Do Contra chutava uma almofada enquanto esperava Magali acordar. Por mais que não admitisse, ele odiava aquele amigo de Maga. E jamais admitiria que o fato da sua colega de apartamento estar namorando o incomodava bastante.

— Nunca, jamais traga aquela vadia para o meu apartamento novamente. — rosnou para o moreno, tirando DC de seus devaneios.
— Ah, e você pode trazer aquele cara para cá? 
— Claro. Ele é meu namorado, e o apartamento é meu. — ela deu de ombros.
— Não sei se você lembra, mas você divide o apartamento comigo. Direitos iguais. — gritou perdendo a paciência que ainda lhe restava. 
— Não! Direitos completamente desiguais. 
— Quer saber? Engole o seu apartamento. 

DC correu para o próprio quarto, puxou uma mala de baixo da cama e jogou um bolo de roupas na mesma.  Sua cabeça estava prestes a explodir. Ele arremessou os sapatos em uma segunda mala, e em minutos, já estava fora do quarto. 

Magali estava sentada no sofá lendo uma revista inútil. O rapaz lançou um último olhar para a moça.

— Engulo sim, e com prazer. — ela disse. A revista escondia seus lábios, mas DC tinha certeza que ela estava sorrindo. 

***

Do Contra ignorou os olhares curiosos de seus colegas de trabalho, enquanto ele arrastava as malas pelos corredores da empresa. O rapaz entrou no escritório rapidamente, em seguida, fechou a porta com força.

Não demorou muito para Carmem entrar na sala saltitando.

— Olá, amore. — ela cantarolou, balançando os cachos louros para todos os lados. — O que vamos fazer hoje? — sorriu enquanto brincava com a gravata de DC.
— Não sei. — respondeu dando de ombros.
— Quando resolver me liga, ok? Só passei aqui para falar com você e... — ela começou a tagarelar. Do Contra revirou os olhos. —... Me liga, tá? Não esqueça. — completou por fim saindo do escritório.  

DC suspirou aliviado. Então ele ouviu a voz de Magali na sua mente. “Engulo sim, e com prazer.”

Ele concluiu que se não estivesse tomado pela raiva naquele momento, com certeza riria. Aquela frase soou realmente maliciosa. O rapaz se surpreendeu quando percebeu que estava rindo sozinho. Mas logo cessou quando lembrou que não tinha lugar para dormir. 

Uma lista começou a rolar em sua cabeça.

Nimbus.
Hotel.
Cebola.
Escritório.
Nimbus.
Cebola.
Hotel.
Escritório.

Ele começou a cortar algumas opções. 

Nimbus dormiu com a sua colega de apartamento. Ok, ela era apenas a sua colega de apartamento, — talvez pudesse até chamá-la de amiga. — mas de alguma forma ele se sentia traído. 

Hotel. Ele checou a carteira. Não, não tinha dinheiro suficiente.

Cebola. Fazia um longo tempo que DC não conversava com Cebola.Ele decidiu que seria inconveniente ligar para o ”Cinco Fios” pedindo para dormir em sua casa.

Restou o escritório. É talvez não fosse tão ruim assim.