POV. Camilla Albuquerque

Setembro passou sem muitas agitações, mas com certeza muito dever de casa! Ano de N.O.Ms é mais difícil do que eu pensava.

Com toda aquela agitação por causa dos deveres, as meninas e eu acabamos deixando aquela história da profecia de lado. Mas essa história voltou a me incomodar depois de um sonho que eu tive outra noite. No sonho, eu e as meninas estávamos em Hollowdead, mas estava muito escuro, as lojas estavam reviradas, o lugar parecia ter sido atacado e o silêncio reinava. No momento em que houve um estalo as nossas costas eu acordei, com Bella me sacudindo freneticamente.

Depois disso comecei a ficar cada vez mais tensa. Agora as meninas e eu estávamos na sala comunal, fazendo nossos deveres

–Gente, sério, para que eu vou querer saber quais são as 63 luas de Júpiter? - Perguntou Mandy aborrecida, largando a pena.

–Bem, se um dia você for dar uma voltinha no espaço, vai saber que não pode estacionar na lua Io, porque ela tem vulcões e a temperatura de lá é de 143 graus negativos. - Respondeu Jazz, como se isso fosse muito óbvio.

–Esqueçam os vulcões! Eu estou morrendo com esse dever de adivinhação. - Disse Bella, frustrada. - É um saco ter que ficar vendo a configuração dos planetas pra saber o meu futuro. Como você tá indo, Juh?

–Muito bem! - Ela respondeu tirando os olhos do dever para olhar as amigas. - Até agora eu vou ser perseguida por um hipogrifo desgovernado, atacada por um explosivin, picada por uma cascavel, afogada, capturada por uma manada de centauros, atropelada por Testrálios, alguém vai por pus de bubotúbera no meu suco, e vou cair em um buraco cheio de visgo do diabo, e pisoteada por um gigante bêbado.

–E como isso pode ser bom? - Perguntou Mandy, chocada.

– Como se embebeda um gigante? – Bella riu.

–A professora adora umas desgraças, eu só misturei uns planetas, coloquei umas tragédias e pronto. Meu dever está feito e pronto para receber um belo O! - Ela disse feliz. – E eu não sei Bella.

–Julia, você sabe que esse plano pode dar muito errado! - Censurou Jazz.

–Não vai dar errado nada! - Discordou Bella. - É um lindo plano que eu vou usar agora.

Ela abaixou a cabeça e voltou a escrever freneticamente.

–Parem de escrever! - Pedi, assustando a todas.

–O que foi? - Perguntou Mandy.

–Acho que nós precisamos voltar a pesquisar sobre Você-Sabe-Quem. - Falei decidida. - Agora mesmo!

–Milla, precisamos nos concentrar nos nossos deveres. - Disse Jamim.

–Eu sei Jazz, mas isso é algo muito mais importante. - Insisti. - Não é porque nada de bizarro e medonho aconteceu que devemos ficar paradas.

Elas se entreolharam, tensas.

–O que acha que devemos fazer? - Perguntou Bella.

–Não sei direito. - Respondi aflita. - Nós já reviramos a biblioteca inteira e não achamos nada de diferente.

Ficamos caladas um momento, pensando no que nos ajudaria

–Já sei! - Exclamou Juh. - Você disse que já reviramos a biblioteca inteira, mas está errada.

–Não está não! - Disse Bella. - Nós passamos sei lá quantas horas naquele inferno, reviramos tudo e...

–Não, Belinda! Me escuta, por favor. - Juh interrompeu. - Tem um lugar que ainda não procuramos.

–E esse lugar seria...? - Perguntou Mandy.

–A Sessão Reservada, é claro. - Ela respondeu em um meio sorriso.

–É uma ótima idéia, mas precisamos de autorização. - Falei, pensativa. - Como vamos conseguir?

–Que tal com a aluna mais exemplar do nosso ano? - Sujeriu Mandy, olhando para Jazz com um sorriso enigmático.

–Brilhante. - Disse Bella, também olhando para a amiga.

Jazz hesitou um instante e então disse, com uma voz confiante:

–Vamos nessa!

