Magali acordou deitada em um tapete branco com bolas coloridas. Ela levantou procurando Do Contra.

— Bom dia. — acenou. Ele usava uma camisa escura, casaco bege com as mangas dobradas acima dos cotovelos e calça jeans. 

— Para onde vai? — a gulosinha perguntou com a expressão indescritível.

— Vou voltar para o interior. — disse escondendo uma das mãos no bolso. Magali não respondeu, um nó se formou em sua garganta.

DC se aproximou e pressionou os lábios na testa da moça. Então ela observou o rapaz sair do apartamento sem olhar para trás.

***

Magali saiu do quarto, e deu de cara com Marina sentada no sofá. Ela gritou, mas logo escondeu os lábios com as mãos.

— Que susto, Marina. — resmungou.

— A porta estava aberta. — Marina soltou um risinho. — O quê? O Do Contra não mora mais aqui, então não tinha perigo encontrá-lo nu ou coisa do tipo. — disse dando de ombros ligeiramente.

— Não, não. Ele voltou ontem, mas decidiu morar com a mamãe novamente. — respondeu com um leve rosnado.

— Você sente falta dele. — Marina empurrou um dos ombros da amiga.

— Não, claro que não. Não mesmo. Imagina! — murmurou. — Eu sentindo falta daquele estúpido moreno musculoso. — Magali deixou um suspiro fugir dos seus lábios rubros. Marina riu.

— Vai atrás dele, boba. Se eu não estivesse noiva do Franja, eu iria atrás dele. E além do mais, você está apaixonada por ele.

— O quê? Não estou apaixonada por ele. — disse tentando manter a voz neutra.

— Magali!

Marina levantou e seguiu para a porta. Ela lançou um último olhar para Magali, sussurrou algo como “Não perca tempo!” e sorriu, acenando.

Magali hesitou por longos minutos, então agarrou a chave do carro e arrastou-se para fora do apartamento.

***

— Magali? — DC sussurrou enquanto Mônica beijava sua nuca.

— O que disse, amor? — Do Contra não precisou responder, Mônica girou a cabeça na direção do portão.

Um carro verde escuro estacionou em frente ao pequeno portão branco, uma mulher saiu do carro, sua expressão era indescritível.

— O que veio fazer aqui? — Mô perguntou com desdém.

— Então você... Você voltou para ficar com ela? — Magali apontou para a dentuça, mas seus olhos ainda fitavam DC.

— Eu... — Do Contra começou.

— Ah. Depois que você conseguiu o que tanto queria... — ela vacilou. — Eu te odeio DC.

— Não. Mags, espera. — ele levantou, derrubando Mônica.

Mônica gritou alguma coisa, mas ambos ignoraram.

— Você veio aqui só para dizer que me odeia? — ele agarrou o braço da gulosinha.

Magali hesitou. — Sim.

— Não viria aqui apenas por isso.

Magali o encarou como se quisesse matar o rapaz naquele exato momento. Então ela puxou DC pela gola da camisa e o beijou.

— Você venceu, Do Contra. — ela disse afastando-se.

— Então quer dizer que... — ele sorriu incrédulo.

— Por isso eu vim aqui. Por que eu não queria te perder. Mas eu acho que já te perdi. — ela deu de ombros.

— Pois é. — Mônica sorriu seca.

— Não saia daqui. — ele apontou para Magali, então correu para dentro da sala de estar.

— Vá embora, magrela. — Mônica rosnou. A gulosinha franziu as sobrancelhas.

— Sai da minha frente, dente de abridor de lata. — disse fazendo uma careta, em seguida, empurrando a dentuça.

Magali seguiu em passos silenciosos até a sala.

— Para onde você vai, meu filho? — a moça ouviu a voz da mãe de DC, e teve certeza que ela estava fazendo um esforço para não gritar.

— Vou voltar, mãe. — respondeu eufórico. Maga apareceu na cozinha timidamente. — Com ela. — DC apontou. — A minha namorada. — ele sorriu, agarrando a mão da gulosinha.

A mãe de Do Contra abraçou Magali e murmurou milhares de coisas, como “Eu sabia” e “Felicidades, minha linda”.

Eles voltaram para o hall de entrada. Passaram por Mônica — que ainda estava intrigada com os próprios dentes. Quando finalmente iam entrar no carro, Magali percebeu que seus dedos ainda estavam entrelaçados nos dedos de DC. Eles riram e entraram no carro.

— Então eu sou sua namorada. — ela esboçou um sorriso, enquanto cravava as unhas compridas no volante.

— Bem, bem, bem... — DC soltou um risinho. — Você quer namorar comigo, Mags?