Viva la Tecnología escrita por Mariana


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

penúltimo capítulo. XD



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Não foi a cabeça lustrosa sem cabelos que minha mãe exibia que mais me assustou quando a vi, mas sim seus olhos negros e sem vida, circundados por enormes olheiras.

Ela estava mais magra, sem dúvida o câncer estava dando trabalho. Apenas nessas horas em que temos a possibilidade de perda é que damos valor às coisas e as pessoas próximas da gente. 

— Mãe, como você está, não minta pra mim!

— Mais ou menos filho. Andei fazendo umas sessões de quimioterapia.

— Você vai morrer mãe? — perguntei, e percebi o espanto nos seus olhos com a pergunta tão direta.

— Um dia todos morremos, filho. É tudo que tenho a dizer. — completou com uma postura firme que poucas pessoas poderiam apresentar num momento daqueles. — Alguém quer lhe ver, filho — disse ela, e nesse instante a porta se abriu e um cheiro familiar invadiu o quarto.

Sarah entrou com passos longos em minha direção e seu cheiro invadiu minhas narinas e atingiu o cérebro, agindo como uma droga rejuvenescedora. Minha mãe nos deixou a sós.

A conversa foi longa. Comentei com ela sobre as visitas recorrentes dos andróides e daquele cenário futurista e sombrio que me perseguiam nos últimos meses. Eu tinha esperança que ela falasse que sonhava com eles também, ou mesmo que eles existiam em algum lugar, ou até que falasse os seus nomes para mim.

Mas não foi surpresa quando ela deu um sorriso e disse serenamente:

— São apenas sonhos, querido! Sonhos, às vezes, não nos dizem nada. Eu mesma já sonhei que nos encontrávamos em uma loja de discos do shopping, e que você estava comprando justamente aquele CD ali — nesse momento ela apontou para o CD repousado na mesinha ao lado da cama.

Eu ainda pensei em abrir uma discussão com ela sobre aquele encontro no shopping, que para mim foi mais real do que uma enxaqueca num dia de ressaca, mas resolvi ficar calado. Talvez ela quisesse me confundir mais dizendo que aquilo não aconteceu e que imaginei tudo — assim como os robôs.

Enfim, eu não tinha forças para um debate mais profundo para saber quem estava enganando a quem e por que.

Aquela garota me visitou mais algumas vezes e trouxe alguma luz àquela época repleta de desgraças. Liliana se afastara de mim, e Sarah surgia à espreita.

Na sua segunda ou terceira visita, já nos beijávamos na cama do hospital. A borboleta tatuada acima do bumbum parecia querer voar através da janela.


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