Descemos todas juntas até as masmorras, entramos com tudo na sala da professora Cássia Regina. Jamim foi até ela timidamente, que ergueu a cabeça.

– Ora! Boa tarde... Srta. Araújo, Srta. Dias, Srta. Albuquerque, Srta. Ferreira e Srta. Novaes...

– Boa tarde professora Cássia. - respondeu Jazz. - Eu estava lendo um livro na biblioteca, ele mencionava uma poção diferente, fiquei curiosa para saber

o que era... Mas Madame Lina disse que só na sessão reservada. - mentiu descaradamente. - Então... Será que poderia me dar uma autorização?

– Oh! Qual era a poção? - perguntou curiosa.

– Eu... - vacilou. - Eu não me lembro o nome, o livro ficou lá em cima...

A professora rabiscou rapidamente um bilhete e nos entregou, sorrindo.

– É bom saber que se interessam pela minha matéria... - assentiu. - Bom estudo meninas...

– Obrigada. - agradecemos e tornamos a subir.

– Genial Jamim! - retrucou Bella. - Agora alem de termos o que queríamos, ela vai pensar que somos alunas aplicadas...

Nós rimos, chegamos até o balcão de Madame Lina, e lhe entregamos a autorização. Assim que passamos pelas cordas de isolamento, Lia sacou a varinha e o papelzinho voltou a sua mão. A encaramos e ela deu de ombros.

– Nunca se sabe quando precisaremos dela de novo... - respondeu.

–Ta bem, o plano é esse: Nos separamos, pegamos os livros que acharmos que tem a ver com coisas das trevas e nos encontramos aqui para começar a pesquisar. - Eu disse e todas assentiram. - Vamos lá.

Nós nos separamos pelas prateleiras, procurando por livros que nos ajudassem. Ficamos uns 20 minutos procurando e depois nos reunimos em uma mesa no fim da Sessão. Sobre a mesa deviam haver uns 50 livros, pelo menos. Todos eles enormes, empoeirados e com aspecto sinistro.

–Ah, isso não vai ser legal. - Disse Mandy, com uma voz desanimada.

–Ninguém disse que seria fácil. - Falou Jazz, com o mesmo desanimo.

–Vamos logo. - Falou Juh. - Quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminamos.

–Ah, eu odeio bibliotecas. - Resmungou Bella, abrindo um livro e tossindo logo em seguida por causa da poeira. - É melhor o mundo ficar muito agradecido a nós.

Revirei os olhos e ri baixo. Essa Belinda só sabe reclamar! Mas eu admito que dessa vez ela pode ter um pouco de razão.

Ficamos o resto da noite naquela biblioteca e nada de encontrar algo que Você-Sabe-Quem poderia ter usado para deixar um herdeiro. Em compensação encontramos vários feitiços, poções e objetos mágicos que, definitivamente, nunca deveriam ter sido criados. Quando o relógio marcou dez horas, Madame Lina nos expulsou da biblioteca. Voltamos para a sala comunal exaustas e morrendo de fome. Mas se acha que isso nos fez desistir, está errado. Bella se levantou.

– Onde vai? – perguntei

– Até a cozinha... Preciso comer alguma coisa. – respondeu. – Não se preocupem, trago pra vocês também. – e saiu, deixamos as cabeças penderem do encosto das poltronas, exaustas.

Durante o resto da semana nós usávamos todo o tempo livre que tínhamos para voltar à biblioteca e pesquisar mais e mais. Estávamos dedicadas, sim, mas na quinta-feira a noite nós resolvemos dar uma pausa. Todas nós menos a Juh.

Estávamos na sala comunal relaxando.

Eu e Bella jogávamos xadrez de bruxo, Mandy e Jazz jogavam Snap Explosivo com Leonardo, Pedro e Larissa. Sofia e Bia assistiam ambos os jogos.

–Há! - Berrei alegremente. - Xeque-Mate!

–Não! Você roubou, Camilla! - Acusou Bella, revoltada.

–Roubei nada. - Falei, sorrindo vitoriosa. - Você perdeu porque não sabe jogar direito.

