Jasmine e eu iríamos duelar. Estava nervoso, finalmente meu tão esperado duelo com a líder de Sonserina. Olhei em volta enquanto subia a escadinha da plataforma de duelos, todos me olhavam céticos, duvidando se um novato como eu, que entrou direto no 4º ano e que não sabia nem como funcionava o correio no mundo da magia, seria capaz de vencer a poderosa sangue-puro líder de Sonserina. Rick estava me dando dicas freneticamente, 10% meu cérebro guardou, enquanto os outros 90% estavam ocupados demais pensando se aquela garota arrogante estava tão nervosa quanto eu.

Jasmine parecia tranquila, caminhava lustrosa até a plataforma, olhando diretamente para mim com ar superior, seus amigos sorrindo e apoiando-a.

Chegamos à plataforma, todos se calaram vendo nossas varinhas tremendo e soltando faíscas, pareciam querer duelar sozinhas.

_Pronto bruxinho? – disse ela enquanto fazíamos a tradicional reverência – Não vou ter piedade sua, vai sair daqui direto para a enfermaria. – Aquilo não me soou intimidador, pelo contrário, saiu com certo nervosismo, acho que só podia ser receio de não conseguir vencer rapidamente o novato estranho.

Não respondi, ao invés disso, mandei uma piscada de olho com um sorriso ao mesmo tempo implicante e safado. Vi Jasmine tremer em algo que me pareceu raiva, ou medo, ou algo parecido. Tomamos nossos lugares de lados opostos na plataforma, o duelo iria começar.

_Queremos um duelo limpo, só serão permitidos feitiços defensivos e estuporantes, nada de ossos quebrados ou fraturas expostas. Preparados? COMEÇAR! – Gritou o professor Danton.

Com um aceno de varinha, Jasmine já estava me atacando, numa fração de segundos me esquivei rodopiando para o lado direito. Uma pilastra explodindo atrás de mim onde o feitiço bateu.

Contra-ataquei com um simples feitiço Estupefaça, que a grande líder de Sonserina rechaçou facilmente. Todos os feitiços sumiram da minha cabeça, não conseguia lembrar nada das aulas com o diretor de Hogwarts, agia mais por instinto e reflexo do que de forma planejada. Depois de vários ataques e defesas, faíscas por todos os lugares, feitiços caindo pela plateia, lancei um feitiço de fumaça que Murloc tinha me ensinado para ganhar tempo.

Em meio a toda aquela fumaça e todos resmungando, inclusive Jasmine; fechei os olhos e pensei. Tentei me acalmar, lembrar de todos os feitiços, criar um plano de ataque. Enquanto a fumaça se dissipava rapidamente, estava totalmente concentrado na magia. Minha varinha começou a fazer um brilho incrivelmente intenso e estranho que eu nunca tinha visto. Tudo e muito mais voltou imediatamente para a minha cabeça, mal abri os olhos e já estava sendo atacado. Meu instinto estava aflorado, levantei minha varinha e desviei a bola de energia sem ao menos falar nada. Minha varinha continuava a emitir o brilho intenso que estava passando para mim.

_Avis! – Lancei, aves de todos os tipos surgiram de minha varinha direto a envolver Jasmine, centenas de aves voando em volta dela, fazendo uma cortina viva e enlouquecendo-a.

_Finite Incantatem! – Berrou ela com uma raiva extrema. Todos os pássaros simplesmente sumiram. – Flamme Sferatus!

Uma bola de fogo intensa foi criada em minha direção, me esquivei, estava completamente extasiado pela luz de minha varinha, ela parecia querer explodir.

A bola de fogo voltou novamente, parecia ser controlada pela invocadora. Tinha que detê-la de qualquer forma, Jasmine já estava possessa.

_Bombarda! – O chão explodiu com meu feitiço, lançando Jasmine para longe, coberta de poeira da cabeça aos pés. Estava fora de mim, como pude arriscar acertar o feitiço nela? Vi de lado o professor Danton querendo interromper o duelo, porém Murloc estava querendo ver no que o duelo iria dar. Jasmine levantou nervosa do chão, me olhou como se pensasse “o que você está fazendo?”.

O que ocorreu depois foi uma coisa inédita em toda a escola. Nossas varinhas foram conectadas por um feitiço antigo lançado por ela, e defendido por mim, de uma maneira que eu nem imagino, estava agindo por impulso.

Raios dançavam no céu. Um dragão e uma serpente de luz se formaram lutando em cima de nossas cabeças, O dragão era vermelho fogo, vindo de minha varinha, que lançava raios sobre a varinha de Jasmine. Já a cobra era de um verde vivo e vinha da varinha dela. Já não era só um duelo, era uma luta entre a casa de Grifinória representada pelo dragão e a casa de Sonserina representada pela serpente.

O brilho de minha varinha aumentou ainda mais, era pura magia. De uma forma majestosa o brilho ajudou meu feitiço, empurrando a poderosa líder puro-sangue. Me raio chegando perto de minha adversária, Meu leão ganhando a batalha.

