– Você vai realmente ficar? – perguntei para Luke. Eu estava andando de um lado para o outro no aeroporto, após ter feito check-in. Estava me despedindo dele por telefone, já que eu não havia visto ele outra vez.

– Sim, Pers, eu tenho que ficar com Thalia... Ela precisa de mim, sabe? Vou sentir saudades suas, mas logo volto pra casa – ele falou baixo. Acho que por causa de ele estar em um hospital, ele tinha que falar mais baixo. Ainda mais porque estava com a – eternamente – maluca do lado dele.

– É, acho melhor voltar logo mesmo. Você vai fazer falta.

– Você também vai fazer falta, irmão. Me liga de vez em quando, vai ser bom.

– Faça o mesmo, eu não tenho créditos para ficar ligando para o outro lado do país toda vez.

– Claro.

E então houve silêncio. Fiquei olhando para meu pai apontando para o relógio e dizendo para eu não demorar, e depois ele disse que iria comprar um café.

– Luke, tenho que ir... Meu voo vai ser chamado em alguns minutos e eu não posso me atrasar.

– É, lógico. Boa viagem, não vomite no avião.

­– Hey, você que é o cagão! - protestei, rindo.

– Cala a boca, vadia – ele disse, rindo fraco. – Você sabe que eu te amo, certo? E que você sempre será meu primeiro amor.

– Claro – eu respondi, quase gargalhando. – Você também sempre será meu primeiro amor. Falando em amor...

– Sim, eu entreguei seu presente para Annabeth. Caso sirva de consolo, ela só não vai aparecer ai se estiver drogada.

– Hm, obrigado – falei, sentindo uma onda de tristeza.

– Espero que dê tudo certo. Agora, se me permite, você tem um voo para pegar e eu, uma noite para dormir. Até logo. Quando chegar lá me avise de alguma forma, ok?

– Pode deixar. Boa noite, Cinderela.

– Não seria Bela Adormecida?

– Tanto faz – falei, rindo e desliguei o telefone. Eu esperava que tudo desse certo entre Luke e Thalia. Ele já estava provando que a amava ficando aqui, depois de ela quase ter se matado por ele. É, isso era bom de ver.

Os demais amigos, Rachel, por exemplo, mandaram um sms ou deram uma breve ligação, nada demais. Até mesmo tio Zeus me desejou uma boa viagem. Fiquei feliz por tudo ter dado certo. E eu não queria voltar pra casa. Não só porque minha família era uma família novamente, porque Los Angeles agora era um bom tudo para mim... mas também porque eu queria ficar com Annabeth.

Eu realmente achava que ela não viria, o que eu fiz foi muito idiota. Meu pai chegou logo com dois copos enormes do Starbucks, e acabei com o meu café rapidamente, ficando mais agitado ainda. Fiquei batendo o pé olhando para a porta de entrada e meu coração palpitava toda vez que ela se abria. E eu ficava decepcionado quando via que quem entrava não era alguém com cabelos loiros ou olhos cinzentos.

– Atenção, passageiros do voo 139-B para Nova York, essa é a primeira chamada. Estejam a bordo em até 20 minutos.

Quis sair correndo dali. Annabeth não havia chegado. Ela não viria, e com razão. Eu havia cometido um erro com ela, eu havia fracassado. Mas me lamentar agora não resultaria em nada.

– Bom, acho melhor você ir – meu pai falou, se levantando. Me levantei com esforço, e joguei minha mochila que continha coisas que seriam necessárias durante a viagem nas costas (já que a mala estava com a companhia aérea.

– Sim, é melhor mesmo – falei e ele me puxou para um abraço forte. Um abraço típico de pai. – Obrigado por tudo, pai.

– Sem problemas – falou ele, se soltando de mim. – Da próxima vez que você vier, vou pedir pra Martine faze antecipadamente algumas comidas azuis. Nunca serão iguais a de sua mãe, mas dá pro gasto.

– Com toda certeza, mas a comida de Martine sempre será deliciosa...

– Atenção, passageiros do voo 139-B para Nova York, segunda chamada. Estejam a bordo em até 10 minutos.

– Então, até o Natal?

– Até o Natal, filho – ele disse, e deu um sorriso confiante. Dei-lhe as costas e fui andando até a porta de saída, onde estavam os demais aviões. Vi o grande 139-B com centenas pessoas subindo as escadas. Entrei atrás de um cara com camisa havaiana, embora estivesse ventando muito. Ele foi subindo e antes que eu subisse também, dei uma última olhada para trás. Meu pai me observava de braços cruzados, e nenhum sinal de Annabeth.

Abandonei minhas esperanças e aceitei o fato de que ela não viria, mesmo depois de tudo. Comecei a subir as escadas, sentindo minha cabeça doer um pouco. Quando o cara de camisa havaiana havia mostrado sua passagem para a aeromoça, chegou a minha vez. Um guarda passou um detector de metais em mim e me deixou passar, e peguei minha passagem para mostrar a aeromoça antes de entrar no avião.

– Boa noite – ela disse sorrindo, com as bochechas vermelhas por causa da maquiagem. Ela observou minha passagem e sorriu.

– Cadeira 20-E... – ela começou, mas sua voz de tornou muda quando ouvi alguém me chamar.

– Percy! – gritou a voz doce, longe. Virei para trás e vi Annabeth correndo, sendo barrada pelos seguranças na porta de saída, enquanto Nico e meu pai vinham atrás dela. Seus olhos estavam avermelhados e seu cabelo voava atrapalhadamente por causa do vento. A aeromoça me repreendia dizendo que havia mais pessoas querendo entrar no avião, mas eu não ligava. Senti meus olhos começarem a queimar.

Annabeth tinha vindo, por mim. Isso significava que ela me amava.

– Percy – Ela gritou novamente, enquanto lutava com os seguranças que a repreendiam severamente. – Eu te perdoo!

Um sorriso enorme se formou em meu rosto. Quis descer todas as escadas e abraçá-la, mas a aeromoça praticamente me empurrava pra dentro.

– Annabeth, eu te amo! – berrei o mais alto que pude. Ela sorriu e pude ver uma lágrima escorrendo por sua face. Os seguranças agora a arrastavam para dentro enquanto meu pai e Nico brigavam com eles. Ela foi levada para dentro e eu não podia mais escutá-la. A última coisa que vi antes que a aeromoça e o segurança do avião me empurravam para dentro, foi os lábios de Annabeth se formando um ‘eu também te amo’.