–Nada disso, eu detono no xadrez. Você roubou! Vocês viram, não viram? - Ela perguntou apontando para Sofia e Bia, mas não esperou a resposta delas. - Viu? Roubou, sim senhora!

–Larga de ser criança, Bella. - Reclamou Jazz, sem tirar os olhos de suas cartas.

–É, olha a Milla, está sendo muito madura e... - Mandy se calou assim que me viu fazendo uma dançinha da vitória. - Ok, esquece!

–Venci! Venci! Uhu! Que emoção! - Falei dançando e então abracei a primeira pessoa que me apareceu na frente, tamanha era a minha felicidade. Para a minha infelicidade, essa pessoa era no Nick.

Notei o que estava fazendo e larguei ele super rápido, ficando muito corada. Ela no entanto não pareceu ter se importado. Na verdade ele estava rindo. Bom, o motivo da minha doideira? Uma das vezes que venço da Bella n xadrez.

–Ai me desculpa... - Falei sem graça.

Mas antes que ele pudesse me responder o quadro que dava entrada para a sala comunal se abriu e Juh entrou ofegante, como se tivesse corrido muito.

–M-Meninas venham logo. - Ela disse, recuperando o fôlego. - Não vão acreditar no que eu encontrei.

Nós nos entreolhamos, tensas e corremos para fora atrás dela.

–Não me diga que você... - Começou Bella, mas deixou a frase no ar.

–Sim, eu acho que encontrei o que Você-Sabe-Quem pode ter usado para criar o seu herdeiro. - Disse Juh. Depois disso nós cinco apertamos o passo em questão de um minuto já estávamos na biblioteca

Nos dirigimos rapidamente para o fundo da Sessão Reservada e Lia nos mostrou o livro aberto.

–Poção Duobus Aequalis? - Perguntou Bella, lendo o nome da poção. - Que diabo é isso?

–Significa "dois iguais" em latim. - Explicou Jazz, examinando a folha.

–Exatamente. - Concordou Juh, pegando o livro. - De acordo com o livro, essa poção gera uma cópia, um herdeiro, para quem a prepara. Mas é tenebroso! Os ingredientes são asquerosos.

–Deixa eu ver? - Pedi, e ela me passou o livro. Mandy se juntou a mim na leitura e a cada segundo eu ficava mais e mais enojada.

–Essa poção é horrível! - Exclamou Mandy, se afastando do livro como se tivesse um tipo de doença nele. - Tem que ser muito cruel para prepará-la.

–Quais são os ingredientes? - Perguntou Bella, hesitante.

–Veneno de Basilisco, três gotas do sangue de quem será clonado, entranhas de um trouxa, (de preferência alguém puro e inocente), patas de hipogrifo (o mais frescas possível), sangue de unicórnio e fios da cauda de um centauro. - Respondi.

–Sem falar que é uma poção extremamente complicada. - Disse Juh, pegando o livro. - É muito detalhada, leva uns quatro meses para ser preparada e se não for feita com precisão sai tudo terrivelmente errado.

– Como ele pôde se arriscar a tomar isso? - perguntou Bella.

– Ah... Mas não se toma... - respondeu a morena que tinha os livros na mão. - Se pinga com um conta-gotas... São 14 gotas em uma parte do seu corpo. A queimação é insuportável, e o local fica impossibilitado durante alguns dias...

–Isso é horrível! - Exclamou Jazz.

–É, mas parece que valeu a pena para o Lorde das Trevas. - Falei séria.

–O que fazemos agora? - Perguntou Mandy. O silêncio se instalou entre nós, enquanto todas pensávamos.

–Vamos guardar isso. - Disse Julia, arrancando a página do livro. - Em algum lugar em que ninguém encontre.

–Não seria melhor mostrar isso para a diretora? - Perguntou Bella.

–Vamos manter isso conosco por enquanto. - Disse Juh, convicta.

–É, não sabemos em quem podemos confiar. - Concordou Jazz.

–Temos que desconfiar até da diretora?! Esse mundo está perdido. - Disse Bella, revirando os olhos.

