POV 3ª pessoa.

O cansaço dominava o dia de Ronald, ele havia acordado atrasado, e após sair praticamente fugindo da casa de seus sogros, e tomar um banho mais rápido ainda na Toca, ele foi até o ministério da magia. Hoje era seu dia de ficar no turno extra, mesmo sendo domingo.

Ele estava despojado lá, colocou suas pernas sobre a mesa e reclinou a confortável cadeira, e pela primeira vez em sua vida, pegou um livro para ler, por vontade. Havia pegado o livro do quarto de Hermione, um livro trouxa, sobre um casal de jovens que as famílias são rivais. Romeu e Julieta parecia ser o nome.

_ Garoto conhece garota, não podem ficar juntos, tentam fugir para se casar e morrem. - ele ouviu uma voz doce vindo de trás dele - Ah, não chegou nessa parte ainda?

_ Hermione - ele disse enquanto se virava para olhá-la, fechou o livro e se levantou - 

_ Por que não me avisou que tinha que trabalhar hoje? Nós iriamos embora assim que desse da casa de meus pais. - ela disse em tom reprovador, era incrível como ela nunca perdia aquela posse, sempre com as mãos na cintura e a boca crispada -

_ Achei que seria falta de educação - ele se aproximou dela, abraçando sua cintura -

_ Você está realmente mudando - ela riu - Quando é que você pensaria na educação antes de falar algo?

_ Assim magoa - ele a reprimiu, fazendo cara de indignação - Desculpa. - ele sorriu e ela roçou seus lábios nos dele -

_ O que você acha de almoçar daqui a pouco? - ela sorriu docemente - Vou ficar aqui no ministério, quero ver se encontro algo sobre Freddie e Sam.

_ Ah, seria ótimo - ele sorriu -

_ Volte ao trabalho, meu homem - ela sorriu se desvencilhando dos braços dele -

_ Tudo bem - ele torceu os lábios em sinal de tristeza - Vou aguentar sem um beijo seu até o almoço. - chantagem, quem disse que não funciona? -

_ Acho que te mimei muito - ela sorriu voltando apenas para dar um beijo rápido nele -

_ Até mais - ele se despediu dela, e ficou a olhando ir embora, a acompanhando com o olhar -

Ele se sentou novamente, pegou alguns papeis que havia em sua mesa, revisou todos novamente, colocou seus pés novamente sobre a mesa, e voltou a ler o livro, menos animado agora. Leu algumas paginas nas próximas horas. Suspirou pesadamente.

Já Hermione estava revisando todos os relatórios dos óbitos da ultima guerra, procurando pelos casais que possuíam filhos. Era uma procura cansativa, e muito triste, pensar que tantas pessoas morreram, e que tantas crianças eram como Teddy, e como Harry. Ela folheava as folhas e procurava pelo sobrenome que seus pais haviam fornecido.

Olhou no relógio, e notou que não daria tempo dela ir almoçar com Rony, pegou um memorando interdepartamental e escreveu um bilhete para ele, avisando que eles não poderiam almoçar. Pediu desculpas ao menos três vezes no bilhete, e então o enviou pelo ministério. Nesse domingo quase ninguém trabalhava, mas como sempre dois aurores ao menos ficava lá, Ron e Seamus, que havia saído almoçar com Lavender, Ron se sentiu feliz que os dois estejam dando tão bem, afinal, Lavender não é aquela pessoa mais fácil de se aturar.

Ron viu o memorando se aproximando, era Hermione desmarcando o almoço, então ele teria que ir sozinho comer algo, afinal não havia tomado café naquele dia. Assim que Seamus voltou, ele se levantou, avisando que iria comer algo e logo estava de volta.

Quando saiu do banheiro que servia de entrada e saída do ministério, Ron foi até o primeiro beco tentando aparatar, até seu restaurante favorito, aquele que ele sempre ia com Hermione. Mas algo o impediu.

[...]

Ele voltou ao escritório, não havia ido comer, mas mesmo assim, mais de meia hora se passou desde que ele saiu. Uma coisa permanecia em sua mente, e a tristeza dominou seu corpo, não, leitor, me enganei, não era tristeza, era algo pior, era o fracasso que o dominava, ele se sentiu tão fracassado, tão mal, que percebeu, ou achou que o que aquela pessoa lhe dissera era verdade.

