bella tinha... Você tem alguma suposição do por quê? – foi meu pai quem disse isso?! 

Houve uma grande pausa e eu bloqueie a minha mente. 

- Eu não consigo explicar muito menos entender o que está havendo com Renesmee. – Carlisle parecia terrivelmente mal por dizer isso.

- Poderíamos procurar Nahuel para tentar achar respostas.

- Nós não o vemos há bastante tempo. Talvez seja difícil encontrá-lo. – Carlisle não parecia nem um pouco animado com aquilo. 

- Pior do que antes não deve ser. – Jasper respondeu.

- Acho que Nessie esta acordada. – papai me dedurou. Então ouvi passos se distanciando.

Tudo bem, eu não podia me desesperar. Apesar de eu já ser uma aberração, eu poderia estar me ‘transformando’. Que ótimo. Por que essas coisas só acontecem comigo mesmo? Ah! Já sei. Porque eu passei na fila do azar umas dez milhões de vezes.

Procurei outro problema pra pensar. Brian. Isso, Brian. Eu tinha que ajudá-lo com ‘ a tal garota’. Acho que eu realmente estava encarnando a cúpida...

Então alguém interrompeu minha linha de pensamento.

- Ta dormindo, Nessie? – Alice cantarolou.

- Quase.

- Amanhã cedo vamos caçar ok? Eu, você, Bella e Edward.

Levantei-me fingindo estar adormecida e toquei sua pele transmitindo a imagem de nós quatro caçando. A soltei e ela disse:

- Sei que não estava dormindo. - segundos de fingimento perdidos atoa.


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