Nós todas suspiramos, cansadas. Como se já não fosse estressante ser adolescente, a gente ainda se mete nessas roubadas. Do lado de fora um raio cruzou o céu, muito perto de nós e um trovão fez o castelo todo tremer. Como se fossemos uma, nos dirigimos até a janela. Parecia que até o tempo nos avisava que algo muito ruim se aproximava.

–Será que dá para a gente ir para um lugar menos sinistro? - Perguntou Mandy, parecendo um tanto aborrecida.

Nós concordamos e saímos da biblioteca, levando a página da poção conosco. No meio do caminho de volta à sala comunal algo me ocorreu.

–Bella, você deu uma idéia responsável para nós? - Perguntei, quebrando o silêncio.

–Quem? Eu? - Ela perguntou, como se as minhas palavras fossem um absurdo.

–É, você disse que nós deveríamos mostrar a poção para a diretora. Isso foi responsável da sua parte. – expliquei.

–Ah isso... - Ela fez uma cara de quem estava profundamente arrependida. - É, momentos tensos revelam o pior de mim. Relaxem, não vai acontecer de novo.

Nós rimos e continuamos o nosso caminho. Chegamos na sala comunal e fomos direto para o dormitório. Todas nós estávamos emocionalmente e fisicamente cansadas por causa dessa história. Ainda tinham os deveres de casa, nos treinos, Lia pegava ainda mais pesado, já havíamos jogado com a Portent, e ganhamos, o próximo desafiante era Vulpes, e ela não suportava a idéia de que perdêssemos. Na verdade, nenhuma de nós suportava...

– Quero um descanço... De tudo, das aulas, do temido Voldemort Junior, dos meninos... - retrucou Bella.

– Hey! Dos meninos não! - respondeu Lia, ofendida, fazendo-nos rir.

– Dos meninos também... - assentiu.

– Estou louca pra irmos logo a Hollowdead... - suspirei.

– Isso! Em Hollowdead teremos um descanço... - Bella se jogou na cama.

– Não... Esqueceu que os meninos vão com agente? - observou Mandy.

– QUE DROGA! - berrou.

– Bella! - Lia e eu jogamos os travesseiros nela.

–Calem as bocas. Tem gente aqui tentando dormir. - Reclamou Jazz, já deitada.

–Falou tudo, Jazz! - Apoiou Mandy com a voz abafada por conta da cara dela estar enterrada no travesseiro.

Revirei os olhos e nós três nos deitamos para dormir também.

Na manhã de sábado todas acordaram empolgadas por conta da visita à Hollowdead. Menos a Belinda, claro. Todas nós tomamos banho e nos arrumamos, mas a Bella ainda dormia.

–Belinda, ACORDA! - Berrou Juh. A loira deu um pulo na cama.

–ALIENS ATACANDO! SOCORRO! SOU JOVEM DEMAIS PRA SER ABDUZIDA, ALÉM DO MAIS ACHEI QUE ELES SÓ ABDUZIAM VACAS E... - Bella gritava loucamente, mas então olhou em volta e viu que todas nós rindo do drama dela.

–Menos, Bella, bem menos. - Falou Mandy, rindo.

-Me acordaram por que, suas amebas? - Ela berrou, se levantando.

–Para de reclamar. - Falei, recuperando o fôlego. - Temos uma visita à Hollowdead para fazer, ou você se esqueceu?

–Como poderia? Vocês fazem questão de lembrar isso de cinco em cinco segundos. - Ela resmungou, indo para o banheiro. Revirei os olhos.

Ficamos conversando no dormitório, enquanto esperávamos a Srta. Lerdeza terminar de se arrumar. Finalmente ela saiu do banheiro, completamente pronta.

Lia - http://www.polyvore.com/juh_enchanted/set?id=42300284

Milla - http://www.polyvore.com/milla_albuquerque_enchanted/set?id=42321472

Bella - http://www.polyvore.com/cgi/set?id=43075883&.locale=pt-br

Mandy - http://www.polyvore.com/mandy_enchanted/set?id=43076453

Jazz - http://www.polyvore.com/cgi/set?id=43076309&.locale=pt-br

–Aleluia, meu Merlin! - Exclamou Juh, quando Bella saiu do banheiro. Toda essa impaciência é nervosismo porque ela tem um encontro com o Caio, com certeza!