Acredito que vocês não estão entendendo nada do que eu escrevi, acertei? Talvez porque eu pulei a parte mais agravante, a parte chave do nosso capitulo. Alguém, para desgosto geral havia voltado, e havia dito coisas para Ron que sabemos não ser verdade, mas a autoestima de Ronald Bilius Weasley nunca foi a maior que já vimos né?

Seamus estava com a cabeça sobre papeis que ele deveria rever, deveria, ele agora parecia babar sobre a papelada. Ron sentou-se apoiando os cotovelos sobre os joelhos e a cabeça nas mãos, a conversa que teve com aquela pessoa ecoando em sua mente. Acho que agora posso contar o que o impediu de ir almoçar e o deixou mal. Uma única palavra: Taylor. Sim, ele voltou para deixar nossa historia mais complicada.

Quando Ron estava no beco, alguém lhe deu uma chave de braço, o impedindo de seguir em frente e aparatar. Ele tentou pegar a varinha e deixar seu oponente apagado. Mas então ouviu uma voz que o deixou com tamanha raiva que o travou.

_ Eu só quero conversar com você, ou sua namorada irá sofrer as consequências. O que você prefere? - Taylor disse com uma voz que transbordava raiva -

_ Tá, o que quer? - Ron cuspiu aquelas palavras -

_ Uma conversa civilizada - ele soltou Ron, mas Ron em um impulso pegou sua varinha e apontou para ele - Sem ataques. - ele frisou -

_ E por que eu confiaria em você? - Ron disse serio -

_ Porque eu sei que sua namorada está olhando relatórios antigos, e eu poderia ir machuca-la. - Taylor ameaçou -

_ Fale - Ron cuspiu as palavras novamente -

_ Eu gostaria de perguntar algo - Taylor disse observando suas mãos com uma expressão de sossego estampada no rosto - Você acha que pode dar um futuro para ela?

_ O que você... - Ron começou, mas não pode terminar sua frase -

_ Só quero ter ideia, porque você não é nada. Não nada é alguma coisa, você é menos que isso - Taylor falou calmamente - Pense, Krum era, é, o jogador de quadribol mais bem pago do mundo, além de que pode ter o que quiser, até Hermione.

_ Krum era um idiota - Ron gritou -

_ Teve o Cormac, ele era rico não era? Não tinha um futuro perfeito pela frente? Mesmo sendo o idiota que é, ele tem futuro, e você vai ser o que? Um auror escondido na sombra do poderoso Harry Potter? - Taylor continuou ignorando Ron - E é como você é conhecido mundo afora, o garoto que ajudou Harry Potter, eles nem sabem quem é você, Hermione era a mais inteligente, Harry Potter é o que acabou com Voldemort, e você?

_ Eu estive lá, ajudando eles, eu fui muito importante. - Ron se defendeu -

_ E quando Hermione tiver filhos? Vocês terão de comprar uma casa, ela terá que dar parte de seu dinheiro, porque ela recebe melhor que você. - Taylor ignorava Ron - Para alimentar seus filhos, o salario dela será mais cotado, certo?

_ Não, eu posso dar meu dinheiro a eles. - Ron disse triste -

Ron não estava triste pelo que Taylor dizia, era, além disso, Ron achava que tudo aquilo era verdade, ele nunca saiu da sombra de Harry, e o que mais vinha na mente de Ron, era aquele momento triste em que antes de conseguir forças para destruir a Horcrux quando voltou a Horcrux tomou a forma de Hermione e disse aquelas palavras: " Você não é nada, nada". E eram essas palavras que voltavam a sua mente em seus piores sonhos, aqueles sonhos em que ele acordava suando frio.

_ Tolo Weasley, não acha que ela teria mais futuro como alguém como eu? - ele se vangloriou e a raiva dominou Ron -

_ Um criminoso como você? - Ron disse com desgosto - Que futuro ela teria com alguém como você? Você não foi deserdado pela sua avó? Ela não deixou todo o dinheiro para sua irmã, porque ela merece?

