As Duas Faces Do Meu Anjo escrita por MS Productions
PDV Margarida
Continuava a ouvir as parvoíces do Gonçalo enquanto olhava para um livro que tinha que por no expositor, se todas soubessem o que ele diz, neste momento estaria sozinho.
- Então vais ajudar-me com a tua colega ou nem por isso? – Perguntou-me, mas estava tão perdida nos meus pensamentos que nem dei conta. – Margarida?
- Sim? – Olhei para ele. – Desculpa, perdi-me na parte que falavas de miúdas! – Ele riu-se e levantou os braços em sinal de rendição.
- Pronto, pronto! Vamos falar de coisas mais interessantes como aquele mulherão que ai vem!
A mulher que se chegava perto de nós tinha um vestido vermelho curto justo ao corpo, nos pés uns sapatos igualmente vermelhos de salto fino e alto, que produzia um som determinante cada vez que ela dava um passo. No seu rosto esboçava um sorriso leve, mas com um sentido de poder, estava sem palavras, nunca imaginei a ver por aqui e não vinha de certeza consultar um livro, ela estava aqui por mim.
- Olá, olá – Disse o Gonçalo, mandando o seu charme descaradamente. – Posso ajuda-la em alguma coisa?
- Olá querido – Sorriu-lhe. – Vim falar com a minha nora! – Os dois olharam para mim. – Margarida, como estás?
- Estou…Bem – Não sabia o que dizer, o Gonçalo encarava as duas, estupefacto.
- Sogra? – Perguntou confuso.
- Gonçalo está na hora de ires trabalhar! – Disse, percebendo que ela queria conversar comigo.
- Sim… - Olhou o relógio – Muito prazer senhora! – Descoordenado saiu da sala, ficando apenas eu e Lilith.
- Sabes a razão por que vim, margarida? – Perguntou-me
- Não sei, mas calculo que esteja a ver com o Diogo, certo? – respondi-lhe, calmamente.
- Vim por juízo nas vossas cabeças! – Disse, sentando-se numa cadeira. – Tens que deixar o meu filho, Margarida!
- Juizo? – Perguntei admirada e acrescentei. – Porque dessa conversa agora?
- Tu nasceste de uma relação insubordinada, de um relacionamento não natural! Que não deveria acontecer. – Suspirou – A mesma coisa se inclina para ti e Azazel, o que voçes tem não tem cabimento!
- Lilith, com todo o respeito, que conclusão é que quer que eu tire? – Respondi-lhe, não gostava que enrolassem comigo, e era o que ela estava a fazer naquele momento, a enrolar.
- Deves afastar-te do meu filho! Azazel não deve estar a teu lado e vice-versa… - Levantou-se – Tu destruíste a minha família, tu acabaste com Azazel. Deves afastar-te…
- Nunca na minha vida seria capaz de o magoar! – Gritei. – Eu não tenho culpa de tudo se estar a desmoronar na sua humilde família!
- A decisão é tua! – Endireitou os seus cabelos loiros. – Vais acabar por matar o Diogo.
- Não entendo porque não quer que o seu próprio filho seja feliz, Lilith. Já que desperdiçou a sua oportunidade, deixe Azazel ser feliz! – Ela fitou-me e deu um meio sorriso amarelo, eu tinha tocado na ferida.
- Nós não nascemos para sermos felizes! – O seu tom de voz modificou-se. – Estamos neste mundo para lançar o caos!
- E foi o único que teve oportunidade de redenção sem ter caído… - Estava a ficar nervosa, uma lágrima correu o meu rosto, com tanta coisa guardada que queria gritar. – Só ele pode decidir!
- Mas apaixonar-se por ti foi o seu erro, o que lhe fizeste foi pior que cair! – A sua voz ressoou naquele espaço. – Se o amas verdadeiramente, deixa-o!
- Não – As lágrimas correram mais forte. – Eu não tive culpa de nada que lhe aconteceu!
- Pensa bem Margarida – Disse-me calmamente. – Se tu não te afastares, será o fim do meu filho e de tudo o que conheces! – Virou costas e saiu da mesma forma que entrou.
Encarei a porta a ser fechada por Lilith e passei a mão pela face secando as lágrimas, aquilo era um aviso, o único ser que poderia estar do nosso lado, saiu pela aquela porta deixando um ultimato no ar.
A dor naquele momento era tão forte que julguei não conseguir suportar, como o nosso amor poderia continuar se não tinha qualquer suporte. Era assim tão complicado amar? Impossivel talvez? Eram estes os pensamentos que me preenchiam, nunca deixaria Diogo sofrer , talvez Lilith tivesse razão. Este era um amor impossível, tal e qual o amor que os meus verdadeiros pais tiveram e que os matou. Nunca estive numa situação tão confusa como esta, por um lado o amor e por outro a razão, mais do que nunca precisava de um momento para mim, para espairecer a cabeça.
Sai mais cedo do trabalho, caminhei até ao parque. Observei os casais, as crianças que brincavam contentes, tudo em harmonia, fiquei sentada naquele banco, encontrando prós e contras para o meu amor, chegava sempre a mesma conclusão.
- Onde é que eu errei, meu Deus? – Falei para mim própria. – Isto não irá a lado nenhum!
Suspirei, a noite já tinha caído. Teria que voltar e aguentar com a fúria do Diogo provavelmente já teria corrido este mundo e o outro a minha procura. Levantei-me e caminhei calma até casa. Iria trabalhar dali a duas horas, estaria entretida e a dor ia passar, só tinha que me acalmar um pouco e aguentar o raspanete que ai vinha.
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Prá semana há mais...