–Achamos que você tinha se afogado na privada. - Provocou Jazz. Nós demos risadinhas, mas Belinda bufou.

– Foi por pouco...

Rimos ainda mais.

– O que houve? - perguntou Mandy, tirando o cabelo loiro dos olhos.

– Na verdade eu acabei escorregando com a água que ALGUÉM. - olhou para Jazz. - Deixou depois que tomou banho.

Tivemos uma crise histérica de riso, eu rolei por cima da cama de Bella, caindo do outro lado.

Lia bateu a cabeça no dossel da própria cama, e finalmente fomos para o Salão Principal.

POV. Julia Camargo

Eu ainda não acreditava que em pouco tempo eu estaria saindo com Caio Santiago. Minha respiração acelerou só de pensar.

Ok... Acalma Julia... Não é exatamente um encontro... Vocês vão ficar com as suas amigas...

– Vamos logo? - perguntou Cammie, apontando o lado de fora do castelo.

– Ok... Vamos lá... - suspirei. - Eu não to nervosa... É só... Ansiedade mal disfarçada...

As meninas riram, e eu dei de ombros. Quando mais perto eu chegava dos portões, maiores as duas silhuetas ficavam. O coração começou a bater na garganta, e piorou quando nós dois resolvemos beijar a bochecha do outro...

– Oh! Desculpa... - corei depois do selinho acidental.

– Eu que devo desculpas. - é impressão minha ou ele tá tão vermelho quanto eu?

Resolvi fingir que nada aconteceu, e fomos todos juntos para os bugres. As traíras que chamamos de amigas deram um jeito de me enfiar no bugre dos meninos, junto com Camilla

A essa altura nem olhar mais no rosto dele eu conseguia, e ainda teríamos treino de noite... Já que amanha seria o jogo clássico. Silici e Orbis.

– E então... Pra onde vamos? - perguntou Cammie, assim que saimos dos bugres.

– Que tal na Dedos Açucarados? - sugeriu Bella. A encaramos torto. - Qual é... Não é a toa que em Nárnia seria coroada como: "A Obesa"

Rimos mas acabamos indo parar na loja de doces

Enquanto andávamos um certo loiro passou o braço por meus ombros, eu me senti muito bem acolhida, e deixei-o lá, como se nem tivesse percebido.

Camilla e Nick andavam lado a lado no maior clima... Pois é, queria ter a indiferença que ela tem... Ou melhor, queria saber esconder a importância das coisas.

– Acho que o clima ali tá esquentando... - sussurrei para Caio, que olhou por sobre o ombro e assentiu, sorrindo.

– Pois é... Acho que o Nick tá realizando um sonho ali.

– Hã?! - olhei-o torto.

Parece que ele notou o que havia dito, por tampou a boca com a mão, rindo. Meu cérebro começou a funcionar freneticamente. E cheguei a conclusão mais óbvia.

Me virei para trás de novo com o intuito de chamar uma certa amiga, e contar uma certa coisa, mas acho que ela percebeu do jeito mais fácil...

Eles estavam entrelaçados no meio da praça de Hollowdead, a fonte esburrava água, e alguns respingos acabavam por voar, apenas com o cuidado visível que ele tinha ao tocá-la, podia se dizer que estavam in love ali. Resolvemos não atrapalhar, e nos sentamos em um banco próximo.

– Ela é bem rápida... - riu Bella.

– Acho que ele que tomou a iniciativa... - respondi.

– Que pulmões... - brincou Jazz.

– Ai Jazz... Eles se gostam poxa... Isso é natural. - respondi.

Senti Caio enrijecer ao meu lado.

– Aposto que nem disseram isso um pro outro. - Bella deu de ombros, enquanto nós riamos.

– Um gesto vale mais que mil palavras... - respondi.

– Sério?! - admirou-se Caio, eu me virei para ele.

– É... - eu vi quando seu rosto se aproximou do meu, foi muito lento, mas ao mesmo tempo rápido, os olhos azuis eram rajados de verde, e então nossos lábios se tocaram

Os lábios macios se moviam contra os meus, que não ofereciam a mínima resistência, e eu não sabia de onde vinha essa ordem. A única coisa que eu sabia, era que eles se encaixavam, e que esse foi o melhor beijo da minha vida.

