Reflexo escrita por Hurano Anne


Capítulo 3
Capítulo II. Revelação


Notas iniciais do capítulo

Agradeço os comentarios, e espero que este capitulo agrade a todos que estão lendo a fanfic. ^.^



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II. Revelação.

 

-Syaoran. – choraminguei me abraçando, ignorando a dor das feridas. Embora essas estavam agora tratadas pela mão áspera de um dos empregados daquele castelo horrível. Ainda sentia uma latência por todo o corpo, em todos os pontos que os cacos terrivelmente rasgou.

 

A comida que esse mesmo empregado havia me trazido jazia perto da porta, parte dela se encontrava no chão, visto que o homem horrendo de nariz torto impacientemente jogara o prato de alumínio sobre o chão. Apesar de está com fome não me dei ao luxo de comer o que sobrara no prato, fiquei exatamente no lugar onde haviam me deixado, deixando-me entregue á um desespero desumano. Balançava meu corpo pra frente e para trás, como se quisesse me consolar. Uma canção a muito esquecida por mim, saia pelos meus lábios. Provavelmente ela era uma das canções que meu pai cantava para mim. Fechei os olhos e perdi-me naquele momento prazeroso. Uma lembrança de uma das inúmeras penas que já tinha conseguido encontrar invadiu a minha mente. Meu pai estava ajoelhado diante de mim, havia sangue na minha perna direita, eu chorava muito, e meu pai carinhosamente cantava para mim, essa mesma canção que agora canto. Seu olhar sereno e seu sorriso bondoso começava a me acalmar, esquecendo da dor que sentia por causa do corte que tinha na perna. Esta tinha sido provocado por causa de uma queda, eu estava brincando com...Não consigo me recordar quem era. Mesmo que eu tentasse, sempre faltava a visão e o nome da pessoa que me era preciosa. Parei de cantar e abri os olhos, mesmo com todas as penas que tinha conseguido, ainda não sabia quem era essa pessoa.

Suspirei e fitei o chão sujo, uma luz pálida vinda de uma janela gradeada no alto da parede onde estava encostada, deixava-me enxergar a sujeira sobre o piso de pedra. Mas logo meu olhar desviou para o alto da escada que havia naquele quarto, lá em cima, na única porta que havia naquele recinto, estava uma garota. Mesmo com a luz que iluminava parcialmente o local, não consegui visualizar com precisão o rosto dela. Contudo de alguma forma eu sabia de quem se tratava, e por isso levantei-me o mais rápido que conseguia, sentindo a ardência dos ferimentos aumentar, fazendo eu soltar um gemido fraco.

 

-Sakura... – gelei ao ouvir aquela voz.

 

Devagar a garota começou a descer a escada, seu vestido negro cobria-lhe todo o corpo, arrastando-se nos degraus de forma majestosa. A luz do sol fraco do fim da tarde, pois assim eu julgava, banhou o rosto dela quando chegou no ultimo degrau, um azul levemente roxo como cor de seus olhos, era a única coisa que diferenciava ela de mim. Dei um passo para trás involuntariamente, sentindo minha respiração pesar, era como se não conseguisse mais respirar.

 

-Onde está minha alma? – embora a voz dela fosse idêntica a minha, tal como todo o seu corpo e face, uma frieza cortante era pronunciada juntamente com as palavras.

 

Olhei para ela sem entender o que ela queria dizer com aquilo. Sua pele pálida dava-lhe um ar de morta, seu olhar era melancólico e seus lábios tão sérios que pareciam não serem capazes de sorrir.

 

-Não sei do que está falando. – disse-lhe.

 

Ela olhou-me com interessasse, seu olhar me fitava de tal modo que até parecia que ela podia ler meus pensamentos. E cada segundo que passava eu temia que ela fosse capaz em fazer isso.Ela deu um passo em minha direção, voltando a ficar oculta, a iluminação na parte onde estava era tão obscura quando na escada, apenas o centro do salão era iluminado pela pálida luz.

 

-Eu sinto ela dentro de você.- disse ela, minha copia perfeita. – Minha alma está dentro de você Sakura. – revelou ela ainda mais perto de mim.