Porém, quando estava prestes a ganhar finalmente, ouvi algo que me fez voltar à realidade e pensar. Um grupo de Sonserina estava comentando que se Jasmine fracassasse em derrotar um mísero novato sangue-ruim, ela iria perder o posto de líder de casa. Isso se sobrevivesse para contar história, é claro. Danton também me fez pensar em algo, estava berrando à Murloc que qualquer um que perdesse iria sofrer vários danos irreversíveis pelo poder desse feitiço antigo. “Agora nem eu posso fazer algo” respondeu Murloc ao professor.

Numa fração de segundos entre a vitória e a derrota eu pensei. Não poderia deixar Jasmine perder seu posto em Sonserina, e muito menos machucar aquela garota. Ela era irritante, arrogante etc. Porém eu gostava dela de uma forma diferente, não sabia de que forma, mas ela era especial em minha vida. E ser arrogante e irritante eram qualidades básicas para Sonserinos. Não podia culpar a ela.

Retirei minha varinha. Como um raio verde intenso, o feitiço veio. Não soube o que fazer primeiramente, estava pensando em um feitiço protetor ou algo assim. Foi quando aconteceu. Minha varinha voou da minha mão atingida por um raio secundário. Fiquei totalmente sem reação, com certeza iria para a enfermaria, ou pior, iria direto pra o cemitério sem não fizesse algo. Imaginei até a manchete que o Profeta Diário usaria: “Garoto intrometido e estranho morre em Hogwarts enfrentando a líder de Sonserina em um duelo. O diretor lamenta aos pais. E a escola se comprometeu a realizar o velório do infeliz. Haverá doces e brincadeiras, compareçam!”.

Não, não podia morrer ali, tinha muito mais a aprender em Hogwarts, muito mais coisas para ver.

Ignorei os avisos do diretor Murloc, me concentrei friamente, o tempo parecia ter parado, o raio verde vivo ainda vindo em minha direção. O dragão em cima de minha cabeça estava enfraquecido, sendo morto pela serpente. Levantei minha mão direita.

_PROTEGO MAXIMUM! – Um escudo gigante foi criado imediatamente ao meu redor na hora exata em que o feitiço me atingiu. Até usando o total dos meus poderes foi difícil repelir a força esmagadora que se chocara contra mim. Todos se afastaram da passarela de duelos, o feitiço se separava com meu escudo desviando-o para os lados e para trás. Foi então que meu feitiço-escudo rachou. Minha mão estava queimando de dentro para fora com a imensa força que estava fazendo para manter o feitiço.

Jasmine, confusa com minha atitude de retirar minha varinha, tentou retirar a sua também, porém era um feitiço muito poderoso e ela não aprendera a controlá-lo muito bem, na verdade, eu nem sei como fiz. Nunca havia visto nem sequer ouvido falar dele, apenas imitei Jasmine. Ela tentava desesperadamente retirar ou até diminuir a intensidade, mas sua varinha não queria descer. Levantei minha mão esquerda, lançando mais um feitiço protetor, que também rachou depois de algum tempo.

Quando meu escudo quebrou, o feitiço me atingiu, porém fraco, mas forte o suficiente para me derrubar no chão. Jasmine também caiu, o feitiço da serpente também foi difícil e sugou muita energia dela. Cai no chão com um estrondo, pensei logo nos conselhos de Murloc: “nunca revele seu sangue mágico real”.

_Accio varinha! – Sussurrei. Minha varinha voou na minha mão quase imediatamente. Estava deitado no chão com minha varinha em mãos. Jasmine se levantou com dificuldade e correu ao meu encontro, nervosa.

_Lyon? Você está bem? Lyon! – Gritou.

_O que é garota? – Respondi sem paciência. Jasmine sorriu percebendo que eu estava bem. Todos vieram ao nosso encontro. Por sorte, consegui manipular a cena, os estudantes e professores pensaram que eu tinha recuperado a varinha antes de formar o escudo.

Todos perguntaram ao mesmo tempo como eu estava, ou como tinha conseguido repelir um feitiço tão poderoso, ajudaram-me a levantar, estava bem. Murloc abriu um sorriso enorme e brincalhão percebendo o que eu fiz. Jasmine teve que ir à enfermaria pelo excesso de esforço físico e mental. O diretor mandou-nos para o dormitório, liberando-nos das aulas seguintes.

Fui ao dormitório, na verdade, me levaram para o dormitório, mesmo perdendo tecnicamente, eu virara um tipo de herói para o Grifinórios. Meus colegas de quarto queriam fazer todos os tipos de perguntas, porém só Jasmine e eu fomos liberados das próximas aulas, eles tinham que estudar. Fui para a cama, pensando no que havia acontecido comigo durante o duelo, tinha perdido o controle, aquela luz me controlando como se fosse um instinto primitivo de sobrevivência. Ela detinha meus pensamentos racionais, só me fixando em ganhar e ganhar, sem me importar com o resto. E se eu não tivesse me controlado? Iria machucar Jasmine para ganhar o duelo? O que mais eu seria capaz de fazer? Iria fazer todas essas perguntas ao diretor à noite. Mas por enquanto só estava querendo dormir, recuperar as energias perdidas com todos aqueles feitiços. Usei o feitiço de céu estrelado no dormitório, o mesmo que tinha no salão comunal. Dormi olhando as estrelas. Havia sido um dia muito cansativo.