Quando nos separamos, estávamos ambos arfantes, ele sorriu, o cabelo loiro caindo sobre os olhos.

– E o que o meu gesto te disse? - perguntou.

– A mesma coisa que eu sempre quis te dizer... - respondi, corando furiosamente, e a dança recomeçou.

– ABENÇOA SENHOR AS FAMILIAS AMÉM! - começou a cantar/gritar Bella. - ABENÇOA SENHOR, A MINHA TAMBÉM...

– CALA A BOCA BELINDA! - gritamos eu e Cammie de ambos os lados da praça.

– Calei... - replicou.

Durante o resto do passeio, ficamos aos beijos e risos com as meninas. Bom, os beijos eram com um menino em especial, mas enfim...

Lá para umas 18:00 começou a escurecer e nós resolvemos voltar para o castelo. Ainda estávamos atravessando a praça, quando encontramos Leonardo, Larissa, Beatriz, Pedro e Sofia.

–E aí, pirralhinhos! - Cumprimentou Bella, sensível como sempre.

–E aí, Belinda! - Responderam juntos, fazendo Bella fumegar de ódio.

–Não me chamem de... - Ela ameaçou, mas eu a interrompi.

–Ah, Bella, para! Você que começou provocando, então agora agüenta.

Ela fez uma careta, mas ficou quieta.

–Ei, que pouca vergonha é essa, Julia? - Perguntou Pedro, me vendo abraçada com Caio.

–Ah não começa, Pedro. - Falei revirando os olhos, mas com certeza fiquei corada. Caio me abraçou mais forte, me dando apoio.

–Olha a minha maninha de namorado novo. - Caçoou Lari, olhando para Cammie, que estava de mãos dadas com Nick.

–Olha a minha maninha de namorado novo. - Repetiu Milla, enfatizando o "minha" e indicando para as mãos entrelaçadas dela e do Pedro.

–Não viaja, Camilla, amigos podem andar de mãos dadas. - Retrucou Larissa, ficando vermelha.

–Aham, sei. - Zombou Leonardo e piscou para o Caio.

–E você, Amanda, não ta ficando com ninguém? - Provocou Isabella.

–No momento não mana... Só no momento. - Disse Mandy, com um sorriso maroto. Nós rimos.

–Bem nós estavamos voltando para o castelo. - Disse Jazz. - Nos acompanham?

– Não, ainda temos algumas coisas para comprar – respondeu Sofia.

–Ok, nos vemos mais tarde então. - Cammie respondeu sorrindo. Nos viramos para deixar o vilarejo, mas só tivemos tempo de dar dois passos antes que enormes vultos negros aparatassem e nos cercassem.

–Olá, queridas. - Zombou um dos homens mascarados. Tive somente um segundo para notar que as pessoas de preto eram Comensais da Morte, depois disso o meu instinto foi me jogar no chão para me proteger dos feitiços que foram lançados em nós.

Saquei a varinha imediatamente, me livrei dos braços de Caio que me rondavam protetoramente e me levantei, puxando Pedro que estava a pouca distância de mim. O arrastei para dentro da loja Zonkos e o deixei o mais longe possível da porta. Pelo canto do olho eu podia ver Camilla fazendo o mesmo com Larissa, Amanda puxando Isabella e Sofia enquanto Leonardo corria atrás de nós.

–Fiquem aí. - Disse Mandy, autoritária correndo em direção a porta logo em seguida.

–Milla, eu... - Larissa começou a falar, com a voz trêmula, mas a irmã a cortou.

–Você não vai sair daqui, Larissa. Eu te proíbo! - Falou Cammie, apressadamente. - Fique aqui e só saia quando eu voltar.

Ela também deu as costas para a irmã e saiu da loja, com a varinha empunhada. Lancei um último olhar cauteloso para Pedro e me virei para sair, mas fui detida por ele.

–Julia, me deixa ajudar. - Ele pediu, segurando meu pulso.

