O restante do dia no acampamento foi quase normal. Voltei ao chalé de Apolo e me desculpei pela forma brusca em que nos conhecemos e disse que sai correndo pois havia lembrado de algo importante que deveria falar ao Quíron. Me apresentei como Sophie e disse ser filha de Hades. Com isso tive que ficar no chalé do meu pai, ele era muito bonito, preto de pedras obsidianas.

Quando eu estava pronta para entrar senti alguém segurar meu ante-braço e me virei dando de cara com um garoto que aparentava ter por volta de 14 anos.

- Hey, você não pode entrar no chalé de um deus sem ser filho dele ou ser convidado. – me disse ele.

Quando eu estava prestes a dar uma resposta muito mal-educada, o Percy brotou de uma poça de água no chão e disse:

- Nico... Já sendo grosseiro com a sua irmã?

- Ela é minha irmã? Mas nem mesmo parece ser filha de Hades! – Disse meu suposto irmão.

- Ei! Só porque não vivo de preto não quer dizer que eu não sou uma filha de Hades! – Respondi brava.

- Não precisa se irritar Al... Sophie. E você Nico, nem parece já ter a Cris como irmã. – Ralhou o Percy.

- Tenho outra irmã? – Os dois assentiram e eu me virei para olhar meu irmão. – A propósito, sou Sophie.

- Prazer, Nico. Gostaria de te apresentar a Cristinne, mas ela não está aqui agora.  – Ele disse sorrindo. – Venha conhecer nosso chalé!

Eu me surpreendia cada vez mais, o chalé era igualmente preto e muitíssimo luxuoso (ao  ponto de me lembrar o Salão Comunal da Slytherin), era magicamente ampliado.

Haviam 4 camas de solteiro, todas elas com lençóis pretos de seda. Uma me chamou a atenção por ter uma coberta rosa e florida dobrada sobre ela. Nico percebeu o que eu tanto olhava e disse:

- É da Cristinne, ela e Perséfone se dão muitíssimo bem, ao contrario do ódio, totalmente reciproco, que sinto pela nossa querida madrasta.

- E onde ela esta agora? A Cristinne, quero dizer. – Perguntei.

- Ela saiu em missão com um filho de Poseidon. – Respondeu ele distraído.

- Eu não sabia que Percy tinha um irmão. – Comentei.

- É, tem, ele se chama Tom. Chegou ao acampamento a pouco tempo e já saiu em missão. É totalmente diferente do Percy, tipo eu e a Cris. – Respondeu-me.

Ao ouvir aquele nome fiquei com raiva de mim mesma por ter deixado Tom em Hogwarts, mas agora eu sabia que deveria ficar afastada de todo e qualquer mortal, ou acabaria ferindo-os por não conseguir me controlar ainda.

Continuei andando pelo chalé enquanto Nico me explicava que cada vez que um novo campista chegava a este chalé, mais um closet era criado. E o mais legal é que todas as minhas roupas, sapatos e acessórios estavam ali, juntamente com muitas outras coisas. Enquanto mexia nas roupas encontrei minhas vestes de Hogwarts e a observei por algum tempo, me lembrando do pouco, e bom, tempo que fiquei lá. Saí dos meus pensamentos quando percebi que Nico me observava com curiosidade.

- É o uniforme da sua escola? – Perguntou.

- Sim. – Disse simplesmente.

- Você é uma bruxa. – Afirmou ele.

- Como você sabe da existência de bruxos? – Perguntei calmamente.

- Passava muito tempo com Hécate no mundo inferior e ela me contou que Nyx criou os bruxos, me mostrou como viviam e citou rapidamente algumas escolas de magia. – Disse-me.

- Ah bem, sim, sou uma bruxa, estudei na escola francesa de Beuxbatons por 6 anos e por algumas semanas na inglesa Hogwarts. Sai de lá as pressas, a magia bruxa oculta os poderes dos semideuses por mais tempo, mas não é muito eficaz contra monstros e eu não queria pôr nenhum dos meus colegas em perigo. – Menti parte da história.

- Você tinha alguém lá? – Me perguntou.

Eu realmente pensei no Tom e no Abraxas, mas neguei com a cabeça e disse:

- Não tenho ninguém.

- Eu tinha uma irmã, Bianca, mas ela preferiu se juntas às caçadoras de Ártemis e morreu em uma missão. E agora eu tenho a Cris. – Disse e suspirou.

 – Ela vai voltar bem, se não você mata o filho de Poseidon. – E assim que eu terminei a frase, um relâmpago cortou o céu.

Nico e eu nos entreolhamos e rimos.