Acordei em um colchão de casal no meio de uma sala que não me era estranha. Ao meu lado estava Edward, só de cueca, e eu estava de sutiã e calcinha. Meu Deus, o que foi que eu fiz?! Comecei a chorar desesperadamente e ele acordou com um ponto de interrogação na testa.

- O que foi, Vic?

Me levantei rapidamente, pus o vestido e a sapatilha e saí para caminhar e, ao andar, as lembranças começaram a vir...

Agora me lembro. A segunda a rodar fui eu e caiu o Edward e a Emy. Ele mandou-a esquentar o James. Ela sentou em seu colo e foi se "ajeitando". Então começou a mordiscar a orelha dele e lambeu a ponta de seu nariz. Entre os gemidos dele e, antes que pudéssemos perceber, ela estava por cima dele dando-lhe um beijão que fazia-o gemer ainda mais.

Alguém rodou e parou no Antorelo e eu. Ele mandou eu dar um beijo na Brenda, vê se pode? Nós duas arregalamos os olhos. Aquele menino não era simplesmente viciado em lésbicas, era um psicopata! Ele abriu um sorriso esperançoso e nós duas balançamos as cabeças. Tomei um gole da vodka e tirei a tiara.

- Ah, tiara não vale! – Comentou, cheio de raiva.

- E o tênis, vale? – Devolvi.

- Gente, é da cabeça aos pés, – explicou Emy – então tá certo.

E rodaram mais uma vez. Depois de várias e várias rodadas, com pessoas já se entendendo (lê-se: Emy e James se entendendo), caiu no Spencer e em mim. Ele mandou eu derrubar vodka sobre a barriga do Antorelo e sair lambendo de baixo para cima.

- ECA! – Gritei, e tapei a boca com a mão. Antorelo ficou me olhando furioso e Edward ficou todo orgulhoso de mim.

Claro que eu não aceitei (por mais que estivesse um tanto bêbada dos shots), bebi um golão de vodka e tirei o vestido. Nessa hora pensei por que raios eu decidira ir de vestido, era menos uma "peça" para me cobrir. Percebi olhares sobre meu corpo, mas não liguei.

Ao final, Edward e eu tínhamos nos beijado (claro que Emy que mandou), ele estava apenas de cueca, Antorelo estava como veio ao mundo (e eu me esforçava para não ter que ver aquilo), Emy estava de sutiã e calcinha, assim como eu, James estava sem camiseta, Spencer estava sem calça e tênis, mas ainda usava a camiseta, sua namorada estava apenas de calcinha e Brenda estava só sem blusa. Brenda ganhou.

Depois disso não me lembrei mais. Fiz questão de voltar à casa de Emy o mais rápido possível e, quando entrei, Edward estava sentado no sofá apenas de calça.

- O... O que aconteceu? – Consegui gaguejar com os olhos mareados. Ele veio para me abraçar, mas eu o empurrei e repeti, tentando ser mais clara. – O QUE FOI QUE ACONTECEU, EDWARD?

- Nada, meu bem.

Eu já soluçava.

- MEU BEM?! NÃO ESTAMOS CASADOS, SEU ESTÚPIDO! ME RESPONDA ANTES QUE EU ME IRRITE... DEPOIS DO JOGO... O QUE ACONTECEU?

- Nós todos, menos você e a Brenda fomos para o quarto da Emy, mas não caberiam todos lá. Então ficaram lá a Emy, o James, a Brenda e o Antorelo, no quarto do Spencer só ficaram ele e a namorada e nós ficamos aqui. Só dormimos, não aconteceu nada.

- Jura?

- Juro.

Ele me abraçou, mas eu não me movi, apenas chorei em silêncio. Infelizmente ele saiu do abraço, pegou meu braço e viu o corte. Foi tudo rápido demais, quando me dei conta ele já me olhava furioso.

- O que é isso?!

- É... Eu me machuquei, mas foi só isso.

- MENTIROSA!

- Não grite comigo!

- Foi a Julien, não foi?

Comecei a chorar desesperadamente e ele jogou o próprio tênis na parede, que fez um baque surdo e caiu.

- Droga! Aquela... Aquela vagabunda! – E se virou para mim. – Responde! Foi a Julien que te cortou, não foi, Victoria? - Eu... – Não consegui terminar a frase. Ele me abraçou novamente e eu fiquei mais tranquila.

- Tudo bem. Vai ficar tudo bem. Vamos dar um jeito nisso. Juntos.

Olhei para ele preocupada.

- NÃO! Por favor! Ela disse que se eu te contasse dessa vez, ela... Não sei o que ela seria capaz de fazer, Edward. Eu sabia que ela era perigosa, eu sabia!

- Calma. Eu te protejo.

Por mais que pareça clichê, eu me senti protegida. Saí do abraço e fui até o quarto de Emy. Ainda não tinha engolido a história de "não aconteceu nada". Emy e James dormiam por debaixo do edredom e eu preferi não saber se eles estavam vestidos ou não. Antorelo estava na cama de baixo (era uma bicama) sozinho e esparramado. Aonde estaria Brenda? Fui até a porta do quarto de Spencer e preferi não entrar, já que ele e Lucy estavam... sozinhos.

Desci e encontrei Edward já todo vestido.

- Vamos? Eu te levo em casa.

- Como?

- De táxi, claro.

- Não, tudo bem. Vou esperar Emy acordar.

- Tudo bem então. Tchau.

Ele saiu. Lógico que aquilo era uma desculpa esfarrapada para não ir embora com ele, mas estava me sentindo muito suja então fui tomar um banho. Afinal, era como se fosse a casa da minha melhor amiga, não era?

Peguei uma toalha e tomei meu banho, tentando me lembrar ao máximo das coisas, e imagens picotadas vieram à tona.

[FLASHBACK ON]

Depois de ver aquela imagem horrível, me levantei e lavei o rosto. Sabia que não era boa para beber...

- Você está bem, minha linda? – Ed pegou minha mão, dando descarga com a outra.

- Estou... eu acho.

Depois de vários replays, me estenderam escova e pasta dental. Escovei os dentes e saí daquele lugar imundo e fedido.

[FLASHBACK OFF]

Fiquei um pouco atônita, primeiro porque eu tinha visto tudo de novo no flashback, e segundo porque Edward não tinha falado nada sobre vômito. E foi aí que mais imagens apareceram.

[FLASHBACK ON]

Brenda descia as escadas e olhou em direção ao colchão, assustada, com seus olhos castanhos arregalados.

- Não vou atrapalhar – comentou, quase em um sussurro e voltou a subir.

[FLASHBACK OFF]

Então aconteceu alguma coisa, sim! Fechei o chuveiro e me sequei apressada, assustada com a possibilidade. Meu Deus, como eu fui irresponsável! Então era sobre isso que meus pais falavam quando me esqueci de dar comida pro meu peixe e ele morreu? Tive a impressão de que era bem pior. Vesti meu vestido e as sapatilhas, penteei o cabelo, escovei os dentes com uma das escovas-reserva que Emily sempre tinha, por mais que na casa do irmão, e fui em busca das minhas coisas.

Peguei minha bolsa no cabideiro e achei minha tiara jogada no braço do sofá, junto a um papel dobrado e escrito "VICTORIA". Abri na esperança de que alguém pudesse me explicar, e parece que minhas preces foram atendidas.

Victoria,

Quando ler este bilhete, imagino que não vai se lembrar de muita coisa da noite anterior. Sei que praticamente não nos conhecemos, mas como eu ainda estava sóbria, me lembro de tudo. Tudo. Bem, qualquer coisa, me ligue, está bem?

Beijos, Brenda.