–Não, nem pensar! Você vai ficar aqui, bem escondido. - Falei séria. - Não quero você em perigo.

–Mas...

–Eu já disse que não, Pedro. - Disse, em tom de quem não vai discutir.

Soltei meu pulso e corri em direção a saída. Assim que cruzei a porta, me deparei com um cenário de guerra. Professores e os poucos alunos que ainda estavam no vilarejo duelavam com Comensais da Morte. Não pensei duas vezes antes de correr para onde Jazz estava para ajudá-la, pois a mesma duelava com cinco Comensais ao mesmo tempo.

Ao longe, pude ver Milla e Nick duelando lado a lado. O garoto parecia fazer um enorme esforço para que a minha amiga não precisasse fazer muita coisa, mas haviam tantos Comensais que esse ato não a impedia de ter que lutar.

Eu continuava duelando, agora tinha conseguido atrair três Comensais para longe de Jazz. Eu estava começando a me cansar e fui atingida de raspão por um feitiço que fez um corte no meu braço.

–Ah, você não fez isso! - Berrou Caio aparecendo ao meu lado. Ele parecia furioso, de um jeito que eu nunca tinha visto, e lançou um feitiço estuporante tão forte no homem que me feriu, que o mesmo caiu desacordado no mesmo instante.

Apesar de estar impressionada e encantada com o gesto dele, tive que me manter concentrada. A batalha estava ficando difícil. Para cada um de nós, havia cinco Comensais da Morte. Quando eu achei que estávamos prestes a desabar, várias pessoas começaram a aparatar no vilarejo e a nos ajudar. Aurores, com certeza.

– Mais?! - gritou Bella, bufando e voltando a empunhar a varinha.

– Não! - respondeu Cammie, enquanto eu reconhecia meus pais em meio aos dez aurores

Apertei ainda mais o cabo da varinha, não podia fazer feio na frente deles, Henrique apareceu no meio da multidão, junto com um homem de cabelos pretos, óculos e...

– MERLIM! É HARRY POTTER! - Jazz quase quicava no lugar.

Eles dominaram em pouco tempo a metade dos Comensais, enquanto nós batalhavamos com os outros, eu lancei um feitiç

feitiço estuporante no que estava a minha frente, e por fim todos fugiram. Corri em direção aos braços de Henrique, que tinha um sorriso Colgate no rosto

–Bom te ver também, maninha. - Ele disse, sorrindo radiante.

Eu estava prestes a responder, quando lembrei que havia deixado Pedro dentro da Zonkos. Sem dizer uma palavra à Henrique, eu corri como louca na direção da loja. Entrei e fui até onde eu o havia deixado, mas as únicas pessoas que encontrei foram Sofia, Isabella e Mandy, que também tinha ido atrás da irmã.

–Cadê o Pedro? - Perguntei nervosa.

–Ele saiu no meio do combate falando que não queria ficar parado, vendo os outros em perigo. - Explicou Sofia, nervosamente.

–Então Larissa e Leonardo saíram atrás dele, mas nenhum dos três voltou. - Completou Isa, parecendo abalada.

As lágrimas subiram aos meus olhos, só pela mera possibilidade do meu irmão estar ferido. Eu balancei a cabeça de leve, para espantar esses pensamentos.

–Amiga, ele tá bem. - Disse Mandy, tocando o meu ombro. - Eu tenho certeza disso. Afinal de contas, ele tem sangue de auror nas veias.

–Eu preciso achá-lo. - Eu falei determinada e sai correndo da loja.

Ao meu redor, haviam pessoas se reencontrando com amigos e pessoas indo socorrer feridos. Nada disso me importava muito agora. Eu corria os olhos por todo o lado em busca do meu irmão mais novo.

Estava ficando realmente desesperada, quando avistei Larissa e Leonardo debruçados sobre um corpo, na porta do Dedos Açucarados. Meu coração ficou tão apertado que chegou a doer, minha garganta se fechou e lágrimas subiram aos meus olhos novamente quando eu corri em direção à eles e vi o meu irmãozinho ali deitado.

–Pedro! - Exclamei, me agachando ao seu lado. - Pedro, para com isso! Abre os olhos agora!