Dei mais um passo para trás, encontrando-me com a parede. Enquanto isso ela se aproximava ainda mais, até que se encontrava tão próxima que nossas respirações se misturavam. Desta forma conseguia ver que a melancolia naqueles olhos azulados, eram tão falsos quando ela, uma frieza quase imperceptível vivia em sua íris.

 

-Quero minha alma, hime, para então ser perfeita para meu senhor. –sua voz docilmente saiu de seus lábios, como uma criança que pedi por algo. Como eu fazia com papai quando queria alguma coisa... Tal como fazia para poder brincar com... Não consigo me lembrar.-E assim poderei encontrar a minha pessoa preciosa, ao lado do meu senhor.

 

Arregalei meus olhos fitando-a assustada. Ela não tinha somente adquirido minha aparência, mas também meus desejos, meus sonhos... e talvez também, meu amor por ele...

A mão dela tocou o meu rosto, era tão gelado que fez um arrepio percorrer meu corpo. Cautelosamente, como se ela me temesse, seus dedos gélidos cariciavam minha pele machucada. Apesar de está sentindo dor por isso, não expressa a mesma, a retraia dentro de mim, segurado qualquer sinal de que ela estava me afetando.

 

-Vou pegar a minha alma.-disse ela. Pressionei meu corpo contra a parede como se quisesse atravessá-la, olhando aterrorizada para aquele olhar frio que se mostrou ainda mais cruel do que do dono daquele lugar. A mão dela que estava no meu rosto aproximou-se do meu olho, senti com desespero que ela começava forçar seus dedos em volta do globo ocular. Sem pensar duas vezes segurei seu braço com as minhas duas mãos, e forcei ele para baixo, retirando sua mão de perto do meu olho, causando uma ardência perto do mesmo, e sentindo em seguida um liquido escorrer pela minha face. Minha visão ficou turva no olho direito, qual ela tentara arrancar.

Com minha respiração arfante sair de perto dela indo para o centro do salão, a luz quase morta ainda banhava aquela parte.

 

-A alma que está dentro de mim é minha!– bradei – Você não pode tê-la.

 

Ela continuava parada, apenas me observando.

 

-Está errada Sakura, essa alma é minha, sempre foi. – disse ela olhando-me com ternura. Mas uma ternura forçada, a frieza de suas palavras mostrava realmente sua face.

 

Neste instante a porta se abriu novamente, nos duas olhamos para cima. Não precisei me esforçar para enxergar quem era, coisa que seria impossível fazer por causa da escuridão de onde ele estava e por causa da minha vista levemente afetada. O homem com roupas elegantes chegou no fim da escada rapidamente, fitando-me curioso, e olhando perplexo o ponto escuro perto da parede. Pelo que parecia, ele não havia visto-a quando se encontrava lá em cima.

 

- O que faz aqui Arukas?

 

Pelo menos ela não possuía meu nome... Espera, arukas, é Sakura ao contrario... Senti uma revolta dentro de mim. Ela possuía as mesmas coisas do que eu... Mesmo sendo tão diferente em terno de personalidade, era tão parecida que temia que confundissem nos duas, que me matassem futuramente ao pensarem que fosse ela. Que meus amigos me odiassem ao pensar que eu fosse a Sakura ao contrario. Deixe-me cair, entregue ao desespero.

-Vim pegar o que é meu, ela não pode ficar com minha alma... Não pode achar que ele é dela. – disse Arukas indiferente.

 

Olhei na direção dela, a forma escura na parede estava imóvel, olhando impassível o homem diante de si. Não havia idolatria ao algo do gênero no olhar dela enquanto ela o olhava. Talvez ela tivera adquirido de alguma forma a minha antipatia por ele.

 

-Eu disse que era para esperar. Eu iria lhe dar tal presente minha princesa. Mas por causa da sua’pessoa preciosa’ acabei não conseguindo realizar isso, e terei que iniciar todo o projeto. – respondeu ele carinhoso.

 

Um aperto no meu coração me abateu. Talvez eu tivesse entendido errado, ou talvez não... Segundo ele, a pessoa preciosa dela... E talvez a minha pessoa preciosa... Era... Era...

 

 


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