_ Minha irmã é uma idiota. - Taylor gritou com raiva -

_ Ela é uma pessoa muito melhor do que você. - Ron devolveu - O único idiota da historia é você. - Ron pegou sua varinha sorrateiramente - 

_ Não seja tolo de pegar sua varinha e tentar me acertar. - Taylor gritou desesperado - Eu te acuso de abuso de poder. 

_ Só sua chave que você me deu já vale para te prender. - Ron disse calmamente apontando a varinha par Taylor -

_ Expeli... - Taylor começou a gritar, mas como Ron era um goleiro com ótimos reflexos, ele apontou a varinha mais rápido -.

_ Estupefaça - Ron gritou a plenos pulmões e lançou Taylor contra a saída do beco -

Após uns segundos, Taylor levantou e saiu correndo, se preparando para aparatar. Mas antes de aparatar, Ron jurou ter ouvido uma ameaça tal qual: "Vocês dois me pagam" na voz dele.

[...]

_ Amor? - a voz de Hermione tirou Ron de seus devaneios, mas esse mesmo não levantou a cabeça para encara-la, o medo de ver nos olhos dela que ele não era nada o dominou - Ron? - ele a sentiu se abaixando ao seu lado - Você está bem? - ela perguntou visivelmente preocupada -

_ Hm - ele resmungou sem mexer um musculo se quer -

_ Amor, seu horário de trabalho hoje acabou - ela disse calmamente, mas com a preocupação dominando o seu tom -

_ Que horas são? - ele perguntou apenas -

_ Já passam das seis - ela respondeu - O turno da noite já chegou.

Não acredito que passei todo esse tempo pensando - ele pensou deprimido -

_ Vamos então - ele levantou a cabeça, mas ainda não a encarava -

Eles foram embora, e nenhuma palavra saiu da boca dele, e mesmo ela tendo um monologo incessante, ele não compreendeu uma palavra. Também não buscou a mão dela como fazia todos os dias, olhava para o chão o tempo todo, e era dominado por pensamentos.

O único momento em que ele tocou na mão dela foi para aparatarem, e assim que chegaram no jardim da Toca, ele a soltou. E encarou o chão coberto pela branca neve o tempo todo.

_ RONALD BILIUS WEASLEY, DÁ PARA VOCÊ ME DIZER POR QUE VOCÊ ESTÁ ASSIM COMIGO? - Hermione gritou, parada no mesmo lugar, ela colocou as mãos na cintura e encarava as costas dele -

_ Hermione - ele falou quase em um sussurro - Não é nada.

_ Foi por que eu desmarquei o almoço? - ela perguntou impaciente - Porque se foi isso, eu já expliquei que foi porque tinha mais arquivos do que eu imaginava. - ela se explicava docemente -

_ Não - ele sussurrou - Não foi isso. 

_ Então o que foi? - ela gritou repleta de raiva -

_ Eu - ele virou para ela pronto a falar tudo - Eu só percebi que não sou um nada, e que não posso lhe dar nada para o futuro. - ele explicou seus ombros já baixos agora se comparavam com os de Krum de tão caídos -

_ O que quer dizer? - ela perguntou agora sem tanta raiva na voz -

_ Que eu não sei porque insisto em achar que vou poder lhe dar uma bela casa, e que vamos viver bem, e que nossa vida será perfeita. -ele respondeu olhando para o chão - 

_ E por que você diz isso? - ela perguntou se aproximando -

_ Porque é verdade, adianta negar? - ele gritou e soltou a raiva dela com isso -

_ Não é verdade, mas quer saber Ronald? - ela estava gritando, e possuía lagrimas nos olhos - Então, não adianta nós namorarmos assim.

_ Você está terminando comigo? - ele perguntou, sua voz saiu embargada pelo choro que ele estava teimando em prender -

_ Estou - ela gritou com raiva e batendo os pés ela entrou na Toca, indo direto para o quarto que dividia com Ginny -

Ronald permaneceu ali, se sentindo pior que antes, agora ele sentia que seu mundo havia perdido todo o brilho, toda a vida. No momento em que ele ouviu a porta se batendo andares a cima, ele despencou sobre a areia, deixando as lagrimas dominarem seu rosto.