Ele permaneceu imóvel.

–Pedro, eu to falando sério! Olha pra mim! Acorda, Pedro! - Implorei com as lágrimas correndo livremente pelo meu rosto.

Comecei a soluçar alto, abafando o som do choro de Larissa. Quando eu achei que não havia mais esperança, Pedro respirou profundamente como se tivesse acabado de tomar um susto. Olhei em choque para ele, que agora respirava pesadamente.

–Pedro? - O chamei, hesitante.

Ele abriu os olhos devagar e me encarou.

–Juh? - Ele perguntou com uma voz fraca.

Eu dei um mini grito de emoção e o abracei com força. Ao nosso lado Larissa ainda chorava, mas parecia aliviada e Leonardo a consolava, com leves tapinhas nas suas costas.

–Juh, ta me machucando. - Reclamou Pedro, se contorcendo no meio do abraço. Eu o soltei na mesma hora, com medo de feri-lo.

O encarei por um segundo e então me liguei do porque de todo aquele desespero.

–Pedro Dias Camargo, como pôde me desobedecer? - Falei, furiosa e ele se encolheu um pouco. - Você poderia ter morrido, garoto! Tava pensando o que?!

–Desculpa Julia. Não podia deixar vocês lutarem sozinhos e me esconder como uma criançinha pô! - Ele disse, sério.

–Você é uma criança, Pedro! Só tem 13 anos. - Bradei. Respirei fundo para me acalmar. - O que aconteceu com você no fim das contas?

–A última coisa que eu lembro foi de ter sido acertado por um feitiço estuporante, depois acordei com uma irmã chorando em cima de mim e molhando a minha camisa. - Ele deu um meio sorriso.

–Não tem a menor graça, Pedro! - Censurei. - Vamos logo. Papai e mamãe devem estar preocupados conosco.

Eu o ajudei a levantar e fomos o castelo, pois era para onde todos estavam se encaminhando. Andamos em silêncio o tempo todo e quando entramos no castelo, Pê, Lari e Leo fizeram menção de pegar o caminho para a torre da Silici.

–Onde pensam que vão?! - Perguntei retóricamente, impedindo-os de continuar.

–Para a sala comunal. - Respondeu Leonardo, como se fosse óbvio.

–Nada disso! Vamos para a Ala Hospitalar. - Falei e quando eles abriram as bocas para contestar, eu completei: - Agora! E sem discussão.

Eles bufaram, mas foram comigo até a Ala Hospitalar. Assim que entramos, demos de cara com a nossa família, nossos amigos e as famílias deles.

–Julia! Pedro! - Mamãe exclamou e abraçou nós dois

– Oi mamãe... - retribuimos o abraço, sorrindo.

– Graças a Merlim! - era a voz de meu pai. - Onde se meteram?

Sorrimos culpados, e eu me afastei, indo em direção as minhas amigas.

– É o que eu também quero saber... - bufou Caio.

– Ai! Vocês me cobram demais! - brinquei, colocando as mãos nas temporas, então encarei a maca. - BELLA?!

– Não... Vovó... - retrucou ironicamente.

– Nem liga... Está muito sensivel por ter sido atingida... - explicou Milla.

– E o jogo amanha?! - perguntei, me preocupando.

– Qual é Lia... Até parece que não me conhece. Eu até posso cair, mas levanto mais rápido. - sorriu debochada.

– Espero que sim, jogar sem você vai ser uó.

– Não acredito que estão falando do jogo sendo que acabou de ter um ataque! - Lorena se aproximou.

– Vai pentear a juba Lorena... - Bella fez sinal pra ela sair.

– Vocês são insensiveis mesmo... - respondeu.

– Não, só mais centradas que você... Caso queira saber, estamos muito a frente pra resolver isso. - Jazz jogou os cabelos pra trás.

– Vocês? Há! Não resolvem nem charadas de trouxas.

Iamos responder, mas Madame Petrina se aproximou de nós com um tonico para Bella, fazendo com que Lorena se retirasse.

– Isso vai te fazer melhorar logo querida. - explicou.

Nessa noite fomos dormir com a cabeça no jogo.