Acordei assustado com Rick me chamando para um comunicado do diretor Bradway no grande salão. Me vesti rapidamente e desci com Rick, ele me olhando como se quisesse fazer um milhão de perguntas.

_Mais tarde te explico tudo, ok? – Já era a hora de contar tudo para Rick, afinal, ele era meu melhor amigo em Hogwarts, merecia saber de tudo, mas só ia contar após uma conversa bem longa com o diretor.

Rick fez que sim com a cabeça. Descemos as escadas até o salão comunal, onde encontrei Jasmine, que estava me esperando para entrarmos juntos por conselho da professora Ellen Gate. Entramos no grande salão. Os aplausos explodiram. Vi a cara fechada de Jason Fitch, que me odiava e achava que se eu havia perdido, não tinha o porquê de receber aplausos, que a Sonserina deveria ser a principal aplaudida, já que a líder deles havia vencido a duelo.

Sentamos em nossas devidas cadeiras. O jantar apareceu do nada como sempre. Jantamos, e Murloc subiu ao seu patamar para se pronunciar.

_Queridos alunos. Hoje presenciamos um duelo incrível e inédito entre o senhor Lyon Button de Grifinória e Jasmine Lopes de Sonserina. Raras as vezes que aconteceram duelos assim em Hogwarts, Dumbledore provavelmente está rindo em seu túmulo. Parabéns aos dois alunos! E para completar, serão adicionados 50 pontos a cada uma das casas. – Grifinória e Sonserina entraram em êxtase, com algumas reclamações dos alunos de Sonserina, que queriam receber sozinhos os 50 pontos.

Após tudo, segui em direção aos aposentos de Murloc, o diretor. Encontrei o fantasma Doug no caminho, fui conversando e recebendo elogios dele pelo duelo de hoje.

Ao chegar, fui recebido afetuosamente pelo diretor. Depois de todos os elogios e etc. Fui direto ao ponto.

_Diretor, o que era aquela luz na minha varinha? E porque ela tirou meu bom-senso colocando a vitória como prioridade?

_Essa luz é fruto da adrenalina sob o seu sangue. É um tipo de defesa por instinto, ela aumenta gradativamente o seu poder de ataque e defesa, visando somente à vitória. O bruxo que consegue controlar esse poder se torna incrivelmente poderoso, seu avô quase conseguiu. E parece que sua varinha puxou esse poder de sangue para si, por isso o brilho intenso. Teremos aulas te ensinando a tentar manipular essa força. – Disse convicto.

_Certo. E aquele feitiço? Eu o lancei sem saber nem seu nome.

_O sangue real é uma coisa esplêndida, Lyon. Ao ver os movimentos de varinha e os movimentos da energia provida de Jasmine, você copiou imediatamente.

Estava confuso, porém entendi tudo muito bem. Comentei sobre minha vontade de revelar tudo a Rick Malvino. Coisa que o diretor desencorajou na hora, porém aceitou que a escolha era minha e somente minha. Voltei ao dormitório procurando Rick, o achei no quarto lendo o seu tradicional livro de dragões.

Contei tudo a ele, desde o sangue real, meu avô bruxo, as aulas com Murloc, a luz estranha. Expliquei-lhe o duelo, e o que aconteceu realmente, quando acabei de falar, estava sem fôlego, e Rick estava estupefato.

_Anda Rick, fala alguma coisa! – Bradei. Rick estava espantado demais.

_Vou falar o quê? Você faz parte da realeza bruxa, Lyon! Você sabe o que isso significa? Todo o tipo de bruxo maligno, até o ministério da magia irá querer você se souber disso. Ter sangue real é muito raro ultimamente, seu bisavô foi o último conhecido. – Fez cara de preocupação – Nossa cara, você é bisneto de Gregory Rodric Button!

Fiquei sem palavras, com o tempo Rick foi ficando mais tranquilo, e conversamos sobre tudo isso. Ele já estava aceitando a ideia de que eu não precisaria de uma varinha e derrotaria qualquer aluno da nossa classe só com um feitiço.

Fui dormir, ainda não havia me recuperado totalmente. Estava pensando agora em minha família, só tinha me comunicado com eles uma vez desde que cheguei, e isso há algum tempo, se conhecesse bem minha mãe, ela estaria tendo um treco por não ter uma coruja mágica. Iria mandar uma a eles ao amanhecer, Mas por enquanto queria só dormir, esquecer de tudo. Viajar nos meus sonhos para qualquer lugar.

Sonhei com um homem alto e magro, com um capuz negro me chamando, ele estava junto de um homem velho que parecia importante, um político acho. O homem de capuz se virou e começou a discutir com o outro, que num lance de varinha desapareceu deixando o homem de preto sozinho num aposento escuro cheio de magia negra.